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VARIABILIDADE DA PRECIPITAÇÃO NA AMAZÔNIA: IMPLICAÇÕES SOCIOECONÔMICAS

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Academic year: 2021

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VARIABILIDADE DA PRECIPITAÇÃO NA AMAZÔNIA: IMPLICAÇÕES SOCIOECONÔMICAS

Pedro Alberto Moura Rolim 1, Daniel Meninéa Santos2, Edson José Paulino da Rocha3

RESUMO - Um dos grandes desafios enfrentados, atualmente, pela sociedade e pelo Estado

brasileiro é prever e, conseqüentemente, articular alternativas de monitoramento dos impactos gerados pela ação inevitável e implacável de alguns fenômenos naturais. Na região amazônica, preparar a população para enfrentar grandes secas e enchentes é um dos objetivos de vários estudos de caráter científico. Nesse sentido está pesquisa teve por objetivo entender o comportamento médio da precipitação na região amazônica e avaliar as conseqüências das variações para a sociedade e para a economia, através de estudo de cheias e secas dos rios amazônicos, utilizando dados do Instituto Nacional de Meteorologia e da Coordenadoria Regional de Defesa Civil Amazônia. A análise da climatologia sazonal da precipitação confirmou resultados anteriores (FIGUEROA; NOBRE, 1990; ROCHA, 2001) onde grande parte da Amazônia apresenta dois períodos bem distintos: o de estiagem, com precipitações médias mensais inferiores a 100 mm e; o chuvoso, com médias acima de 200 mm/mês, o noroeste permanece com altos índices

pluviométricos durante todo o ano. Ficou evidente que é preciso evoluir as previsões para curto e longo prazo, para que possam ser tomadas medidas de prevenção pelas instituições responsáveis no auxilio a população, reduzindo os prejuízos sociais e econômicos.

ABSTRACT - One of the great faced challenges, nowadays, for the society and for the Brazilian

State it is to foresee and, consequently, to articulate alternatives of the impacts monitoring generated by the inevitable and implacable action of some natural phenomena. In the Amazonian area, to prepare the population to face great droughts and floods is one of the objectives of several scientific character studies. In that sense this research had for objective to understand the medium behavior of the precipitation in the Amazonian area and to evaluate the consequences of the changes for the society and for the economy, through study of floods and droughts of the

Amazonian rivers, using data from the Instituto Nacional de Meteorologia and Coordenadoria de Defesa Civil Amazônia. The analysis of the seasonal climatology of the precipitation confirmed previous results (FIGUEROA; NOBLE, 1990; ROCK, 2001) where great part of the Amazonian presents two distinct periods: the one of drought, with rainfall monthly average less than 100 mm; and the rainy, with averages above 200 mm/month; the northwest remains with high indexes of

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rainfall during the whole year. It was evident that it is necessary to develop the forecasts for short and long period, so that prevention measures can be taken by the responsible institutions for the aid to the population, reducing the social and economical damages.

Palavras – Chaves: Precipitação, Amazônia.

INTRODUÇÃO

Um dos grandes desafios enfrentados, atualmente, pela sociedade e pelo Estado brasileiro é prever e, conseqüentemente, articular alternativas de monitoramento dos impactos gerados pela ação inevitável e implacável de alguns fenômenos naturais. Na região amazônica, preparar a população para enfrentar grandes secas e enchentes é um dos objetivos de vários estudos de caráter científico.

É importante entender que variações climáticas podem provocar transformações no padrão de tempo, em escala global, afetando o regime dos principais parâmetros meteorológicos (FERREIRA, 2002). A precipitação dentro da região amazônica é um parâmetro meteorológico de grande

variabilidade no tempo e espaço, que está associada à influência de diferentes sistemas de mesoescala, escala sinótica e de grande escala (ROCHA, 2001).

Para entendermos as causas das grandes secas e enchentes, ou seja, precipitações

abaixo/acima do esperado, temos que ter o conhecimento dos fenômenos causadores de chuva na região amazônica. Segundo Rocha (2001) o regime de precipitação da Amazônia é determinado por três principais sistemas convectivos de grande escala e escala sinótica: a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) bem definida nos oceanos Atlântico e Pacífico, a Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) e a Alta da Bolívia (AB) que favorece o cavado do nordeste.

