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A governança e o desempenho das instituições comunitárias de ensino superior: um estudo multicaso da UNIJUÍ e da UNIVATES

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO

RIO GRANDE DO SUL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO REGIONAL GESTÃO EMPRESARIAL

NAIRANA RADTKE CANEPPELE BUSSLER

A GOVERNANÇA E O DESEMPENHO DAS INSTITUIÇÕES COMUNITÁRIAS DE ENSINO SUPERIOR: um estudo multicaso da UNIJUÍ e da UNIVATES

IJUÍ 2017

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NAIRANA RADTKE CANEPPELE BUSSLER

A GOVERNANÇA E O DESEMPENHO DAS INSTITUIÇÕES COMUNITÁRIAS DE ENSINO SUPERIOR: um estudo multicaso da UNIJUÍ e da UNIVATES

Dissertação apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional, na linha de pesquisa Gestão Empresarial, da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento Regional.

Orientador: Prof. Dr. Daniel Knebel Baggio

IJUÍ 2017

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B981g Bussler, Nairana Radtke Caneppele.

“A governança e o desempenho das instituições comunitárias de ensino superior: um estudo multicaso da UNIJUÍ e da UNIVATES” / Nairana Radtke Caneppele Bussler. – Ijuí, 2017. –

169 f. : il. ; 30 cm.

Dissertação (mestrado) – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Campus Ijuí). Desenvolvimento Regional.

“Orientador: : Prof. Dr. Daniel Knebel Baggio”.

1. Governança. 2. Instituições Comunitárias de Ensino Superior. I. Baggio, Daniel Knebel. II. Título.

CDU: 378.4 Catalogação na Publicação

Ginamara de Oliveira Lima CRB10/1204

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UNIJUÍ - Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional – Mestrado

A Banca Examinadora, abaixo assinada, aprova a Dissertação

A AGGOOVVEERRNNAANNÇÇAAEEOODDEESSEEMMPPEENNHHOODDAASSIINNSSTTIITTUUIIÇÇÕÕEESS C COOMMUUNNIITTÁÁRRIIAASSDDEEEENNSSIINNOOSSUUPPEERRIIOORR::UUMMEESSTTUUDDOOMMUULLTTIICCAASSOODDAA U UNNIIJJUUÍÍEEDDAAUUNNIIVVAATTEESS elaborada por

NAIRANA RADTKE CANEPPELE BUSSLER

como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Desenvolvimento Regional

Banca Examinadora:

Prof. Dr. Daniel Knebel Baggio (UNIJUÍ): ________________________________________

Prof.ª Dr. ª Rosane Maria Seibert (URI): __________________________________________

Prof. Dr. Martinho Luís Kelm (UNIJUÍ): _________________________________________

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DEDICATÓRIA

Ao Elias, meu esposo, pelo apoio e incentivo em todos os momentos, principalmente nos de incertezas, comuns para quem tenta trilhar novos caminhos.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por segurar a minha mão, acalmar meu coração, me abençoar com o dom da vida, e colocar no meu caminho tantas pessoas especiais, importantes e iluminadas que fazem valer a pena a minha caminhada.

Agradeço ao meu pai Elsio, minha mãe Gisila, e minha irmã Daiana, por serem a minha referência de tantas maneiras, por dignamente terem me apresentado à importância da família e do caminho da honestidade e da persistência, também por apesar da distância estarem sempre presentes na minha vida me incentivando direta ou indiretamente. É por vocês e para vocês essa conquista. Sem o incentivo, a coragem, os ensinamentos e a oportunidade que me deram de escolher o meu caminho, eu nada seria.

Mariana, minha sobrinha amada, uma criança que transborda alegria e vive intensamente as curiosas descobertas da infância, obrigada por ter compreendido a minha ausência, agradeço a Deus por me presentear com a tua vida.

Obrigada Elias por ser o alicerce e a retaguarda tão necessária neste processo de construção e realização de um sonho. Agradeço pela compreensão, por abdicar de momentos junto a vocês, por almejar um futuro melhor para mim, para nós. Sem você essa etapa da minha vida teria se tornado mais difícil, fica aqui a promessa de fazer ao máximo, tudo que for possível, para que nossos sonhos sejam realizados.

