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FORMAÇÃO DE PROFESSORES E O MOVIMENTO DE INCLUSÃO DIGITAL

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Academic year: 2021

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Neide Rodriguez Barea Tavares1

Resumo

Este artigo apresentará o projeto do curso de Pedagogia da Universidade Presbiteriana Mackenzie que tem como objetivo a formação de professores como agentes que favoreçam o movimento de inclusão digital. Tal projeto vem sendo desenvolvido ao longo dos últimos três anos junto aos alunos do 5º. Semestre do curso de Pedagogia, que preparam e ministram oficinas de inclusão digital para alunos do Programa de Educação de Jovens e Adultos da própria Universidade (EJA/UPM). Este artigo abordará o processo de desenvolvimento deste projeto, que envolve a sensibilização dos professores, a preparação das oficinas temáticas, a oferta e matrícula de alunos da EJA/UPM, a docência e o processo de avaliação. A descoberta e a valorização do indivíduo como ser social incluído digitalmente (tanto alunos quanto professores) são os principais resultados deste projeto.

Palavras chaves: Formação de professores, Inclusão digital, Pedagogia, Educação de jovens

e adultos, Pedagogia de projetos.

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Formada em Pedagogia pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. Mestre em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, com a dissertação intitulada: “Formação continuada de professores em informática educacional”. Trabalha com formação de professores da rede pública e particular há mais de dez anos. Atualmente, é professora do curso de Pedagogia e da Licenciatura da Faculdade de Filosofia, Letras e Educação da Universidade Presbiteriana Mackenzie. É pesquisadora colaboradora da Escola do Futuro da Universidade de São Paulo.

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1. Apresentação do Projeto Alfabetização Digital EJA/UPM

O Projeto Alfabetização Digital EJA/UPM surgiu há mais de três anos, desenvolvido em sistema de parceria entre a Faculdade de Filosofia, Letras e Educação (curso de Pedagogia) e o Programa de Educação de Jovens e Adultos - EJA (Centro de Cultura e Extensão – FFLE), ambos da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM). Tem como objetivo básico fornecer módulos de alfabetização digital (ministrados por alunos do curso de Pedagogia) aos alunos do Programa EJA.

2. EJA/UPM e a inclusão digital

O Programa de Educação de Jovens e Adultos da Universidade Presbiteriana Mackenzie (EJA/UPM) teve início em 1993, atendendo prioritariamente funcionários da instituição. A partir de 1999, o Programa foi aberto a funcionários de empresas terceiras que prestam serviços ao Mackenzie e à comunidade em geral. Tem como objetivo principal oferecer aos alunos o início ou continuidade de seus estudos. Além disso, prevê a formação dos alunos para o domínio básico da cultura letrada, para a melhor compreensão e atuação na sociedade em que vivem, favorecendo o seu desenvolvimento pessoal e social, respeitando a diversidade cultural e propiciando a ampliação da autonomia. Ao longo de onze anos, já foram atendidos mais de 2100 alunos.

Tendo em vista a proposta do Programa EJA/UPM, não se pode desconsiderar que o acesso e conhecimento do ambiente digital seriam de grande importância para a formação desses alunos. O desenvolvimento das relações sociais e trabalhistas tem sofrido grandes impactos com o emprego cada vez maior do computador como ferramenta de organização do trabalho, de comunicação e de pesquisa, causando o que podemos chamar de uma nova necessidade de aprendizagem e até de sobrevivência.

3. Estrutura e etapas do Projeto Alfabetização Digital

O Projeto de Alfabetização Digital EJA/UPM é desenvolvido prioritariamente por alunos do 5º semestre noturno do curso de Pedagogia, em modalidade de estágio. São esses alunos-professores os responsáveis por planejar, executar e avaliar o processo de ensino. Os

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apresentadas a seguir:

a) Apresentação do Projeto Alfabetização Digital EJA/UPM: em uma aula específica da disciplina de Metodologia do Ensino Médio I, são esclarecidos os objetivos do Projeto (são eles: apresentar os conceitos de informática básica, a saber: noções de hardware, operação inicial do computador - ligar, desligar, uso de senhas - digitação e formatação de textos, procedimentos de armazenagem e manutenção de arquivos, criação e manutenção de conta de e-mail em provedor gratuito, introdução a apresentações eletrônicas), o público-alvo, o número de encontros, a responsabilidade dos alunos-professores e a produção de relatórios.

b) Criação dos projetos de ensino: a segunda etapa trata de formar grupos de alunos-professores, decidir a temática dos projetos de ensino de cada grupo.

c) Reserva de salas e preparação de materiais: a partir da formalização dos grupos de alunos-professores, é realizada a reserva das salas de informática, decidido o número de encontros (variando de 6 a 8 encontros por semestre, aos sábados).

d) Sensibilização e matrícula dos alunos da EJA: os próprios alunos-professores vão às salas de aula do Programa de Educação de Jovens e Adultos, apresentam a proposta de alfabetização digital, divulgam o horário e a duração do módulo, realizam a matrícula dos interessados. Aproveitam essa situação para conhecer o público-alvo e suas expectativas.

e) Avaliação diagnóstica: etapa fundamental, pesquisa-se o que os alunos EJA já conhecem sobre informática e o que gostariam de aprender. A avaliação diagnóstica é utilizada para organizar as turmas de alunos e sugerir propostas de planejamento de ensino aos alunos-professores.

f) Desdobramento dos projetos de ensino: a partir do contato dos alunos-professores com seus futuros alunos, cabe aos grupos planejar duas aulas, apresentar à professora responsável, discutir e replanejar, se for necessário. Define-se o primeiro dia de aula e executa-se o planejamento daquele dia. Na semana subseqüente, realizamos vários encontros e reuniões para avaliar e replanejar o processo de ensino. Esse processo é repetido enquanto o módulo durar.

