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ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores IVAN SARTORI (Presidente), CAMILO LÉLLIS E EDISON BRANDÃO.

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Registro: 2016.0000726824

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº 0010697-76.2011.8.26.0590, da Comarca de São Vicente, em que é apelante KATIA REGINA TOBIAS DE OLIVEIRA, é apelado MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO.

ACORDAM, em 4ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Por maioria de votos, deram parcial provimento ao recurso defensivo, para condenar-se Katia Regina Tobias de Oliveira à pena de 01 ano de reclusão, em regime aberto, e 10 dias-multa, por infração ao art. 304 c.c. o art. 298, ambos do CP, substituindo-se a corporal por somente uma restritiva de direito, a ser especificada pelo Juízo da Execução, vencido, em parte, o E. 3º Juiz, Des. Edison Brandão, que negava provimento ao recurso, nos termos da declaração de voto.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores IVAN SARTORI (Presidente), CAMILO LÉLLIS E EDISON BRANDÃO.

São Paulo, 27 de setembro de 2016

IVAN SARTORI RELATOR Assinatura Eletrônica

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APELAÇÃO nº 0010697-76.2011.8.26.0590 Comarca: SÃO VICENTE

Juízo de Origem: 1ª Vara Criminal Juíza: Débora Faitarone Pereira

Órgão Julgador: Quarta Câmara de Direito Criminal Apelante: KATIA REGINA TOBIAS DE OLIVEIRA

Apelado: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO

VOTO DO RELATOR

Ementa: Apelação Uso de documento falso Autoria e materialidade bem comprovadas Conduta que feriu a fé pública Utilização de atestado médico falso – Dolo configurado Desclassificação para o delito do art. 301, §1º, do CP Impossibilidade Alteração, de ofício, do falso previsto no artigo 297 do CP, para o do art. 298, do mesmo Estatuto Repressivo Art. 383 do CPP Precedentes Penas redimensionadas Regime mantido Substituição da física que ora se adequa Recurso parcialmente provido.

Ação penal em que incursa a ré no art. 304 do CP. A r. sentença é de procedência, impostas as penas de 02 anos de reclusão, em regime aberto, e 10 dias-multa, unitário mínimo. A física foi substituída por duas restritivas de direito, consistente em prestações de serviços à comunidade, à critério do juízo das Execuções Criminais.

Recorre a defesa em busca da absolvição por ausência de dolo. Subsidiariamente, pede desclassificação para o delito do art. 301, §1º, do CP, com redução das reprimendas (fls. 192/7).

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Contrarrazões às fls. 199/200.

A Procuradoria de Justiça é pelo desprovimento (fls. 206/9).

Recurso bem processado.

É o relatório, adotado, no mais, o de primeiro grau. A ré foi denunciada pelo crime suso referido, a teor do ofício nº 308/2011 (fl. 02), documentos da Secretaria Municipal de Saúde de São Vicente de fls. 03/25 e 36/59, auto de qualificação e interrogatório de fls. 27 e 68, declarações de fls. 32 e 63, b.o. de fls. 60/2.

Pela denúncia, ela trabalhava na empresa Kabulosa Bijuterias (Vicente Specie Junior-ME) e, em fevereiro de

2011, apresentou atestado médico ideologicamente falso,

supostamente emitido aos 31.12.2010, uma vez que não foi firmado pelo médico ali indicado, Dr. Amarildo Benedito Gomes da Silva.

Na delegacia, a então indiciada permaneceu em silêncio (fls. 27 e 68).

Em juízo, confirmou ter apresentado o atestado à empresa, mas não sabia que era falso. Acrescentou que conseguiu o documento com uma colega e que não passou em consulta médica (fl. 164/6).

Judicialmente, Alessandra do Nascimento Specie, gestora do setor de Rh do estabelecimento vítima, contou que foi ao hospital para verificar a veracidade do documento. Passado um tempo, o hospital forneceu um ofício confirmando a falsidade do atestado. Disse que acionou o jurídico e a acusada foi dispensada por justa causa (fl. 139/40).

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da empresa, Katia Regina Tobias de Oliveira (fls. 142/3).

