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DE LARVAS DE AEDES AEGYPTI COM USO DE NEMATOIDES ENTOMOPATOGÊNICOS (RHABDITIDA)

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RESUMO

C

ONTROLE BIOLÓGICO

DE LARVAS DE AEDES AEGYPTI

COM USO DE NEMATOIDES

ENTOMOPATOGÊNICOS

(RHABDITIDA)

Mariana Aparecida de Freitas Abreu* Maucon Francisco Almeida Rodrigues** Isamara Reis Gomes* Felipe da Silva Costa** Anderson Ribeiro*** Adriano Rodrigues de Paula**** Richard Ian Samuels*****

O mosquito Aedes aegypti é vetor de doenças como a dengue, febre zika e chikungunya, sendo responsável por epidemias em vários países. Os pesticidas usados no combate a este vetor geram diversos impactos à saúde e ao meio ambiente. O controle biológico é uma alternativa ecologicamente correta. O presente trabalho avaliou a potencialidade do controle biológico do A. aegypti utilizando nematoides entomopatogênicos HP88 e LPP40. Foi observada a eficácia de 56,7% em HP88 e de 33,4% em LPP40 na morte de larvas de A. aegypti.

PALAVRAS-CHAVE: Patogenicidade, dengue, nematoides entomopatogênicos

* Graduandos em Ciências Biológicas FASM-Muriaé.

E-mails: marianafreitas760@gmail.com; mauconrodriguesbio@gmail.com, isamarareisgomes@gmail.com ** Professor do curso de Ciências biológicas da FASM – Muriaé.

E-mail: felipekasendhe@gmail.com

*** Graduando em ciências biológicas UENF. E-mail: biodepaula@gmail.com **** Pós-doutor em entomologia – UENF. E-mail: biodepaula@yahoo.com.br ***** Professor do CEF/CCTA/UENF. E-mail: richardiansamuels@gmail.com.

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The Aedes aegypti mosquito is a vector of diseases such as dengue, zika fever and chikungunya, responsible for epidemics in several countries. Pesticides used to combat this vector produces many impacts on health and on the environment. The biological control is an environment friendly alternative. This study evaluated the potential of biological control of A. aegypti larvae using entomopathogenic nematodes HP88 and LPP40. Was observed an efficiency of 56.7% on HP88 and 33.4% on LPP40 in the death of larvae of A. aegypti.

KEYWORDS: Pathogenicity, dengue, entomopathogenic nematodes.

ABSTRACT

INTRODUÇÃO

O Aedes aegypti é um mosquito da ordem Diptera pertencente à família Culicidae, sendo encontrado em regiões tropicais e subtropicais, e é um transmissor de vírus de doenças como a febre amarela, a chi-kungunya, a febre Zika e, destacando-se, a dengue, que é considerada a mais comum e distribuída arbovirose no mundo (BRAGA & VALLE, 2007), sendo reportados 2.326.828 casos de dengue no continente americano, sendo que destes 1.703.670 foram no Brasil (PAN American Health Organization, 2016). O A. aegypti possui facilidade de adapta-ção a criadouros artificiais, tornando fácil a sua propagação e o surgimento de epidemias das doenças as quais ele é vetor.

O ciclo biológico desse mosquito com-preende as seguintes fases: ovo, larva, pupa e adulto. Os ovos são colocados isoladamente fora da água, em locais úmidos ou em paredes de recipientes com capacidade de reter água. Após a eclosão, as larvas, sempre aquáticas, alimentam-se de microrganismos e matéria orgânica e passam por quatro estágios larvais evolutivos até se tornar pupa, fase em que não se alimentam e sofrem a metamorfose em adulto, onde as fêmeas, através da he-matofagia, atuam como vetor de doenças (CONSOLI et al. 1998).

A grande quantidade de doenças trans-mitidas e a facilidade de proliferação do

A. aegypti gera nas autoridades de saúde

a necessidade do controle desse vetor para evitar novas epidemias.

As principais formas de controle do A.

aegypti envolvem a utilização de produtos

químicos e biológicos, integrados com o manejo ambiental. Os programas brasileiros de controle desse vetor utilizam inseticidas químicos como principal tecnologia (LUNA

et al., 2004). Porém, tendo em vista os

male-fícios que pesticidas e inseticidas químicos causam ao meio ambiente, é necessário o desenvolvimento de tecnologias limpas para o controle de tal vetor.