Obrigada professor Dr. Daniel Knebel Baggio, em poucas palavras é impossível descrever o quão valioso e importante para a minha caminhada acadêmica foi tê-lo escolhido como professor orientador. Expresso aqui o meu reconhecimento e admiração pela sua competência profissional e minha gratidão pela sua amizade.

Obrigada a todos os colegas da 15º turma do mestrado em Desenvolvimento Regional da UNIJUÍ, em especial a minha colega e grande amiga Juliana Da Fonseca Capssa Lima Sausen, por todos os momentos que juntas compartilhamos, pelo companheirismo, amizade e comprometimento que encontrei em você. Embora o tempo passe, e a distância insista em nos separar, quero que saiba que farei o possível para estar sempre presente na sua vida, pois és especial e eu quero sempre perto de mim.

Agradeço a Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul - UNIJUÍ, em especial ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu Mestrado e Doutorado em Desenvolvimento Regional e seus respectivos docentes e secretárias Kátia Michele Maroski e

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Elisa Eickhoff Ledermann, pelo apoio acadêmico, profissional e pessoal. Tenho muito orgulho de fazer parte desta instituição!

Agradeço a Unidade Integrada do Vale do Taquari – UNIVATES, pelo apoio, disponibilidade e abertura, para que eu pudesse realizar minha pesquisa. Professor Dr. Ney José Lazzari e Vivian Spellmeier Sulzbach, obrigada pela atenção e compreensão de sempre.

Agradeço aos bolsistas de iniciação científica da UNIJUÍ, do Conselho Nacional de Pesquisa – CNPQ, e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul - FAPERGS, Francisco Dal Ri e Eduardo Knebel, polo auxílio nas transcrições das entrevistas.

Obrigada professor Dr. Martinho Luis Kelm e professora Dra. Rosane Maria Seibert, pela dedicação e disponibilidade em realizar a avaliação deste estudo.

Agradeço a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES pela concessão de bolsa, fornecendo o apoio financeiro necessário.

Enfim, a todos que de alguma maneira contribuíram para a execução deste estudo, seja pela ajuda constante ou por uma palavra de amizade.

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“De tudo, ficaram três coisas: a certeza de que ele estava sempre começando, a certeza de que era preciso continuar e a certeza de que seria interrompido antes de terminar. Fazer da interrupção um caminho novo. Fazer da queda um passo de dança, do medo uma escada, do sono uma ponte, da procura um encontro. ”

Fernando Sabino

“É que tem mais chão nos meus olhos do que cansaço nas minhas pernas, mais esperança nos meus passos do que tristeza nos meus ombros,

mais estrada no meu coração do que medo na minha cabeça.” Cora Coralina

“Quando uma criatura humana desperta para um grande sonho e sobre ele lança toda a força de sua alma, todo o universo conspira a seu favor”.

