FINANÇAS
CRÉDITO -- DISPUTA
ENTRE GOVÊRNO E EMPRÊSAS
As estatísticas arroladas pelo Fundo Monetário Internacional merecem atenção. Sob a rubrica
"Situação Monetária", são siste-màticamente publicados os meios
:ie pagamento, depósitos a prazo
e os créditos concedidos ao Es-tado e ao setor privado. A análi-se das cifras do F . M . I. parece
indicar que estamos percorrendo
Q caminho certo, em relação à ampliação do crédito ao setor 'Privado. Persiste, porém, um alto nível de crédito ao Estado e os meios de pagamento aumentam
mais do que seria desejável. No curso de 1968, prosseguimos com alto nível de emissões, debilitan-do as vantagens da ampliação debilitan-do crédito ao setor privado.
Embora haja peculiaridades
em cada país, as estatísticas cons-tantes do QUADRO I procuram fa-cilitar a comparação dos meios de pagamento, empréstimos conce-"VEREIRO/1969
didos ao setor privado,
emprésti-mos ao Estado e depósitos a pra-zo. A guisa de comparação toma-mos apenas 3 países: Itália, Ja-pão e Suécia.
A inspeção dos valôres cons-tantes do QUADRO I nos leva a
concluir que. ao contrário dos
de-mais países, o Brasil continua
com rápido acréscimo nos meios de pagamento. Os créditos con-:edidos ao setor privado e ao Es-tado são bastante próximos, mos-trando possível disputa entre o
govêrno e o setor privado pelo
uso dos fundos, disputa que
pro-'.;uraremos analisar. CR~DITO AO SETOR PRIVADO
Começaremos examinando os
saldos dos empréstimos do setor financeiro da economia ao setor privado, desde 1951 até nossos dias. O QUADRO II mostra esta 103
evolução a preços correntes e a preços constantes.
Como se pode notar, a evolu -ção dos empréstimos ao setor privado, em têrmos reais, foi len -ta se comparada à do índice de
produto real. Entre 1951 e 1957,
os saldos dos empréstimos
cres-ceram de maneira ininterrupta,
atingindo nesse último ano NCr$
127,6 milhões, em têrmos reais. A partir de 1957, ãssistimos a contínua queda dêsses saldos,
QUADRO I
DISCRIMINAÇÃO
ITÁLIA (volôres em trilhões d. Lira$) 34) Meios de Pag .. mento 35) Depósitos o Pra%o 32a) Crédito ao Estado 32b) Crédito
·
Particulares SUltCIA (Valôres em bilhões de Krons)34) Meios d. Pagamento
35) Depósitos a Prazo
32a) Crédito ao Estado 32b) Crédito
·
ParticularesJAPÃO (valôres em trilhões de Vem)
34) Meios de Pagamento 35) Depósitos a Pruo 32a) Crédito ao Estado 32b) Crédito
·
Particulares BRASIL (Valôres em bilhões de NCr$)34) Meios de Pagamento
35) Depósitos o Pro%o 32a) Crédito ao Estado 32b) Crédito
·
ParticularesFONTE: International Financiai Statistics
-lO' 1965 1966 14,3 16,2 11,0 12,7 6,0 7,5 17,6 20,3 18,0 19,4 50,7 55,2 10,1 11,5 57,1 67,8 10,2 11,7 15,1 17,8 1,4 2,3 27,3 31,9 9,1 10,5 0,3 0,7 4,4 5,5 5,6 9,6 F.M I ACR~SCrMOS PERCENTUAIS 1967 / ,966
!
