Igor Macedo Quintanilha
Roberto de Moura Estevão Filho
Sensores de nível
UFRJ, Brasil
Igor Macedo Quintanilha
Roberto de Moura Estevão Filho
Sensores de nível
Universidade Federal do Rio de Janeiro Escola Politécnica
Departamento de Engenharia Eletrônica e de computação Instrumentação e Técnicas de Medidas
UFRJ, Brasil
2013
Lista de ilustrações
Figura 1 – Sensor de Nível Tipo Bóia . . . 13
Figura 2 – Sensor de Nível Tipo Bóia Magnético Vertical . . . 14
Figura 3 – Modelo básico do sensor. . . 15
Figura 4 – Modelo para o cálculo da capacitância. . . 16
Figura 5 – Diagrama de blocos do circuito de medição. . . 17
Figura 6 – Medidor de nível ultrassônico para detecção de nível. . . 19
Figura 7 – Diagrama de blocos do circuito de medição. . . 20
Lista de tabelas
Tabela 1 – Especificações dos sensores da série LS-7 da Gems Sensors&Controls. . 14
Tabela 2 – Tabela com informações de sensores capacitivos comerciais. . . 17
Tabela 3 – Tabela com informações de sensores ultrassônicos comerciais. . . 21
Sumário
Introdução . . . . 9
1 Tipos de sensores de nível . . . 11
2 Medidores de Nível Tipo Bóia Mecânico ou Magnético . . . 13
3 Medidores de nível capacitivo. . . 15
4 Medidores de nível ultrassônicos . . . 19
5 Medidores de Nível Magnetostritivo . . . 23
Considerações finais . . . 25
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Introdução
Este documento trata de sensores de nível, seus princípios de funcionamento e aplicações. Sensores de nível medem o nível de substâncias que fluem, sejam estas substâncias líquidas, pós ou sólidos granulares. Sua medição se dá em detecção de nível, onde há um sinal que aponta se a substância está acima ou abaixo de um limiar, ou medição contínua, onde, dentro de uma faixa de operação, o nível exato é mensurado.
O tipo de sensor a ser usado na aplicação depende de uma série de fatores, entre eles: estado físico do material, alguns sensores são mais adequados para medição de líquidos, enquanto outros tem melhor aplicação na medição de sólidos granulares ou pós; temperatura, alguns sensores são mais sensíveis a temperatura, sendo aplicáveis em ambientes controlados ou com poucas variações, além disso, para medição de substâncias com temperatura extremamente altas (aço fundido, por exemplo) é recomendado o uso de medidores sem contato; pressão, vários medidores não são adequados para operação em pressões altas, seja diferencial ou absoluta, e por isso, não devem ser aplicados em tanques pressurizados ou vácuo; composição química, compenentes abrasivos e/ou corrosivos podem apresentar desafios para medidores de contato, necessitando de escolha criteriosa de revestimentos; a constante dielétrica do material também deve ser levada em conta, principalmente para medidores capacitivos, já que a medida é diretamente proporcional a esta; a densidade, principalmente em sensores com flutuadores onde a bóia deve flutuar de forma satisfatória para uma medida com boa confiabilidade. Além disso, a escolha do medidor pode envolver outras restrições, como o preço, a facilidade de instalação, manutenção e calibração.
De forma geral, os medidores contínuos apresentam saída em corrente de 4-20mA, sendo 4mA o menor nível e 20mA o maior nível a ser medido. Desta forma, o medidor deve ser calibrado para o vaso a ser utilizado e a escala é interpretada pelo dispositivo, como um CLP (Controlador Lógico Programável). Os medidores de nível, no geral, possuem uma saída para o acionamento de um relé, que provê a tensão necessária para o acionamento do equipamento ligado. Além disso, sensores com microprocessadores podem se comunicar com outros dispositivos, como computadores, e fornecer opções de configuração, monitoramento e ajuste.
O próximo capítulo descreverá brevemente variados tipos de sensores e algumas de suas vantagens, desvantagens e aplicações. Então, quatro sensores, especificamente: sensores tipo bóia, capacitivo, ultrassônico e magnetostritivo, serão exposto em mais detalhes. Estes foram escolhidos devido a sua ampla gama de aplicações, seu custo-benefício, sua precisão e/ou popularidade.