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RESUMO

O presente estudo teve como objetivo identificar as contribuições da governança no desempenho das instituições comunitárias de ensino superior, em particular da UNIJUÍ e da UNIVATES. Quanto à metodologia utilizada, a orientação paradigmática foi a interpretativista da realidade social. A natureza da pesquisa classificou-se como social com finalidade aplicada, através dos níveis de estudo exploratório e descritivo, com abordagem qualitativa e quantitativa. Os procedimentos técnicos utilizados foram: pesquisa bibliográfica, estudo multicaso, pesquisa documental e de campo. O universo de investigação corresponde a duas instituições comunitárias de ensino superior: a UNIJUÍ e a UNIVATES. Para o estudo, adotou-se procedimentos de coleta e análise de dados preconizados pelo método da Direct Research (Mintzberg, 1983), sendo traçada uma linha de eventos marcantes para as instituições, delimitando os períodos em que ocorreram mudanças e adaptações estratégicas e destacando os fatos ocorridos nesta trajetória. Para isto, anteriormente realizou-se entrevistas e fontes documentais, tais como: balanços sociais, Planos de Desenvolvimento Institucional, notícias em sites, jornais, folders e cartilhas. O modelo de análise utilizado, referenciou-se em Pettigrew, Ferlie e McKee (1992), o qual possibilitou a compreensão do conteúdo, contexto e processo de mudança e adaptação estratégica das instituições, no período de 1985 até 2016 na UNIJUÍ, e 1997 a 2016 na UNIVATES. Na UNIJUÍ identificaram-se quatro períodos de mudanças e adaptações estratégicas, e na UNIVATES três. Observou-se que os valores da governança: a transparência, a equidade, a prestação de contas e a responsabilidade corporativa, bem como às dimensões, propriedade, princípios, propósitos, papéis, poder, práticas, pessoas e perpetuidade, estiveram presentes nos períodos analisados. Os atores institucionais, integrantes da estrutura governança, demonstraram aprimoramento da gestão com o passar dos anos, proporcionando vantagem competitiva. Outra conclusão que este estudo proporcionou foi que, em instituições comunitárias de ensino superior, o número de alunos não necessariamente reflete um desempenho econômico-financeiro positivo e crescente, conforme dados apresentados nos resultados. Para tanto, compreende-se que, quanto mais qualificados, engajados, reestruturados e antecedidos por planejamento, os integrantes da estrutura de governança estiverem, melhores serão os resultados obtidos. Embora o estudo empírico se concentre em duas organizações específicas, é razoável supor que este cenário, por fatores isomórficos, reflita em boa parte a dinâmica de funcionamento do sistema comunitário gaúcho de educação superior laico, sendo está uma das contribuições deste estudo para a linha de gestão empresarial e também para o desenvolvimento regional. Por se tratar de um estudo realizado apenas na mantida e não na mantenedora, foram encontradas limitações ao acesso de informações, tais como o resultado financeiro na UNIJUÍ dos anos de 1985 até 1995, e na UNIVATES de 1997 até 1999. Outra limitação se refere a coleta de dados, que poderia ter sido realizada envolvendo funcionários e integrantes da estrutura de governança das ICES. Para pesquisas futuras, sugere-se a aplicação da metodologia de Andrade e Rosseti (2014) fundamentada em oito dimensões, que podem sintetizar o ambiente, o sistema, os pontos fortes, as fragilidades e as situações críticas e orientar as ações para fortalecer a governança nas organizações. Outra linha de estudo sugerida para investigação, que pode ser considerada como uma importante lacuna teórica nesse campo da gestão universitária, diz respeito a pertinência desse tipo de projeto, ou seja, as ICES são efetivamente instrumentos de desenvolvimento regional, projetos passíveis de exequibilidade em um contexto que tem a supremacia de uma lógica de mercado.

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ABSTRACT

The present study aimed to identify the contributions of governance in the performance of community institutions of higher education, in particular UNIJUÍ and UNIVATES. As for the methodology used, the paradigmatic orientation was the interpretivist of social reality. The nature of the research was classified as social with applied purpose, through the levels of exploratory and descriptive study, with a qualitative and quantitative approach. The technical procedures used were: bibliographic research, multicase study, documentary and field research. The research universe corresponds to two Community institutions of higher education: UNIJUÍ and UNIVATES. Data collection and analysis procedures adopted by the Direct Research method (Mintzberg, 1983) were adopted for the study. A series of events were drawn up for the institutions, delimiting the periods in which changes and strategic adaptations took place and highlighting the facts that have occurred in this trajectory. For this, interviews and documentary sources have been done previously, such as: social balance sheets, Institutional Development Plans, news on websites, newspapers, folders and booklets. The analysis model used was Pettigrew, Ferlie and McKee (1992), which made it possible to understand the content, context and process of strategic change and adaptation of the institutions, from 1985 to 2016 in UNIJUÍ, and 1997 to 2016 at UNIVATES. UNIJUÍ identified four periods of strategic changes and adaptations, and in UNIVATES three. It was observed that the values of governance: transparency, fairness, accountability and corporate responsibility, as well as dimensions, ownership, principles, purposes, roles, power, practices, people and perpetuity were present during the analyzed periods . The institutional actors, who are part of the governance structure, have demonstrated improved management over the years, providing a competitive advantage. Another conclusion that this study showed was that, in community institutions of higher education, the number of students does not necessarily reflect a positive and growing economic-financial performance, according to data presented in the results. To that end, it is understood that the more qualified, committed, restructured and preceded by planning, the members of the governance structure are, the better the results will be obtained. Although the empirical study focuses on two specific organizations, it is reasonable to assume that this scenario, by isomorphic factors, largely reflects the functioning dynamics of the Gaucho community system of secular higher education, being one of the contributions of this study to the line of management and also for regional development. As it was a study carried out only on the one maintained and not on the one maintaining it, there were limitations to the access of information, such as the financial result in UNIJUÍ from 1985 to 1995 and in UNIVATES from 1997 to 1999. Another limitation refers to which could have been carried out involving officials and members of the ICES governance structure. For future research, the application of Andrade and Rosseti's methodology (2014) based on eight dimensions, which can synthesize the environment, the system, strengths, fragilities and critical situations, and guide actions to strengthen governance organizations. Another line of study suggested for research, which can be considered as an important theoretical gap in this field of university management, concerns the relevance of this type of project, that is, ICES are effectively regional development instruments, projects feasible in a context that has the supremacy of a market logic.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Tabela 1 - Evolução das matrículas totais da educação superior no Brasil no período de 2004-2014 ... 20 Tabela 2 - Evolução das matrículas privados da educação superior no Brasil no período de 2004 a 2014 (presencial/EaD) ... 21 Tabela 3 – Número total de alunos e desempenho econômico-financeiro da UNIJUÍ no período de 1996/2016 ... 100 Tabela 4 - Número total de alunos e desempenho econômico-financeiro da UNIVATES no período de 2008/2016 ... 132