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g) Avaliações, apresentação dos resultados e confraternização: o último encontro é utilizado para realização de uma avaliação geral, que vai desde a avaliação da aprendizagem dos alunos da EJA até a avaliação da temática do projeto de ensino. Também se aproveita esse momento para apresentação dos trabalhos individuais dos alunos. A confraternização se mostrou um momento significativo para as turmas, como se realizássemos uma formatura (já que o Projeto Alfabetização Digital não emite diploma ou certificado de conclusão de curso).

4. Formação de professores para o movimento de inclusão digital

Acredito que o maior diferencial no processo de formação de professores desenvolvido paralelamente ao Projeto de Alfabetização Digital EJA/UPM sejam os critérios de autonomia e de reflexão adotados.

Embora seja um Projeto que possui orientação e coordenação, a participação dos alunos-professores é fundamental, pois eles são posicionados como líderes em diversas situações, a começar pelo momento de sensibilização e matrícula dos alunos da EJA, que é totalmente desenvolvido pelos alunos-professores. A partir desses contatos, os próprios alunos-professores elaboram os projetos de ensino, pesquisando temas e organizando os encontros de forma que atendam às necessidades e interesses dos alunos da EJA. Devido às particularidades de tempo e de espaço que nos são oferecidas, os encontros devem ter o caráter prático adequado ao caráter teórico-oral, ou seja, a teoria não é desenvolvida antes da prática, mas concomitantemente. Acredito que este seja um outro diferencial: neste Projeto, os alunos-professores vivenciam efetivamente uma experiência onde a construção do conhecimento é associada à prática, às dúvidas e aos interesses de seus alunos, respeitando o grau de conhecimento de cada um. Esses alunos, por sua vez, não são separados por grau de conhecimento em informática, logo as classes são mistas, oferecendo a possibilidade de um processo educacional muito mais rico, do ponto de vista sócio-interacionista.

Já o processo de reflexão acontece em duas instâncias. Num primeiro momento, a reflexão (que propicia a reconstrução da aprendizagem do aluno-professor e a reorganização das ações didáticas) é expressa oralmente, em reuniões realizadas com a orientadora do Projeto. Trata-se de um processo dialógico, onde as respostas às dúvidas e questionamentos não são apresentadas, mas construídas coletivamente. O caminho não está pronto, mas é traçado de acordo com os objetivos de todos os envolvidos. Já o segundo momento reflexivo

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um relatório individualizado) como uma reflexão-sobre-a-reflexão, no sentido de que os alunos-professores analisam e discutem os aspectos significativos que surgiram no Projeto, nos encontros, no processo de aprendizagem dos alunos e, sobretudo, no processo de aprendizagem deles mesmos.

É preciso considerar que o processo de formação de professores desenvolvido a partir deste Projeto é muito particularizado, pois as condições oferecidas para a realização do estágio dos alunos-professores aproximam-se muito do ideal (isto já explicado acima: os alunos-professores são responsáveis por todo o processo educacional, que envolve planejamento, execução e avaliação – obviamente sob orientação e supervisão; as turmas são mistas e não se adota o processo de transmissão de conhecimentos, mas sim o da pedagogia de projetos).

Por fim, o Projeto tem apresentado alguns resultados interessantes, como efetiva inclusão digital de alguns alunos, apresentada principalmente a partir de relatos que nos chegam dos alunos-professores, os quais acabam mantendo contato mais estreito através de e-mail com seus ex-alunos. O que o Projeto de Alfabetização Digital EJA/UPM e o processo de formação de professores propiciam, também, é uma grande sensibilização dos envolvidos para o movimento de inclusão digital, onde se procura diminuir a distância social entre os alfabetizados e os não-alfabetizados digitalmente, tentando garantir, minimamente, os conhecimentos sobre os recursos que o computador pode oferecer para o desenvolvimento da cidadania e da sociedade.

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Bibliografia

ABERASTURY, Arminda. Adolescência normal. Porto Alegre: Artes Médicas, 1981.

ALARCÃO, Isabel. Reflexão crítica sobre o pensamento de Donal Schön e os programas de formação de professores. In: Revista da Faculdade de Educação / Universidade de São Paulo. SP: FEUSP, 1975 - , v 22., n. 2, jul-dez 1996.

ALVES, ML e Duran, MCG. Formação contínua de educadores: um projeto de pesquisa-ação. In: Severino AJ e Fazenda, ICA. Formação docente: rupturas e possibilidades. Campinas: Papirus, 2002.

BIANCHI, ACM et alii. Manual de orientação: estágio supervisionado. São Paulo: Pioneira, 2001.

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Gupta, S. Quando os jovens desistem de viver. In: Revista Time, 01/09/2002 - Nova York / E.U.A

HERNÁNDEZ, Fernando. Transgressão e mudança na educação. Porto Alegre: Artmed, 1998.

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Referências

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