Cap´ıtulo 2
G´
as ideal
2.1
Propriedades gerais
Fun¸c˜ao de parti¸c˜ao molecular
Neste cap´ıtulo estudamos as propriedades termodinˆamicas de um g´as cons-titu´ıdo de N mol´eculas n˜ao interagentes, confinadas num recipiente de volu-me V , `a temperatura T . As mol´eculas de um g´as se repelem a curtas distˆancias e se atraem a longas distˆancias. Entretanto, a for¸ca de atra¸c˜ao entre elas diminui com a distˆancia e se torna desprez´ıvel a distˆancias su-ficientemente grandes. Num g´as, o n´umero de mol´eculas por unidade de volume N/V ´e pequeno o que acarreta uma grande distˆancia entre elas. Se a densidade de um g´as for suficientemente pequena, a distˆancia m´edia entre mol´eculas (V /N )1/3 ser´a enorme de modo que a for¸ca entre as mol´eculas ser´a muito pequena e podemos desprezar as intera¸c˜oes entre as mol´eculas. Um g´as nessas condi¸c˜oes ´e denominado g´as ideal.
Como as intera¸c˜oes entre as mol´eculas s˜ao desprez´ıveis, as propriedades de um g´as ideal s˜ao determinadas pela distribui¸c˜ao de probabilidades as-sociada a uma mol´ecula, ou a um representante de cada tipo de mol´ecula se o g´as for constitu´ıdo por mais de um componente qu´ımico. Os estados associados a uma mol´ecula s˜ao descritos, em mecˆanica cl´assica, pelo con-junto dos pares de vari´aveis formados pelas coordenadas e seus momentos conjugados, cada par constituindo um grau de liberdade. Denotando por γ o conjunto das vari´aveis que definem o estado de uma mol´ecula e por H(γ) a hamiltoniana cl´assica associada a uma mol´ecula ent˜ao a distribui¸c˜ao de
probabilidades canˆonica ρ(γ) ´e dada por ρ(γ) = 1
ζ∗e
−βH(γ)
, (2.1)
em que ζ∗ ´e um fator de normaliza¸c˜ao dado por ζ∗=
Z
e−βH(γ)dγ. (2.2)
As propriedades termodinˆamicas do g´as s˜ao determinadas por meio da fun¸c˜ao de parti¸c˜ao molecular ζ = ζ∗/hn, em que h ´e a constante de Planck e n ´e o n´umero de graus de liberdade da mol´ecula, isto ´e,
ζ = 1 hn
Z
e−βH(γ)dγ. (2.3)
O fator h−n foi introduzido para que o n´umero de estados se torne aquele que obter´ıamos ao tomar o limite cl´assico da mecˆanica quˆantica. ´E impor-tante observar que esse fator afeta a entropia e a energia livre de Helmholtz, que est˜ao relacionadas com o n´umero de estados, mas n˜ao outras grandezas termodinˆamicas definidas como m´edias sobre a distribui¸c˜ao (2.1), que n˜ao cont´em a constante de Planck, como ´e o caso da energia m´edia ou da press˜ao.
A hamiltoniana de uma mol´ecula pode ser separada em duas partes, H = Htr+ Hint. (2.4)
A primeira parcela est´a relacionada com os graus de liberdade de transla¸c˜ao e ´e simplesmente a energia cin´etica de transla¸c˜ao,
Htr = 1 2m(p
2
x+ p2y+ p2z), (2.5)
em que m ´e a massa da mol´ecula e px, py e pz s˜ao os componentes
carte-sianos do momento total da mol´ecula, conjugados `as posi¸c˜oes x, y e z do centro de massa da mol´ecula. A segunda parcela est´a associada aos outros graus de liberdade relativos aos movimentos de rota¸c˜ao, vibra¸c˜ao, etc., que denominamos graus de liberdade internos. As vari´aveis que descrevem os movimentos internos s˜ao denotadas coletivamente por γ0. Tendo em vista
2.1 Propriedades gerais 31 que Htrn˜ao depende de γ0 e que Hint depende apenas de γ0, ent˜ao ζ pode
ser escrito como um produto de dois fatores
ζ = ζtrζint, (2.6) em que ζtr= 1 h3 Z eβHtrdxdydzdp xdpydpz (2.7)
´e a fun¸c˜ao de parti¸c˜ao relativa aos graus de liberdade de transla¸c˜ao e ζint=
1 h`
Z
eβHintdγ0 (2.8)
´e a fun¸c˜ao de parti¸c˜ao relativa aos ` = n − 3 graus de liberdade internos. A integra¸c˜ao em x, y e z se estende sobre a regi˜ao interna ao recipiente de volume V que cont´em o g´as. O resultado da integra¸c˜ao nessas vari´aveis ´e V e portanto ζtr= V h3 Z e−β(p2x+p2y+p2z)/2mdp xdpydpz. (2.9)
A integra¸c˜ao em px, py e pz se reduz ao c´alculo de trˆes integrais gaussianas
cujo resultado nos d´a
ζtr= V h3 2πm β 3/2 . (2.10)
