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ZOOTERAPIA UTILIZADA COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA NO APRENDIZADO DE ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS

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Academic year: 2021

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APRENDIZADO DE ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS

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Vanessa da Silva Santos

2

Dra. Ana Cristina Silva da Rosa

2

Denizia Ribeiro da Silva

1

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA (DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FUNDAMENTAIS E SOCIAIS), 58397-000 AREIA - , Brasil

2

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA (DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS VETERINÁRIAS), 58397-000 AREIA - , Brasil

RESUMO:

A partir dos estudos realizados com a Zooterapia (terapia realizada com a presença de animais), pode-se observar que tal terapia vem contribuindo muito para a melhoria de vida de seus pacientes, com os seguintes benefícios: protegendo o coração, reforçando o sistema imunológico, aliviando o estresse, facilitando o desenvolvimento das habilidades cognitivas e socioemocionais, combatendo a depressão, diminuindo a ansiedade e melhorando a coordenação motora. Considerando essas premissas a UFPB (Universidade Federal da Paraíba) juntamente com a instituição não-governamental, a APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) da cidade de Areia, estado da Paraíba desenvolveu um projeto de extensão, com o intuito de proporcionar aos alunos que possuem alguma necessidade especial (n.e) os benefícios dessa terapia. Esta pesquisa se caracteriza com uma pesquisação de cunho qualitativo, a qual se utilizou da observação e da aplicação de questionários para compreender quais foram os resultados da zooterapia desenvolvida no projeto de extensão da UFPB/APAE em relação à aprendizagem das crianças com n.e, bem como identificar o perfil da população atendida pela APAE. Participaram da pesquisa trinta e um alunos, a diretora, a coordenadora pedagógica e oito professores. Os dados nos permitem afirmar que os alunos apresentaram interesse pelo projeto e estavam entusiasmados para participar. Quanto aos resultados relacionados à aprendizagem podemos destacar o cuidado com o mascote (brinquedo de pelúcia utilizado no projeto de extensão) e o respeito, a solidariedade e cooperação pelos demais ao realizarem as atividades. Vale ressaltar que os resultados da zooterapia são observados com mais qualidade em longo prazo, por esse motivo, podemos concluir que o mesmo deve continuar a ser desenvolvido e avaliado periodicamente junto aos envolvidos no projeto.

Palavras-chave:

ZOOTERAPIA, MASCOTE, PRÁTICAS PEDAGÓGICAS, APAE

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Existem evidências que a interação homem-animal, já vem dos tempos primórdios, em que achados de restos mortais de homens e cães, que datam de 12 mil anos antes de Cristo, aparecem em mesma tumba. E essa interação, cada vez mais vem sendo evidenciada por diversas áreas, como: a sociologia, psicologia, antropologia, medicina veterinária e outras ciências (UYEHARA, 2007).

Mesmo que a utilização de animais com fins terapêuticos seja citada desde o século XIX, o qual o animal foi inserido no meio hospitalar; só mesmo em 1962, Boris Levinson -considerado como precursor da Terapia Assistida por Animais (TAA) - começou a relatar realmente os efeitos benefícios na prática psicológica utilizada com cães (DOTTI, 2005).

Apesar da terapia com animais seja pouca difundida no Brasil, pode ser definida na qual o animal é utilizado como parte de um tratamento, com objetivos claros e dirigidos (PEREIRA et al, 2007).

Segundo Bergamo (2005) vários estudos vêm demonstrando que a terapia com animais, a zooterapia (como também pode ser chamada), vem trazendo inúmeros benefícios aos seus pacientes, como: protegendo o coração, reforçando o sistema imunológico, aliviando o estresse, facilitando o desenvolvimento das habilidades cognitivas e socioemocionais, combatendo a depressão, diminuindo a ansiedade e melhorando a coordenação motora.

Imagina-se essa mesma terapia sendo utilizada com as pessoas que são portadoras de alguma necessidade especial, sendo os benefícios imensos, mesmo se tratando de uma terapia que traga resultados em longo prazo.

