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2016_Qualidade de vida no trabalho a percepção de docentes de escolas da rede estadual de ensino de MS

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Qualidade de vida no trabalho: a percepção de docentes de escolas da

rede estadual de ensino de Mato Grosso do Sul

Luana da Silva Domingues (UFMS) luana.s.domingues@gmail.com Tilexine Lóris Valverde Oliveira Sousa (UFMS) tilexine@gmail.com

Maira Sônia Camacho (UFMS) mairacamacho1970@gmail.com

Wesley Ricardo S. Freitas (UFMS) wesley.freitas@ufms.br

Resumo:

As organizações atualmente vêm sofrendo várias mudanças nos modos de trabalho no intuito de avaliar dimensões da qualidade de vida, a fim de se obter melhorias na área docente quanto para com a instituição. A proposta deste artigo é analisar os processos de QVT nas escolas avançando nos principais pontos considerando as qualidades no âmbito profissional e individual. A metodologia utilizada na pesquisa se destaca como qualitativa e descritiva visto que, foi necessário compreender os fatores que envolvem o QVT do docente no referencial teórico, para maiores esclarecimentos foi utilizado um roteiro de entrevista em que as Professoras relataram sobre o tema. Na análise dos dados as entrevistadas proporcionou à pesquisa a realidade de trabalho ligado aos fatores que causam, interferem e colaboram para o QVT.

Palavras chave: Burnout, Docente, QVT.

Quality of life at work: perception of teachers of schools of the state of

Mato Grosso do Sul

Abstract

Organizations are currently undergoing several changes in working methods in order to assess dimensions of quality of life, in order to achieve improvements in the teaching area as to the institution. The purpose of this article is to analyze the QWL processes in schools advancing the main points considering the qualities in the professional and individual. The methodology used in the research stands as qualitative and descriptive as it was necessary to understand the factors involved in the teaching QVT in the theoretical framework for further clarification was used an interview guide in which the Teachers reported on the subject. In the data analysis the respondents provided the research the reality of working on the factors that cause, interfere and collaborate to QVT.

Key words: Burnout, Teacher, QVT.

1 Introdução

A qualidade de vida se refere ao bem estar individual, realização profissional, lazer, prazer, ambiente e relacionamento profissional saudável. Para o alcance da qualidade de vida devem ser ponderados a estabilidade de emprego, benefícios, o desejo de dar continuidade pela

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satisfação obtida no exercício de sua atividade, entre outros fatores. A ideia do bem estar também requer fatores como, cultura, valores construídos por tradições ou classes sociais (MINAYO, 2000).

Organizações que se dispõem de recursos apropriados e de ambientes que atendem aos requisitos da qualidade de vida, possibilitam aos funcionários estarem satisfeitos pelo que realizam. Nesse segmento, Ivancevich (2008) argumenta que a qualidade de vida no trabalho (QVT) aborda questões que podem favorecer ou interferir, dependendo de como a gestão de pessoas aborda e desenvolve as práticas de QVT para seus funcionários.

Em relação ao trabalho docente, a gestão escolar retrata situações que podem se agravar quando docentes percebem diversas dificuldades no trabalho que outrora não eram perceptíveis e a alternativa é o apoio dos superiores para solucionar tais problemas. O ambiente familiar dos discentes interfere no aprendizado e cabe à escola buscar alternativas para valorizar o trabalho docente por meio de iniciativas que visam o QVT (CARVALHO, 2004).

O prazer por trabalhar é um desafio enfrentado pela massa de trabalhadores dentro e fora das organizações, suas aspirações quanto às idealizações de condições de trabalho se confrontam com a realidade das empresas. Consequentemente, o trabalhador pode não se sentir realizado no ambiente de trabalho se a organização conceder imposições ao chefe que não estimulam as habilidades e conhecimentos do indivíduo voltados para o trabalho, outros pontos da QVT se comprometem quando as rígidas normas se sobressaem nas atividades deixando o trabalhador frustrado (SILVA; MAFRA, 2014).

Para Farias et al (2008), dentro dos recursos humanos a qualidade de vida no trabalho não pode ser abordada apenas sob um único aspecto pois, considerar o ritmo de trabalho aliado às medidas de programas que proporcionam a QVT, resulta na saúde para com o trabalho como garantia para continuar exercendo a profissão.