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1 Tipos de sensores de nível
Neste capítulo são listados os principais tipos de sensores de nível de líquidos, tanto de detecção de nível, como de medição contínua, além de suas principais características. São eles:
a) Bóia de ação magnética ou mecânica são simples, confiáveis e baratas. Sua melhor aplicação é na detecção de nível pois não tem boa acurácia. Mais detalhes são descritos no Capítulo 2.
b) Pneumática: Bons para detecção de nível de materiais com alta viscosidade e para lugares onde o uso de eletricidade é restrita, como ambientes com atmosfera explosiva. É uma técnica barata e robusta. Produtos comerciais: Série 1500 (SOR), NLS (APG).
c) Capacitivo: São capazes de operar com grande variedade de líquidos e sólidos com boa precisão e com faixa de operação de pressão e temperatura bastante altos. No entanto, o tubo da sonda deve ter comprimento parecido com o da altura do vazo, o que pode ser extremamente desvantajoso, e muitas vezes invíável, para vazos bastante altos. Mais detalhes no Capítulo 3.
d) Ultrassônico: É um sensor bastante popular pelo seu custo-benefício. É possível obter valores bastantes precisos por um preço bastante baixo. Além disso, por ser um medidor sem contato, pode ser usado para materiais corrosivos, de alta viscosidade ou de altas temperaturas. Não deve, novo entanto, ser usado em casos em que há espuma ou vapor, já que o sensor não opera bem nestas condições. Detalhado no Capítulo 4.
e) Microondas: Este medidor é capaz de operar em ambientes com vapor, poeira, além de pressão e temperatura extremas (metal fundido e gases liquefeitos). Seu bom desempenho, no entanto, vem atrelado a um alto preço e montagem complexa. Ultimamente, os preços tem caído consideravelmente, e ele já pode ser usado no lugar de ultrassônicos de longa distância. Produtos comerciais: série VEGAFLEX 80 (VEGA)(1), MicroTREK (NIVELCO)(2)
f) Magnetostritivo: Medidor de precisão muito alta, usado em transações comerci-ais, como na indústria de combustíveis. Também é usado na indústria química. Descrito no ??.
g) Borbulhador: É usado quando ultrassônico, bóia e microondas não foram bem-sucedidas. É uma boa escolha para medição em áreas de risco, já que não usa eletricidade. É uma técnica “auto-limpante”. Produtos comerciais: 12259 DS (Digital Control Company)(3), SITRANS P DS III (Siemens) (4).
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2 Medidores de Nível Tipo Bóia Mecânico ou
Magnético
Nesse tipo de sensor, a bóia move de acordo com a superfície da água, indicando assim, o nível. A medição pode ser tanto contínua, gerando um sinal analógico ao variar a resistência da haste que segura o flutuador, por exemplo, quanto discreta, simplesmente detectando um limiar, como em uma caixa d’água como mostra a Figura 1.
Figura 1 – Sensor de Nível Tipo Bóia
Exemplo de um sensor de nível do tipo bóia discreto. Ao passar por um certo limiar, a chave ativada.
Sensores de Nível do Tipo Bóia Magnético podem funcionar tanto na horizontal quanto na vertical. Na horizontal, atuam de maneira similar como citado acima, mas o fechamento do contato ocorre com a aproximação de um campo magnético. Já um flutuador magnético vertical (5, Series: LSF400) é comumente colocado no topo do tanque e a bóia é instalada sob uma mola, que ao ser tencionada, resulta em um movimento vertical tanto do núcleo quanto da haste, levando o magneto para fora, retirando o contato com a chave (Figura 2). Como a medida é feita diretamente, o material para o flutuador e a haste deve ser escolhido para que aguente a temperatura, composição química e a pressão de trabalho, como pode ser visto na Tabela 1 (6). Outro fator importante a ser considerado é a densidade da bóia, que deve ser menor que a do líquido para poder flutuar, além disso a viscosidade do líquido deve ser levada em conta, pois quanto mais viscoso o fluido e dependendo do material escolhido para ser o flutuador, maior será a alteração de sua densidade ao longo do uso, descalibrando o sensor.
As aplicações do sensor de nível mecânico do tipo bóia estão nos mais variados setores do mercado: medição de nível da gasolina do veículo (7), caixa d’água, monito-ramento de vazamentos/enchimento, determinação do limiar entre interfaces água/óleo, entre outros. Como principal vantagem, esse tipo de sensor opera em uma grande gama de
14 Capítulo 2. Medidores de Nível Tipo Bóia Mecânico ou Magnético
Figura 2 – Sensor de Nível Tipo Bóia Magnético Vertical
Exemplificação do funcionamento do LSF400
líquidos, inclusive corrosivos, além do mais, são simples e apresentam baixo custo. Como desvantagem, esse sensor não pode operar em fluidos que possuem metais (no caso do magnético) ou que são altamente viscosos.
