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GEORGE, Pierre - Panorama Do Mundo Atual

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Academic year: 2021

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(1)

COLEÇÃO

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PEDRO CuNILL

PIERRE GEORGE

PANORAMA

DO MUNDO ATUAL

TRADUÇÃO DE PEDRO DE ALCANTARA FIGUEIRA

CAPA DE JEAN GUILLAUM E

2.a edicão '

(4)

Do original francês: Panorama dtt Monde Actttel

Vol. n.0 1 da Coleção "Magellan" Presses Universitaires de :!!~rance

1 9 6 8 Copyright by

Presses Universitaires de France, Paris Direitos exclusivos para a língua portuguêsa:

INTHODUÇÃO

N A EuROPA OciDENTAL, a apToxirnação do ano 1 000 encheu os homens da angústia elo apocalipse e elo fim elo mundo. Nada, a não ser a f?·eqüência de catástrofes coletivas como as gue?Tas e as epidemias, justificava objetivamente êste temor. A ansiedade ?'eligiosa, a vertigem do desconhecido, a atração e, ao mesmo tempo, o temor ao mistério, o recurso à magia, tanto na alquimia quanto na feitiçaria, alimentavam êste grande mêclo coletivo.

Com a aproximação do ano 2 000 os homens se envolvem. na mesma angústia, desta vez objetivamente justificada, dado que êles estão de posse dos meios m.ate?·iais capazes ele ani-quilar dezenas de milhões ele sêres humanos em. alguns se-gundos, capazes ele esteTilizar continentes inteiros em. con-seqüência dos efeitos da raclioati1Jidade. O m.êdo é agora m.ai01·, tendo em vista q'ue as contmdições oriundas dos acon-tecimentos históricos dos últimos cinqüenta anos podem for-necer o pretexto para o desencadeam.ento ele verdacleiTO apo-calipse: oposição entre países capitalistas e países socialistas, comoções provocadas pela clescolonização e pela destruição do sistema de domínio mundial inventado pela G1·ã-Bretanha no século XIX e que parecia realizm·-se em. benefício de uma Eu1·opa, em verdade dividida, às véspems da primeira grande crise que revelo'u, a fmgilidade do emp1·eendimento, furacão clem.og?·áfico que atrapalha tôdas as previsões . ..

O mundo de hoje está à procura de um. equilíbrio nôvo. gle pode ser tentado a atingi-lo pela aplicação de seus meios técnicos de persuasão e, aí então, devemos temer o cataclis-ma do ano 2 000. Pode consegui-lo por uma série de com-promissos, até mesmo de conflitos limitados, sem recorrer aos processos de destruição em massa. E, nesse caso, a capa-cidade técnica oriunda das descobertas extraordinárias dos

(5)

últúnos cinq-i.ienta anos de1ie-rÚ ser apLicada na c:l"iaçdo de melhoTes condições de vida e na transformação da condição humana. Seja como fôr, os proble·mas a serem Tesolvidos pelo absurdo ou pela 01·ganização da sociedade e da unifi-cat;ão da condição humana já estão colocados a partir· de agora. Somente a forma de solucioná-los é desconhecida do futuTo. Cabe aos políticos determúwT a opçao desta soluçtio e arca1·em, conscientemente ou ·não, com a responsabilidade de mergulhm· a httmanidade no nada o·u ·reaL-iza-r a "segunda" revolução industrial. Mas cabe aos geógrafos elabo·tar o qua-dro demonstrativo do litígio do mundo attwl. ~ êste o obje-tivo da Coleção "Tenas e Povos") sendo que o presente vo-lume, à guisa de intr·odução, faz o inventário dos pr·oblemas colocados pela situação atual da evolução de tôda grande comunidade do mundo atual e das relações entre estas mes-mas comunidades.

(6)

CAPÍTULO I

A EXPLOSÃO DEMOGRAFICA

E SEUS COROLAR.IOS

As

CRISES DE FOME e as epidemias, que, por muito tempo, foram consideradas maldições dos deuses ou manifestações da fatalídade, desapareceraP1., em nossos dias, da face da terra, pelo menos em sua forma crônica. Mas a humani-dade está tomando consciência de uma contradição impor-tante de nossa época, ou seja, aquela que opõe o desejo de constante melhoria de sua condicão ao crescimento acel e-rado do número de indivíduos a satisfazer.

o homem é um

consumidor a partir do momento em que vem ao mundo. Nem sempre é possível dar-lhe as bases e os meios para que se torne um produtor, isto é, para que garanta, de sua parte, o equilíbrio entre produção e consumo. Ora, o problema coloca-se de maneira diferente há meio século, porque os dois têrmos da contradiçiõ,o sofreram uma mutacão quanti--tativa, e um déles uma ml..ltação qualitativa ao me~mo tempo. As necessidades e desejos suscetíveis de serem satisfeitos tecnicamente cresceram em proporções enormes no decorrer dos últimos decênios e os modos de existência, sob todos os 1).spectos, das populações mais bem providas financeira e tecnicamente foram mais tmnsformados no curso de uma geração do que o foram no decorrer dos quatro ou cinco séculos precedentes. Mas a possibilidade de satisfazer estas novas necessidades e êstes novos desejos só foi realizada em benefício de uma minoria. E, para o resto da humanidade, tudo transcorre como se seu crescimento numérico se acres-centasse aos obstáculos ou, pelo menos, aos entraves que lhe tornam inacessíveis os modos de existência dos mais avançados. O fôsso é tanto mais profundo quanto mais cres-cem os efetivos de homens que ocupam a margem maldita de onde vêem voar os aviões para os países felizes. Na realidade, a única e imperiosa necessidade de assegurar o mínimo aos constantes excedentes de população entrava 9

(7)

qualquer perspectiva de investimentos destinados a elevar

o nível econômico e sociaL No plano estritamente financeiro e econômico, o número apresenta-se antagônico ao progresso.

As possibilidades ({;~ substituir o investimento técnico e fi -nanceiro por um investimeYJto-trabalho, embora não sendo desprezíveis, penrH.mecem limitadas e, na maior parte dos casos, o acesso ao bem-d tar generalizado é tanto mais difícil

ou problemático quanto maim fôr o dinamismo demo grá-fico. A contradição agrava-se com a situaçáo aparentemente paradoxal dos países tnais avançados; esta situação pretende

qutl, para êstes, o crescimento populacional possa ser um

fator de l"iqueza, porque permite acelerar as rotações pro-dução-consumo e diversificar os ciclos de produção, enquanto que, de imediato, os países subdesenvolvidos parecem estar econômica e socialmente esterilizados pela impetuosidade do

dinambmo demográfico. Contradição, paradoxo, mas, talvez, também perspectiva de ruptura dêsse aparente ciclo infer~ nal através de transferências de meios. É preeiso, ainda,

antes de qualquer outra observação da conjuntura, tomar

consciência clara dêsse fenômeno nôvo, especlfic:amente con

-temporâneo, que é ·~ t~xplosão demográfica do século XX. I .. c. E~bôço s-u1rw·rw da dú;tribHicão

atuaL da popular/ío mtlndüzl ··

A população total do globo, em 1° de janeiro de 1964, foi avaliada em 3 bilhões e 200 milhões de indivíduos. Um

pouco menos de urn bilhão vive em países de economia in~ dustrial: Europa Ocidental (145 milhões), Europa Meridio~ nal (150 milhões), Europa Central (145 milhões), União

So-vij§tica (225 milhões), América do Norte (210 milhões), Japão (:15 milhões) - 970 milhões.

Mais de dois bilhões ocupam o resto do mundo: mais de 1 bilhão e 700 milhões os países asiáticos, menos a União Soviética e o Japão, 270 milhões a África, 225 a 230 milhões

a Amél"ica Latina, menos de 20 milhões a Oceânia.