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Estudos realizados sobre governança corporativa ... 32

Quadro 2 – Síntese dos acontecimentos, estudos e publicações relacionados a governança .. 37

Quadro 3 – Categorias analíticas das teorias ... 42

Quadro 4 – Expressões e argumentos conceituais da governança corporativa ... 43

Quadro 5 – Diferenças das denominações de IES ... 47

Quadro 6 – Caracterização da do sistema geral da governança corporativa ... 52

Quadro 7 – Síntese conceitual dos 8 Ps da governança corporativa ... 54

Quadro 8 – Informações do universo da pesquisa ... 62

Quadro 9 – Sujeitos da pesquisa ... 63

Quadro 10 – Roteiro de entrevista organizado em etapas ... 64

Quadro 11 – Etapas para a coleta de dados ... 65

Quadro 12 – Síntese da metodologia proposta ... 69

Quadro 13 – Denominação dos entrevistados no caso da UNIJUÍ... 71

Quadro 14 – Denominação dos períodos críticos de mudanças e adaptações estratégicas da UNIJUÍ ... 71

Quadro 15 - Evolução da qualificação do corpo docente da UNIJUÍ nos anos de 1995, 1997 e 1998 ... 76

Quadro 16 – Evolução das matriculas dos cursos de graduação e pós-graduação lato e stricto sensu da UNIJUÍ ... 76

Quadro 17 – Síntese dos períodos de mudança e adaptação estratégica da UNIJUÍ... 80

Quadro 18 - Contribuições relacionadas ao desempenho da instituição sob a ótica dos atores institucionais integrantes da estrutura de governança da UNIJUÍ ... 107

Quadro 19 - Denominação dos Entrevistados integrantes da estrutura de governança da UNIVATES ... 110

Quadro 20 - Denominação dos períodos críticos de mudanças e adaptações estratégicas da UNIVATES ... 110

Quadro 21 - Síntese dos períodos de mudança e adaptação estratégica da UNIVATES ... 117

Quadro 22 – Processos internos de avaliação da UNIVATES ... 128

Quadro 23 - Contribuições relacionadas ao desempenho da instituição sob a ótica dos atores institucionais integrantes da estrutura de governança da UNIVATES... 134

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Quadro 24 - Agentes da estrutura de governança da UNIJUÍ e da UNIVATES... 145 Quadro 25 - Poder constituindo ao colégio eleitoral da UNIJUÍ e da UNIVATES ... 147 Quadro 26 – Dimensões da governança reinterpretadas ao contexto das ICES ... 148

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Características da autogestão ... 50

