Visão geral de métodos de pesquisa
social: qualitativa, quantitativa,
comparada, estudo de caso
Prof. Marcos Vinicius Pó
Introdução às Humanidades e Ciências
Sociais
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Objetivos de uma pesquisa: responder a uma questão básica
teórica ou especulativa sobre algum fenômeno social
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Tipos:
► Exploratório: fronteira, assunto pouco estudado, desenvolver
instrumentos, conceitos
► Descritivo: quantificar, qualificar, conceitualizar...
► Explicativo: por que o fenômeno ocorre? quais suas causas?
► Teste de hipóteses: aplicar os preceitos de uma teoria em algum
caso empírico específico
2 Prof. Marcos Vinicius Pó
•
Variável dependente: variável a ser explicada, fenômeno a ser explicado.•
Variável independente: variáveis explicativas ou de controle.•
Efeito causal: diferença entre o componente sistemático dasobservações quando a variável explicativa assume determinado valor e o componente sistemático das observações comparáveis quando a variável explicativa assume outro valor.
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Mecanismo causal: os elos pelos quais os efeitos são atingidos por meio das causas. Depende de estabelecer à priori que há causalidade.•
Contrafactual: como seria a realidade se apenas a variável explicativa de interesse houvesse mudado?3
Problema Fundamental da Inferência Causal
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Nas ciências sociais não é possível fazer repetir um fenômeno
alterando apenas uma variável independente e ver o que
aconteceria.
• Exemplo: como seria a evolução do gasto social no Brasil se a Constituição de 1988 fosse diferente?
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Portanto, nunca poderemos ter certeza absoluta acerca de um
efeito causal.
•
A incerteza é reforçada pela dificuldades de separação entre os
componentes sistemáticos e os não-sistemáticos de um
fenômeno.
Implicações observáveis
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Implicação observável significa se perguntar: o que devo
esperar no mundo se a minha hipótese for verdadeira?
► Ex.: Hipótese: participação torna os processos de políticas públicas
mais estáveis ao longo do tempo
► Implicações possíveis:
o Verifica-se que as políticas participativas tem uma natureza mais incremental que de ruptura
o Há aprendizado entre os participantes sobre os limites e
possibilidades da política, assim como sobre os diagnósticos causais o Os participantes recorrem menos a instâncias externas ao subsistema
político, como Judiciário, Legislativo, Ministério Público...
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As implicações observáveis conectam a teoria e os dados.
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As hipóteses devem apresentar diferentes consequências
observáveis.
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Tipo de informação
► Qualitativo ► Quantitativo•
Técnicas
► Etnográfica ► Estudo de caso ► Mapeamento de processo ► Comparativa ► Modelagem estatística 6 Prof. Marcos Vinicius Pó• Pesquisa documental: inclui informações internas e externas ao objeto de avaliação, como relatórios, atas, estudos acadêmicos , bancos de dados públicos, etc.
• Questionários (surveys): podem ter questões abertas e/ou fechadas. Importante tomar cuidado com as questões e testar antes da aplicação definitiva.
• Entrevistas: é fundamental definir as informações que se quer obter e sempre procurar explorar, com tato, aspectos que não ficaram claros ou subentendidos.
• Grupos focais: busca a discussão aberta entre os participantes sobre um tema em um ambiente que não iniba a manifestação. O mediador coloca questões, fomenta o debate, busca esclarecimentos e equilibrar a participação.
• Oficinas e reuniões com especialistas, técnicos, beneficiários: os objetivos e a dinâmica devem estar muito claras. O mediador e secretariado desse tipo de atividades são
fundamentais para sua qualidade.
• Observações e etnografia: entender em maior profundidade o comportamento, códigos formais e informais, interações entre agentes e com o ambiente, etc.
Alguns instrumentos de coleta de informações primárias
Quanti x Quali: resumão
Lógica indutiva: generalizações a partir da observação crítica e fundamentada de fenômenos.
Observação, entrevistas, grupos de discussão,
etnografia...
MENOS CASOS, COM MAIOR PROFUNDIDADE
Métodos
qualitativos
Métodos
quantitativos
Lógica hipotético-dedutiva: aplicação de pressupostos, conceitos e princípios gerais afenômenos.
Levantamentos amostrais, experimentos,
quase-experimentos...
MAIS CASOS, COM MENOR PROFUNDIDADE
Objeto social
estudado
A escolha das técnicas de pesquisa a serem utilizadas depende da
natureza do tema a ser tratado. Não há uma técnica “certa” ou
“melhor”, mas aquela mais adequada à necessidades.
Técnicas de pesquisa social e temas
Problemáticas complexas e/ou menos tangíveis Problemáticas mais tangíveis e/ou já modeladas Observação; Etnografia Entrevista Pesquisa Amostral Quasi- experimento Técnicas menos estruturadas Técnicas mais estruturadas Fonte: Januzzi, 2016: 75
•
Visa investigar em profundidade uma realidade específica.
•
Realizada basicamente por meio da observação direta do grupo
estudado e de entrevistas para captar as compreensões e
interpretações daquela realidade.
•
Algumas características:
► Holística: descreve os fenômenos de maneira global.