As mais impressionantes acumulações humanas estão, natural

-mente, na parte subdesenvolvida: 800 milhões nas planícies e nas

bacias do leste do continente asiático, na China, na Coréia, no

Vietnã do Norte e nos arquipélagos não industriais (Filipinas, s

o-bretudo), 750 milhões nas planicies das penínsulas da Asia Merid

io-nal: a metade da humanidade em menos de um quinto das terras

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cultiváveis. E, para esta metade da humanidade, a agricultura per

-manece, não obstante, a única fonte apr«ciável de renda. No con

-tinente africano, a descontinuidade e a dispersão do povoamento constituem a regra geral: na Africa do Norte, dois grupos de po-pulação, o Magrebe e o. Egito (aproximadamente 30 milhões de

habitantes cada), a leste da Africa e ao sul do Saara, uma alter

-nância de grupos relativamente densos (Etiópia, África Oriental,

Nigéria) e de zonas de ocupação espalhada. A América do Sul

tem um povoamento periférico: a população está localizada na

orla atlântica e nos planaltos andinos; o centro do continep.te está

pràticamente vazio, embora desigualmente repulsivo à vida e à

exploração humana: 170 a 180 milhões. Ao contrário, a concen-tração populacional reaparece na América Central e nas Antilhas

(50 milhões).

Com exceção da população japonêsa que, aliás, com suas for-mas de organização e existência, ocupa uma posição intermediária entre as populações de países industriais e as de países de e

cono-mia e de sociedades pré-industriais, as populações que participam de uma atividade de estilo industrial - ou técnica e econômica-mente desenvolvida - estão menos maciçamente amontoadas que as populações chinesa e sul--asiática. As concentrações ligadas à

indústria são concentrações urbanas em meio a campos mais ou menos ocupados, às vêzes quase vazios (leste da América do Norte).

A maior parte distribbli-se de ambos os lados do Atlàntico Norte e está polarizada na. Europa Ocidental, que foi o ponto de p8rtida dos homens e dos técnicos: 400 milhões, no conjunto.

Na Europa Oriental e na U. R. S. S., o povoamento é muito mais disperso e a massa global da população integrada menos nu

-merosa: 300 milhões de homem;. O resto das populações de nível industrial está disperso no oeste do continente norte-americano,

na América austral temperada, na Austrália.

Um pouco mais de um bilhã.o e trezentos milhões de homens

ocupam a zona temperada do hemisfério Nort€, 1 bilhão e 8 milhões

a zona tórrida, 60 milhões, apenas, a zona temperada do hemisfério Sul. Mas o povoamento está longé de ser contínuo. Os principais fatôres físicos da. descontinuidade são a distribuição das áreas cli-mªticas, das massas montanhosas e das ~randes florestas

equato-riais, sem que haja jamais uma relação d0terminista simples. A

ocupação contílwa do território avança além do hemisfério Norte em direç;ão às altas latitudes, tanto da fachada ocidental dos co n-tinentes quanto da fachada oriental. A redução da amplitude tér

-mica, a regu.larida.de e a abundância de precipitações permitem que a vida agrícola e a existência permanente de uma atividade eco -nômica diversificada atinjBm, e mesmo ultn1passem um pouco, o paralelo 60. (.2uatro inmdes ~ belas cidades européias estão acima do paralelo 60 ou muito próximas a êle: Oslo, Estocolmo, Helsinque,

Lenin~rado. Na América do Norte, Qu.ebec e Winnipeg passam por cidades pioneiras subárticas acima dos paralelos 47 e 50, isto é, na mesma latitude de Nantes e ele Franéforte. Na União Soviética, Konsomolsque é considerada como cidade heróica nos confins do ecúmeno, na latitude de Arras. Tudo se passa, portanto, como se,

do ponto de vista do povoamento, a zona de ocupação humana das 11

(8)

-.---~---~---latitudes temperadas se apresentasse de forma triangula~, indo a abertura em latitude do paralelo 35 ao 62 a oeste e estreitando-se ao sul do paralelo 50, ou mesn:o 45 a l~,s~e (leste ~a Am~rica do Norte Manchúria Extremo Onente sov1etlco). A d1stnbmçao das massa's montanho~as influi consideràvelmente sôbre a do povoa-mento, mas de maneira contraditória conforme a latitude. A

mon-FIG. 1 a. - Evolução da população do mundo, po1· continentes, 1650 - 1960

tanha alta, sobretudo a montanha alta de estrutura maciça, tem uma função repulsiva nas altas latitudes e nas latitudes médias. A alta Asia, o nó montanhoso da Asia média, os altos planaltos norte-americanos, de maneira geral tôdas as massas montanhosas pouco articuladas, mas abertas pela rêde de vales da Asia, da Euro-pa e da América do Norte, são zonas refratárias ao povoamento. Inversamente, a altitude funciona como corretivo aos excessos e às insalubridades dos climas quentes. A Africa Oriental, os planal-tos andinos, as montanhas do Ceilão e da Indonésia são refúgios e meios de existência e de produção para o homem. A grande flo-resta constitui, aparentemente, sempre um obstáculo ao povoamen-to, mas ela é mais ràpidamente penetrada e utilizada nas regiões orientais, como a Indonésia, o Sul da índia e Ceilão, do que nas bacias interiores onde a ecologia é mais propícia aos antagonismos da vida humana, Congo ou Amazônia.

Mas os fatôres históricos do povoamento e de seu desenvolvi-mento são, no final das contas, preponderantes. Não existe nem 12 500

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FIG. 1 b. - Evolução da população de alguns países ou grupos de países de 1950 a 1980 (previsões)

fatalidade criadora nem fatalidade destruidora. As circunstâncias favoreceram em cada lugar, em dados momentos, opções ou coações que conduziram, mais ou menos demoradamente, a evolução geral num sentido determinante. Mas, seja qual fôr esta evolução, o fato atual mais universal, mais dominante, porque o momento pre-sente não fornece soluções imediatas aos problemas que êle próprio coloca, ê o crescimento acelerado da população mundial.

(9)

IL -·· · A aceleração do::; -rit1nos

deTrWg?;ÍiJicos

Calcular a população mundial num passado relativame n-te recuado apresenta dificuldades bem conhecidas. Todaviót. trabalhos históricos meticulosos permitiram aventar, corá u:na margem de êrro decrescente à medida que nos apr o-ximamos dos tempos atuais, cifras estimativas que expri-mem bem a evolução do ritmo de crescimento da população

mundial. ,

Os historiadores pensam que, no início da era cristã, a população mundial elevava-se a 250 milhões e que levou v á-rios milênios para passar de 100 ou 120 milhões a êste nú-:mero. Na metade do século XVII, as estimativas são de 500 milhões; entre 1850 e 1860, os recenseamentos e estimativas conduzem a uma cifra compreendida entre 1 bilhão e 100 milhões e 1 bilhão e 200 milhões. Em 1950, a populacão mu n-dial elevava-se a 2 bilhões e 400 milhões. Em 1965> ou 19G6 terá atingido 3 bilhões e meio. Em outras palavras, a po~ pulação do globo, provàvelmente, dobrou entre a época neo-lítica e a época romana, em alguns milênios. Dobrou, de nôvo, em quinze sécul®s, da época de Diocleciano à de Luís

XIV. Dobrou, ainda, entre o reinado de Luís XIV c a

me-tade do século XIX. Depois dobrou, de nôvo, entre a {·poca de Napoleão IH, de Cavour, de Bismarck c da Gw·rra df! Secessão e o·momento atual, em um século. No ritmo atual, dobrará novamente em cinqüenta anos.

Em todos os continentes, o ritmo não é o m0smo. A po -pulação da Europa, inclusive a parte asiática da União So -viética, dobrou em um século, de 1860 a 1960. Mas a da Ásia dobrou no decorrer dos últimos sessenta anos, a da Africa no mesmo tempo, a da América do Norte em quarenta anos, a da América Latina em t1"inta anos. O ponto de aceleracão do ritmo não se situa na mesma data para todos os países, como se pode ver em um quadro de distribuicão dos efetivos dos diversos continentes, em pcrcentêlgem c.con1 intervalos dr~ meio século.