1967 18,7 13,3 15,4 14,3 15,4 12,6 7,6 13,6 1,3 23,7 15,3 16,7 21,3 7,8 9,8 62,4 8,9 13,0 12,8 13,9 11,3 69.0 18.7 1,8 13,3 14,7 13,7 20,7 17.9 16,3 ~,l 64,3 34,8 37.0 16,8 16,0 15,0 15,4 42,8 1,3 133,4 85,7 6,7 25,0 21,8 11,9 71,4 23,9 De%embro/67. CONJUNTURA ECONÔMICAANO 1951 1952 1953 1954 1955 1956 1957 1958 1959 1960 1961 1952 1963 1964 1965 1966 1967 FONTE:
11 - SALDO REAL DOS EMPRÉSTIMOS AO PÚBLICO
<Saldos em 31 de dez~mbro) EMPRÉSTIMOS AO SETOR PRIVADO (NCr$ 1 GOO,OO) 85,647 102.279 120,360 152,194 171,405 2C5,449 254,509 3 II ,577 400,859 565,044 781.422 1'254,472 1945,848 3506,300 5547.500 7664.000 11932,000 Banco Central. INDICES GERAIS DE PREÇOS POR ATACADO Base: Médio 1953 100 82,5 90.4 113,2 140,3 153,5 192,9 199,4 255,0 347,1 460,8 691,6 1037.0 1855,0 3645,0 4676,0 6413,0 7820,0 EMPRÉSTIMOS REAIS AO SETO~ PRIVADO (NCr$ 1000,00 de 1953) 103,8 113,1 106,3 108,5 111,7 106,5 127,6 122,2 1155 122.6 113,0 121.0 104,8 96,2 118,6 119,5 152,6 FEVEUIRO/1969 lOS
1951 1952 1953 1954 1955 .. 1955 . 1957 1958 . 1959 1960 1961 1962 1963 1964 1965 . 1966 1967
III _ EMPRÉSTIMOS - AUTORIDADES MONETÁRIAS
SALDOS EM FIM DE ANO
ANOS (NCrS milhões) AO SETOR PÚBLICO (I) --'---~ 27,5 30,6 38,6 52,1 62,8 88,2 126,9 146,8 190,9 291,3 532,7 753,6 1297,6 2661.3 4436,1 5252,6 5914,7 AO SETOR TOTAL (2) (3) PRIVADO
I
24,7 34,3 40,4 57,4 65,0 75,1 91,8 116,0 134,4 182,6 279.7 4794 735,0 1278,4 1582,5 2481.3 3445,3 52,2 64,9 79,0 109,5 127,8 163,3 218,7 262,8 325.3 473,9 81:!,4 1233,0 2032,6 3939,7 6018,6 7 i33,9 9360,0 DISTRIBUIÇÃO PERCENTUALAo~1
AoSetOr Público Privado 52,9 47,2 48,9 47,6 49,1 54,0 58,0 55,6 58,7 61.5 65.6 61.6 63,8 67,2 73,7 67,0 63,0 47,1 52.8 51,1 52.4 50,9 46,0 42,0 44,2 41,3 38.5 34.4 38,9 36,1 32,8 26,2 32.2 36,8FONTE: Banco Central.
atingindo o mínimo de NCrS
96,2 milhões em 1964; nos anos
de 1965 e 1966, começaram a
evoluir novamente de modo
fa-vorável. Contudo, em 1965
hou-ve problemas sazonais de liqui
-10.
dez que foram parcialmente
de-belados por forte emissão nos
meados do ano, Em fins de 1966, a liquidez real sofreu nova
com-pressão, tendo as emprêsas
ape-lado continuamente para o mer-CONJUNTURA ECONôMICA
cado de capitais, incorrendo em elevadas taxas de juros em têr-mos reais. A crescente evolução dos aceites cambiais no período é bom indicador da situação (ver "Conjuntura Econômica", dez/ 68).
No ano de1967, houve subs-tancial acréscimo dos saldos em relação a 1966, não obstante os aceites cambiais terem pràtica-mente dobrado, a preços cons-tantes, no mesmo período. Em setembro de 1968, o crédito bancário aos particulares quase iguala o nível dos meios de pa-gamento, sem, entretanto, regis.:. trar-se mais significativa redu-ção nas despesas governamen-tais.
CRJtDITOS AO GOVÍl:RNO
Durante todo o período con-siderado, os crérlitos ao setor go-vêrno não deixaram de crescer.
Aparentemente, êste aumento
contínuo se fêz à custa da redu-ção de crédito ao setor privado. O QUADRO UI procura mostrar a evolução das concessões de cré-dito ao setor privado e ao Esta-do, pelas Autoridades Monetá-rias. Sob a rubrica "Porcenta-gens" procuramos analisar a di-visão do crédito entre os 2 se-tores. Depreende-se destas cifras que o setor privado teve seus cré-ditos comprimidos ao longo do tempo, recuperando-se ligeira-mente nos anos de 1966 e 1967.
FEVfREIRO/1969
Nota-se que em 1965 a con-cessão de crédito ao setor priva-do pelas Autoridades Monetá-rias atingiu seu nível mínimo. Parece provável que as normas fixadas para combate à inflação tenham sido responsáveis por êste fato. Por outro lado, os cré-ditos concedidos ao Estado mos-traram evolução crescente no tempo. Até 1964, a maior par-cela dos créditos concedidos ao setor govêrno tinha a finalidade de cohrir o deficit de caixa do Tesouro Nacional. A partir de 1965, as Obrigações Reajustá-veis do Tesouro têm sido fonte não inflacionária de crédito para a cobertura do deficit que, por sua vez decresceu. Contudo, em 1965 e 1966, o nível de crédito concedido ao Estado continuou ainda alto, possivelmente em vir-tude do resultado de operações cambiais. Como é sabido, naque-les 2 anos se verificou substan-ciaí acréscimo das reservas inter-nacionais do país.