E o médico Amarildo Benedito Gomes da Silva confirmou, em pretório, não conhecer a acusada. Contou que lavrou um b.o., após a notícia de que falsificaram um atestado médico com carimbo que não era o seu. Acrescentou que, ao ver o documento em sindicância, constatou a falsidade (fls. 160/2).

Essas as provas.

Não se discute, então, que a ré tinha a pretensão de faltar ao emprego e, para abonar uma falta na empresa em que trabalhava, ela se utilizou de um atestado médico que não foi emitido pelo médico da Prefeitura Municipal de São Vicente.

Procurou ludibriar a empregadora, obtendo, então, vantagem indevida, tanto que ela admitiu não ter passado por consulta médica.

Confira-se, no particular, sua confissão e testemunhos, como visto.

Além disso, há, nos autos, informação da

Secretaria de Saúde, nos seguintes termos: “quanto à

autenticidade do atestado médico e declaração de comparecimento apresentados pela funcionária, Sra. Katia Regina Tobias de Oliveira, informamos que após verificação junto ao CREI Centro de Referência em Emergência e Internação, foi constatado: - Atestado do dia 31/12/10, não consta registro de atendimento e o médico Dr. Amarildo Benedito Gomes da Silva afirmou não ser verdadeiro” (fl.

55).

Hialina, então, a prática delitiva, pois a conduta ofendeu claramente a fé pública.

Registre-se, por oportuno, que o delito em questão é formal e instantâneo, consumando-se com a simples utilização

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do documento, independentemente de qualquer proveito ou ocorrência de dano efetivo, já que o bem jurídico protegido é a fé pública.

Como se não bastasse, a falsificação não se caracteriza como grosseira, pois, pela análise do documento de fl. 09, constata-se que é plenamente capaz de ludibriar o homem médio.

Inafastável, portanto, a condenação tal como lançada.

Também não vinga a pretensa desclassificação. Com efeito, a conduta punível no tipo penal previsto no art. 301, §1º, do CP é a de falsificar ou de alterar atestado ou certidão verdadeiros.

E, diante do conjuto probatório apresentado, verifica-se que a ré não falsificou ou alterou o documento, mas, fez uso dele.

Nesse sentir:

“(...) Não há que se cogitar, ademais, da desclassificação da imputação lançada contra a apelante para aquela de 'falsidade material de atestado ou certidão', prevista no art. 301, § 1º, do CP, uma vez que a conduta punível nesse tipo penal é a de falsificar atestado ou certidão, ou de alterar atestado ou certidão verdadeiros. Não há, com efeito, qualquer prova nos autos no sentido de que Luziane tenha falsificado os atestados médicos por ela apresentados, mas tão somente de tê-los usado; sua conduta deve ser, pois, enquadrada no art. 304, c.c.

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o art. 298, ambos do CP.” (Apelação Criminal nº

0001044- 95.2010.8.26.0554, Rel. Des. Grassi Neto, j. 14.08.2014).

Em tal contexto, impossivel a alteração perseguida. Entanto, deve ser afastada a subsunção do fato ao tipo descrito no art. 297 do CP, eis que a conduta melhor se enquadra ao delito tipificado no art. 298, do mesmo Estatuto Repressivo.

É que, não obstante o documento acostado aos autos ter sido extraído de formulário pertencente a entidade de direito público, com o brasão da Prefeitura Municipal de São Vicente - Secretaria da Saúde (fl. 09), sobreleva pontuar que o atestado médico tem natureza particular, dês que se trata de

“documento substancialmente de interesse privado, com cunho meramente informativo e que visa conferir veracidade a um ato praticado pelo médico” (Apelação Criminal 0002246-08.2003.8.26.0634, Rel. Des. Walter da Silva, 14ª. C. D. Criminal, j. em 24.04.2014).

Ademais, a lavratura de atestado médico não exige forma prescrita em lei e tal declaração pode ser emitida por qualquer profissional legalmente habilitado a exercer a medicina, independentemente de sua atuação como particular ou funcionário público.