Os crescime~1tos mais cspetacuJ;:rr•s são <Jquél"~5 que, d e-sencadeados mais tardiamente, estão, hoje, em pleno desen -;olviment~ qua~titativo e colocam, por conseguinte, os

pro

-olemas mms espmhosos. Por sua massa, o surto demografico da :Asia é o primeiro a atrair a atenção, embora não seja o mms torrenciaL Ao dobrar em sessenta anos, a população 14

DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO MUNDIAL POR CONTINENTES, EM DIFERENTES ÉPOCAS

População do mundo em milhões de habitantes

Proporção da população de cada continente em percentagem da popu-lação mundial: .... . África ... . Europa ... . Ásia ... . América do Norte ... . América Latina ... . Oceânia ... ... . Metade do século XVIII 700 14,7 20,6 63 0,1 1,5 0,1 1800 1850

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1900

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1961

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-919 I 1 200 I 1 600 3 069 11

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60,3 0,5 2 5 2,4 3' 0,1 0,2 1 _ _ 1 9 26,7 55 5 4 0,3 8,5 21,5 56 8,3 5,4 0,3 Fonte: Causas e Conseqiiências da Evolução Demográfica,

Nações Unidas, 1953

da Ásia (excluída a parte soviética) aumentou de 850 mi-lhões de indivíduos, ou seja, um efetivo superior ao da po-~ulaç~o m_undi~l na época de. Luís XV - o que, em consumo ae tngo, a razao de um qmlo por pessoa diàriamente re-pr.esenta um .acréscimo de procura de 310 milhões de quin-tar_s P?r ano, 1gual à produção anual média de arroz de tôda a Ind1a para o período 1930-1935.

Segundo os historiadores da China a população dêste pa.ís !eria triplicado eqtre 1650 e 1850, p~ssando de 113 a 350 mllhoes. O aumento foi lento entre 1850 e 1910-1920: menos de 100 mi.lhões, ~proximadamente 3% em média por ano. Era um tnste penodo de fomes e epidemias que fazia baixar a ~1:1rva de população desde que ela ultrapassasse o ponto c~ItlCo da su_ballmentação. Uill: n~vo salto demográfico ini-c1a-se entre 1920 e 1930: 476 mllhoes de habitantes em 1920

556 em 1950, 700 milhões em 1963. O crescimento médi~ anual passou a sete milhões e a 14%. A população chinesa passa a 23% da população mundial com 100 milhões de hec-tares c~~tivados, ou seja, uma densidade de 700 habitantes por qmlometro quadrado cultivado. Foi atingido um nôvo 15

(10)

16

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limiar, que é o da industrialização. Sem a criação de recursos

ttovos fora da agricultura, não poderia ser assegurada a base t·conômica dêste povoamento e o crescimento demográfico II:Íü seria mais que marcha para a catástrofe. A manutenção da população doravante só poderá ser garantida por

impor-tações maciças de produtos alimentícios provenientes de

ou-tros continentes (principalmente da América do Norte). A t!Conomia saiu da fase de isolamento e tornou-se uma eco-nomia mercantil, preocupada em equilibrar as importações indispensáveis à vida da população.

A índia conheceu, durante muito tempo, a mesma esta-bilidade demográfica aparente, feita de alternâncias de en-saios de crescimento e de catástrofes quase cíclicas, come -~;ando por um acidente meteorológico ou hidrológico, sêca,

furacão, inundação, rompendo um equilíbrio aparente, de-sencadeando, conforme as regiões, escassez ou crise de fome

seguidas de longo cortejo de epidemias, de difícil eliminação. A população, porém, tinha aumentado de 50 milhões por

sé-culo entre os séculos XVI e XIX. Atinge aproximadamente

300 milhões no século XIX. As curvas regionais de variação são representadas por senóides cujo eixo de simetria é sub--horizontal o J. Cada concavidade corresponde a um ciclo de

fomes e de epidemias. A partir de 1920, o crescimento

ace-lera-se: 400 milhões em 1941, 439 em 1951 (para Índia e

Pa-quistão), 534 em 1961. O crescimento é de 4 milhões por ano para o decênio 1951-1960 nos dois países: 18% da população mundial em 140 milhões de hectares cultivados, o que

repre-senta uma densidade de 400 habitantes por quilômetro

qua-drado cultivado. Dado que as terras indianas são menos ricas, menos regularmente irrigadas do que as terras chine-sas, deduz-se que o limite de superpovoamento relativo

agrí-cola já está de muito ultrapassado. A índia vive graças às importações de trigo americano.

As projeções demográficas num futuro próximo levam

a cifras que parecem irreais: um bilhão de homens para a

China em menos de vinte anos (1983) - o equivalente da

população mundial há cem anos - , 560 a 680 milhões para

a Índia, 150 milhões para o Paquistão em 1981, isto é, para

o conjunto da península indiana e Ceilão, um total de 730

a 850 milhões.

(I) A. GEDDES, "Variability in Change of Population ... with example, In dia, Pakistan ... " Congresso Internacional de

Popula-ção, Viena, 1959, pp. 578-586.

(11)

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Ora, si;E:entc o Japão quis e pôde dm uma vigorosa

freada ao cr::scimcnto der,:ográfico. 1930 1940 1950 1960 1970 1930

EVOLUCÃO E PERSPECTIVAS DE EVOLUC.Í\0 DA POPULAÇÃO JAPONÊSA DESDE 1930 ATft 1980

G3,9 milhões

72,5 crescimento anual médio

83,2 93 4 100' -105 14.5% 14 -12, 27,1 5

-Sua população continuará, entretanto, a crescer durante mais de vinte anos até 105-110 milhões de habitantes entre 1980 e 1990, se se mantiverem as condições e os ritmos atuais

de crescimento.

Os outros países asiáticos não parecem estar próximos de romoer o ritmo de crescimento da mesma maneira, com exceçü~ da China de 2lgum tempo para cá. A Indonésia, que tinha 7C) m.ilhões de habitantes em 1950 (95 milhões em 1961),

terá, sem dúvidél, entre 120 e 140 milhões de habitantes em 1975; as Filipinas passariam, no mesmo espaço de tempo, de

20 milhões p3ra 45 milhões de habitantes. Somente o

Su-deste da Asia, onde o recenseamento (ou estimativa) for

-neceu um total do 172 milhões em 1950, passará, segundo as

previsões demográficas da divisilo de população das Nações

Unid~u, a ::iSO milhões de habitantes em 198011>.

A Afeica pa~·cce um continente d.cmogràficamentc calmo

em comp.:-tracão com a Asia, embora o crescim.ento seja o mesmo

s~sscnta anos. É que se trata, em verdade, de

me.ssi.ls mcJ>Ds ünportantes. :Mas os fluxos demográficos dos

últimos decénios são impetuosos. A Africa, ao sul do Saara,

tinha 115 milhôes de habitantes em 19"10. Em 1961, seus efe -tivos elevaram-se a 171 milhões: crescimento aproximado

de 50% em vinte anos (em números absolutos perto de três

rr..ilhões por ano). A África do Nm·te oferece bom exemplo

d2 crescíincnto acelerado: em 1832, calculava-se para o Egito uma população de 7,5 milhões de habitantes. Em 1937, sua

po-pulação passal·a a aproximadamente 16 milhões. (15 900 000). Em 1961, já eram 26 600 000 de pessoas. O crescimento anual

(I) O.N.U., Diviúío de População. Nova Iorque, 1960. Esti-mativa da população jut11ra ... IV relatório: "A população da As ia e do Extremo Oriente, 1950-1930".

18

ntédio foi, portanto, durante êsses vinte c quatro Hnos, de

'140 000 habitantes e de mais de 2,5'/r, por ano em. média. A população muçulmana da Ac·gélia estava cstimnda, em I B56, em 2,3 milhões. Em 1936, o censo dá 6 100 000 de

pes-soas. Hoje, a população argelina eleva-se a 11 mi.lhões. Ta m-bém aqui, a taxa anual de crescimento para o último decênio é da ordem de 2,5rJc,. essas condic;ões, as previsões para 1980,

supondo constante o ritmo, seriélm de mais de 40 milhões

para o Egito e de 17 a 18 milhões para a Argélia. Em 1980, o Magrcbe poderá ter entre 40 e 45 milhões de habitantes. A aceleração demográfica mais surpl·eendente 6 a da América Latina. A surprêsa é tanto maior quanto a evolucilo da população fôra bastante lenta até a metade do século XIX:

em 1800, as diversas colônias da América ao sul do Fio Gran

-de totalizaVélm menos de 25 milhões de habitant·2S. Em 1850,

contavam apenas 33 milhões. Bruscamente, a porJUlnc;ão do-bra quase em cinqüenta anos: 63 milhões em 1900. Depois vem a verdndeira explosão demográfica da primeira metade do século XX: 162 milhões em 1950, 218 milhões em 1961. O cTescimento médio anu;:\1 atinge a taxa excc~pcional de

3,5%.