Diante do exposto, surge a questão de pesquisa: Qual a qualidade de vida dos docentes em uma escola estadual do interior de Mato Grosso do Sul? Quanto aos objetivos da pesquisa destaca-se o objetivo geral: Identificar os processos e os meios da qualidade de vida no ambiente de trabalho. E os objetivos específicos são: a) analisar o ambiente de trabalho, b) identificar os aspectos negativos e positivos para o bem estar do funcionário e c) demonstrar melhorias para a organização. Esta pesquisa demonstra a percepção de alguns professores, em relação à precariedade que a educação sofre no Brasil, com suas angústias, tensões, carga horária, seu psicossocial no decorrer do dia a dia.

O trabalho está dividido em 4 seções, além da introdução. Na seção, 2, apresentou-se a fundamentação teórica, discutindo os conceitos de qualidade de vida no trabalho no âmbito geral e educacional; Na seção 3, os procedimentos metodológicos; Por fim, os resultados e as discussões na seção 4 e na seção 5 as considerações finais.

2 Fundamentação teórica

2.1 Qualidade de vida no trabalho

A abordagem sobre QVT ocorreu pela primeira vez no início da década de 1970, por Louis Davis que inicialmente retratou contextos simples. A partir de então, os estudos foram ocorrendo heterogeneamente e com diferentes dimensões. Compreende o domínio do indivíduo sobre suas tarefas, liberdade para argumentar, concretizar atividades de acordo com conhecimentos teóricos e práticos, possibilidades de troca de conhecimentos entre os colegas, delegar iniciativas para contornar desafios, ter possibilidade de carreira na organização,

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responsabilidades diferentes no trabalho, considerações transparentes no ato de nomear, harmonia proporcionada pelo trabalho entre estado emocional e ocupação laboral compõem o quadro de questões que discutem a qualidade de vida (BOAS; MORIN, 2014).

Segundo Dutra (2008) existem oito critérios para estabelecer o QVT na organização, que são: estabelecer estrutura e condições de saúde e segurança, ter percepção sobre o desenvolvimento do indivíduo, obter oportunidades para o crescimento do funcionário, criar meio de integração social, compreender a importância sobre essa integração ao funcionário, ter métodos de interagir sobre os processos e suas responsabilidade no trabalho, mostrar caminhos para melhoria e adequação para o processo envolvido e destacar sua confiança para tal com autonomia no comprimento de suas obrigações.

Em certos períodos de tempo as fases são perceptíveis ficando sob análise aspectos econômicos oferecidos e, se atingem ou não as expectativas, se o trabalho oferece requisitos essenciais que resulte em qualidade no serviço, se concede liberdade ao profissional a executar seus conhecimentos, se proporciona estrutura para se desenvolver o profissionalismo, interação ou isolamento entre colegas de trabalho, o respeito com a vida fora do local de trabalho e o prestígio pelo que realiza formam o conjunto de situações consideráveis sobre QVT (FARIAS et al, 2008).

Boas e Morin (2014) consideram que os funcionários tendem a identificar as particularidades onde trabalharam e compará-las onde trabalham atualmente formando as percepções sobre o assunto. Outro ponto fundamental a ser comparado, segundo o autor, se concentra no reconhecimento diante de resultados dos funcionários, pois pode comprometer o desempenho esperado pelo superior, no caso do docente, os coordenadores e diretores.

Domasceno et al (2008) discorda de Dutra (2008), argumentado que para almejar uma boa qualidade de vida existem sete pilares: alimentação, práticas de esportes, dormir oito horas por dia, o trabalho, sexualidade, âmbito do lazer e a afetividade. A figura 1 sintetiza a ideia do autor:

Fonte: Moreira e Goursand (2005) apudDomasceno; Santos; Santos; Monçã; Miranda, (2008) Figura 1: Requisitos para QVT

2.2 Qualidade de vida no âmbito educacional

Farias et al (2008) relata que o professor inicia o trabalho com carga horária moderada, no entanto, todo profissional tem ambição econômica e, trabalhar em escolas diferentes propicia um salário favorável, isto é, mais volumoso. Para Boas e Morin (2014) essa demanda de atividades que o trabalho impõe afeta a saúde mental dos docentes, inibe capacidades futuras, distancia-o da entrega de resultados na aprendizagem por sentimentos de impotência e cansaço. Logo, os atributos que compreendem o modo de trabalho do sistema educativo

Qualidade De Vida

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direcionam negativamente sentimentos de desinteresse.