No respeitante, julgados desta 4ª Câmara Criminal:

“(...). Com efeito, o atestado médico, conquanto preenchido em formulário de órgão público, como se

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dá na espécie em que há o timbre da Prefeitura Municipal de Franca, ostenta a natureza de documento particular, na esteira de orientação delineada na Apelação Criminal 990.08.068245-8, voto n° 11.531. A questão não é nova nesta Câmara. Por ocasião do julgamento da Apelação Criminal n° 993.08.014097-9, o ilustre Desembargador LUIS SOARES DE MELLO assentou: 'atestados médicos, ainda que preenchidos em formulários pertencentes a Órgão Público, ostentam natureza de documentos particulares. Nesse sentido, ensina a jurisprudência 'Atestado médico, ainda que emitido em impresso oficial, não pode ser considerado documento público' (RT 729/522) a 'emissão de uma receita médica não exige a condição de funcionário público e o fato de haver sido ela extraída de um talonário pertencente à entidade de direito público não retira a natureza de particular que o documento tem' (RT 502/217). Nesse contexto, o documento aqui encartado nos autos é indubitavelmente privado e a conduta do réu se subsume ao art. 298, em combinação com o art. 304, do Código Penal.” (Apelação Criminal nº

0007514-52.2010.8.26.0196, Rel. Des. Euvaldo Chaib, j. 18. 12.2012);

“APELAÇÃO - FALSIFICAÇÃO DE ATESTADO MEDICO - Autoria e materialidade comprovadas. -

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Perdão judicial. Impossibilidade, por falta de amparo legal. - Desclassificação para o crime previsto no art. 298 do Código Penal, em razão de particularidades de um atestado médico. Falsidade material caracterizada. - Pena base diminuída em razão da nova classificação jurídica. - Recurso parcialmente provido. (...). Assiste razão, no entanto, a D. Procuradoria Geral de Justiça, quanto à classificação jurídica do crime cometido pela ré. Isto porque um atestado médico não pode ser considerado documento público, ainda que com timbre da Prefeitura do Município de Altair. Pelo contrário, trata-se de documento com finalidade precípua de atestar doenças e impedimentos laborais de alguém, falecendo o principal objetivo da falsificação de documento público: proteger a fé pública nas afirmações documentadas por funcionário público. Neste sentido: ENRIQUE BACIGALUPO, in Delito de Falsedad Documental, Buenos Aires: Editorial Hammurabi SRL, 2002, p. 15. Não é documento expedido ordinariamente por funcionário público, no exercício de suas funções; sendo finalística e substancialmente privado.”

(Apelação 990.09.161402-5, Rel. Des. Edison Brandão, j. 13.04.2010).

E, desta Casa, repete-se julgado já citado, agora de forma mais extensa, além de serem colacionados outros:

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“(...) Uso de documento falso. Adulteração de atestado emitido por médico do Serviço Público de Saúde para alterar o número de dias durante os quais o empregado poderia ficar justificadamente afastado de suas funções. Delito de 'sanção remetida'. Incidência do preceito sancionador referente à falsificação de documento particular. O atestado médico, ainda que efetuado em impresso oficial, não pode ser tido como documento público, inclusive pelo fato de sua emissão não ser limitada a funcionários públicos. O médico, ao atestar a necessidade de afastamento de paciente de suas ocupações habituais, elabora, com efeito, simples declaração, na condição de profissional da saúde, destinada a uso particular. Sua eventual vinculação com o serviço público de saúde, caso o atendimento tenha sido prestado em hospital da rede pública, será meramente circunstancial. Tanto é assim, que atestado médico emitido por profissional do Sistema Único de Saúde, se destinado a justificar a ausência do empregado junto a seu empregador, não se reveste de valor maior do que aquele de documento emanado de profissional no exercício da Medicina, enquanto profissional liberal, ou prestando serviços perante instituição privada. (...) Passa a ter relevância, assim, investigar se o documento contrafeito tem