Um ránido eX<!me da dü;tribuic2o regional dos mais a

cc-lcr<ldos cr~scimentos demonstra q'ue êstc fenôm.cno ~..~emo­

grúfico é específico da América tropical.

CRESCIMENTOS DE POPULAÇÃO DE 1\LGU..'l'S PAÍSES DA AMÉRICA DO SUL TROPICAL

Brasil ... . Colômbia Peru ... . Venezuela (EM l\'IILHÕES) 1920 27 5.2 ') d. ó..J,_... 1G50 52 11~/. 3,5 5

CRESCIMENTOS DE POPULAÇÃO DE ALGUNS PAÍSES DA Al'v!ÉR!CA CENTRAL (EM MILHÕES) México ... . 1920 14,5 1,:3 O,G 0,4 Guatemala Honduras Costa Rica . 1950 25 7

ú

1,5 0,8 J.J61 73 14,5 10.3 7:5 lS'Gl 36 :3,9 1 9

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19

(12)

Êstes crescimentos, por mais impetuosos que pareçam em seu aspecto geral, caracterizam-se, além disso, por uma aceleração constante. No México, o crescimento anual médio para os dez últimos anos é da ordem de 4%! A curva de crescimento numérico bruto exprime uma progressão se me-lhante à progressão geométrica. Nessas condições, as pre-visões de 167 a 194 milhões de habitantes para a América do Sul tropical contra 45 em 1920 e 83 em 1950 e, para a América Central, de 100 milhões contra 30 milhões em 1920 e 51 em 1950. Somente o Brasil, que tinha apenas 27 milhões de habitantes em 1920, terá de 98 a 113 milhões de pessoas a alimentar em 1980. A Venezuela, que contava apenas 2,3 milhões de habitantes em 1920, deverá suportar cinco a seis vêzes mais, sessenta anos mais tarde. No total, a América Latina teria aproximadamente 330 milhões de habitantes dos quais perto de 300 milhões somente para a América tropical que dispõe, atualmente, de apenas uns cinqüenta milhões de hectares cultivados. Aqui também não estamos muito longe de um ponto crítico que, há muito, já foi ultrapassado no N ardeste brasileiro.

Os três grandes grupos de população afetados atualmen-te pelo mais foratualmen-te dinamismo demográfico, a Asia, a Amé-rica Latina e a AfAmé-rica, tiveram sua população aumentada de aproximadamente meio bilhão de indivíduos em dez anos:

CRESCIMENTOS DE POPULACÃO

DE TRÊS CONTINENTES, DE 1951 A Í960

América Latina . . . 56 milhões Africa Asia o • • • • • o • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • o • ••• o • • • • • • • o • • •• • • • • o • • • • • • • • • • • • • • • ••• TOTAL 61 337 454

A cada ano, as populações da Asia, da América Latina e da Africa são acrescidas de um efetivo igual à população da França.

No mesmo período, a população da Eu Topa (excetuando a U. R. S. S.) aumentou sàmente de 35 milhões, a da Europa Ocidental (Grã-Bretanha, Países Escandinavos, Europa dos Seis) de aproximadamente dez milhões.

?O

PREVISÕES DE POPULACÃO PARA 1980

POR CONTINENTE(!)

Europa e U. R. S. S . ... . Números absolutos em milhões 800 Percentagem da população mundial prevista para 1980 212 ~n:érica do Norte ... . s1a ... . Africa do Norte 3 . . . .

Afr~ca ao sul do Saara .. . America Latina ... . 260 2 000 140 260 330

III. - Os fatôTes da dinâmica

de população 7 53 3,6 6,8 8,6

As ~ausas diretas, fisio]ógi~as, das bruscas acelerações de, ~~escimento de populaçao. ~ao _bem conhecidas. A ação mem.ca, .o ~a~eamen!o de r,egwes msalubres, a organização da d1~tnbmçao de VIveres as regiões ameaçadas pela fome ~eduziram em proporções consideráveis a mortalidade e, po~ 1sso. mesmo, permitiram que a natalidade aumentasse e pro-duzisse seus efeitos demográficos.

Em verdade, a diminuição do número de óbitos de adul-tos e, principalmente, de mulheres em idade de serem mães repercute diretamente no crescimento do número dos nas~ cimentos. Além disso, a ação médica contra as endemias sob~etudo contra a doença do sono e contra a malária, redu~ o numer? dos abortos espontâneos, provocando o aumento da na!ahdade na .mesm~ prol:'orç~o. Ao mesmo tempo, a r:duçao da m?rtahdade mfanhl da um sentido demográfico novo aos nasc1m~nt?s que correspondiaJ:? recentemente ape-nas a uma magernma esperança de v1da. Embora a vida human~ continue mais fr~gil nos países tropicais e, em geral, nos parses subdesenvolvidos do que nos países industriais a ~opulação jovem dêsses países é tal que as taxas de mor~ tahdade tendem a aproximar-se sensivelmente das taxas dos país~s. de populações mais idosas da Europa Ocidental e da Amenca do Norte. Na Africa, na América Latina essas taxas estão compreendidas, conforme os países e conf~rme as

re-(1) Supondo que se mantenha o crescimento à taxa dos anos 1960-63.

(2)

(3) Europ~ menoInclusive as populações s U. R. S. S. 10, da Etiópia e do U. R. S. S. 11. Sudão.

(13)

1 1 i I

~

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gwes entre 12 e 20~: •. Na Asia, elas são mais elevadas: ~5

a 27 ~1a Índia, 17 a 20 na China. Na Europa, as taxa_s ma~s elevadas nos países onde a população é idosa, como a Austna

e a Inglaterra, são iguais às taxas mais baixas dos países subdesenvolvidos: 12%o. Na maior parte dos casos, elas gra

-vitam em tôrno de 10. As populações canadenses e as dos

Estados Unidos têm taxas de mortalidade inferiores a 10.

As taxas de mortalidade mundial diferem, hoje, na re -lação de 1 a 3, e mais freqüentemente de 1 a 2. Mas as taxas

de" natalidade estão compreendidas (em têrmos de Estad?s

ou de enormes conjuntos regionais) entre 50 e 15: a relaçao

neste caso é de 1 a mais de 3. A estabilidade Telativ~ das

populações da Asia, da Africa, até o sécu~o XX, proce~1a de

um equilíbrio a longo prazo entre mortahdc:;,de e natahd~de.

A natalidade apresentava-se como um fenomeno quanhta-tivamente quase constante, superior ~ mortalidade dur::::n~e períodos mais ou, m~nos longos ~crescimento ~e populaça.~~; brusca recrudescenc1a da mortalidade em segu1da a clma Cl ,,_e de fome e epidemias suprimia o benefíci'? do crcscir~wnto

do período imediatamente precedente. HoJe,. a mortahdad.e

foi estabilizada numa taxa constante ou ligeiramente declr

-nante· a natalidade continua submetida ao livre jôgo da

na-turez~ e na mcdidn em que a população em idade de pr

o-criar en~ontra-se em melhores condições de saúde e escapa

às hecatombes de antigamente, as taxas atigem valôres re

-cordes. Num efetivo de população recentemente rc>no':'ad?,

portanto de composição bastan~e jovem, el~s podei"? ~tmgn·

e mesmo ultrapassar 50;{ •. Em Imensas regwes da As1a e da

América Latina estão compreendidas entre 40 e 50, o que

corresponde, po1: alto, a umas de: crianças vivas por m~lher

em idade de procriar. A reduçao da taxa de ~ortahdade

para menos de 20;{, basta para provocar um crescimento

na-tural de 30:{, por ano. A diferença e_ntre os países de forte

crescimento e os pa~ses de fraco crescimento tem c.omo cau~a

fundamental a desigualdade das taxas d,e natalidade: No

detalhe vemos aparecer matizes entre pa1scs de natalidade

muito alta, de fraca mortalidade, países de al~a taxa de l!a -talidade e de mortalidade bastante elevada CUJas populaçoes

aumentam irregularmente, mas a oposição maior é aquela

que concerne aos países não industriais onde a d1ferença

entre as taxas de natalidade e de mortalidade permanece, sempre, em tôrno de .20 ou superior a 20~· e ?s paíse~ da

velha cultura industnal onde permanece mfenor a 20%o e, não raro, a 10% •.