ASSISTÍl:NCIA FINANCEIRA A 81 NCOS
Parece claro que houve, nos últimos anos, transferência de crédito do setor privado para o govêrno. Bom indicador dêste fato é a relação entre os recur-sos captados dos bancos comer-ciais pelas Autoridades Monetá-rias e os devolvidos a êles, prin-107
1951 1952 ... . 1953 . 1954 . 1955 1956 1957 1958 . 1959 1960 . 1961 1962 1963 1964 1965 1966 . 1967 .
FONTE: Banco Central.
IV - AUTORIDADES MONETÁRIAS OPERAÇÕES COM OS BANCOS COMERCIAIS
SALDOS EM FIM DE ANO (NCr$ milhões)
RECURSOS FORNECIDOS AOS BANCOS RECURSO SRECEBIDOS DOS BANCOS
DEPÓSITO NO BANCO Carteira Caixa de Banco Total
-
~
Percentagemd. Mobilização do
I
Rede,conto, Bancária Bra,il (A) À ordem (B) A/B do Banco Outros Central DepóSito, 3,6 2,5 0,3 6,4 1,2 6,8 8,0 80,0 3,9 3,6 6,6 8,1 1,7 9,7 11,4 71,0 4,1 5,0 2,3 11,4 2,0 10,8 12,9 88,4 4,5 5,6 2,2 12,3 2,5 11,4 13,9 88,5 5,9 6,3 0,8 13,0 3,0 14,3 17,3 75,1 7,0 6,2 0,8 14,0 4,3 16,3 20.6 68,0 6,8 5,8 0,6 13,2 11,7 27,1 38,8 34,0 12,3 9,3 0,7 22,3 13,6 25,7 39,3 56,7 8,5 9,9 0,8 19,2 21,2 43,7 64,3 29,9 23,1 11,1 1,1 35,3 33.9 56,3 90,2 39,1 33,1 10,6 0,7 44,4 51,9 78,6 130,5 34,0 52,0 9,5 0,6 62,1 111,1 129,8 240,9 25,8 79,2 8,5 0,6 88.3 228,1 219,4 447,5 19,7 197,3 6,2 0,7 204,2 446,4 351,0 797,4 25,6 236,5 0,4 236.9 889,4 661,8 1551,2 15.3 354,1 0,8 354,9 989,4 826,0 1815,4 19,5 439,1 0,7 439,8 1494,0 828.2 2322,2 18,9
cipalmente, através da Carteira de Redescontos. Os valôres cons-tantes do QUADRO IV mostram que a relação "Recursos Recebi-dos/Recursos Fornecidos pelos bancos comerciais" oscilou du-rante todo o períoáo considera-do, apresentando, contudo, ten-dência declinante.
o
mínimo da série registrou-se em 1965, provàvelmente de-vido à política desinflacionária do P.A.E.G. (Programa de Ação Econômica do Govêrno). Para Os anos de 1966 e 1967, esta relação passou a 19,5 e 18,9respectivamente, mostrando, to
-davia, que a liquidez do sistema continua sujeita a oscilações in-desejáveis. No mês de julho de 1968, essa relação atingiu 24,2, segundo dados do Banco Cen-tral. Como se vê, em meados de 1968 quase alcançamos o nível de 1964, que foi 25,6. Esta evo-lução favorável indica
preocupa-ção das Autoridades Monetárias em manter a liquidez em nível adequado.
Além dos mecanismos aqui descritos, o aumento das taxas dos depósitos compulsórios e po-lítica cambial foram instrumen-tos adicionais que permitiram essa transferência de crédito do setor privado para o Estado.
Finalmente, os depósitos a prazo, esteio da expansão do cré-dito em bases não inflacionárias,
decresceram continuamente en-tre 1951 e 1964 (ver "Conjun-tura Econômica", dez/68), em têrmos reais. Entre 1965 e 1966, em virtude da permissão conce-dida aos bancos comerciais para receberem depósitos a prazo com correção monetária, êstes pràti-camente dobraram, a preços de 1953. Em 1967 e 1968, esta tendência persistiu, porém me-nos acentuadamente.
Chapas; terro poro construção, Ca 24,50 e 60, chato, cantoneira,
quadrado, Tee yigos, tubos poro todo. OI finl, arome.; cimento
D. F. Bruma
Guanabara: Rio, Realengo. Campo Orande E do Rio: Niterói, Nou
I~açu, Cul . . , Rezende, Teres6polls, C'ampOl S. Paulo: Capital, Cam·
pina., Jundlal, Llmelr/l, PI· r.c:lcaba, Slo Jod do Rio Preto. Rlbelrio Preto, prea Prudente. Marllla. AraR' quara, Soroeaba, Araçatuba PTanc&, Catandu,a, Santo
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