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natureza pública ou particular, na medida em que os tipos de 'falsificação de documento público' e de 'falsificação de documento particular' são apenados diversamente. Enquanto aquele é passível de reclusão, de dois a seis anos, e multa, este último pode ensejar reclusão, de um a cinco anos, e multa. No caso específico da falsificação de atestado médico emitido para justificar ausência junto ao empregador, verifica se, contudo, ter o documento natureza evidentemente particular. O atestado médico, com efeito, ainda que emitido em impresso oficial, tal qual se deu no presente caso, não pode ser tido como documento público, inclusive pelo fato de sua emissão não ser limitada a funcionários públicos. O médico, ao lavrar um atestado justificando o afastamento do paciente de suas ocupações habituais, elabora, com efeito, declaração simples, na condição de profissional da saúde, destinada a uso meramente particular. Sua eventual vinculação com o serviço público, caso o atendimento ao paciente tenha sido prestado em hospital da rede pública, é detalhe meramente circunstancial. Tanto é assim, que atestado médico emitido por profissional do Sistema Único de Saúde, se destinado a justificar a ausência do empregado junto a seu empregador, não se reveste de valor maior do que aquele de documento emanado de profissional no exercício da Medicina,

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enquanto profissional liberal, ou prestando serviços perante instituição privada. É preciso ter em vista que o Legislador estabeleceu preceitos sancionadores diversos para falsificação de documento público e de documento particular, exatamente para guardar proporcionalidade entre as lesões causadas por um ou outro tipo de contrafação. Conquanto o bem jurídico tutelado seja, em ambas as situações, a fé pública, o falso que incidir em documento público se revestirá evidentemente de maior gravidade do que aquele concernente a documento meramente particular. Consoante o art. 221 do CC/2002, o instrumento particular que tenha sido elaborado e assinado, ou somente assinado, por aquele que esteja na livre disposição e administração de seus bens, se destina a servir como prova de obrigações convencionais de qualquer valor; o legislador civil ressalta, porém, não se operarem seus efeitos perante terceiros antes que esse mesmo instrumento seja devidamente 'registrado no registro público'. A escritura lavrada em notas de tabelião, ou documento a ela assemelhado, reveste-se, todavia, de fé pública e faz 'prova plena', nos termos do art. 215 do mesmo CC/2002. Em se tratando de atestado médico, destinado a ser utilizado pelo empregado junto ao empregador para servir de prova em relações meramente privadas, a

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agressão a fé-pública existe, mas não se dará evidentemente na mesma proporção em que ocorre com a falsificação, por exemplo, de uma escritura pública. A força probante do atestado decorre, ressalte-se, não da condição de funcionário público de seu emitente, mas de sua qualidade de médico. Na medida em que o caso em tela versa efetiva utilização do atestado com mera finalidade de estabelecer prova em relações privadas, deve incidir, portanto, o preceito sancionador previsto no art. 298 do CP.” (Apelação Criminal nº

0001044-95.2010.8.26.0554, Rel. Grassi Neto, 8ª Câmara de Direito Criminal, j. 14.08.2014);

“(...) o atestado médico, mesmo que preenchido em formulário de órgão público, como se dá na espécie, em que há timbre da Secretaria do Município da Saúde, constitui documento particular, e não público, razão pela qual a conduta do apelante se enquadra no artigo 304, c.c. artigo 298, ambos do Código Penal.” (Apelação Criminal nº 0001337-30.2007.8.26.0050, 1ª Câmara Criminal Extraordinária, Rel. Des. Luis Augusto de Sampaio Arruda, j. 16.06.2014);

“Falsificação de documento público (art. 297, 'caput', c.c. art. 304, ambos do Código Penal) Recurso defensivo Absolvição pretendida (...)

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Desclassificação para falsificação de documento particular Acolhimento Crime que ocorreu sem qualquer envolvimento de funcionário público Modificação da reprimenda em razão da nova tipificação Adequação da substituição penal Regime aberto mantido Recurso parcialmente provido.”. (Apelação Criminal nº 0097802-96.2010.8.26.0050, Rel. Salles Abreu, 11ª Câmara de Direito Criminal, j. 12.03.2014).

De ressaltar que a alteração do rótulo jurídico do fato narrado na denúncia não reclama qualquer outra providência de cunho processual, devendo seguir os exatos termos do art. 383 do CP, em consonância com a Sumula 453 do STF, que apenas se refere ao art. 384 e parágrafo.

Passa-se, então, ao exame das reprimendas.