Tabela 1 – Especificações dos sensores da série LS-7 da Gems Sensors&Controls.
Tipo de Montagem Materiais Mínima Densidade do Líquido Temp. Pressão Máxima de Operação
3 Nylon 0.65 -40oC até +121.1oC 6.8 bar @ 20oC
3 Polipropileno 0.55 -40oC até +107.2oC 6.8 bar @ 20oC
12 Noryl 0.8 -40oC até +107.2oC 6.8 bar @ 20oC
Fonte: Gems Sensors&Controls
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3 Medidores de nível capacitivo
Medidores de nível capacitivos se utilizam da variação da capacitância obtida entre a sonda do medidor e a parede do vaso, que agem como as placas do capacitor. Um sonda de referência pode ser usada ao invés da parede do vaso, por exemplo, quando as paredes do vaso não são condutoras. Sabendo que a capacitância C é diretamente proporcional à área das placas A, à constante dielétrica do material entre as placas ε e inversamente proporcional à distância d entre elas:
C = εA
d , (3.1)
podemos calcular o nível do corpo no vaso a partir da capacitância, causada pela variação da constante dielétrica devido ao aumento do nível do material a ser medido.
Os medidores capacitivos podem ser utilizados em uma grande gama de aplicações, entre estas, medição de líquidos condutivos e não-condutivos, com variadas densidades, além de poder operar em condições de alta temperatura e pressão e, com a escolha correta do material da sonda, podem operar em ambientes corrosivos. O medidor também não tem partes móveis e é de fácil manutenção. No entanto, o acúmulo de material na sonda pode acarretar em erros na medição, e materiais com constantes dielétricas muito altas necessitam de um isolamento na sonda, de teflon, por exemplo, para evitar um curto entre a sonda e o terra. Quanto maior a constante dielétrica do material, melhor será a medida. Materiais com constantes dielétricas extremamente baixas, como vidro, plásticos e materiais com densidade muito baixa, ou seja, com grande quantidade de ar entre suas moléculas, terão melhores resultados com outros medidores. A grande limitação dos medidores capacitivos se dá ao fato de que a haste da sonda deve se estender até o fundo do tanque, o que inviabiliza seu uso em tanques muito altos. Neste caso, medidores sem contato são os mais indicados.
De forma mais detalhada, podemos analisar o funcionamento do medidor a partir Figura 3 – Modelo básico do sensor.
16 Capítulo 3. Medidores de nível capacitivo
Figura 4 – Modelo para o cálculo da capacitância.
daFigura 3. A capacitância resultante é a soma das capacitâncias do vapor, ou ar, e do líquido. Considerando, por exemplo, sonda e vaso cilíndricos, temos uma relação similar à capacitância de um cabo coaxial, que pode ser calculada como:
C = 2πε0εrh
ln (Dd) , (3.2) onde ε0 é a constante dielétrica do vácuo, εr é a constante relativa do dielétrico entre as
placas, h é o comprimento dos condutores), D é o diâmetro do condutor externo e d é o diâmetro do condutor interno, como mostrado na Figura 4. Como a capacitância total C é a soma das capacitâncias C1 do líquido e C2 do vapor, temos:
C = C1+ C2 C = 2πε0εr1h1 ln (Dd) + 2πε0εr2h2 ln (Dd) C = 2πε0(εr1h1+ εr2h2) ln (Dd) . (3.3) Como h1 + h2 = H, onde H é a altura total do tanque, temos:
C = 2πε0[εr1h1+ εr2(H − h1)] ln (Dd) C = 2πε0[h1(εr1 − εr2) + Hεr2] lnDd C = 2πε0[h1(εr1− εr2)] lnDd + Hεr2] lnDd . (3.4) Assim, vemos que o sensor é linear para variações de h1 e para εr1 εr2, podemos
aproximar εr1− εr2 ≈ εr1 e h1εr1 + Hεr2 ≈ h1εr1. Desta forma, temos que C ≈ C1.
A saída destes medidores é, em geral, na forma de um sinal analógico de corrente de 4 a 20mA que pode, por exemplo, ser capturado por um controlador lógico programável (CLP), que está realizando o controle da bomba que está abastecendo o tanque, ou que controla a válvula para impedir transbordamento. De forma geral, o valor de capacitância é
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Figura 5 – Diagrama de blocos do circuito de medição.