Figura 2 – Triple Bottom Line ... 57

Figura 3 – Análise e interpretação dos dados ... 66

Figura 4 – Modelo de análise utilizado por Pettigrew, Ferlie e McKee (1992) ... 67

Figura 5 - Dimensões para análise do desempenho com base no Triple Bottom Line ... 67

Figura 6 – Dimensões para análise das contribuições da governança ... 68

Figura 7 – Síntese da proposta estudo da governança em ICES ... 68

Figura 8 – Organograma da FIDENE ... 82

Figura 9 – Organograma da UNIJUÍ ... 83

Figura 10 – Organograma da FUVATES/UNIVATES ... 119

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Número de IES no Brasil ... 28 Gráfico 2 – Número de IES no Rio Grande do Sul ... 28

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABL Academia Brasileira de Letras

ABMES Associação Brasileira das Mantenedoras do Ensino Superior AGIT Agência de Inovação e Tecnologia

ANUP Associação Nacional das Universidades Particulares AMVAT Associação dos Municípios do Vale do Taquari BDR Banco de Dados Regionais

BOVESPA Bolsa de Valores de São Paulo

CIC Câmara da indústria, comércio e serviços

CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CeCA Centro de Ciências Agrárias

CIH Centro de Informações Hidrometereológicas COCEN Conselhos de Centro

CODEVAT Conselho de Desenvolvimento do Vale do Taquari COGEST Conselho de Gestão

COMUNG Consórcio das Universidades Comunitárias Gaúchas CONSU Conselho Universitário

CONSUN Conselho Universitário

COREDES Conselhos Regionais de Desenvolvimento do Rio Grande do Sul CRIATEC Incubadora de Empresas de Inovação Tecnológica

CVM Comissão de Valores Mobiliários EaD Educação a Distância

EEI Escola de Enfermagem de Ijuí

FACACEI Faculdade de Ciências Administrativas, Contábeis e Econômicas de Ijuí FACEART Faculdade de Ciências Econômicas do Alto do Taquari

FAE Fundo de Apoio ao Estudante

FATES Fundação Alto Taquari de Ensino Superior

FECLAT Faculdade de Educação e Letras do Alto do Taquari

FIDENE Fundação de Integração, Desenvolvimento e Educação do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul

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FMI Fundo Monetário Internacional

FUVATES Fundação Vale do Taquari de Educação e Desenvolvimento Social GPCOM Grupo de Pesquisa em Competitividade e Gestão Estratégica para o

Desenvolvimento

IBCA Instituto de Conselheiros de Administração IBGC Instituto Brasileiro de Governança Corporativa ICES Instituições Comunitárias de Ensino Superior IES Instituições de Ensino Superior

IGC Índice Geral de Cursos

IRDeR Laboratório Instituto Regional de Desenvolvimento Rural ISSO International Organization for Standardization

LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional MEC Ministério da Educação

NACD National Association of Corporate Directors NDE Núcleo Docente Estruturante

OCDE Organização de Cooperação para o Desenvolvimento Econômico PDI Plano de Desenvolvimento Institucional

PEPI Projeto de Extensão Produtiva e Inovação Noroeste Colonial PRAEI Programa Regional de Atuação Educacional Integrada

PRCT/NORS Programa Regional de Cooperação Científica e Tecnológica da Região Noroeste do Rio Grande do Sul

PRIS Programa Regional Integrado de Saúde

PROIES Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento das Instituições de Ensino Superior

SEMESP Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo

Setec Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica TBL Triple Bottom Line

UERGS Universidade do Estado do Rio Grande do Sul

UNIJUÍ Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul Unilab Laboratório de Análises Clínicas

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SUMÁRIO INTRODUÇÃO ... 20 1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO ... 21 1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA ... 21 1.2 PROBLEMA ... 28 1.3 OBJETIVOS ... 32 1.3.1 Objetivo Geral ... 32 1.3.2 Objetivos Específicos ... 32 1.4 JUSTIFICATIVA ... 32 2 REFERENCIAL TEÓRICO ... 35