1 PRESSUPOSTOS TEÓRICOS 1.1 Nematoides e Nematoides entomopatogênicos

Os nematoides estão incluídos no Filo Nematoda, que reúne animais triblásticos, pseudocelomados, com simetria bilateral, de corpo cilíndrico, alongado e afilado nas extremidades. Diversas espécies são endoparasitas de plantas e de animais. Há mais de 24 mil espécies desse Filo descritas na literatura, isso coloca o Filo Nematoda em segundo lugar no número de espécies,

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atrás apenas dos artrópodes (AMABIS & MARTHO, 2009).

Os nematoides entomopatogênicos (NEPs) pertencem aos gêneros

Heterorha-bditis e Steinernema e são considerados

parasitas obrigatórios de insetos. Esses gê-neros de nematoides apresentam associação simbionte com bactérias patogênicas, gênero

Xenorhabdus sp. associado a Steinernema e Photorhabdus sp. a Heterorhabditis

(POI-NAR, 1990) e, quando estão no solo na fase conhecida como Juvenil Ifectante (JIs), por meio de variadas estratégias de busca, encon-tram e invadem insetos hospedeiros através de cavidades naturais.

Ao invadir o inseto hospedeiro, os NEPs vão até o hemoceloma do inseto e disse-minam as bactérias que ali se multiplicam e matam o inseto. Os NEPs se alimentam dessas bactérias que se multiplicaram e dão continuidade ao seu desenvolvimento, sofrendo ecdises até se tornarem adultos e se reproduzem ainda dentro do cadáver do hospedeiro. A nova geração de NEPs passa por mudança de estágio, indo de J1 (juvenil 1) para J2 (juvenil 2) e, posteriormente, de J2 para JI (J3 ou Juvenil infectante), podendo continuarem o desenvolvimento para formar adultos de segunda geração que se multi-plicarão novamente ou, quando as reservas alimentares se esgotam, migram para o meio onde buscarão um novo hospedeiro para reto-mar seu ciclo de desenvolvimento (ADAMS & NGUYEN, 2002 apud CARDOSO, 2014).

Diversas pesquisas têm sido realizadas para o manejo biológico de vetores e pragas devido aos perigos dos pesticidas convencio-nais. Baseado nos conhecimentos do ciclo de vida dos nematoides entomopatogênicos (NEPs), diversos estudos têm sido desen-volvidos utilizando espécies de NEPs contra mosquitos transmissores da filariose e malária

(ZOHDY et al., 2013) e diversas pragas de diversas culturas (ALVES et al., 2009; MA-CHADO et al. 2005; LEITE et al., 2012).

As vantagens do uso de NEPs são a facilidade de serem cultivados in vivo em hospedeiros alternativos ou in vitro em meios artificiais (FRIEDMAN, 1990), além de apresentar longevidade na fase Juvenil infectante (J3) em água por 3 a 6 meses em temperatura ambiente e também ter seu ciclo de vida curto (DOLINSKI et al., 2006).

Baseado em tais conhecimentos, o obje-tivo desse trabalho foi avaliar a eficiência do controle biológico de larvas do mosquito A.

aegypti utilizando nematoides

entomopato-gênicos (Rhabditida) HP88 – Heterorhabditis

bacteriophora e LPP40 – Heterorhabditis sp.

MATERIAIS E MÉTODOS

A multiplicação das espécies nematoides entomopatogênicos utilizadas no presente es-tudo foi realizada a partir do uso de larvas do inseto hospedeiro Tenebrio mollitor criadas em laboratório com dieta artificial (farelo de trigo e soja).

Larvas de T. mollitor com massa média de 100mg foram adicionadas em placa de Petri (9 cm de diâmetro) com 1 mL de solução de NEPs com concentração de 200 Jls (juvenil infectante – J3) com papel filtro no fundo, por três dias em câmara de germinação (BOD) a 25ºC, 80% UR, e foram infectadas e mortas pelos NEPs.