Tabela 2 – Tabela com informações de sensores capacitivos comerciais.
Sensor Comprimento Temp. Pressão Acurácia VEGACAL 62 (Vega) 0.2 a 6m -50 a 200oC -100 a 6400 KPa 0.5%
Série LV3000 (Omega) 1.8m (máx) -10 a 120o 2000kPa (máx) 0.5%
SITRANS LC500 (Siemens) 5.5m (máx) -50 a 200oC -100 a 15000Kpa 0.1%
NRF-1 (Kobold) 6m (máx) -70 a 170oC 3500Kpa (máx) 1%
transformado em uma tensão a partir de um circuito de ponte de capacitores com excitação AC, geralmente com frequência próxima da rádio-frequência, por isso estes medidores também são conhecidos como medidores RF. Esta tensão, então, passa por uma conversão para corrente, que serve de saída. Este processo é representado no diagrama de blocos apresentado na Figura 5.
Finalmente, podemos analisar alguns outros fatores que podem incumbir em erros na medição. Como a medição depende da constante dielétrica, fatores que alteram a constante do material, como a temperatura, causam distorções na medida. No entanto, hoje em dia, é comum que haja correção, por meio de offsets, na eletrônica do projeto. O acúmulo de material na sonda também pode ocasionar erros. Neste caso, revestimento para proteção contra incrustação é necessário. De forma geral, os sensores fabricados atualmente são bastante acurados, como podemos ver na Tabela 2.
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4 Medidores de nível ultrassônicos
Medidores de nível ultrassônicos se utilizam de ondas acústicas de alta frequência, de 20 a 200 KHz, para realizarem a medição do nível do vaso. Esta tecnologia pode ser usada tanto para detecção de nível quanto para medição contínua. Estes medidores tem como principais vantagens: é um medidor sem contato, portanto pode ser usado para medir substâncias viscosas (óleos), que geralmente se acumulam em medidores de contato, corrosivas e dejetos; por conter um microprocessador, pode ser um medidor inteligente, com comunicação serial, configuração remota, ajuste de calibração, etc; além disso, é de fácil instalação e manutenção.
Para detecção de nível, Figura 6, dois cristais piezoelétricos são posicionados a uma distância fixa. Um deles é o transmissor, que gera as ondas ultrassônicas, o outro é o receptor. Ondas mecânicas se propagam muito melhor em líquidos do que no ar, portanto, quando há líquido o suficiente entre os cristais, o receptor recebe um sinal forte o suficiente para o acionamento de um relé, gerando o sinal de detecção de nível. Com esta técnica, há contato entre o medidor e o líquido, por isso, as substâncias em que ela pode ser utilizada são restritas.
No caso de medição contínua, um transdutor é responsável por enviar ondas sonoras
20 Capítulo 4. Medidores de nível ultrassônicos
Figura 7 – Diagrama de blocos do circuito de medição.
para o fundo do vaso e captar seu retorno. Quando há material presente no vaso, este reflete as ondas, e o tempo entre o disparo do pulso de onda e seu retorno é reduzido. De forma simples, como vemos naFigura 7, podemos calcular a distância D entre o transdutor e o material, sabendo o tempo t e a velocidade vs do som no ar, ou camada de gás, da
seguinte forma:
D = vt
2. (4.1)
Sabendo a distância D e a altura H total do tanque, o cálculo do nível torna-se trivial:
h = H − D.
De forma prática, há algumas imprecisões que afetam as medições, como a variação da temperatura do ar, que muda a velocidade de propagação do som, interferência causada por ecos, reflexões em bordas, o fato da onda se propagar de forma cônica e juntas do vaso e a distância de supressão, isto é, o “ponto cego” do sensor. A distância de supressão é causada pelo fato de que o transdutor é responsável tanto por transmitir como receber os pulsos de onda. Desta forma, há um período de vibração após a emissão de um pulso que deve ser atenuada para que se possa receber um pulso refletido. Isto se traduz em uma distância mínima para que o sensor consiga captar o pulso. De forma geral, quanto maior o alcance do sensor, maior será sua distância de supressão, que varia de 0.1 a 1m, no geral.