E partindo dessa mesma premissa que a zooterapia traz consigo inúmeros benefícios aos seus pacientes, através do programa de extensão que tem o intuito de promover a articulação do conhecimento gerado pela pesquisa com as atividades de ensino em função dos problemas, demandas, direitos e deveres da sociedade e das necessidades do desenvolvimento regional (UFPB, 2011). (http://www.prac.ufpb.br).

A Universidade Federal da Paraíba (UFPB), no Centro de Ciências Agrárias (CCA) juntamente com a APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) da cidade de Areia, estado da Paraíba, através do projeto intitulado por Inserção da Zooterapia no Cotidiano Escolar dos alunos da APAE Areia-PB, vem através do mesmo, com caráter interdisciplinar, inserir animais, através de práticas pedagógicas, no

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cotidiano escolar desses alunos. As ações extensionista foram realizadas durante o período de junho a dezembro de 2011, na instituição não governamental supracitada (APAE), o qual teve como público os próprios alunos da instituição.

2. O LÓCUS DA PESQUISA E A PESQUISÃO-AÇÃO

2.1 O lócus: Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) – Areia-PB

A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais, a APAE é uma instituição que atende alunos com deficiência múltipla ou síndromes associadas. E tem por objetivo central, a missão de defender e lutar por uma melhoria de vida, promoção e inclusão social das pessoas portadoras de alguma deficiência. A equipe de profissionais que compõe a instituição é uma equipe de caráter multidisciplinar, que geralmente é formada por um: neurologista, pediatra, psicóloga, fonoaudióloga, dentista e terapeuta ocupacional. Equipe essa preparada para atender as necessidades específicas de cada aluno (SANTOS, 2011). Vale ressaltar, que a APAE é um movimento de caráter filantrópico. (http://cascavel.apaebrasil.org.br/noticia.phtml).

A APAE, da cidade de Areia ainda é muito jovem, comparada com as demais espalhadas pelo Brasil, possuindo apenas oito anos. Anos esses, prestando serviços voluntariados às pessoas portadoras de todas as categorias de deficiência (física, mental, visual, auditiva, intelectual e/ou múltipla) do município. Ela atende 41 alunos e é formada por uma equipe multidisciplinar composta por: uma psicóloga, coordenadora pedagógica, fonoaudióloga, fisioterapeuta e pais dos próprios alunos que auxiliam na manutenção da APAE, como limpeza, elaboração de lanche e manutenção em geral.

2.2 Descrições da pesquisa-ação: a Zooterapia no cotidiano escolar da APAE

Antes do desenvolvimento das ações do projeto, houve uma reunião com toda equipe da APAE (diretor, professores, profissionais) e os responsáveis dos alunos, juntamente com toda a equipe do projeto (bolsista, professor coordenador e o professor adjunto). O objetivo central do encontro era apresentar o projeto e discutir o mesmo com os participantes, solicitando a autorização de participação das crianças no projeto extensionista.

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Especificamente sobre o desenvolvimento do projeto, os alunos foram, inicialmente, divididos em sala de aula por faixa etária. Todavia com o decorrer das atividades foi decido que era melhor permanecer o atendimento dos alunos de acordo com as turmas já organizadas na APAE.

Dessa maneira ações da zooterapia foram desenvolvidas em cinco grupos, os quais cada um era assessorado pelos membros da própria instituição (APAE) e pela equipe do CCA/UFPB (bolsista, professores e voluntários). Tento por totalidade um público atendido no projeto de extensão 31 alunos matriculados na APAE.

Semanalmente (as sextas-feiras, dia da execução do projeto) os alunos interagiam com os “Dr. Cão” (animal doméstico com características pacíficas) a partir de dinâmicas e brincadeiras realizadas na própria APAE e, posteriormente, os alunos eram submetidos a diferentes práticas pedagógicas periodicamente relacionadas com o tema da semana, ou seja, quando os participantes tinham contato com o Dr. Cão as atividades desenvolvidas estavam relacionadas ao próprio cão, como, por exemplo, o cuidado com o animal, a interação e o cuidado com a sua saúde e amizade, seu modo de vida, de alimentação e de se relacionar com o ser humano.

