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A Irrigação do Trigo no Distrito Federal. Abstract

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Academic year: 2021

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A Irrigação do Trigo no Distrito Federal Vânia Lúcia Dias Vasconcellos *

Raquel Scalia Alves Ferreira

Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária-UnB E-mail: vdias@guarany.unb.br Caixa Postal - 04597 CEP 70919-970-Brasília DF

*Antes Di Lascio Abstract

The objective of this paper is to demonstrate that through irrigation control it is possible to obtain high produtivity.The research has been carried out at an experimental plot with four lysimeters and some other meteorological instruments located in the Experimental Farm of Brasília University. The related study period is the dry season of 1997.

1 Introdução

O Cerrado brasileiro, tem apresentado, nos últimos anos, um grande desenvolvimento agrícola devido as condições topográficas, tendo 67% de suas áreas aráveis e uma grande facilidade de escoamento da produção. No entanto, esta região é caracterizada por um longo período de estiagem. Nesta época, os altos índices de insolação tornam altamente favorável o desenvolvimento de culturas, necessitando porém de irrigação.

Um dos grandes problemas com que se defrontam os técnicos que trabalham com as interações solo - água - planta - atmosfera é a contabilização da água perdida por evaporação no balanço hídrico do solo. A quantidade de água perdida pela superfície, por evaporação e/ou transpiração, é de grande importância na determinação das necessidades hídricas das culturas.

Conhecendo-se o consumo de água pela cultura e considerando a chuva, e as perdas por percolação, torna-se possível quantificar a necessidade hídrica da cultura no seu estágio de crescimento. As condições climáticas e o tipo de solo também são responsáveis pela quantidade de água evapotranspirada. Sabendo-se a necessidade hídrica da cultura economiza-se tanto na água, como na energia de bombeamento, e ainda somente se irriga a quantidade ideal para que a cultura obtenha sua melhor produção.

Com esta preocupação, foi montado na Fazenda Experimental Água Limpa da Universidade de Brasília, um projeto experimental com o objetivo de estimar a necessidade hídrica das culturas do cerrado. (Di Lascio et all, 1991, 1992, 1994, 1996)

Desta forma no ano de 1997 foi avaliada a necessidade hídrica do trigo (Triticun aestivum), para as condições climáticas do cerrado. A partir dessa avaliação foi possível a obtenção dos coeficientes culturais referentes aos diferentes estádios de desenvolvimento da cultura, que servirão de ajuste para os projetos de irrigação.

2 Material e Métodos

Seguindo a metodologia aplicada por Camargo (1966) e Di Lascio (1991), foi implantado na Fazenda Água Limpa da Universidade de Brasília localizada a 15 47’S e 47 56’W uma área experimental de 20 x 20 metros, onde foram instalados 4 lisímetros, especialmente construídos em ferro galvanizado com diâmetros de 1,5 metros e profundidade de 1,2 metros. Em anexo, ao corpo principal de cada lisímetro, foi acoplado um cilindro de 30 cm de diâmetro e dois metros de profundidade, os quais se interligam através de um dreno por onde escoa a água excedente. Neste cilindro auxiliar foram introduzidos coletores com capacidade de 9 mm de água referidas ao corpo principal, totalizando uma capacidade excedente máxima de 18 mm, considerada suficiente no caso de irrigação. Também se encontram no mesmo sítio um actinógrafo, um pluviômetro, um anemômetro e termômetros de máxima e mínima com a finalidade de se chegar ao cálculo do balanço hídrico.

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A plantação abrange o interior dos lisímetros e uma área circundante, totalizando 72 metros quadrados, a fim de minimizar o “efeito oásis” mencionado por Mota (1989). Isto aproxima a realidade as condições do experimento.

Neste experimento por ser necessário a obtenção de ETc e ETo, e como a estação não possui um tanque classe A, foi necessário que um lisímetro fosse observado, com o cultivo da grama batatais (Paspalun notatum, Flugge) e os demais com o trigo variedade BR 33 - Guará. Sendo assim a área com trigo foi de 54 m2 e a da grama de 18 m2, totalizando 72 m2.

O espaçamento utilizado foi de 20 cm entre linhas, com densidade de 300 plantas/metro.

A quantidade de água irrigada foi criteriosamente dosada, em função da ocorrência ou não de precipitação, de modo a evitar uma percolação elevada e desnecessária. O solo foi mantido em constante umidade ideal, próximo a capacidade de campo, para isso foram instalados tensiômetros, um em cada lisímetro, a 20 cm de profundidade, possibilitando uma resposta que signifique a quantidade de água efetivamente necessária.

Na irrigação foi utilizado um regador com capacidade de 8 mm.

Para a leitura de água percolada foi utilizado o coletor de água, bem como uma régua graduada para a sua quantificação.

A diferença entre a quantidade de água recebida por irrigação (I) e eventuais precipitações (P), menos a quantidade de água drenada (D), em milímetros corresponde a evapotranspiração (ETo e ETc) do período, ou seja:

ET = I + P - D

Dividindo a evapotranspiração de referência pela evapotranspiração da cultura, obtém-se o coeficiente cultural, específico de cada estágio, ou seja:

Kc = ETc ETo

A irrigação foi efetuada de dois em dois dias, para evitar um carreamento intenso de nutrientes, e também para proporcionar um período maior de deslocamento da água no perfil do solo e que fosse possível uma leitura de percolação. Esta foi suspensa quando a plantação já estava no seu centésimo dia.

O plantio do trigo foi realizado no dia 12 de maio, tendo sido suspensa a irrigação no dia 3 de setembro, e a colheita foi executada no dia 12 de setembro.