22

As taxas de natalidade que expressam él realidade demo

-gráfica dos países não industriais da Asia são de 40 a 45%c,

levan~o em con~a um,a ~ituaçã? sanitária geralmente má que abrev1a a duraçao med1a da v1da das mulheres em idade de pr~cria~ e m~ltiplica os abortos espontâneos. ]';a Africa, a.s

estlmatlvas sao da mesma ordem. Na América Latina, as

taxas elevam-se a aproximadamente 50.

Elas correspondem a uma fecundidade natu.ral em con

-diç~e~ ~eterminadas de_ índice de mortalidade e de condições

samtanas das populaçoes. Se nada intervier no sentido de

limitar esta fecundidade natural, as taxas de natalidade ten

-d~rão a eleva~-se até um teto fisiológüw que corresponda ao

n~~ero de cn~nças postas no mundo por mulher que tenha

VIVIdo e mantido a fecundidade até a idade da menopausa

(sendo. que esta pode ser ligeiramente retardada com uma melhon;;t ~eral das con~ições de higien<: e de alimentação). Nesta h1potese, o crescimento natun1l estabiliza-se entr<" :3

e 4'1? por ano, com tendência bastante leve a reduzir-se -na

medida em que o prolongamento da esperança de vida aumen

-ta o envelhecimento do grupo em questão. ··É. portanto com

a perspectiva de crescimento para mais de dÕis bilhõ~s de

ho~e~s (sessenta a oitenta milhões por ano) que é preciso

racwc:nar com base nas condições atuais de n>novacão das

geraçoes nos países não industriais. ~

Ao contrário, os países industriais adot2rom L~mé\ co;l-·

c~pção dife~ente da? .relações familiais e do Jugnr da fccu~­

dldade na vrda famihal e social. A prcocupc>.cão de garantir

uma ~r~nsmissão integral das vantagens econdmicas ~ soci<Jis adqurndas, mais ainda, de promover a um escalão suDerior

os representantes da geração ascendente, tem como resultado

uma ação voluntária de limitação do núrnero ele nascimentos.

Apes~r de certa impressão do planning familial. as taxas de

natahdades s.éio contidas dentro de valôrcs coÍnpn~endidos

ent~·~ .15 ~ 25%o, nas sociedades européia, norte-americana,

sov1etrca, Japonesa. Como as taxas de mortalidade são da

ordem de. lO ou ligeiramente inferiores a 10, a diferenca l

imi-ta-se aqm entre 0,5 e 1,5%. , IV. -'- Situações e problemas

~ evolução demográfica conduz a duas formas de si

-tuaçoes. A primeira d~fine-se em têrmos demográficos a

segunda em têrmos er _mômicos. '

(14)

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I

I

Conforme o dinamismo demográfico de cada paí~, a com-posição por idades da popul2:ção. é senslvelrr:ente dif~rent~. Os países que suportam o mms viclento crescimento sao pm-ses "jovens", ou seja, aquêle~ em que, por ser recen~e o surto demográfico, as classes de Idades ~de menos de trmta anos representam a maioria da populaçao.

COMPOSICÃO POR IDADES DE ALGUMAS POPUL~ÇÕES DE pAÍSES DE RÁPIDO CRESCIMENTO DEM09RAFICO

NO DECORRER DO ÚLTIMO QUARTEL DO SECULO

índia Paquistão América

tropical Menos de 15 anos ... 39 15 a 29 anos 27 30 a 44 • • • o • •• • • o 18,2 45 a 59 ... o o 10,8 60 a 74 . . . . ' . .

.

. . 4,3 Mais de 75 anos • • • • o • • 0,6 Menos de 15 anos ... . 15-24 anos ... . 25-34 .. o • • • •• • • • • • •• • • • • •• 35-44 .. o' o • • •• • • • • • • • o. o 45-54 . o • • o • • • o. o • • o • • o • • 55-64 ... o • • • • • o • • • • • o o • • o 65-74 o • • • • • • o. o o • • • • • o • • • • • o . Mais de 75 anos ... · ... . 42 41 27 26,5 17 17,4 9,5 10,5 3,8 4 0,6 0,6 República Popular da China 35,9 17 14,6 12 9,3 6,5 3,4 1

Os servicos públicos, a organização do emprêgo, o ensino e a formaçã~ de quadros devem ser, adaptados ~ essa e~tru­ tura por idades. Ela implica, tambem, certa. at~tude di~n~e da vida, diferente daquela de populações cuJa Idade media

é mais elevada. ~

Os Estados europeus são demogràficament~ velhos, nao obstante os efeitos, desiguais confo;me os _pa~ses, da reto-mada da natalidade em alguns deles, prmcipalmente na França, no curso d~ período posterior à Segunda Guerra Mundial.

24

COMPOSIÇÃO POR IDADES DE ALGUMAS POPULAÇÕES EUROPÉIAS

Menos de 15 anos De 15 a 29 De 30 a 44 De 45 a 59 De 60 a 74 Mais de 75 24 20 21 20 11 4 23,5 21 18,7 19 12,7 5,1

i~:~

~-.~-

~1391:~

-21,6 20,3 21 12,3 11,5 4,1 3,5

As observações feitas sôbre a composição profissional dessas populações mostram que a idade média dos chefes de emprêsas agrícolas, dos chefes de emprêsas industriais, do pessoal político, é muito mais elevada do que nos países "jo-vens". Resulta daí outra maneira de conduzir os negócios privados e públicos, outra psicologia social em geral. Quanto mais rara a criança, mais preciosa ela é, mas a juventude é muito menos ouvida onde as pessoas idosas ou consideradas como tais representam a maioria da população.

A segunda situação implica conseqüências mais graves: os países de rápido crescimento demográfico devem retirar antecipadamente da renda nacional os investimentos neces-sários para garantir a manutenção, a formação e a entrada em atividade profissional dos excedentes de população, pro-venientes das jovens gerações, mais numerosas do que aque-las que as precederam. De acôrdo com as estruturas econô-micas e sociais, a parte familial e a do Estado são desiguais. Mas, no total, as estimativas feitas para países diferentes, de nível técnico e econômico diverso, fornecem relações quase constantes: um crescimento anual de 1% custa- para man-ter a estabilidade do nível de vida - 5 a 8,5% da renda na-cional; um crescimento anual de 2 a 2,5% supõe uma imo-bilização de 12 a 22% da renda nacional. Em outras palavras, os países que possuem, hoje, um crescimento anual igual ou superior a 3% deveriam poder consagrar mais de um quarto de sua renda apenas ao investimento demográfico.

Esta despesa é inevitável. Aplica-se a operações de nível e de finalidade mais ou menos elevados, conforme os graus de desenvolvimento das populações interessadas. Mas, sob pena de não poder assegurar a existência material das

(15)

rações ascendentes ou de provocar concorrências, t:ágic~s

entre gerações ela deve ser consentida. Do cont:ano, nao sendo

aument~da

a renda

naciona~,

~1

ão

estando

~

JUve.r:t:de preparada para ingressar numa atividade produtiva, baixa o

quociente individual, agrava-se o des~mpre~o. , ,· . Não se trata, evidentemet;t~, de mvestll'T!-entos ester~Is. construir habitações,

disp~ns

a

nos

e matermd:des,

esf~la

i

ectádios novos empreend1mentos para oferec~r trab~ ~

~ ula,..Ões mais numerosas assegura, no plano qc:antltatlvo

~ ~o

plano qualitativo as condições de um crescimd ento da renda nacional. Com 'uma condi~ã_?, entretanto, e qu~ ~

te-ritório nacional esteja em cond1çoes de receber, proyeJ.to

sn~ent'-' 0 afluxo populacional considerado. A 9-uesta_o

co-l~ca-

se ~portanto

de modo diferente, conforme a

mter:sid~~e

da re~são dos efetivos de população sôJ;>re a econom1a. A a

, pais difícil de ser abordada nos pa1ses de subemprego

~rruico e potencial bruto limitado, d? que naqueles emt que

efetivos novos podem permitir a cnação de novos se ores

eo ráficos ou técnicos de l?rodyção .. Em todos os casos, o

gr"'fcimento demográfico exige mvestlmentos a longo prazo cu"' são infinitos se a população continuar a au:mentar.