Comportamentos adversos à disciplina em sala de aula decorrem de várias causas. Carvalho (2004) retrata de modo sucinto o quanto o trabalho do professor fica debilitado quando os pais em casa se desinteressam pelo trabalho de um profissional que se estende às famílias, quando deveria incentivar o aluno ao lado dele criando uma rotina de estudos. Partindo desse pressuposto, o trabalho do docente se desenvolve sem sobrecarga, cansaço e provocações indevidas de alunos.

A qualidade de vida do docente se associa a indisciplina e violência discente que, segundo Prado (2011), esse profissional da educação pode participar ou gerar. Por vezes, a busca dos motivos da indisciplina pelos docentes é ignorada, pois se julga inútil. Auxiliaria, no entanto, em soluções a fim de cessar comportamentos contrários se com o apoio da instituição, ouvindo mais, como outro comportamento educativo que deve oferecer, medidas corretivas sobre o próprio sistema escolar, normas e regimentos seriam revistos a partir da indisciplina, em contrapartida com o autoritarismo antagônico.

Cobranças constantes e brutalidades dos discentes causam o cansaço físico e mental, levando a Síndrome de Burnout, gerada após longo período se sentindo pressionado para atender a demanda de serviços. A síndrome também possui dimensões diferentes, inclusive os problemas citados aqui que afetam sua qualidade de vida. A violência só retrata a falta de medidas das escolas em resguardar seus princípios, uma vez que permite diversidades sociais, econômicas, culturais e políticas entrarem em conflitos no ambiente do docente (SILVA; HONÓRIO, 2011).

É bem evidente que, se o trabalho não suprir as variáveis essenciais para atingir a qualidade de vida adequada, tais incluem, no quadro pessoal, necessidades básicas, no quadro social, o estímulo de interagir, no quadro ambiental, o favorecimento de ter realização profissional segundo o respaldo escolar, os professores estarão numa frequência cada vez maior de desestímulo e com isso acabam desistindo do trabalho, mudando de profissão devido ao desgaste físico e emocional que muitos podem estar vivenciando ou estarem propensos a tê-las (FARIAS et al, 2008).

Como se não bastasse os obstáculos enfrentados no ambiente de trabalho diariamente pelos professores, o cansaço ganha força por se estender fora das escolas, ao passo que seu trabalho oscila quando há novas eleições políticas. Planejar aulas que sejam compatíveis com certa classe passa longe de receber apoio do governo. Não abrindo caminhos para o recurso precioso se desenvolver no trabalho, aplicando conhecimentos específicos, aumentam as chances do serviço oferecido resultar na formação de má qualidade (FARIAS et al, 2008). Deste modo, Carvalho (2004) informa que o trabalho do profissional da educação se desenvolve com qualidade por questões de cultura e classe na educação privada, pois, os pais, ao investirem nos filhos, veem a necessidade do retorno financeiro na aprendizagem. Portanto, se preocupam em estar presentes na vida escolar, sendo este aspecto o reflexo de fatores que possibilitam a continuidade do trabalho em sala e a satisfação do professor pelo que realiza.

Considerando a exposição do professor diante de limitações no seu trabalho, numa frequência diária, a exaustão se estabelece aos poucos afetando sentimentos diversos como de incapacidade e de estar preparado a exercer suas habilidades, porém, o sistema, com sua voz de poder, oprime inocentemente o talento da sociedade afetando o emocional desse profissional que comumente dificulta seu bem-estar no próprio lar devido aos problemas de saúde que podem ou não serem percebidos e ocasionados pelo trabalho (FARIAS et al, 2008).

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Ministrar aulas no ensino fundamental e ensino médio é motivo de preocupação, estresse e afastamento das salas por meio de licenças médicas, visto que, trabalhar com crianças e adolescentes é entender a complexidade diária enfrentada por eles. Há docentes que não se importam com a magnitude dos reais problemas que enfrentam em casa, na rua, pela mídia, pressão social, escolar e outros diversos que não conseguem refletir trazendo para a escola tais comportamentos que desapontam professores e estes, sem controle da situação, permitem o descontentamento no trabalho (ROSA, 2013).