Definindo a grandeza λ por
λ = h 2β 2πm 1/2 , (2.11) podemos escrever ζtr= V λ3. (2.12)
Note que λ possui unidade de comprimento e tem a ordem de grandeza do comprimento de onda de uma part´ıcula livre de massa m e energia kBT , e
por isso ´e denominada comprimento de onda t´ermico. De fato, a energia E de uma part´ıcula livre se relaciona com o comprimento de onda λ∗por meio de E = (~2/2m)(2π/λ∗)2. Se E = kBT = 1/β ent˜ao λ∗ = (h2β/2m)1/2 que
Propriedades termodinˆamicas
Vimos no cap´ıtulo 1 que a entropia est´a relacionada com o n´umero de es-tados acess´ıveis e que a fun¸c˜ao de parti¸c˜ao ζ ´e uma soma sobre os poss´ıveis estados de uma unidade constitutiva do sistema, no presente caso uma mol´ecula. Vimos ainda que a fun¸c˜ao de parti¸c˜ao Z do sistema ´e simples-mente o produto das fun¸c˜oes de parti¸c˜ao ζ de cada unidade constitutiva, isto ´e, Z = ζN. Esse resultado, entretanto, ´e v´alido para um sistema com-posto por unidades constitutivas localizadas espacialmente. No presente caso, as unidades constitutivas, que s˜ao as mol´eculas do g´as, n˜ao est˜ao lo-calizadas mas se movem no espa¸co e podem ocupar qualquer posi¸c˜ao dentro do recipiente. Quando permutamos duas unidades constitutivas quaisquer, admitimos que o estado do sistema n˜ao se altera. Como o n´umero de per-muta¸c˜oes poss´ıveis com N unidades constitutivas ´e N ! ent˜ao o n´umero de estados acess´ıveis ao sistema ser´a menor por um fator N !. Dessa forma, tendo em vista que Z ´e uma soma sobre estados do sistema, a f´ormula correta de Z para o presente caso ´e
Z = 1 N !ζ
N. (2.13)
Utilizando esse mesmo racioc´ınio, a fun¸c˜ao de parti¸c˜ao de uma mol´ecula, dada por (2.3), tamb´em ser´a afetada por um fator do mesmo tipo. Por exemplo, se uma mol´ecula for composta por dois ´atomos do mesmo tipo, ´e necess´ario multiplicar o lado direito de (2.3) pelo fator 1/2.
A partir do resultado (2.13) obtemos
ln Z = N ln ζ − ln N !, (2.14) e, como ζ = ζtrζint, ent˜ao
ln Z = N ln V
λ3 + N ln ζint− ln N !, (2.15)
em que fizemos uso do resultado (2.12). Usando as duas parcelas domi-nantes da f´ormula de Stirling
ln N ! = N ln N − N + ln√2πN , (2.16) v´alida para N suficientemente grande, alcan¸camos o resultado
ln Z = N ln V N λ3 + ln ζint+ 1 . (2.17)
2.1 Propriedades gerais 33 A energia livre de Helmholtz F = −kBln Z vale pois
F = −N kBT ln V N λ3 + ln ζint+ 1 . (2.18) A press˜ao do g´as p = ∂F/∂V vale p = N kBT V , (2.19)
em que levamos em conta que ζint n˜ao depende de V , ou
pV = N kBT, (2.20)
que ´e a equa¸c˜ao de estado para um g´as ideal. As vezes essa equa¸` c˜ao ´e escrita na forma P V = nRT em que n ´e o n´umero de moles e R a con-stante universal dos gases. Como N = nNA, em que NA´e a constante de
Avogadro, segue-se que a a constante universal dos gases est´a relacionada com a constante de Boltzmann por meio de
R = NAkB. (2.21)
A energia interna U ´e obtida a partir de U = − ∂ ∂βln Z = 3 2N kBT − N ∂ ∂βln ζint. (2.22) A energia m´edia por mol´ecula u = U/N de um g´as ideal depende portanto apenas da temperatura.
A entropia S ´e calculada por S = −(∂F/∂T ) ou mais simplesmente por S = 1
T(U − F ). (2.23)
G´as monoatˆomico
A partir dos resultados acima, podemos obter diretamente as propriedades termodinˆamicas de um g´as constitu´ıdo de mol´eculas monoatˆomicas. A hamiltoniana H associada a uma mol´ecula monoatˆomica ´e constitu´ıda ape-nas pela energia cin´etica de transla¸c˜ao Htre portanto a fun¸c˜ao de parti¸c˜ao
v´alidos para um g´as monoatˆomicao basta colocar ζint = 1 nas f´ormulas
obtidas acima. Fazendo isso, obtemos a energia livre de Helmholtz F = −N kBT ln V N λ3 + 1 (2.24) e a energia interna U = 3 2N kBT. (2.25) A capacidade t´ermica a volume constante Cv = ∂U/∂T ´e dada por
Cv =
3
2N kB (2.26)
e portanto o calor especifico a volume constante cv = Cv/N de um g´as
monoatˆomico vale cv = (3/2)kB.