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possível realizar o ajuste de temperatura e evitar distorção na saída devido à mudança da velocidade de propagação da onda. Alguns sensores, inclusive, permitem a utilização de termômetros externos ou do uso de um parâmetro configurável, para o caso de um ambiente de temperatura controlada. Quanto à interferência causada por eco, hoje em dia os microprocessadores são dotados de algoritmos de processamento de dados que permitem que os sensores sejam usados nas mais variadas formas de tanques com interferência minimizada, contando até com formatos de tanques pré-programados. O formato cônico da onda é transmitida com uma abertura de, aproximadamente, 6◦, mostrado na fig. ? o que se traduz em um erro relativo de, aproximadamente:
r D = tan 6◦ 2 (4.2) r D ≈ 0.05,
sendo r o raio do cone e D a distância até a superfície de reflexão. Vemos que este erro é de cerca de 5%, o que significa que deve ser compensado para sistemas de maior precisão.
Os sensores ultrassônicos tem a vantagem de serem instrumentos de pouca manuten-ção, e sem partes móveis. No geral, são medidores bastante populares pela sua versatilidade e seu baixo custo. No entanto, os sensores de medição contínua são vulneráveis a ambientes com grande quantidade de vapor e/ou espuma, pois estes atenuam a onda, o que pode fazer com que as reflexões não sejam detectadas. No geral, em ambientes com vapor, outro tipo de medidor deverá ser usado, já que a medição com o ultrassônico perderá bastante confiabilidade. Por este motivo, o sensor não deve ser usado com líquidos voláteis, pois a variação da temperatura pode fazer com que seja gerada uma camada de vapor que pode afetar a medição do nível. Outra questão é que a montagem, apesar de simples, deve ter o sensor em um angulo precisamente perpendicular à superfície do material. Desvios na montagem irão acarretar em erros de medição. Este sensor também não é adequado para líquidos que são agitados, por isso, deve-se evitar o uso em tanques com agitadores ou pás.
Na Tabela 3, são mostrados alguns medidores e algumas informações quanto a alcance, distância de supressão, pressão e temperatura de operação e sua acurácia.
Tabela 3 – Tabela com informações de sensores ultrassônicos comerciais.
Sensor Alcance Distância de supressão Temp. Pressão Acurácia LVU116 (Omega) 8m 0.2m -20 a 60oC 200KPa 0.2%
LUC-M20 (Pepperl-Fuchs) 8m 0.35m -40 a 80oC 250kPa 0.2% UPS56-214 (SICK) 3.4m 0.35m -25 a 70oC 600Kpa 2%
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5 Medidores de Nível Magnetostritivo
Baseado no princípio magnetostritivo, esse tipo de sensor consiste em propagar um sinal com velocidade conhecida c através de um fio cronometrando o tempo, e utilizando o efeito Wiedemann, é possível calcular a altura do flutuador.
Quando um campo magnético axial é aplicado à um fio magnetostritivo e uma corrente é aplicada a este fio, ocorre uma torção, gerando uma onda mecânica ao longo do fio, este fenômeno é conhecido como o efeito Wiedemann. O sensor de nível magnetostritivo consiste em um flutuador com um campo permanente e um detector na cabeça do medidor como demonstrado na Figura 8.
Um pulso de corrente é gerado e transmitido ao longo do fio por um intervalo t → 0 a uma velocidade vi. Ao encontrar o campo permanente no flutuador a uma distância
d desconhecida, é gerado uma onda mecânica, que percorre os dois extremos do sensor
com uma velocidade constante (vs). Podemos notar que vi vs, pois a corrente em um
fio percorre uma velocidade próxima ao da luz. A onda mecânica em direção ao final do medidor rebate e percorre uma distância 2D − d, com isso, temos:
Figura 8 – Sensor Magnetostritivo
24 Capítulo 5. Medidores de Nível Magnetostritivo
t1 = vds (5.1)
t2 = 2D−dvs (5.2)
Conhecendo a diferença de tempo ∆t = t2 − t1 entre essas duas frente de onda,
temos a seguinte equação para a altura do flutuador:
h = D − d = 1
2∆tvs (5.3) Observamos pela Equação 5.3 que a altura do flutuador é linear, dado um vs
constante. Por esse motivo, esse sensor de nível possui uma não-linearidade extremamente baixa e uma acurácia alta (Tabela 4). Esses valores são baixos devido ao sensor piezoelétrico que é responsável em transformar a onda mecânica em um sinal analógico, possuindo uma grande sensibilidade à essa excitação. Esses medidores possuem comumente como saída uma corrente em uma faixa de 4 a 20mA.