4 Resultados

A evapotranspiração de referência, obtida a partir das leituras feitas no lisímetro que possuía a grama, foi de 7,39 mm/dia.

Na literatura o valor observado é de 8,5 mm/dia, mas como as condições edafoclimáticas são muito diferentes, o valor observado é representativo para o cálculo do coeficiente cultural do trigo no núcleo rural da Vargem Bonita, DF.

Ferreira (1997), no mesmo sítio experimental observou que a evapotranspiração de referência para o mês de agosto não possuía valores muito diferentes entre o ano de 1995 e 1996, sendo de 112,46 e 113,76 mm/mês respectivamente. Para o ano de 1997 o valor obtido no mesmo mês foi de 115,80 mm/mês, o que demonstra uma estabilidade no consumo de água da grama batatais durante este mês, na região. Esta alteração se deve as variáveis climáticas, sendo a de maior destaque a umidade, que se apresentou mais baixa no ano de 1997, ocasionando uma maior evapotranspiração de referência.Sendo o valor médio da evapotranspiração de referência da região de 114,00 mm/mês.

A evapotranspiração potencial média do período foi de 13,61 mm/dia. Para o cálculo do coeficiente cultural os valores utilizados foram os diários, tanto da evapotranspiração de referência como da evapotranspiração potencial, e a partir desses valores feita a média, dentro do estádio de desenvolvimento e verificado o intervalo de variação existente dentro de cada estádio.

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Para o cálculo do coeficiente cultural, necessitou-se da divisão por períodos conforme o desenvolvimento da cultura,como pode ser observado na tabela 1.

Tabela 1 - Coeficientes culturais conforme a duração do estádio de desenvolvimento. Estádio de desenvolvimento Duração (dias) Coeficiente cultural Emergência ao início do perfilhamento 0-10 0.37

Perfilhamento 11-24 0.64-.077

Início de elongação ao final do emborrachamento 25-46 0.77-1.24 Início do espigamento ao final do florescimento 47-62 1.24-1.01

Enchimento dos grãos 63-94 1.01-0.93

Grãos em massa ou início de maturação 95-114 0.93-0.54

A ausência de água em qualquer dos períodos é prejudicial ao bom desenvolvimento da cultura, mas os níveis críticos não podem ser alcançados principalmente nos estádios de início da elongação até o final do florescimento, onde o consumo de água é maior pela cultura do trigo.

0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 0 10 25 47 63 95 114

Ciclo da cultura (dias)

(Kc )

Figura 1 - Curva do coeficiente cultural do trigo.

Observando a figura 1, nota-se que o pico de maior consumo ocorreu no sexagésimo terceiro dia,isto é no final do florescimento.

Os valores de Kc obtidos, estão muito próximos aos valores da literatura, sendo as diferenças relacionadas com as características edafoclimáticas da região, bem como as peculiaridades das variedades utilizadas, (REUNIÃO DA COMISSÃO CENTRO-SUL BRASILEIRA DE PESQUISA DE TRIGO, 1996, DOORENBOS E PRUIT, 1975, MOREIRA, 1992).

0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 0 10 25 48 64 99 115

Ciclo da cultura (dias)

(Kc)

Figura 2 - Curva dos coeficientes culturais, encontrados na literatura (REUNIÃO DA COMISSÃO CENTRO-SUL BRASILEIRA DE PESQUISA DE TRIGO, 1996).

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A partir da figura 2 é possível observar que a diferença entre os coeficientes culturais, e seu comportamento conforme o desenvolvimento da cultura, estão muito próximos dos encontrados no experimento.

As diferenças existentes entre os coeficientes culturais calculados e os obtidos na literatura, são inferiores a 5% de significância, como mostraram os testes estatísticos F e T.

Observou-se nas figuras 1 e 2 que o maior consumo de água se dá no final do florescimento, época mais crítica para a produção.

Durante todo o ciclo da cultura foi aplicado, na forma de irrigação e eventuais precipitações, 802 mm de água, sendo que o real consumo do trigo foi de 655 mm. Este excesso aconteceu devido a necessidade de se obter percolação para o controle do consumo da cultura, assim como para que todo o perfil do solo se mantivesse úmido.

5 Conclusão

Sendo a água fator limitante no desenvolvimento de culturas, esta deve ser dosada igualmente em relação a necessidade da planta que se pretende cultivar. Como os recursos hídricos estão sofrendo uma escassez, seu uso deve ser racional, evitando desperdícios de água e também de energia de bombeamento.

Sendo assim os valores encontrados servirão como base para as plantações comerciais, em termos de planejamento de irrigação, total de água a ser aplicado durante o período de seca e assim como para identificar se o manancial de água que abastece o sistema de irrigação terá condições de suprir a necessidade da cultura.

Para que estes valores possam ser utilizados pelos triticultores, outros testes estão sendo realizados para o aprimoramento dos resultados.

5 Bibliografia

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MOREIRA, H. J. C. (1992) Manual Prático para o Manejo da Irrigação. Ministério da Agricultura e

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REUNIÃO DA COMISSÃO CENTRO - SUL BRASILEIRA DE PESQUISA DE TRIGO (1996),

Recomendações EMBRAPA - CNPSO - Londrina PR. 106 páginas.

6 Agradecimentos

As autoras agradecem, a Fundação de Amparo a Pesquisa do Distrito Federal (FAP-DF), ao Conselho de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Universidade de Brasília (UnB) cujo apoio permitiu o desenvolvimento e apresentação deste trabalho.

Referências

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