Sur-qp

e assim uma incompatibilidade entre cresc1mel?-to

demo-g;~fico e ~levacão do nível de vida médio .. Se cons1de~armos

g ue sobretudo ,nos países pouco desenvolvidos,_ a m~ugem da

ienda nacional suscetível de ser bloqueada a f1r~ de, au.~~n­

tar os meios de produção não pode na ultrap~ssur "-um e r ço

do total tornar-se-ia impossível, c_aso o _crescnnenco natural

ultra a;sasse 3%, fazer qualquer mvestlme:r:-to de

~es

en;:o

l~

· pto pois tôda a parcela da renda nacwnal d1spon. ue.

VImen oara investimentos ' seria absorvi "d a pe as 1 d ~spes as "damo '; ;

-• ráficas". Além disso, tôda vez q~e. a pressao. dem~graLca

~briga

a transpor um limiar tecnolog1c?

n~

eq:-upam:--nto na-. onal po- exemolo criação de novas mdustr~as, ex1ste

pro-~~biÚdad~ de exêed~r a taxa média dos invest:mentos

demo-gráficos: a formação dos jovf!ns torna~se m_a1s dem?rad:o: .e mais dispendiosa, os meios de produçao ex1~em _a ln;_~~lh­

L.a·:ão de fundos mais importantes, de amortlzaçao me'-" ou

"

menos lenta. " , . .

Se é verdade, em têrmos absolutos, _ q'-:e as un;cas n-- homens" e que a popula('ao e uma forca de

quezas sao os , =< • t ,

0 u

produção por excelência, segue-se que um cresc1men o .P P -lacional contínuo implica um constante aume.r:to dos

mve:-timentos demográficos tirad~s da r;nda nacwnal, ap~p-"'s

para a garantia de conservaçao do mvel de renda antetlor

-mente conquistado, com a ressalva de que o meio natural ou o espaço nacional disponível se preste a uma mobilização

contínua de novos meios de existência. Existe, portanto,

an-tagonismo entre crescimento demográfico e

desenvolvimen-to, na medida em que se dá a esta palavra não o sentido de simples aumento das produções brutas, mas o de uma pro-moção qualitativa da produção que implique num aumento do quociente individual da renda. A pressão demográfica é

fator de estagnação da renda per capita. Limita a opção dos investimentos e, conseqüentemente, pode ser fator de agra-vamento do atraso técnico, pois afasta as disponibilidades financeiras das operações de progresso técnico e da criação de novas formas de produção.

Ora, basta recordar as observações feitas sôbre a distri-buição geográfica dos mais fortes crescimentos de população

(fig. 2) para ver que são precisamente todos os países sub-desenvolvidos os que possuem os mais fortes crescimentos. De acôrdo com as observações e as estimativas numéricas precedentes, podemos considerar que todo crescimento supe-rior a 2,5 ou a 3% por ano implica um verdadeiro bloqueio do desenvolvimento. Pode haver crescimento da produção em função simplesmente da capacidade de produzir dos efe-tivos crescentes de população, mas não existe desenvolvi-mento, pois o nível econômico e social da população

per-manece estacionário. Foram tentados paliativos em diversas modalidades de mobilização de trabalho gratuito

(investi-mento-trabalho) para reduzir a parte do esfôrço propriamen-te financeiro no investimento exigido para a absorção dos excedentes demográficos ou para o desenvolvimento.

Atin-giu-se logo um ponto de saturação. Em verdade, o dilema é sobremaneira grave, visto que põe em confronto o cres-cimento demográfico e a independência econômica dos países interessados. Não existe desenvolvimento possível para

paí-ses de forte crescimento demográfico sem ajuda financeira

estrangeira, seja atraindo créditos de ajuda e de investimento, seja alienando recursos nacionais vendidos ao exterior a fim

de aumentar a renda nacional.

Inversamente, a lentidão do crescimento demográfico nos países industriais e o envelhecimento das populações colocam

outros problemas econômicos. A Europa Ocidental, onde as

taxas de natalidade baixaram consideràvelmente durante a

primeira metade do século XX, mas onde as condições

sa-nitárias melhoraram constantemente, suporta a cargaJde con-tingentes numericamente importantes de pessoas idosas que

(16)

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não podem e não desejam mais .exercer qua~quer ~tividade

profissional. A França,A qL!-e,reg1strou. a mais co~t~nua _das correntes de "recrudescencw da natalidade, deve ra"'er frel:--te no curso do período atual, à dupla obrigação de garantir

co'ndições de vida satisfatórias a mai~ de

17_

'/á

de pessoas cot;n mais de 60 anos e de proceder aos mvestu!lentos demo~r~­

ficos correspondentes ao excedente de nascimentos dos 1flh-mos quinze a vinte anos. A procura ~e trabalho em.p~nodo

de expansão econômica e desenvolvimento das a~IVldades

de serviços públicos é superior à of~rt~. Resulta da1 o. aban-dono das profissões reputadas ma1s mgratas ou. ma1s mal remuneradas. Os países industriais de fraco crescimento de-mográfico recru!am tr.ab~lhad_ores para certos set~res de sua

economia atraves da 1m1graçao: mmas, construçao e obras públicas, trabalho~ perigosos ou insalubres. . . M~~mo a

eco-nomia norte-amencana que, entretanto, se benef1c1a de uma fecundidade bem superior à da Europa, é obrigada a recorrer aos pôrto-riquenhos ...

Seríamos tentados a ver, nesta necessida~e de mão-de--obra das economias industriais de fraco crescimento demo-gráfico, uma perspectiva de compe!lsação dos excedentes ~e

população dos paises subdese_nvolv1dos. Mas, a. despropor_çao entre o gigantismo do crescimento demogrB:fiCo dos pm~es

subdesenvolvidos e a exigüidade das necessidades de mao--de-obra suplementar das economias industriai_s é d.e ta) . or-dem que nã~ :r::ode haver ne_?huma compensaçao .antmeti~a.

Não resta duv1da que a Gra-Bretanha re~ruta. hmdu~ ~ Ja-maicanos, a França, africanos, todos os pm~es mdustna1s .do

Noroeste europeu, italianos, para det~rmmadas categonas de trabalhos. Trata-se, todavia, de efetivos da ordem de

al-gumas centenas de milhar~s, às vêze~ de milhõe::s·. Os ex.ce -dentes de população da As1a, da Afnc~, ~a Amenca Latma podem ser estimados em dezenas de mllhoes.

28

CAPÍTULO II

UMA NOVA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

A s .RELAÇÕES ECONÔMICAS E sociAIS, até a Segunda Guerra Mund1al, foram definidas em função de técnicas oriundas da 11tilização da máquina a vapor e do alto forno. Com efeito (J têrmo revolução industrial torna-se cada vez mais impró~ prio, na medida em que se trata de uma fase de transfor-mação ~ontír:u.a e aceler~da e não d~ um simples acidente,

por ma1s dec1s1vo que seJa na evoluçao das técnicas da

eco-nomia e da sociedade. '

É bem ve~dade q.ue a introdução do carvão, da máquina a vapor, da siderurgia, da navegação a vapor e da estrada de ferr? sub_verteu as relações sociais e gerou a sociedade 'ndustna_L ~ verdade, também, que a aceleração dos

pro-g·ressos tecmcos aumenta as contradições e as oposições entre classes de produtores e classes de trabalhadores na medida ('m que a definição essencial da sociedade é a d~ uma socie-dade de produtores, isto é, de uma economia que trabalha,

:111tes de t~do, para o equipamento, para a criação de meios

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Mas surge outra contradição entre o progresso lccmco e o trabalho. E, nesse momento estamos em con-dições de perguntar se não se realiza outra revolução por-<rue. as relações sociais ganham uma nova forma a do

'anta-l;omsmo entre uma minoria de produtores e u~a maioria

de consumidores.