Na fase inicial da carreira do professor, Farias et al (2008) pondera que o docente passa por momentos de intranquilidade quanto ao foco em desenvolver uma carreira na busca de estabilidade. Frisar as fases dessa carreira envolve presenciá-las e colher informações sobre a qualidade de vida (QVT) na concepção individual sobre o trabalho que, diferentemente do ingressante na área, o profissional com experiência consegue ponderar com clareza se diversas situações no trabalho correspondem com seus princípios sobre QVT além de, continuar ou mudar de profissão. Portanto, a afirmação de Polizzi e Claro (2015) coincidem quando destacam que a qualidade de vida percebida no trabalho é o reflexo do turnover na esfera educacional.

Em contrapartida, o ensino público tenta como pode promover a aproximação dos pais para a solução de conflitos, carência, dificuldades, entre outros fatores desfavoráveis ao cumprimento didático, podendo levar à exaustão devido a sérias cobranças oriundas da Direção, Coordenação, dos próprios pais, estado e município, por transparecer impotência do corpo docente pelo trabalho que executa e não ter respaldo nas dificuldades que enfrentam pelo conjunto de profissionais ao qual está subordinado (CARVALHO, 2004).

3 Procedimentos metodológicos

Quanto ao tipo de pesquisa, se caracteriza como descritiva. Segundo Bertucci (2010) a descrição quando em grupo, possibilita a análise das respostas dos participantes para surgimento de novas ideias a serem discutidas, pois ampliam o aprendizado.

A abordagem da respectiva pesquisa é qualitativa. Para Godoi, Mello e Silva (2010) a finalidade é a aproximação através de alegações de entrevistados, a fim de entender referencial teórico e análise de dados por meio das características apresentadas, facilita observações para análise de respostas opostas ao referencial. De acordo com Dias e Silva (2010), a pesquisa direciona a segmentos característicos que embasam a qualidade das informações, os quais se destacam as observações, entrevistas e questionários.

Quanto ao instrumento da coleta de dados foi utilizado um roteiro de entrevista. Para Yin (2010) foi utilizada por meio de coleta de dados, entrevista, questionários e gravador para obter uma interpretação real dos fatos abordados. Segundo Marconi e Lakatos (2009) as abordagens são realizadas por professores contratados e efetivos sobre suas satisfações e insatisfação através de questionários realiza a descoberta de sua função real ajudando aos pesquisadores a realiza um estudo de caso no qual identifica QVT no seu âmbito de trabalho e suas melhorias. Foram entrevistadas duas professoras, a primeira identificada como A, é docente no Ensino Fundamental e Ensino Médio e a segunda identificada como B, docente no Ensino Médio, Fundamental e EJA, ambas trabalham no turno matutino e noturno em escolas estaduais e municipais na cidade de Paranaíba. A entrevista foi realizada no mês de Setembro de 2016. O roteiro de questões foi elaborado a partir de assuntos não compreendidos na fundamentação teórica no momento da mesma e outras com o intuito de estudá-las a fim de complementação. O roteiro foi composto por oito perguntas que retratam a QVT no âmbito educacional e nas dependências correlacionadas ao trabalho.

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Sobre o tratamento dos dados, aborda-se a análise de conteúdo. As informações obtidas de entrevistas e gravação os permitiram obter transcrição de materiais coletados através de referencial teórico.

4 Resultados e Discussões

Quando questionadas se o trabalho estimula as relações sociais afirmaram que “dentro da escola sim, fora, não”. Sobre a realização profissional, as duas professoras argumentaram a satisfação profissional com a completude do ciclo educacional “sim, nosso trabalho torna-se

gratificante quando notamos que os alunos ao saírem da escola cursam uma universidade, vão para o mercado de trabalho”.

Para a Professora B “o fator negativo decorre de alunos com potencial jogarem a vida “fora”, isto é, desperdiçarem a oportunidade por qualquer motivo, inclusive, entrando no mundo das drogas, da bebida, na criminalidade, outros precisam trabalhar muito cedo e abandona os estudos”. Para a Professora A, “no Ensino Fundamental, os menores tem problemas

familiares, vem de família desestruturada e implica no processo de aprendizado da criança, recai então sobre o professor esforços para que o aluno consiga acompanhar o desenvolvimento da turma”.