A equa¸c˜ao de estado para a press˜ao permanece a mesma, isto ´e, pV = N kBT. (2.27)
A entropia ´e determinada por meio de S = −(∂F/∂T ) ou por S = (U − F )/T que fornecem o resultado
S = N kB ln V N λ3 + 5 2 , (2.28)
conhecida como a equa¸c˜ao de Sackur-Tetrode para um g´as ideal monoatˆomico. Usando a equa¸c˜ao de estado pV = N kBT , podemos escrever
equivalente-mente S = N kB lnkBT pλ3 + 5 2 . (2.29)
2.2
G´
as diatˆ
omico I
Mol´eculas diatˆomicas r´ıgidas
As propriedades termodinˆamicas de mol´eculas diatˆomicas ou, em geral, de mol´eculas poliatˆomicas s˜ao obtidas atrav´es da energia livre F dada por
F = −kBT ln
ζN
2.2 G´as diatˆomico I 35 em que ζ ´e a fun¸c˜ao de parti¸c˜ao da mol´ecula e portanto ´e uma integral sobre o espa¸co-γ da mol´ecula, composto pelas coordenadas e momentos general-izados da mol´ecula. Vamos considerar inicialmente um g´as de mol´eculas diatˆomicas r´ıgidas. Nesse caso a hamiltoniana H correspondente a uma mol´ecula ´e
H = Htr+ Hrot, (2.31)
em que Htr ´e a parte translacional, dada por
Htr= 1 2m(p
2
x+ p2y+ p2z), (2.32)
sendo m ´e a massa da mol´ecula e px, py e pz os componentes cartesianos do
momento linear da mol´ecula, respectivamente conjugados `as coordenadas cartesianas do centro de massa da mol´ecula. A parte rotacional Hrot´e dada
por Hrot = 1 2I(p 2 θ+ 1 sin2θp 2 φ), (2.33)
em que θ e φ s˜ao os ˆangulos que definem o eixo da mol´ecula, pθ e pφ s˜ao
os respectivos momentos angulares conjugados e I ´e o momento de in´ercia. As coordenadas do espa¸co-γ s˜ao
x, y, z, θ, φ, px, py, pz, pθ, pφ, (2.34)
em que x, y e z s˜ao as coordenadas do centro de massa da mol´ecula. A fun¸c˜ao de parti¸c˜ao molecular ´e dada por
ζ = 1 h5
Z
e−βHdxdydzdθdφdpxdpydpzdpθdpφ, (2.35)
em que introduzimos um fator h para cada par formado por uma coorde-nada generalizada e seu momento conjugado. A fun¸cao de parti¸c˜ao ζ se fatoriza na forma ζ = ζtrζrot, (2.36) em que ζtr= 1 h3 Z e−βHtrdxdydzdp xdpydpz (2.37) e ζrot = 1 h2 Z e−βHrotdθdφdp θdpφ. (2.38)
A integral de (2.37) ´e a mesma integral de (2.7) e o resultado ´e dado por (2.12),
ζtr=
V
λ3. (2.39)
em que λ = (h2β/2πm)1/2. A integral em (2.38) ´e feita em duas etapas. Primeiro integramos nos momentos e depois nos ˆangulos para obter
ζrot =
8π2I
h2β . (2.40)
Ressaltamos que esse resultado ´e v´alido para mol´eculas diatˆomicas com-postas por ´atomos de tipos diferentes, mais precisamente por ´atomos de n´ucleos diferentes. Para mol´eculas diatˆomicas formadas por ´atomos com mesmo n´ucleo, o lado direito de (2.40) deve ser dividido por 2.