I . -A Herança da Revolução Industrial do Século XIX

A re'.:_olução industrial realizou-se na Europa Ocidental com carvao, ferro e homens. Ela só foi possível na medida

em qu~ o. movimento científico que alimentou as fontes de

suas tecmcas provocava ao mesmo tempo, através de uma 29

(17)

ação médica apropriada, as condições de rompimento do equilíbrio de uma população estacionária. Em outros têr-mos, a revolução industrial é o duplo fruto do desenvolvi-mento da ciência aplicada no domínio das técnicas de mi-neraç~? e,.metalurg~a e no ~a medi~ina. A "revolução de-mografica · teve aqm um carater particular, ao mesmo tempo que uma significação circunstancial muito importante. O fato nôvo é a brusca redução da mortalidade, especialmente da mortalidade infantil, libertando o movimento ascensional impulsionado por uma natalidade que continua elevada, so-bretudo nos campos. Durante meio século, a Europa Oci-dental conheceu crescimentos naturais próximos a 1% por ano (~atalidade compreendida entre 25 e 35, mortalidade de 15 a 2b%c). Esta pressão demográfica alimentou o nôvo mer-cado de mão-de-obra, nascido com o desenvolvimento

indus-tl~ial, e forneceu efetivos importantes (que diminuíam à me-dida que aumentava a procura da indústria) à emigração, a qual assegurou as bases da ampliação dos mercados indus-triajs e as f~cilida,d~s de abastecimento em matérias-primas e generos ahmenhcws para a nova sociedade industrial. Em segui~a, êste movimento moderou-se, em conseqüência da reduçao geral da natalidade na Europa Ocidental (taxa m é-dia de 15% entre as duas guerras mundiais), exatamente no momento (~não sem que ten~a havido algumas relações de ca~sa e efeito) em que as pnmeiras grandes crises econô-micas provocavam o desemprêgo e reducão do mercado de

trabalho. ,

1. CARACTERÍSTICAS ORIGINAIS DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL DO SÉCULO XIX

O ~esenvolvim:=nto das novas indústrias: mineração, si-~erurgi_a, metalu~g1a pesada para pro,dução de equipamento mdustnal, de eqmpamento de obras publicas (estruturas me-tálicas de pontes), de equipamento de transporte (trilhos va-gõ_es, lo~om,otiv:as, n~vi_os), de g~indastes para as docas, po~tos, mmas, mdustna qmmiCa, nascida de transformação da hulha em coque para a siderurgia, a renovação das técnicas das indústrias tradicionais como a indústria têxtil, vêm acompa-nhadas de poderosa mobilização de mão-de-obra na indústria e nas novas modalidades de transporte. Somente na Franca a população empregada na indústria passou de 4 600 000 em 1366 para ~proximadamente 8 milhões em 1911; o Império alemao, apos 1871, conheceu um recrutamento ainda maior

30

de sua população para as fábricas e minas. Em 1913 mais de 40 milhões de alemães em 65 milhões vivem do tr~balho de 10 milhões de operários da indústria e de empregados em transportes marítimos, ferroviários e fluviais. Na Grã-Bre-tanha, a população ativa empregada na indústria e nos trans-portes elevou-se, em menos de um século, de 3 para 7 ou 8 milhões. No total, a revolução industrial mobilizou, na Euro-pa Ocidental, em duas ou três gerações, mais de 20 milhões de operários. A população operária total eleva-se, às vés-peras da Primeira Guerra Mundial, a uns trinta milhões de indivíduos, sustentando uma população de mais de 100 mi-lhões de pessoas e dando um poderoso impulso ao desenvol-vimento das profissões comerciais. Em 1929, ano que pode ser tomado como o de maior plenitude de· empregos resul-tante das características e processos específicos da primeira fa?e da industrialização da Europa, a população ativa indus-tnal eleva .. se a aproximadamente cinqüenta milhões de tra-balhadores e a população que vive de salários industriais a 200 milhões de pessoas.

Os dois grandes fatos são, portanto, o crescimento rápido da produção de equipamentos e de meios de produção de deslocamento e de comunicação de tipo completamente nôvo em relação às técnicas e formas de vida do século XVIII e a formação de uma classe operária que, somente ela. tem Lantos representantes no início do século XX quantos 'eram os habitantes no mesmo espaço geográfico um século antes. O primeiro dêstes fatos introduz uma discriminação sem precedentes entre dois conjuntos de países e de homens: aquêles que fabricam e que possuem os novos meios de pro-dução, de comunicação e também de destruição e aquêles que não os possuem e estão sujeitos, a curto prazo a supor·

Lar a lei dos primeiros. '

O segundo tem como resultado uma reclassificação geo· t~ráfica e social das populações. A indústria criada no século X~X é sempre uma indústria geogràficamente concentrada, seJa condensada nas regiões mineiras que lhe fornecem ener-!{ia (bacias carboníferas), mais raramente nas bacias de mi-nérios metálicos (siderurgia lorena), ou tenha proliferado c~m t~rno _de centros de convergênci~ de ~ransportes, que Lamb':m sao ~~rcad_os e cen.tr?s de fu1_anciamento. As po-pulaçoe~ operanas sao, contranamente as populações rurais, populaçoes concentradas, populacões urbanas densamente c·o!llprimidas nos espaços industriais, nos conj~ntos de casas mmeiras e nos bairros operários construídos ràpidamente,

(18)

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no menor espaço possível c a .preços baixos. Ale à rcvoluç_ão industrial o motor do crescimento das c1dadcs era o comer

-cio e em 'alauns casos a iniciativa militar e administrativa do pbder.

A

partir da' metade do século XIX, a cidade, n_a Europa Ocidental, passa a ser um pr~du!o do

dcsen_volvl-mento industrial. Ou constitui uma cnaçao total da

mdus-trialização: as cidades das bacias mineiras da Grã-Breta~ha,

as do Rur as da bacia carbonífera franco-belga, as clda-des da indústria têxtil do Lancashire inglês etc., ou então

uma cidade antiga submerge na expansão de seus anexos

industriais.

As populações operá~ias aglomeradas nos no_vos bairros

operários ou nas novas c1dade~ :_ndustnms ~onshtuem

mas-sas, uniformes, dadas as cond1çoes e rela~oes de . traball~o,

dado 0 nível econômico, o habitat. A soc1edade mdustr~al toma uma configuração radicalrr:-ente diferente, das ~oc~e­

dades rurais anteriores e das soc1edades dos paises nao

m-dustriais contemporâneos. Mas ela vai ~ms~ar. s~us efetivos nas camadas rurais, que as formas de d1stnbmçao _da renda

nacional c a desigualdade dos inves~imentos_ de eqUtpa~ento

castigam de tal maneira, que se yeem ob~Igadas ao exodo.

Uma organização sempre mais co~pt~cada do ~ercad_o

aumenta o número de empregos de dueçao comerc1al e fl

-nanceira. O Estado toma a seu cargo um número sempr_e

maior de serviços. A população ativa empr~g~da nas

admi-nistrações públicas, no setor privado. da~ at_1v_1dades _c0~11er­ ciais e financeiras aumenta. Mas a d1stnbmçao prof1ss1onal da população dá, sempre, uma preponderânc~a bem maior às

atividades produtivas ou que contnbuam diretamente para

a produção_ (obras públ~cas, transportes) .. Entre 1926 e 1929,

para o conJunto dos pmses da Europa Oc1dental, as

popula-ções ativas agrícolas, industriais e emprega~as e~ trans

-portes representam 70% do total das populaçoes ativas (Es

-tados Unidos da América 66%).