Tabela 4 – Especificações dos sensores de nível magnotostrivito
Modelo Não Linearidade Acurácia
Série LMT-300 0.01% F.S 0.01% F.S
XT-1000 + − 0.01% 0.5µA
KSR Magnetostrictive + − 0.5mm + − 0.5mm Fonte: Magtech, GemsSensors e KSR Kuebler
Nota: XT-1000 (8) Nota: LMT-300 (??)
Nota: KSR Magnetostrictive (9)
Vale ressaltar que as mesmas atenções devem ser levantadas na escolha do material da haste e do flutuador como na ??, pois trata-se de um sensor de nível do tipo bóia, porém com o uso do efeito Wiedemann. Como esse sensor de nível possui uma acurácia alta, ele é usualmente empregado em uso de sistemas que necessitam de alta resolução e também é permitido pela agência de pesos e medidas para conduzir transações comerciais. Outras aplicações são em sistemas de boiler e altas temperaturas e medição de nível contínuo, por exemplo. A principal desvantagem é no seu custo elevado, devido ao uso de um hardware para a geração do pulso de corrente e o posterior cálculo da altura.
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Considerações finais
Os sensores de níveis possuem uma grande gama de aplicações, porém suas grandes contribuições estão no setor industrial, como controle de vazão, controle de bombas de combustível, por exemplo. Pudemos analisar os diversos tipos de sensores, especificando caso-a-caso suas vantagens e desvantagens e os princípios de seu funcionamento.
No entanto, como muitos desses medidores são vendidos como produtos que inte-gram sensoreamento e circuitos condicionadores, não havendo a necessidade de nenhum pós-processamento, como filtro e amplificação do sinal, não foi possível fazer a análise dos condicionadores mais usados. Muitos desses sensores possuem uma central de pro-cessamento, como no caso dos medidores ultrassônicos e magnetostritivo. Também vale ressaltar que, como os circuitos já vem condicionados, possuem um baixo drift, ampla faixa de operação e uma boa acurácia.
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Referências
1 VEGACONTROLS. VegaFlex 80 Series. [S.l.], 2013. Disponível em: <http: //www.vegacontrols.co.uk/product_details.asp?productID=335&fixedRangeID=02>. Acesso em: 04 dez. 2013. Citado na página11.
2 NIVELCO. Guided Microwave level transmitter sensor. [S.l.], 2013. Disponível em:
<http://www.semrad.com.au/pdf/level_transmitters/Guided_Microwave_Level_ transmitter_sensor_product_brochure.pdf>. Acesso em: 04 dez. 2013. Citado na página
11.
3 DCC. Bubbler Level Monitor. [S.l.], 2013. Disponível em: <http://www.digitalcc.com/ WebsiteFiles/LevelMeasurement/12259/12259broREV03-10.pdf>. Acesso em: 04 dez. 2013. Citado na página 11.
4 SIEMENS. LEVEL MEASUREMENT INSTRUMENTS. [S.l.], 2013. Disponível em: <http://www.lesman.com/downloads/13s01_Level.pdf>. Acesso em: 04 dez. 2013. Citado na página 11.
5 INDUMART. Vertical Magnetic Type Level Switch. [S.l.], 2013. Disponível em:
<http://www.indumart.com/LSF400.pdf>. Acesso em: 04 dez. 2013. Citado na página
13.
6 GEMS. LS-7 Series-Compact Side Mounts. [S.l.], 2013. Disponível em: <http://www. gemssensors.com/en/Products/Level/Single-Point-Level-Switches/Float/Side-Mount/ Engineered-Plastic/~/media/Files/Gems/NorthAmerica/A_LS-7_2-7-13.pdf>. Acesso em: 04 dez. 2013. Citado na página 13.
7 VDO. Sensores de Nível. [S.l.], 2013. Disponível em: <http://www.vdo.com.br/ generator/www/br/pt/vdo/main/products_solutions/aftermarket/injecao_eletronica/ hidden/tab_aft_inj_sensor_nivel_index_pt.html>. Acesso em: 04 dez. 2013. Citado na página 13.
8 SENSORS, G. XT-1000 Series. [S.l.], 2013. Disponível em: <http://www.gemssensors. com/Products/Level/Continuous-Transmitters/~/media/GemsNA/XT-1000_04-05-13. pdf>. Acesso em: 04 dez. 2013. Citado na página 24.
9 KUEBLER, K. KSR Magnetostrictive Level Transmitters (High Accuracy). [S.l.], 2013. Disponível em: <http://www.ksr-kuebler.com/website/dyndata/1012E.pdf>. Acesso em: 04 dez. 2013. Citado na página 24.