OBJETIVO

Este trabalho teve por objetivo entender o comportamento médio da precipitação na região amazônica e avaliar as conseqüências das variações para a sociedade e para a economia através de estudos de cheias e secas dos rios amazônicos.

MATERIAIS E MÉTODOS

O comportamento médio da precipitação foi definido através das normais climatológicas obtidas no Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) que utilizou dados de precipitação para o período compreendido de 1931 a 1990. Nos anos em que ocorreram extremos atípicos foram

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utilizados dados da Coordenadoria Regional de Defesa Civil Amazônia (CORDEC) para a análise das possíveis causas da anomalia e suas conseqüências socioeconômicas.

RESULTADOS

Climatologia da Precipitação

A variabilidade espacial e temporal da precipitação depende do posicionamento dos principais sistemas convectivos na Amazônia. As Figura 1, 2, 3 e 4 mostram a evolução sazonal da

precipitação.

VERÃO

Figura 1 – Evolução média da precipitação no verão.

A figura 1 mostra acentuadas precipitações no nordeste (600 mm), centro (500 mm) e noroeste (450 mm) da Amazônia que caracterizam o início do período chuvoso determinado pela chegada da ZCIT que coincide com a época de maior ocorrência da ZCAS e AB.

OUTONO

Figura 2 – Evolução média da precipitação no outono.

As regiões de alto índice pluviométrico (litoral leste) no outono estão associadas à posição da ZCIT que se desloca mais para o HN. Percebemos pela figura 2 que a intensa precipitação

prolonga-se até maio principalmente na faixa que vai do noroeste ao litoral nordeste da Amazônia, definindo assim o fim do período chuvoso e conseqüentemente inicio do período de estiagem.

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INVERNO

Figura 3 – Evolução média da precipitação no inverno.

O inverno do HS (figura 3) é a estação mais seca em grande parte da Amazônia, pois a ZCIT desloca-se para o norte, deslocando as fortes atividades convectivas para aquelas regiões.

PRIMAVERA

Figura 4 – Evolução média da precipitação na primavera.

Durante a primavera do HS (Figura 4) há início da atividade convectiva associada à ZCAS (dezembro) no sul e sudeste da região Amazônica, iniciando nestas áreas o ciclo de chuvas.

Existem situações em que o comportamento médio é influenciado por outros fatores que provocam um desequilíbrio atmosférico alterando a distribuição espacial e temporal da precipitação. El Niño – Oscilação Sul, anomalias nas TSMs do Atlântico Tropical, entre outras, são alguns

exemplos de fenômenos que alteram o comportamento médio da precipitação na região amazônica. Para estudarmos esses casos enfocaremos a cidades de Marabá e a seca ocorrida em 2005.

Marabá

Marabá está localizada ao longo do curso do rio Tocantins no sudeste da Amazônia, as cheias são bastante influenciadas pela ocorrência de ZCAS naquela região.

A cheia mais famosa foi a de 1980, considerada a maior da história de Marabá. O rio Tocantins passou para o nível de 17,42 metros, subindo 16,22 metros. Sabe-se que, quando a cota atinge os 12 metros, as partes mais baixas da cidade são atingidas pelas águas. A cheia de 1980 cobriu grande parte da cidade, atingindo a altura do teto do pavimento inferior do Palacete Augusto Dias (Assembléia Legislativa, na Praça Duque de Caxias). A precipitação na bacia do rio Tocantins

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em 1980 foi intensificada pela forte atividade da ZCAS naquele ano que provocou a maior cheia da história de Marabá.

Segundo a Coordenadoria Regional de Defesa Civil em 2006 a enchente deixou 1.700 desabrigados e outros 9.500 desalojados. As conseqüências socioeconômicas atuais são mais evidentes, visto que a população aumentou significativamente em relação à de 1980. A população mais atingida é aquela que constrói residências na planície de inundações dos cursos d’água. É valido lembrar que em 2006 a precipitação esteve dentro da média e poucas vezes acima durante todo o período chuvoso do sudeste Amazônico.