Finalmente, podemos escrever ζ = V
λ3
8π2I
h2β (2.41)
A partir dessa express˜ao podemos calcular a energia interna U = −N ∂
∂βln ζ = 5
2N kBT, (2.42) da qual obtemos a capacidade t´ermica a volume constante,
Cv =
∂U ∂T =
5
2N k. (2.43)
A energia livre de Helmholtz ´e dada por F = −N kBT ln V N λ3 + ln 8π2I h2β + 1 (2.44) e a entropia por S = N kB ln V N λ3 + ln 8π2I h2β + 7 2 . (2.45)
Usando a equa¸c˜ao de estado pV = N kBT , podemos escrever
equivalente-mente S = N kB lnkBT pλ3 + ln 8π2I h2β + 7 2 . (2.46)
2.2 G´as diatˆomico I 37
C´aculo quˆantico
Quando a temperatura do g´as ´e suficientemente alta, o c´alculo cl´assico de ζrot, que fizemos na se¸c˜ao anterior, ´e adequado. Caso contr´ario, devemos
substituir o c´alculo cl´assico por um c´alculo quˆantico. A parte rotacional da hamiltoniana da mol´ecula deve ser substitu´ıda pela vers˜ao quˆantica da hamiltoniana (2.33), dada por
ˆ
Hrot= Jˆ
2
2I, (2.47)
em que ~J ´e o momento angular. Os autovalores de ˆJ2 s˜ao ~2`(` + 1), ` = 0, 1, 2, . . . e cada um possui degenerescˆencia 2` + 1. Portanto os autovalores E`m de ˆHrot s˜ao
E`m =
~2
2I`(` + 1), (2.48) em que o n´umero quˆantico m toma os valores m = −`, −` + 1, . . . , ` − 1, `. A fun¸c˜ao de parti¸c˜ao da parte rotacional ´e obtida usando a express˜ao
ζrot = ∞ X `=0 ` X m=−` e−βE`m. (2.49)
Como a energia n˜ao depende de m, podemos somar nessa vari´avel para obter ζrot = ∞ X `=0 (2` + 1)e−β~2`(`+1)/2I. (2.50) ´
E importante notar que essa express˜ao ´e aquela apropriada para mol´eculas diatˆomicas formadas por ´atomos de tipos distintos, mais precisamente, por ´
atomos que tenham o mesmo n´ucleo. Quando os ´atomos tiverem n´ucleos distintos, o c´alculo da fun¸c˜ao de parti¸c˜ao deve sofrer uma modifica¸c˜ao, a qual ser´a discutida mais adiante.
A partir do resultado (2.50), podemos obter a energia m´edia de rota¸c˜ao de uma mol´ecula urot = −∂ ln ζrot/∂β e a partir dela o respectivo calor
espec´ıfico crot = ∂urot/∂T . O gr´afico do calor espec´ıfico de rota¸c˜ao obtido
numericamente est´a mostrado na figura 2.1. Vemos que a altas temper-aturas obt´em-se o valor cl´assico kB. A baixas temperaturas ele se anula.
Uma peculiaridade do calor espec´ıfico ´e que ele n˜ao monotˆonico crescente com a temperatura, mas possui um m´aximo como se vˆe na figura 2.1.
0 0,5 1 1,5 2
T / Θ
r 0 0,5 1 1,5c
rot/
k
BFigura 2.1: Calor espec´ıfico crot de rota¸c˜ao calculado a partir de (2.50) como
fun¸c˜ao de T /Θr em que Θr ´e a temperatura caracter´ıstica de rota¸c˜ao. A linha
horizontal pontilhada representa o resultado cl´assico. Os s´ımbolos representam dados experimentais de Clusius e Bartholom´e (1934) para o HD para o qual Θr=
64 K.
Para obter ζrot nos regimes de altas e baixas temperaturas procedemos
como segue. Para altas temperaturas, aproximamos a somat´oria em (2.50) pela integral ζrot = Z ∞ 0 (2ξ + 1)e−β~2ξ(ξ+1)/2Idξ = 2I β~2 = 8π2I βh2 , (2.51)
que ´e idˆentico ao resultado cl´assico obtido na se¸c˜ao anterior.
Para baixas temperaturas, conservamos somente a primeira e a segunda parcelas da somat´oria
ζrot = 1 + 3e−β~ 2/I , (2.52) para obter ln ζrot = 3e−β~ 2/I . (2.53) Portanto, urot= − ∂ ∂βln ζrot = 3 ~2 I e −β~2/I , (2.54)
2.2 G´as diatˆomico I 39 que ´e v´alida para β~2/2I 1 ou T Θr, em que Θr = ~2/2IkB ´e a
temperatura caracter´ıstica de rota¸c˜ao. Nesse regime, o calor espec´ıfico ´e dado por crot= ∂urot ∂T = 3kB β~2 I 2 e−β~2/I, (2.55) de modo que crot→ 0 quando T → 0.
Para a determina¸c˜ao experimental do calor espec´ıfico no regime quˆ an-tico ´e necess´ario que as medidas sejam feitas a temperaturas abaixo da temperatura caracter´ıstica. Entretanto, quase todos os gases se condensam nesse regime e a observa¸c˜ao experimental fica prejudicada. Exce¸c˜ao entre os gases diatˆomicos com ´atomos distintos ´e o HD, composto por um ´atomo de hidrogˆenio e um ´atomo de deut´erio, para o qual Θr= 64 K.