Após esse período, os cadáveres foram transferidos para placas de coleta de nema-toides denominadas “armadilhas de White modificada” (WHITE, 1927) que consiste em placas de Petri de 9 cm de diâmetro com uma argola de PVC (2,5 cm de diâmetro X 8 mm de altura) e, sobre esta, uma fita de papel filtro 2,0 x 8,0 cm, que foi adicionada de modo que

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suas bordas ficassem em contato com a água destilada contida na placa de Petri e, sobre esta, um cadáver de T. mollitor.

Durante sete dias, Jls migraram para a água contida na placa de Petri, sendo cole-tados com pipeta diariamente e armazenados em garrafas de cultura em BOD à 16º C.

Posteriormente, foi avaliada a virulência dos nematoides HP88 – H. bacteriophora e LPP40 - Heterorhabditis sp. para infecção de larvas de A. aegypti.

Para isso, os testes foram feitos em banca-da a temperatura ambiente. Foram utilizados copos plásticos de 100 ml com 50 ml de água de torneira + 0,05g de ração de camundongo triturado. Em cada copo foi adicionado 2 ml da suspensão de nematoides totalizando 400 juvenis infectantes (J3) / copo.

Imediatamente as larvas de A. aegypti de 2º estádio foram adicionadas nesses copos.

O número de larvas vivas foi avaliado diariamente por 5 dias.

O tratamento controle foi realizado com água estéril. Para cada tratamento 3 copos plásticos com os tratamentos e com 10 larvas/ cada foram utilizados, totalizando 30 larvas/ repetição. Foi realizada uma repetição desse teste.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

As larvas infectadas por nematoides HP88 apresentaram no final de cinco dias uma porcentagem de 43,3% de sobrevi-vência, com tempo médio de sobrevivência larval de 3 dias, enquanto as larvas infectadas por LPP 40 apresentaram 56,6 % de sobre-vivência. O controle neste período de cinco dias obteve uma média de sobrevivência de 72% (Figura 1).

Figura 1: Porcentagem de sobrevivência de larvas de A. aegypti infectadas com nematoides

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Em análise comparativa entre os isolados HP88 e LPP40, a espécie de nematoide

Hete-rorhabditis bacteriophora HP88 apresentou

maior virulência em larvas de A. aegypti. Testes utilizando suspensões de NEPs com maiores concentrações podem resultar em maiores taxas de mortes de larvas de A.

aegypti, sendo indicado para futuros estudos.

A eficiência comprovada nesse estudo ainda é inconclusiva para a utilização de tais espécies de NEPs como tecnologia no combate em habitat natural do A. aegypti, ensejando assim novos estudos para avaliar a eficiência de tal controle em criadouros naturais das larvas de A. aegypti, como feitos por CARDOSO (2014) em bromélias tanque em campo, de modo a testá-las com a inter-ferência de outras variáveis não replicadas neste teste, como variação de temperatura e radiação solar.

CONSIDERAÇÕES PARCIAIS

Conclui-se que o uso de NEPs foi eficien-te no controle de larvas de A. aegypti.

As espécies utilizadas, H. bacteriophora (HP88) e Heterorhabditis sp. (LPP40), todas na fase juvenil infectante (J3), foram capazes de parasitar e matar larvas de A. aegypti, sendo a primeira espécie mais efetiva que a segunda. A patogenicidade de NEPs em larvas de A. Aegypti torna-se uma ferramenta eficiente no controle biológico de insetos pragas. Os resultados obtidos abrem novas linhas de pesquisas para testes de NEPs em diferentes espécies de insetos pragas que estão relacio-nadas aos prejuízos no setor agronômico.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Broca--da-erva-mate Hedypathes betulinus (Klug, 1825) (Coleoptera: Cerambycidae) ao nema-tode Steirnernema carpocapsae (Nematoda, Steirnernematidae). Arq. Inst. Biol., São Paulo, V. 76, n.3, p.479-482, jul./set., 2009. AMABIS, J. M; MARTHO, G. R. Biologia dos

organismos – 3. ed. São Paulo: Moderna, ISBN 978-85-16-06331-3, 356 p. 2009. BRAGA, Ima A.; VALLE, Denise. Aedes aegypti:

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