A satisfação pelo trabalho foi claramente observada, mesmo diante de grandes dificuldades enfrentadas, são superadas pelo orgulho de suas atribuições impactarem na formação dos discentes. Farias et al. (2008) aborda que as relações sociais dentro e fora do ambiente escolar completam circunstâncias da qualidade de vida que o trabalho tem a oferecer, suprir despesas individuais e estar satisfeito pelo que faz são também preceitos da qualidade de vida que a escola propicia para reter os docentes. Para Dutra (2008), sentir-se valorizado onde trabalha por superiores, ter acesso à rede de contatos e exercê-las no local de trabalho com possibilidades de estendê-la no meio social concretiza o ânimo de permanecer com suas atribuições.

Sobre a responsabilidade sobre o aluno e o papel dos pais em relação ao acompanhamento escolar da criança e/ou adolescente, a Professora A respondeu com tristeza explicando a ausência da participação da família “é uma ação contínua, nós necessitamos do apoio

familiar, do apoio do responsável porque a escola perpassa os muros, precisa ser contínuo na sociedade, e se não há essa junção, reflete no nosso trabalho, que fica sobrecarregado e desqualificado por não poder realiza-lo plenamente”. A Professora B relata que “ao expor as situações os pais negam, dizem que só acontece na escola. Isso gera muitos conflitos, inclusive com agressões verbais, em que os pais comparam um professor com o outro e a gente fica pensando: será que só acontece comigo?”.

Carvalho (2004) descreveu a realidade das emoções dos professores com transparência quando os pais não se importam em impor uma rotina de estudos para os filhos. A atenção não concedida pela família em casa se torna o reflexo de carências percebidas na escola em diferentes graus, até mesmo na indisciplina.

Sobre as implicações de reuniões de pais e mestres no seu trabalho, a Professora B explicou que “a falta de compromisso da família, a escola muitas vezes assume um papel paternalista,

o professor também assume esse papel paternalista, coisa que não é dele, então, ele tenta resolver, gerando uma sobrecarga muito grande sobre o professor e a escola. Muitas vezes o que a gente pode estar recebendo daquele aluno, seu aprendizado em sala, é o que ele pode estar dando e o que a gente pode estar esperando dele devido à ausência dos pais no acompanhamento escolar no lar, a partir disso, sem bons estímulos em casa, não dá pra gente trabalhar muito além elaborando novos conteúdos para enriquecer a grade curricular

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da classe, mas a gente pensa na melhor forma porque se não fizermos a nossa parte como é que vai ficar né?”.

Dispor um dia ou período de seu tempo para repassar aos pais informações de seus filhos não é uma tarefa fácil, ainda mais que sua solicitação à escola é o reflexo do desinteresse em educar adequadamente o filho a fim de se comprometer com o aprendizado e disciplina não apenas dentro do ambiente escolar, mas na sociedade. Desconhecer as consequências da aproximação nas lições de casa é não valorizar o trabalho docente.

Portanto, Carvalho (2004) mencionou o acolhimento dos pais em reuniões escolares para explicarem as condições escolares dos filhos de modo que, os professores tem dificuldades na concretização da ementa. No caso das professoras entrevistadas, não se sentem impotentes embora às cobranças do sistema educativo sejam presenciadas. As cobranças são evidenciadas no ato das reuniões, pois o insucesso em sala pede maiores esclarecimentos na presença dos pais a fim de justificarem o insucesso dos alunos no processo de ensino aprendizagem.

Foi perguntado às Professoras sobre a interferência do governo na grade curricular e se compromete a qualidade segundo seus conhecimentos. “Não chega a comprometer, mas

dificulta, não compromete porque atrelado à grade curricular do governo a gente coloca muitos outros currículos em funcionamento, o trabalho é contínuo, consegue conciliar os dois fatores e não é autoritarista”, resposta da entrevistada A. A entrevistada B afirmou que “nós

tentamos adequar a grade curricular com a realidade do aluno, prova disso está na educação para jovens e adultos (EJA), então eles vem para a escola esperando uma coisa, com uma bagagem muito grande e o que está no referencial não é tão importante pra vida dele por isso a gente tenta adequar”.