Hidrogˆenio
O c´alculo que acabamos de fazer ´e adequado para uma mol´ecula diatˆomica constitu´ıda por ´atomos distintos. Quando os ´atomos de uma mol´ecula diatˆomica s˜ao do mesmo tipo, como ´e o caso do hidrogˆenio, devemos levar em conta que os estados quˆanticos dos n´ucleos dos ´atomos podem ser sim´etricos ou anti-sim´etricos acarretando uma mudan¸ca no c´alculo da fun¸c˜ao de parti¸c˜ao molecular. Vamos aqui considerar apenas o hidrogˆenio. H´a dois tipos diferentes de mol´ecula de hidrogˆenio, denominadas para-hidrogˆenio e orto-hidrogˆenio, que se distinguem pela configura¸c˜ao dos spins do n´ucleo dos dois ´atomos que comp˜oem a mol´ecula. Cada n´ucleo do ´atomo de hidrogˆenio ´e formado por um ´unico pr´oton, que possui spin 1/2. No para-hidrogˆenio os spins s˜ao antiparalelos, formando um singleto, com spin total igual a 0. No orto-hydrogˆenio os spins s˜ao paralelos formando um tripleto, com spin total igual a 1.
Em seguida devemos levar em conta que o estado total (spin e rota¸c˜ao) da m´olecula de hidrogˆenio deve ser anti-sim´etrico em rela¸c˜ao `a permuta¸c˜ao dos dois pr´otons. No para-hidrogˆenio, o estado de spin ´e anti-sim´etrico e, portanto, os estados rotacionais devem ser sim´etricos. Dessa forma, a fun¸c˜ao de parti¸c˜ao molecular relativa a parte rotacional ´e dada por
ζ0 =
X
` par
(2` + 1)e−β~2`(`+1)/2I, (2.56) em que a soma se estende sobre os valores pares de `, correspondentes aos estados sim´etricos. No orto-hidrogˆenio, o estado de spin ´e sim´etrico e,
portanto, os estados rotacionais devem ser anti-sim´etrico. Dessa forma, a fun¸c˜ao de parti¸c˜ao molecular relativa a parte rotacional ´e dada por
ζ1=
X
` impar
(2` + 1)e−β~2`(`+1)/2I, (2.57)
em que a soma se estende sobre os valores ´ımpares de `, correspondentes aos estados anti-sim´etricos.
Se as mol´eculas do g´as estiverem em equil´ıbrio, isto ´e, se os dois tipos de mol´eculas puderem se transformar um em outro, o que deve ocorrer por colis˜oes, ent˜ao a fun¸c˜ao de parti¸c˜ao total ser´a
ζrot= ζ0+ 3ζ1, (2.58)
em que o fator 3 representa a degenerescˆencia do estado tripleto. As prob-abilidades de que uma mol´ecula esteja no estado singleto ou tripleto s˜ao, respectivamente, P0= ζ0 ζrot e P1= 3ζ1 ζrot . (2.59)
A altas temperaturas obt´em-se P1 = 3/4 e P0 = 1/4 acarretando uma
composi¸c˜ao de 3/4 de mol´eculas no estado singleto e 1/4 no estado tripleto. A baixas temperaturas, por outro lado, a raz˜ao P1/P0se anula rapidamente
e todas as mol´eculas passam para o estado singleto e se encontram no estado com ` = 0 quando T → 0.
As transi¸c˜oes entre os estados singleto e tripleto, entretanto, s˜ao muito lentas acarretando uma invariˆancia na propor¸c˜ao de mol´eculas no estado singleto e tripleto. Dessa forma, o hidrogˆenio se comporta termicamente como se fosse uma mistura de dois gases, isto ´e, o para-hidrogˆenio e o orto-hidrogˆenio se comportam como dois gases distintos cujos n´umeros de mol´eculas permanecem invariantes. Supondo que a raz˜ao seja a mesma daquela que ocorre a altas temperaturas, ent˜ao o para-hidrogˆenio e o orto-hidrogˆenio permanecem na propor¸c˜ao de 3 para 1, respectivamente, inde-pendentemente da temperatura. A fun¸c˜ao de parti¸c˜ao molecular relativa aos modos de rota¸c˜ao pode ent˜ao ser escrita como
ζrot = ζ01/4ζ13/4. (2.60)
A partir desse resultado obtemos a energia m´edia por mol´ecula urot=
1 4u0+
3
2.2 G´as diatˆomico I 41 0 1 2 3 4 5
T / Θ
r 0 0,5 1 1,5c
rot/
k
B Cornish Giacomini EuckenFigura 2.2: Calor espec´ıfico crot de rota¸c˜ao do hidrogˆenio como fun¸c˜ao de T /Θr
em que Θr= 85.3 K ´e a temperatura caracter´ıstica de rota¸c˜ao do hidrogˆenio. Os
s´ımbolos representam dados experimentais de Eucken (1912), Giacomini (1925), e Cornish e Eastman (1928). As curvas tracejadas superior e inferior representam o calor espec´ıfico de rota¸c˜ao do para-hidrogˆenio, obtido de (2.56), e orto-hidrogˆenio, obtido de (2.57), respectivamente. A curva cont´ınua representa o calor espec´ıfico de uma mistura de 1/4 de para-hidrogˆenio e 3/4 de orto-hidrogˆenio, obtido de (2.60). A linha horizontal pontilhada representa o resultado cl´assico.
com u0 = −∂ ln ζ0/∂β e u1 = −∂ ln ζ1/∂β. O calor especifico vale pois
crot =
1 4c0+
3
4c1, (2.62) em que c0 = ∂u0/∂T e c1 = ∂u1/∂T . Os gr´aficos de c0, c1 e crot est˜ao
mostrados na figura 2.2.