2. APARECIMENTO DE UMA NOVA SOCIEDADE INDUSTRIAL

A crise da década de 1930 contribuiu para estim_?lar

pes~

quisas - destinadas a reduzir os cust?s de produ_çao e

pro-vocar aumento do consumo-com o flto de reduztr o tempo de trabalho e, em conseqüência, o número _?e trab':llhadores empregados para realizar_ uma dad~ produçao. Ela maug~ra, primeiro nos Estados Umdos, depo1s na _Eu::opa, um peno_?o de novas transformações dos processos tecmcos de produçao,

32

que vão ser acelerados pelo esfôrço industrial ligado à

Se-l(unda Guerra Mundial e a suas conseqüências (guerra fria

~~uerra

da Coréia etc.). '

Tôdas as características da revolução industrial do sé -culo XIX vão ser postas de nôvo em questão: o modo de

mcorporaçioío da quantidade e da qualidade do trabalho no processo de elaboração do produto acabado a natureza e a

t'orma_ção ~a mão-de-obra empregada, a proporção entre

po-p~laçao ahva d1retamente produtiva e população ativa não

d1retamente produtiva, os princípios e as modalidades de implantação geográfica das emprêsas e do desenvolvimento urbano, sem que estas modificações levem a uma nova

es-trutura da economia e da sociedade industriais. Estas

trans-l:ormações apenas dão início a novos processos, cujos pontos

de chegada são ainda difíceis de definir, mas dos quais já

se sabe que são profundamente diferentes na essência e na eficácia, daqueles que os precederam. '

_ Primeiro_ tema de transf~:mnação: o modo de incorpora-(;ao da quantidade e da qualidade do trabalho nos processos de elaboração dos produtos acabados. O tcmno de trabalho exigido para as operações brutas de produção não mais se

compara com os tempos de trabalho exigidos há vinte anos pelas mesmas operações. Esta reduci.í.o é denominada

aumen-to da produtividade - ou melhor, "do rendimento - do tra-balho. Mas a condição para essa tnmsformacão é o inv

es-timento de capitais e de trabalho, inclusive um" trabalho

alta-me~te qua!iiicado de pesquisa para a realização de novos

t:news mecamc?s cl~ produção. A divisão do trabalho para

fabncar um obJeto e cada vez mator, mas de agora em diante ela se efetua em vários níveis técnicos e funcionais

diferen-tes, geralmente dentro de emprêsas igualmente diferentes.

Assistimos a uma espécie de proletarização dos fabricantes

d.e pro?-utos aca)Ja~os em relaçãC? às emprêsas poderosamente

fmanc1adas e ~ecmcamente mUlto bem equipadas, as quais produzem ou tn'l.:cntam os novos engenhos e os novos pro

-cessos de fabricação.

. Muda a m;turez~ da mão-de-obra empregada. A unifor-mldade proletana da lugar a uma sociedade industrial cada vez mais hierarquizada, embora conservando-se fundamen -talmente dependente da posse do capital pelos "mestres-

de--~?ras", muito mais do que no passado, dado o aumento

fre-quentemente gigantesco do volume dos investimentos neces

-sár~os. Esta nova ~ociedad~ industrial conta sempre com mais quadros e mms pesqmsadores de alta especialização,

(19)

j

recrutados entre os a~u_nos saídos das U~iversidade~ ;e das

grandes Escolas espec1ms, com qu~dro~ med1os proven.entes

do ensino técnico após uma escolanzaça~ de pelo menos onâe

anos e com operános sujeitos ~ ?:eer~çoes de com:ndo e ~

contrôle que exigem grande vigllancw, mas, em t~o~a, me

nores esforços físicos e movimentos. Os trapal?os nc::o

qua-lificados são trabalhos de condutore,s d_e maqumas simples.

Continuam a exigir ações desagradaveis a:eenas em algu~s setores cada vez mais limitados da construçao, das obras pu-bl'cas das minas. Existem cada vez menos pessoas, nas

so-ci~dacles industriais, que queiram faz~r ês~es tra~a~hos, que

passam a ser, em todos os grandes pa1ses mdu~tnars, ~raba~

lhos de imigrantes. A estrutura da socied":de 1~dustnal f01

alterada profundamente. A melhor ~rova disso e que os

con-flitos do trabalho não são mais con_:Irontos en~re o

proleta-riado e um patronato tradicional. Estes confhtos poem em

questão 0 problema global da distribuição das ren~as da

produção entre a rend.a dC? cap~t_al, o orçame11:to. ~o ~stado e um conjunto bastante d1versiflca~o d.e proflssw:0a1s, que

recebem remunerações bastante desiguais em funçao de sua

posição no esquema técnico da emp:'êsa o~ d.o complexo de

emprêsas complementares e de ser~nços pubhcos. . Os trabalhos de pesquisa - mclusive os de pesqms.a

pura, indispensável para ~lim~ntar ~e temas novos a

pesqm-sa aplicada - , as operaçoes fmanceiras ,cada vez mms

com-plicadas simplesmente por causa do .desdobramento ~os ~ro:

cessos industriais em esquemas mais complexos a 1pteg~ar

grande número de emprêsas. diferentes e a yers~r sobre

m-vestimentos com prazo desigual de am_?rtlzaçao, m~s . em

geral long?, a di\.:ersificaç_ão das PEoduçoes a comerc.lahza~

e a necessidade de uma mformaçao sempre mms ~lfer~~

ciada sôbre a evolução da oferta de produtos e a ~Ivers.Ifl­

cação de meios de produção são, entre o_utros, fat~r~s

Im-portantes de desenvolv~me_nto de n~vos t1pos de atlvid~de~

profissionais, indispens~v:e1s ao eqmp~m~nto. dAas empresa.,

ê

das operações industnms, mas que na? mterv~m c~ncreta­

mente nos processos de produção. A senedade d<;tS cnses dos

mercados internacionais mostrou que,. para evitar a .rer:e-tiçã.o de acidentes tão graves como a cn~e. de 1929, e1~a

md:s-pensáve~, de um ~a do, assentar_ a e~ta

1

bllldade da pr.o~uçao

sôbre 0 uesenvolv1mento de um m erc.éWO ?~consumo m"erno

e, de outro lado, garantir, com uma yohnca a longo prazo,

os mercados externos, provocando neles um recl:lo que

per-mita dentro de um esquema de previsão, encénxar a

pro-'

dução (política de ajuda técnica, financiamento das

expor-tações por meio de créditos a prazo médio etc.). Resultou

disso uma proliferação de atividades de serviço público, de

publicidade, de distribuição de mercadorias, de public

re-lations. A proporção dos ativos não diretamente produtivos

aumenta, a fim de atender o conjunto dessas necessidades. Onera o lucro da produção, mas torna-o seguro devido à

sua atividade funcional própria e ao aumento do número de

consumidores (ampliação do mercado interno). Evide nte-mente, êste processo só pode ser aceito, pelas grandes

em-prêsas de produção, na medida em que, por outro lado, as

novas técnicas de produção e o aumento da

produtivida-de ampliarem consideràvelmente a linha divisória entre os

custos de produção e os preços de venda.

Na Europa Ocidental, no início do decênio de 1960, a proporção das atividades profissionais não diretamente

pro-dutivas varia entre 48% (Países-Baixos) e 35% (República

Federal Alemã) contra menos de 30% para o conjunto antes da Segunda Guerra Mundial. Nos Estados Unidos, aquela

proporção eleva-se a 56% contra 44% em 1929. A parte da população ativa não agrícola e não industrial eleva-se, por-tanto, a mais da metade da população ativa na América do NoTte e a apmximadamente a metade na Europa Ocidental.

II. - Novas Técnicas e No v as Tendências

Até o fim do século XIX e, mesmo, até a Primeira Guerra

Mundial, o desenvolvimento industrial realizou-se em bases

técnicas e com matérias-primas que vinham sendo utilizadas

desde o início da revolução industrial. Os consumos de

pro-dutos brutos aumentaram. As séries de produção

permane-ceram as mesmas: construções navais, equipamento para

estradas de ferro, material para conservação urbana (ca

na-lizações) e obras públicas, aparelhagem industrial, arma-mento no setor metalúrgico, explosivos, colorantes,

fertili-zantes, especialmente a partir do tratamento do carvão pelas

indústrias químicas, tecidos de algodão, de lã e de sêda con-fiados às indústrias têxteis.

A lista de matérias-primas negociadas nos mercados in-ternacionais e, sobretudo, no mercado de Londres, que per-maneceu ligado à função de entreposto até o fim do século é limitada e as operações industriais são relativamente sim~

ples. A mão-de-obra é fornecida pelo campo. Ela se forma

(20)

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FIG_ 3 a. - Produção mundial de energia em 1913

Tôdas as fontes de energia convertidas em equivalentes-hulha. Ctfras em milhões de toneladas de equivalentes-hulha

FIG. 3 b.- Produção mundial de energia em 1963

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