Sob as percepções relatadas das professoras não favoreceu as indagações de Farias et al (2008) ao criticar o modo que o governo impõe as atividades aos docentes impossibilitando-os de aplicar seus conhecimentimpossibilitando-os e se sentirem reconhecidimpossibilitando-os em suas habilidades. Desse modo, pode-se verificar que a ementa do governo serve mais de apoio, para direcionar os professores no que acrescentar ou retirar de conteúdos ministrados em sala de aula. Ajuda os recém-contratados a desenvolver, se empenhar, planejar conhecimentos na didática. Sendo esses fatores contribuintes para o QVT as professoras de acordo com Polizzi e Claro (2015) estão sendo atendidas em quesitos consideráveis na qualidade do trabalho não dando espaço à rotatividade de sua função.

Sobre a indisciplina, fator que afeta a qualidade de vida do professor, a Professora B explica que “a indisciplina afeta muito a qualidade de vida do professor, pois muitas vezes é

desrespeitado em sala de aula, desacatado o tempo todo, isso gera uma frustração”. “Muitos têm síndrome do pânico, desenvolvem vários tipos de depressão, e interfere porque muitos professores tem um grande conhecimento, mas com esses fatos faz com que ele fica travado, pois chega cheio de gás pra dar aula, mas tem tanta indisciplina que não consegue passar isso à diante, sai frustrado daqui”. “Faz a gente ver que eles não querem aprender, então a gente vai ficar buscando sempre o quê se eles estão muito mais preocupados com a indisciplina do que estar questionando o professor, não aproveitam professores que tem grande conhecimento”.

A Professora A argumentou que “de dentro da própria sala de aula, ensinando o conteúdo,

você dispersa o conteúdo para chamar a atenção da sala e prejudica o aluno que está querendo informação, então em função de um, a classe inteira fica prejudicada”. “A indisciplina pra mim é o fator decisório para o conhecimento, é o que mais prejudica e interfere na qualidade de vida do professor”. A Professora B complementa “e para reverter o quadro de indisciplina a gente busca sempre o apoio da Direção, Coordenação, da família e

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que muitas vezes não tem o respaldo que deveria ter ou às vezes, a gente até tem resposta, mas não consegue o resultado que a gente pretende”.

Ainda em relação à indisciplina, em nenhum momento as entrevistadas relataram que realizaram conversas com os alunos indisciplinados para obter respostas mais concisas sobre o real comportamento, pois angustia tanto o docente que não consegue direcionar o foco para um possível diálogo, tarefa que também não é sua.

Mas para Prado (2011) a indisciplina pode decorrer de vários fatores, inclusive àqueles internos da instituição, neste caso, caberia ao professor ouvir o que aflige o aluno e reportá-las à Direção. Se o papel for mais ouvinte que crítico, pode ter novidades nas aulas porque o aluno pode não estar cansado do conhecimento dos professores e sim em como o sistema escolar se impõe a ele, portanto, tentar contornar permitiria o QVT. Contribuirá no alcance de outros pilares, para Dutra (2008) a qualidade de vida incide na autonomia do trabalhador em solucionar os problemas, reparar erros, criar relações que possibilitem troca de conhecimentos com os discentes a fim de ter saúde e autoconfiança. E para Rosa (2013), se os docentes percebessem os discentes como pessoas complexas e a partir disso compreendessem as causas dessa complexidade não se afastariam da realidade deles, não teriam receio de ministrar as aulas, visto que estariam cientes da magnitude da compressão de ideias e situações dentro e fora da escola que os discentes não conseguem ponderar sozinhos.

Quando questionadas se a organização demonstra interesse em implantar sugestões, ambas as Professoras disseram “sim, é sempre muito bem negociado”. A explicação da Professora A foi concordada pela B, “a gente faz reuniões, a gente expõe nossas angústias, um dá uma

sugestão pro outro e sempre de mãos dadas, a formação continuada, que são as reuniões, a gente debate e discute pra estar revertendo o quadro de aprendizagem do aluno”.