Como dissemos acima, quase todos os gases se condensam a temperatu-ras bem superiores `a temperatura caracter´ıstica de rota¸c˜ao. Uma exce¸c˜ao entre os gases diatˆomicos com ´atomos iguais ´e o hidrogˆenio, H2, que acabamos
de estudar, cuja temperatura caracter´ıstica de rota¸c˜ao ´e Θr = 85, 3 K.
Outra exce¸c˜ao ´e o deut´erio, D2, cuja temperatura caracter´ıstica de rota¸c˜ao
´e Θr = 43 K. No caso do deut´erio, entretanto, os fatores 1/4 e 3/4 nas
f´ormulas (2.60), (2.61) e (2.62) devem ser substitu´ıdos pelos fatores 1/3 e 2/3, respectivemente.
2.3
G´
as diatˆ
omico II
Vibra¸c˜ao molecular
Vamos examinar agora as propriedades t´ermicas de um g´as ideal de mol´ ecu-las diatˆomicas n˜ao r´ıgidas. Admitimos que os ´atomos que comp˜oem a mol´ecula oscilam com uma determinada frequˆencia natural. A hamiltoni-ana correspondente a uma mol´ecula ´e dada por
H = Htr+ Hrot+ Hvib, (2.63)
em que Htr ´e a parte translacional, dada por
Htr = 1 2m(p
2
x+ p2y+ p2z), (2.64)
em que m ´e a massa da mol´ecula, e Hrot e Hvib s˜ao a parte correspondente
aos graus internos de liberdade, dadas por Hrot= 1 2µr2(p 2 θ+ 1 sin2θp 2 φ) (2.65) e Hvib = 1 2µp 2 r+ Φ(r), (2.66)
em que θ e φ s˜ao os ˆangulos que definem o eixo da mol´ecula, µ ´e a massa reduzida, r ´e a distˆancia entre os ´atomos e Φ(r) ´e a energia de intera¸c˜ao entre os ´atomos. As coordenadas do espa¸co-γ s˜ao
x, y, z, r, θ, φ, px, py, pz, pr, pθ, pφ. (2.67)
A fun¸c˜ao de parti¸c˜ao molecular ´e dada por ζ = 1
h6
Z
e−βHdxdydzdrdθdφdpxdpydpzdprdpθdpφ, (2.68)
que se fatoriza como
ζ = ζtrζint, (2.69) em que ζtr= 1 h3 Z e−βHtrdxdydzdp xdpydpz= V h3 2πm β 3/2 , (2.70)
2.3 G´as diatˆomico II 43 e ζint= 1 h3 Z e−β(Hrot+Hvib)drdθdφdp rdpθdpφ. (2.71)
Note-se que ζint n˜ao se fatoriza em uma parte relacionada aos graus de
liberdade de rota¸c˜ao e outra relacionada aos graus deliberdade de vibra¸c˜ao pois Hrot, assim como Hvib, depende da vari´avel de vibra¸c˜ao r. Entretanto,
supondo que as amplitudes de vibra¸c˜ao sejam pequenas podemos aproxi-mar a distˆancia r entre os ´atomos relativamente `a parte rotacional pela distˆancia de equil´ıbrio R. Dessa forma, substitu´ımos r por R na hamilto-niana rotacional de modo que
Hrot = 1 2I(p 2 θ+ 1 sin2θp 2 φ), (2.72)
em que I = µR2. Agora ζint pode ser fatorizada na forma
ζint = ζrotζvib, (2.73)
em que ζrot= 1 h2 Z e−βHrotdθdφdp θdpφ= 8π2I h2β (2.74) e ζvib= 1 h Z e−βHvibdrdp r. (2.75)
Em seguida, supomos que as vibra¸c˜oes s˜ao de pequenas amplitudes o que nos permite aproximar o potencial Φ(r) pela seguinte expans˜ao em torno de seu valor m´ınimo,
Φ(r) = Φ(R) +1
2K(r − R)
2, (2.76)
o que significa dizer que os ´atomos est˜ao ligados por uma mola de constante K, relacionada `a frequˆencia de oscila¸c˜ao ω por K = µω2. Usando a nota¸c˜ao
u0 = Φ(R), a hamiltoniana correspondente `a parte vibracional se reduz `a
forma Hvib= 1 2µp 2 r+ 1 2K(r − R) 2+ u 0. (2.77)
Substituindo esse resultado em (2.75), e integrando em pr, a fun¸c˜ao de
parti¸c˜ao vibracional se escreve ζvib = 2πµ h2β 1/2 e−βu0 Z ∞ 0 e−βK(r−R)2/2dr. (2.78)