Além do “Dr Cão”, um mascote (bicho de pelúcia) também era utilizado, com o objetivo de, principalmente, proporcionar a facilitação da interação dos alunos com os animais e auxiliar no desenvolvimento afetivo e de responsabilidade nos alunos. Inicialmente houve uma votação democrática, no qual foi decidido o nome do mascote. Após a nomeação do mascote, encaminhou-se aos pais uma notificação sobre o mascote e orientações didáticas sobre a utilização do mesmo e a justificativa do uso do mascote. Isso se fez necessário porque a cada final de semana cada aluno era responsável por leva-lo para casa, e cuidar do mascote com a responsabilidade de trazê-lo de volta nas segundas-feiras. Durante a semana, o mascote ficava em cada sala de aula, tornando-se responsabilidade de cada turma por cuidar e brincar com o mascote. No dia seguinte o mesmo era entregue à outra turma. Nas sextas-feiras, com o auxílio da professora regente da turma, o aluno era escolhido para levar o mascote para sua casa e assim ser tornar responsável por ele como já explicitado.

Para a realização da pesquisa sobre os impactos da Zooterapia quanto à aprendizagem dos alunos na APAE, utilizou-se como instrumentos de pesquisa: i) o questionário, direcionados para os professores e à equipe pedagógica da APAE; e, ii) a

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observação. Os dados foram categorizados à luz das ideia de Bardin (1979) e analisados.

A avaliação do projeto foi feita a partir de questionários (aplicados aos professores e a equipe pedagógica), com o intuito de avaliar as habilidades e comportamento diários dos alunos, com o intuito de poder observar o perfil do público com quem estávamos trabalhando bem como os resultados alcançados pelas ações extensionistas da UFPB/CCA/ na APAE/Areia.

E para análise e interpretação dos dados, optou-se por uma abordagem qualitativa, complementada por análises quantitativas.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 O perfil dos participantes

Após a tabulação de dados obtidos a partir do questionário aplicado à equipe pedagógica, pudemos identificar o perfil dos alunos participantes do projeto. Na maioria eles apresentam: 60% de alunos com deficiência intelectual sem diagnóstico específico; 5% com Síndrome de Down; 25% com paralisia cerebral; 3% apresentam deficiência auditiva; 25% com transtorno global do desenvolvimento – autismo, e 2% hidrocéfalia. Vale salientar que esses diagnósticos devem ser dados a partir de uma avaliação multi-profissional, e como a APAE de Areia não possui um neurologista, não pode ser considerado um diagnóstico fechado. E que na grande maioria dos alunos não possuem um acompanhamento médico, e precisam de novas avaliações de um neurologista.

A partir dos dados, podemos notar que todos ele são residentes do próprio município e que a afiliação de cada aluno a APAE, varia entre 1 à 8 anos. E que a presença dos responsáveis ativamente na vida desses alunos em relação à aprendizagem é de 50%, o que nos faz afirmar que existem alguns fatores que não permitem a atuação do restante dos responsáveis na vida dos alunos, mas que não foram apontados pela equipe da APAE.

Em relação à faixa etária, pode-se analisar que os alunos da APAE/Areia, que participaram da pesquisa, em sua maioria são alunos com uma faixa etária de 4 a 10

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anos de idade, totalizando 35%. Observa-se também que a associação possui alunos com idades superiores a 15 e inferiores a 25 anos (26%). E que 45% de toda população que compõe esses alunos são do sexo feminino, e que apenas 55% são do sexo masculino.

A partir dos dados obtidos dos questionários respondidos pelos professores pode-se observar que: apenas 35% dos alunos trabalham de forma independente; apenas 9,6% possuem dificuldade de se acalmar; 6% dos alunos são propensos a brigas, apenas 48, 4% possuem atenção durante as tarefas e que apenas 6,5% não possuem vontade de ficar na APAE.

3.2 Desenvolvimento e Resultados do Projeto

Também podemos observar a partir do questionário referente ao desenvolvimento e resultados do projeto, que todos os professores acharam boa a metodologia do projeto; e que quase todos aprovaram o uso de animais no cotidiano escolar dos alunos; e que 80% gostaram do uso do mascote na metodologia e que 100% aprovaram as boas condições do Dr Cão em suas visitações a APAE. E sugeriram o uso de outros animais, tais como: cavalo, peixe e gato.