As reuniões são fundamentais no trabalho das professoras, aprimora a qualidade do trabalho e reduz impactos negativos em suas vidas por meio das relações de troca de experiências e apoio oferecido na circunstância da reunião. Logo, Boas e Morin (2014) abarcam temas da qualidade de vida no trabalho que permeia nas reuniões das professoras, tais como, suas atividades em sala lhes dão autonomia de realização, reuniões que possibilitam expor diversos contextos de sua realidade e discuti-los, aplicar conhecimentos e trocá-los entre os docentes e permissão para enfrentar os desafios.

As Professoras foram interrogadas sobre o período de férias e a diferença de carga horária entre contratadas e efetivadas e afirmaram que “a carga horária é a mesma, o que acontece

com o contratado é que quando acaba os dias de aula letivos perde-se o contrato definitivo”.

Boas e Morin (2014) relatam os problemas que os profissionais sofrem no âmbito educacional em questão da falta de estrutura por falha no governo desencadeando fatores tanto para os profissionais como para os alunos, causa cansaço mental e falta de desinteresse dos alunos. Para Silva e Mafra (2014) a falta de interesse do governo causa um grande retrabalhado dos profissionais, pois eles precisam adaptar as condições para transferir seus conhecimentos e idealizações aos alunos, realizar trabalhos na sala de aula com outros recursos que pode até confrontar com as grades imposta à instituição.

Nota-se que o professor passa pela dificuldade em sala, na estrutura do trabalho e sem boas perspectivas no salário, pois, o término do contrato nem sempre permite realocá-lo em outras funções na escola o que o deixa excluído da educação, visto que, o concursado possui estabilidade econômica, capacidade de manter relações sociais, lazer, necessidades da família, portanto, há dicotomia não pelo o que realiza no ambiente de trabalho, mas em como a educação pública distingue e impacta na qualidade de vida do professor. Considerando a evasão desse profissional do ensino, as melhorias salarias precisam ser ajustadas para o

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docente, dessa forma estará valorizando seu trabalho após problemas, dificuldades que enfrentam assim o ajuste seria recompensador.

5 Considerações Finais

O objetivo da pesquisa foi reunir os principais fatos abrangentes da qualidade de vida do professor e estudá-los com o apoio da literatura e das professoras entrevistadas. Constatou-se que o processo para se alcançar boa QVT é contínuo e depende da flexibilidade do docente em meio às situações conflituosas para não permitir que impacte negativamente em sua vida profissional e pessoal. O ambiente de trabalho mesmo não favorecendo as vontades do docente para o sucesso laboral devido as variáveis de alunos e estrutura escolar se perde nas motivações que oferece quando os alunos conseguem progredir na aprendizagem, a estabilidade no emprego quando se é concursado e desenvolver relações sociais.

A proposta deste artigo foi identificar o problema real que as escolas enfrentam sobre a má qualidade de vida que os docentes sofrem em relação às falhas governamentais. Desencadeia vários fatores prejudiciais à saúde quando o QVT não é presenciado. Portanto, a sugestão que fica é a criação de um departamento de pesquisa e projeto dentro da escola formada por docentes, a fim de realizarem pesquisas voltadas a melhorias dos fatores que envolvem o QVT, de forma a intervir nos impactos negativos apresentados no trabalho. Ter o departamento formado pelos professores que estão impossibilitados da sala por problemas como o Burnout, depressão, estresse entre outros, seria um estímulo a se envolver na pesquisa e ajudar outros docentes em sala.

As entrevistadas conseguem no dia a dia conciliar a carga pesada do trabalho com aspectos da qualidade de vida no trabalho e sua vida individual de forma que haja um equilíbrio entre as particularidades e o todo, portanto, lhe dar positivamente com as circunstâncias vivenciadas não dá espaço a possíveis síndromes como a de Burnout, que na qual as professoras não enfrentam ou não relataram sintomas para maiores explicações. A síndrome de Burnout limitou a pesquisa, pois as professoras não sofriam com a doença o que não nos permitiu estudá-la criteriosamente sob a análise dos autores na fundamentação teórica. As questões salariais foram pouco relatadas pelas entrevistadas dificultando compreender as reais diferenças entre o concursado e o contratado. Sugere-se com o apoio dessa pesquisa para futuras pesquisas retratarem o Burnout como fator que afeta sua qualidade de vida, motivos que desencadearam a doença e o posicionamento da escola. Também os sentimentos dos docentes quanto às questões salariais e como favorece ou não a QVT.

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