Em seguida supomos que K seja suficientemente grande de modo que o integrando ´e muito agudo em r = R, anulando-se rapidamente para valores de r fora de um pequeno intervalo ao redor de r = R. Portanto, a substi-tui¸c˜ao do limite inferior da integral por −∞ n˜ao alterar´a substancialmente o valor da integral. Efetuando a integral, obtemos o resultado
ζvib= 2πµ h2β 1/2 2π Kβ 1/2 e−βu0. (2.79)
A partir de ζ = ζtrζrotζvib, e usando os resultados (2.70), (2.74), e (2.79),
obtemos
U = −N ∂
∂βln ζ = 7
2N kBT + N u0, (2.80) a partir do qual encontramos a capacidade t´ermica a volume constante,
Cv =
∂U ∂T =
7
2N kB. (2.81)
C´alculo quˆantico
Para efetuar o tratamento quˆantico da parte vibracional, come¸camos por quantizar a hamiltoniana vibracional (2.77). Como essa hamiltoniana de-screve um oscilador harmˆonico de frequˆencia ω = (K/m)1/2, ent˜ao as poss´ıveis energias s˜ao En= ~ω n + 1 2 + u0, (2.82)
e a fun¸c˜ao de parti¸c˜ao vibracional vale ζvib=
∞
X
n=0
e−βEn. (2.83)
Efetuando a soma, e calculando a energia vibracional uvib = −(∂/∂β)ζvib,
obtemos o segunte resultado uvib = ~ω 1 eβ~ω− 1+ 1 2 + u0 (2.84)
O calor espc´ıfico vibracional cvib= ∂uvib/∂β vale
cvib= kB(β~ω)2
eβ~ω
2.4 Hamiltoniana de duas part´ıculas 45 No regime de altas temperaturas, isto ´e, quando kBT /~ω 1, ou
equivalentemente quando β~ω 1, obtemos uvib = kBT e cvib = kB,
que s˜ao os resultados obtidos acima quando fizemos o tratamento cl´assico. Portanto os resultados cl´assicos s˜ao atingidos apenas quando T Θvib
em que Θvib = ~ω/kB ´e a temperatura caracteristica de vibra¸c˜ao. No
regime oposto, em que T Θvib, a f´ormula (2.85) nos mostra que cvib se
torna muito pequeno e se anula quando T → 0. Para os principais gases diatˆomicos, tais como H2, O2, N2, CO, NO, a temperatura caracter´ıstica
´e da ordem de 103 K ou maior, de modo que `a temperatura ambiente a contribui¸c˜ao vibracional para o calor espec´ıfico ´e muito pequena ou mesmo desprez´ıvel, o que significa que a mol´ecula se comporta como uma mol´ecula r´ıgida.
2.4
Hamiltoniana de duas part´ıculas
Determinamos aqui a lagrangiana e em seguida a hamiltoniana correspon-dente a duas part´ıculas de massas m1 e m2 que interagem por meio de
uma energia potencial Φ(r), em que r ´e a distˆancia entre elas. Denotando por ~r1 = (x1, y1, z1) e ~r2 = (x2, y2, z2) as posi¸c˜oes das part´ıculas, ent˜ao a
energia cin´etica das part´ıculas em coordenadas cartesianas se escreve como Ec= 1 2m1( ˙x 2 1+ ˙y21+ ˙z12) + 1 2m2( ˙x 2 2+ ˙y22+ ˙z22), (2.86)
A posi¸c˜ao do centro de massa ~R = (X, Y, Z) e a posi¸c˜ao de uma part´ıcula relativa `a outra ~r = (x, y, z) s˜ao definidos por ~R = (m1~r1+ m2~r2)/M , em
que M = m1+ m2 ´e a massa total, e ~r = ~r1− ~r2. A transforma¸c˜ao inversa
´e ~r1 = ~R + (m2/M )~r e ~r2 = ~R − (m1/M )~r, que substitu´ıdo em (2.86) nos
d´a Ec= 1 2M ( ˙X 2+ ˙Y2+ ˙Z2) +1 2µ( ˙x 2+ ˙y2+ ˙z2), (2.87)
em que µ = m1m2/M ´e a massa reduzida. A primeira parcela ´e a energia
cin´etica de transla¸c˜ao. A segunda parcela ´e a energia cin´etica relacionada com os graus de liberdade internos e poder ser entendida como relativa a uma part´ıcula de massa µ que se move num referencial descrito pelas coordenadas cartesianas x, y, z.