Em sua totalidade, podemos observar também, que nenhum professor conseguiu observar algum resultado da zooterapia no cotidiano escolar dos alunos. Mas, vale ressaltar os resultados da zooterapia é há longo prazo, por esse motivo ainda não foi possível visualizar aspectos importantes em relação à aquisição de competências conceituais. Todavia, podemos afirmar que os objetivos da utilização do mascote foi alcançado, isto foi possível identificar pela observação durante as práticas de utilização do mascote, uma vez que o mesmo era cuidado e redirecionado com boa preservação quando retornava da casa de um dos alunos da APAE. Os alunos brincavam com mesmo com muita criatividade e cuidado. E durante o processo de nomeação do mascote, os alunos se demonstraram muito participativos e interagindo, comportamento que nos permite afirmar que a utilização do mesmo foi significativo e importante para as crianças. Observou-se também que os alunos estavam solidários e cooperativos em relação ao desenvolvimento das atividades.

Alguns professores identificaram como prejudiciais: a falta de mais voluntários para o desenvolvimento do projeto, bem como a não realização de visitas técnicas à

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Universidade Federal da Paraíba, local ondem as crianças teriam contato com outros animais.

4. CONSIDERAÇÕES

Apesar dos inúmeros benefícios da zooterapia, seus resultados só podem ser observados em longo prazo. Todavia, podemos observar através das observações e dos dados coletados pelos questionários que os alunos esperavam com grande ansiedade o dia da realização do projeto; que a APAE possui um público bem diversificado com todos os tipos de deficiência; que cem por cento dos professores consideraram boa a metodologia utilizada no projeto; e que todos aprovam a utilização do mascote no cotidiano dos alunos sugerindo também a utilização de outros animais no projeto.

Verificou-se também a importância do desenvolvimento das ações extensionistas pela Universidade Federal da Paraíba, a qual exercer papel fundamental em relação às atividades com a comunidade e ao ensino, pois os alunos da graduação por meio destas ações podem consolidar seus saberes práticos com os teóricos, associando-os e reelaborando novas ações de acordo com a realidade social a qual estão inseridos na sociedade.

Por considerarmos importantíssimo o desenvolvimento dos alunos com deficiências em diferentes aspectos, sugere-se que o projeto de extensão da UFPB junto a APAE/Areia continue sendo desenvolvido e que com o passar dos tempos os resultados relacionados à aquisição de novas competências e habilidades em diferentes aspectos possam ser mais facilmente visualizados.

5. REFERÊNCIAS

APAE de Cascavel – PR . Disponível em:

http://cascavel.apaebrasil.org.br/noticia.phtml/24541/o+que+e+a+apae+e+em+que+con siste+seu+trabalho.html>. Acesso em 28 de fevereiro de 2012.

BARDIN. Análise de Conteúdo. Lisboa, 1979

BERGAMO, G. O doutor é animal. Revista Veja on-line. Ed 1933, 2005. Disponível em: http://veja.abril.com.br/301105/p_066.html. Acesso em: 23 de novembro de 2009.

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BRODIE, J. S. & BILEY, F. C. An exploration of the potencial benefits of

pet-facilited therapy. Journal of clinical nursing. N.8, p. 1999. 329-337.

DOTTI J. Terapia e animais. São Paulo, Noética, 2005.

PEREIRA, M. J. F, PEREIRA, L, FERREIRA, M. L. Os benefícios da Terapia

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SANTOS. D. B. EDUCAÇÃO ESPECIAL NO CONTEXTO DA INCLUSÃO

ESCOLAR: um estudo sobre a APAE de Areia – PB. UFPB. Trabalho de Conclusão de

Curso, 2011.

UFPB. Extensão UFPB. Disponível em:

<http://www.prac.ufpb.br/coape/documentos/extensaonaufpbcartilha.p>. Acesso em 16 de março de 2012.

UYEHARA, A.M.G. Relação Homem x Animal. Disponível em:

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