► Naturalista: o estudo é realizado no ambiente em que as pessoas
vivem.
► As hipóteses e problemas de pesquisa podem ser reconstruídos no
campo durante a pesquisa.
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O estudo de caso é a análise aprofundada de uma situação
específica, bem delimitada.
•
O estudo de caso é usado para levantar hipóteses e
possibilidades explicativas, mas não para generalizações.
•
Algumas características:
► Particularista: focado em uma situação ou fenômeno específico.
► Descritivo: procura trazer uma grande profundidade e quantidade
de informação sobre o objeto de estudo.
► Holístico: procura entender o evento na sua totalidade.
•
Origem► Estudos de caso
► Comparações com pequenas amostras (n pequeno)
•
Críticas ao estudo de casos► Indeterminação dos desenhos de pesquisa
o Impossibilidade de realização de inferências válidas quando o número de casos é menor que o número de variáveis explicativas potenciais
► Critérios de seleção de casos.
o Dificuldade de trabalhar com amostras aleatórias o Enviesamento da amostra (selection bias)
o Seleção pela variável dependente
•
Portanto, estudos comparativos de pequeno n teriam dificuldades, senão impossibilidade, de estabelecer inferências causais12
•
Forma de buscar uma lógica de inferência qualitativa capaz deidentificar os mecanismos causais que levem à ocorrência do efeito verificado
•
Lógica do trabalho de “detetive”:► Verificar as hipóteses concorrentes (possíveis explicações)
► Comparar as implicações com as evidências obtidas (qualitativas,
quantitativas, etc)
► Filtrar as hipóteses, eliminando, relativizando e verificando quais tem
maior suporte das evidências
•
Baseado em seqüências e mecanismos de desdobramento dos processos causais hipotizados► Permite comparar múltiplas implicações de uma teoria ao longo de uma
determinada cadeia causal, ajudando na eliminação de teorias inválidas
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Métodos comparativos
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O que é comparável?
► Comparar semelhanças ou diferenças?
► Controle: considerar semelhantes as características que queremos
manter constantes
► Comparabilidade – homogeneidade
o Homogeneidade: construída pela lógica classificatória
► Comparação versus justaposição
•
Os métodos podem ser quantitativos e/ou qualitativos
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Os casos selecionados devem proporcionar, dentro do possível,
variação apenas na nossa variável explicativa selecionada
► Modelo explicativo claro: explicitar as variáveis explicativas
Cuidados com os conceitos
•
Conceituação e reconceituação são necessárias para a
realização de comparações
► Conceitos capazes de viajar através de regiões, continentes,
países...
► Conceituação negativa
•
Dimensões dos conceitos
► Denotação: totalidade dos objetos a que a palavra se aplica
► Conotação: totalidade das características que um objeto ou evento
deve possuir para entrar na denotação
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Dilema: como definir e manipular conceitos de forma a
aumentar a comparabilidade?
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Evitar o “estiramento conceitual” (conceptual stretching)
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Uso de técnicas estatísticas e modelagem matemática para a
explicação e análise de fenômenos sociais.
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Modelo: Y = F(X
1; X
2; ...X
n)
► F é uma função matemática (linear, exponencial, quadrática, de
magnitude mutável...)
► As variáveis analisadas devem ser quantificadas segundo algum
tipo de mensuração ou classificação.
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Procuram-se estudar e comparar grandes volumes de dados e
informações entre observações diferentes e/ou temporalmente.
Com isso pretende-se simular contrafactuais.
16 Prof. Marcos Vinicius Pó
Contaminação por
cólera em Londres,
1849
17 Fo n te: “ On the mo d e of c o mmu n ic at ion of c h o ler a. Jo h n Sn o w ( 18 49 ). PP 62 -63Contaminação
visualmente
ilustrada
18 A relação entre contaminação por cólera e a fonte de água fica evidente?Modelo e operacionalização da pesquisa
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Modelo Operacionalização
Formalização de modelo explicativo A contaminação por cólera é função do
compartilhamento da mesma fonte de água, que serve de cultura para o vírus
Definição de hipótese a ser testada Uma fonte contaminada aumenta a presença de casos de cólera em seu entorno
Definição de testes estatísticos a serem usados e de níveis de confiança
Análise gráfica georeferenciada
Operacionalização das variáveis, conceitos, amostragem...
Contaminação: óbito por cólera.
Fonte de água: localização das bombas
Processamento e teste das hipóteses Plotagem dos casos fatais de cólera em seus endereços e localização das fontes de água Análise dos resultados Relação forte entre a proximidade de uma
determinada bomba d’água e de grande número de casos de óbito por cólera
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Detalhado: detalhar o há em cada parte lógica do texto:
► Objetivos e problemas: por que o texto foi escrito?
► Quais os principais argumentos apresentados? Como o autor os
constrói? Que referências usou, aspectos históricos, descrições...
► Quais os principais conceitos apresentados e utilizados? ► Quais as principais conclusões a que o autor chegou?
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Texto:
► POPPER, Karl. A lógica da pesquisa científica. Editora Cultrix.
Editora da Universidade de São Paulo. São Paulo, SP. – Capítulo 1
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Disponível em
https://perguntasaopo.wordpress.com/graduacao/ihcs/
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