Em seguida escrevemos a segunda parcela da energia cin´etica em termos de coordenadas esf´ericas (r, θ, φ), relacionadas com as coordenadas carte-sianas por x = r sin θ cos φ, y = r sin θ sin φ e z = r cos θ. Derivando essas
rela¸c˜oes relativamente ao tempo, obtemos ˙
x = ˙r sin θ cos φ + r ˙θ cos θ cos φ − r ˙φ sin θ sin φ, (2.88) ˙
y = ˙r sin θ sin φ + r ˙θ cos θ sin φ + r ˙φ sin θ cos φ, (2.89) ˙
z = ˙r cos θ + r ˙θ sin θ. (2.90) Elevando ao quadrado e somando, encontramos o resultado
˙
x2+ ˙y2+ ˙z2= ˙r2+ r2θ˙2+ r2φ˙2sin2θ. (2.91) substituindo em (2.87), obtemos a lagrangiana L = Ec− Φ, que ´e dada por
L = 1 2M ( ˙X
2+ ˙Y2+ ˙Z2) +1
2µ( ˙r
2+ r2θ˙2+ r2φ˙2sin2θ) − Φ(r). (2.92)
Para determinar a hamiltoniana, os momentos conjugado `as coorde-nadas do centro de massa X, Y e Z s˜ao definidos por Px = ∂L/∂ ˙X,
Py = ∂L/∂ ˙Y , Pz = ∂L/∂ ˙Z, e s˜ao dados por
Px = M ˙X, Py = M ˙Y , Pz = M ˙Z. (2.93)
Analogamente os momentos conjugados `as vari´aveis r, θ e φ s˜ao definidas por pr= ∂L/∂ ˙r, Pθ= ∂L/∂ ˙θ, Pφ= ∂L/∂ ˙φ, e s˜ao dados por
Pr= µ ˙r, Pθ = µr2θ,˙ Pφ= µr2sin2θ ˙φ. (2.94)
A partir desses resultados, a hamiltoniana H = PxX + P˙ yY + P˙ zZ + P˙ r˙r +
Pθθ + P˙ φφ − L, que ´˙ e dada por
H = 1 2M(P 2 x + Py2+ Pz2) + 1 2µp 2 r+ 1 2µr2 p2θ+ 1 sin2θp 2 φ + Φ(r) (2.95) Agora, admitimos que o potencial tenha um m´ınimo em r = r0 de tal
forma que at´e termos de ordem quadr´atica em r − r0 ele ´e dado por
Φ(r) = Φ0+
K
2 (r − r0)
2 (2.96)
em que Φ0 ´e o valor do potencial em r = r0 e K > 0. Imaginamos as
part´ıculas girando em torno do centro de massa. Ao mesmo tempo elas se afastam e se aproximam do centro de massa, executando num movimento
2.4 Hamiltoniana de duas part´ıculas 47 oscilat´orio ao redor de r = r0. Admitindo que a constante K seja muito
grande podemos presumir que o movimento de oscila¸c˜ao seja muito pr´oximo de r = r0 de tal forma que r pode ser considerado constante relativamente
ao movimento de rota¸c˜ao. Em outros termos, admitimos que o momento de in´ercia I das duas part´ıculas, dada por I = µr2 pode ser considerado constante e igual a I = µr20. Dessa forma, a hamiltoniana fica escrita como a soma de trˆes parcelas independentes
H = Htr+ Hrot+ Hvib. (2.97)
A primeira corresponde `a energia cin´etica de transla¸c˜ao, Htr= 1
2M(P
2
x + Py2+ Pz2), (2.98)
a segunda `a energia cin´etica de rota¸c˜ao, Hrot= 1 2I p2θ+ 1 sin2θp 2 φ , (2.99)
em que I ´e considerado constante, e a terceira ´e a hamiltoniana de vibra¸c˜ao Hvib = 1 2µp 2 r+ Φ(r). (2.100)
Exerc´ıcios
1. Determine a energia interna e a press˜ao de um g´as ideal de part´ıculas ultra-relativistas. A energia cin´etica de uma part´ıcula ´e dada por
E = c q
p2
x+ p2y+ p2z,
em que c ´e a velocidade da luz.
2. Considere um g´as ideal composto de N mol´eculas diatˆomicas, cada uma possuindo um momento de dipolo el´etrico µ, sob a¸c˜ao de um campo el´etrico E. Al´em da energia cin´etica de transla¸c˜ao, uma mol´ecula possui energia
1 2I(p 2 θ+ 1 sin2θp 2 φ) − µE cos θ,
em que a primeira parcela representa a energia cin´etica de rota¸c˜ao e a segunda, a energia de intera¸c˜ao com o campo el´etrico. Determine as pro-priedades termodinˆamicas do g´as. Ache a polariza¸c˜ao P = N hµ cos θi e a susceptibilidade el´etrica χ = (∂P/∂E ). Mostre que a campo nulo, χ ´e inversamente proporcional `a temperatura absoluta.