As bases, ora redimensionadas, ficam no mínimo (01 ano de reclusão e 10 dias-multa, diária mínima), restando

definitivas neste patamar, à míngua de circunstâncias

modificadoras.

O regime é mesmo o aberto, mas, porque redimensionadas as penas, substitui-se a corporal por uma restritiva de direito, a critério do Juízo da Execução.

Destarte, dá-se parcial provimento ao recurso, para condenar-se Katia Regina Tobias de Oliveira à pena de 01 ano de reclusão, em regime aberto, e 10 dias-multa, por infração ao art. 304 c.c. o art. 298, ambos do CP, substituindo-se a corporal por somente uma restritiva de direito, a ser especificada pelo Juízo da Execução.

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IVAN SARTORI Desembargador Relator

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Apelação com Revisão nº 0010697-76.2011.8.26.0590 Origem: 1ª Vara Criminal/São Vicente

Magistrada: Dra. Debora Faltarone Pereira

Apelante: KATIA REGINA TOBIAS DE OLIVEIRA Apelado: Ministério Público

Voto nº 25132

DECLARAÇÃO DE VOTO VENCIDO

Meu voto, com o devido respeito ao entendimento da douta maioria, negava provimento à apelação defensiva, em conformidade com que se expõe a seguir:

Em que pese a explanação minuciosa do Exmo. Sr. Desembargador Relator acerca do afastamento da subsunção do fato ao tipo penal descrito do art. 297, do CP, enquadrando a conduta ao delito tipificado no art. 298, do mesmo Estatuto Repressivo, reconhecendo a maioria da Turma Julgadora que no presente caso o atestado médico emitido em papel com timbre da Prefeitura Municipal de São Vicente constitui documento particular e não público, pelo meu entendimento, data vênia, tal decisão não poderia prevalecer.

Primeiramente, insta ressaltar que o atestado médico juntado aos autos foi emitido com o timbre da Prefeitura Municipal de São Vicente Secretaria da Saúde (fls. 09).

Como se sabe, o médico que não trabalha em Órgão Público não pode, por seu próprio alvitre, passar a expedir atestados médicos com o timbre de qualquer

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repartição pública.

Por óbvio, só o Médico que exerce seu ofício em Órgão da Administração Pública, em regra admitido mediante concurso, é que está apto a, no curso das atribuições, emitir atestado médico com o símbolo do órgão pelo qual foi nomeado, e, quando utilizado referido atestado, principalmente com a finalidade aqui empregada que foi para justificar a ausência no emprego, não atua o médico apenas em nome próprio, mas também em nome do Ente Público no qual exerce suas atribuições.

Como se sabe, o sujeito passivo do crime de falsificação de documento público é o Estado, e somente de maneira secundária a pessoa física ou jurídica lesada com a falsificação.

Assim, no presente caso, não se tratou simplesmente de uso de atestado médico emitido em clínica particular, o que já seria deveras grave, mas claramente também lesou a fé-pública, pois o referido atestado falso possuía o símbolo da Prefeitura Municipal de São Vicente Secretaria da Saúde.

E tal fato foi considerado pela apelante ao utilizar o referido documento público falso, que obviamente quis lançar mão de atestado que lhe desse maior credibilidade, justamente por estar vinculado a Órgão da Administração Pública, ou, repise-se, poderia ter falsificado o atestado utilizando o nome de qualquer clínica particular, que obviamente seria suficiente para fins de justificação da sua ausência no serviço perante o seu empregador.

Isto posto, pelo meu voto, NEGAVA PROVIMENTO ao recurso defensivo, mantendo a condenação da acusada como no art. 304, c.c. art. 297, ambos do Código

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Penal, como feito na r. sentença de primeiro grau.

EDISON BRANDÃO 3º Juiz

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Este documento é cópia do original que recebeu as seguintes assinaturas digitais:

Pg. inicial Pg. final Categoria Nome do assinante Confirmação

1 14 Acórdãos Eletrônicos

IVAN RICARDO GARISIO SARTORI 4592F45 15 17 Declarações de

Votos

EDISON APARECIDO BRANDAO 45FE56C

Para conferir o original acesse o site:

https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informando o processo 0010697-76.2011.8.26.0590 e o código de confirmação da tabela acima.

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