Figura 5 – Cheia de 2006 em Marabá.(Fonte: CORDEC)

Seca em 2005

Antes de 2005 pouca se falava de seca severa nos rios amazônicos, visto que esta região atua como uma fonte de calor latente para a atmosfera; a sua precipitação média anual é de

aproximadamente 2300 mm, com áreas com precipitações superiores a 3000 mm/ano (Figueroa e Nobre, 1990). Diante desse quadro a população, na sua maioria, preocupou-se muito mais com as conseqüências das cheias. Contudo, em 2005 um aquecimento acima do normal nas TSMs do Oceano Atlântico norte iniciado na primavera (HS) alterou a circulação geral da atmosfera, mais precisamente a célula de Hadley, deslocando o ramo descendente para a Amazônia, o que causou inibição da precipitação e conseqüentemente intensificou o período de estiagem na maior parte da região amazônica.

Para quem vive na Amazônia, os rios são as principais vias de transporte, bem como fontes de trabalho, alimento e saúde. Mas, ironicamente, falta de água foi justamente o que enfrentaram os habitantes dessa região. O lado oeste registrou o menor índice pluviométrico dos últimos 60 anos, enquanto a parte leste viveu a pior fase desde 1925.

As principais conseqüências socioeconômicas da seca foram as seguintes: a) diminuição da produção pesqueira em função da mortalidade dos peixes; b) diminuição da produção florestal em

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função da mortalidade de árvores; c) Custos das ações de reabilitação e reconstrução de R$ 5.139.961,70 (Fonte: CORDEC); entre outras.

CONCLUSÕES

A análise da climatologia sazonal da precipitação confirmou resultados anteriores (FIGUEROA; NOBRE, 1990; ROCHA, 2001) onde grande parte da Amazônia apresenta dois períodos bem distintos: o de estiagem, com precipitações médias mensais inferiores a 100 mm e; o chuvoso, com precipitações médias acima de 200 mm/mes. Entretanto, a região noroeste permanece com altos índices de precipitação durante todo o ano, em alguns pontos a máxima de precipitação mensal equivale a mínima de precipitação mensal no noroeste.

Ficou evidente que é necessário aprimorar as informações e previsões para curto e longo prazo, para que possam ser tomadas medidas de prevenção pelas instituições responsáveis no auxilio a população, conseqüentemente haverá uma redução nos prejuízos tanto sociais quanto econômicos. Uma vez que a cheia fluvial é um fenômeno normal e que faz parte da dinâmica dos rios em geral, torna-se necessário uma conscientização por parte da população para que possam evitar que as habitações sejam construídas na planície de inundações dos cursos d’água.

Neste estudo percebeu-se que antes de 2005 a falta de precipitação na Amazônia não era considerada capaz de causar tantos prejuízos sociais, econômicos, ambientais, etc, visto que nos acontecimentos anteriores o desenvolvimento de um modo geral não era significativo como o atual.

AGRADECIMENTOS

À Agência de Desenvolvimento da Amazônia (ADA), Sistema de Proteção da Amazônia (SIPAM) CTO-BE e aos Responsáveis pelo Laboratório de Estudos e Modelagem Hidro-Ambientais (LEMHA/UFPa).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FERREIRA, A G. Interpretação de Imagens de Satélites Meteorológicos: uma visão prática e

operacional do hemisfério sul. 1. ed Brasília: Stilo Gráfica e Editora, 2002.

FIGUEROA, S.N.; NOBRE, C. Precipitations distribution over Central and Western Tropical South America. Climanálise-Boletim de Monitoramento e Análise Climática, v.5, n.6, p. 36-48, 1990. ROCHA, E. J. P. Balanço de Umidade e Influências de Condições de Contorno Superficiais Sobre

a Precipitação da Amazônia. 2001. 210 f. (Tese de Doutorado) - Instituto Nacional de Pesquisas

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