2.1 ORIGENS DO TERMO GOVERNANÇA ... 35

2.2 TEORIA INSTITUCIONAL ... 39

2.3 TEORIA DA AGÊNCIA ... 41

2.4 GOVERNANÇA ... 44

2.4.1 Modelos de governança ... 44

2.4.2 Governança em IES ... 45

2.4.3 O contexto das ICES com relação a suas estruturas de governança ... 49

2.5 SISTEMA GERAL, DIMENSÕES E PRINCÍPIOS DA GOVERNANÇA ... 52

2.6 DESEMPENHO ORGANIZACIONAL ... 57

3 METODOLOGIA ... 60

3.1 PRESSUPOSTOS ONTOLÓGICOS ... 60

3.2 CLASSIFICAÇÃO E DELINEAMENTO DA PESQUISA ... 60

3.3 UNIVERSO DE INVESTIGAÇÃO ... 62

3.4 SUJEITOS DA PESQUISA ... 63

3.5 COLETA DE DADOS ... 64

3.6 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS ... 66

4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ... 71

4.1 O CASO DA UNIJUÍ ... 71

4.1.1 Períodos críticos de mudanças e adaptações estratégicas ... 72

4.1.2 Caracterização dos agentes e da estrutura de governança ... 82

(19)

4.1.4 Reinterpretação dos princípios da governança ... 103

4.1.5 Contribuições dos atores institucionais no desempenho da UNIJUÍ ... 107

4.2 O CASO DA UNIVATES ... 110

4.2.1 Períodos críticos de mudanças e adaptações estratégicas ... 110

4.2.2 Caracterização dos agentes e da estrutura de governança ... 119

4.2.3 Reinterpretação das dimensões da governança ... 124

4.2.4 Reinterpretação dos princípios da governança ... 134

4.2.5 Contribuições dos atores institucionais no desempenho da ICES ... 135

4.3 A GOVERNANÇA NA UNIJUÍ E NA UNIVATES ... 136

4.3.1 Caracterização dos stakeholders da UNIJUÍ e UNIVATES ... 136

4.3.2 Conflitos potenciais na estrutura de governança da UNIJUÍ e da UNIVATES .... 139

4.3.3 Descrição dos agentes da estrutura de governança da UNIJUÍ e da UNIVATES 145 4.3.4 Reinterpretação das dimensões da governança ao contexto da UNIJUÍ e da UNIVATES ... 148

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 152

REFERÊNCIAS ... 157

(20)

INTRODUÇÃO

Esta dissertação apresentada ao programa de pós-graduação stricto sensu em Desenvolvimento Regional da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul - UNIJUÍ, possui como tema a governança em instituições comunitárias de ensino superior. Está estruturada em quatro capítulos que correspondem a contextualização do estudo, o referencial teórico, a metodologia utilizada, a apresentação dos resultados, e as considerações finais.

O primeiro capítulo é composto pela contextualização do estudo, que contempla a apresentação do tema, do problema, dos objetivos, e pela justificativa da proposta de realização do estudo. O segundo capítulo refere-se ao referencial teórico, composto pelas teorias da governança, teoria institucional e teoria da agência, conceito de governança, seus modelos e em especial a governança em IES. Em seguida, são abordados o sistema geral, as dimensões e os valores da governança. Encerra-se o presente capítulo expondo sobre o desempenho organizacional.

A metodologia é explicitada no terceiro capítulo. Nesta etapa elencou-se os pressupostos ontológicos, a classificação e o delineamento da pesquisa, o universo de investigação, os sujeitos da pesquisa, a coleta, análise e interpretação dos dados.

No quarto capítulo apresenta-se os resultados do estudo, descrevendo os períodos de mudanças e adaptações estratégicas, caracterizando os agentes e a estrutura de governança, reinterpretando as dimensões e princípios da governança ao contexto das instituições. Logo, foram descritas as principais contribuições dos atores institucionais que participaram dos processos que geraram o desempenho de ambas instituições comunitárias de ensino superior.

Na apresentação dos resultados efetivou-se a análise da governança das instituições em conjunto, caracterizando os stakeholders e os conflitos potenciais na estrutura de governança das instituições. Por fim, apresenta-se as conclusões e a descrição das referências bibliográficas utilizadas.

(21)

1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO

1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA

O ensino superior é considerado essencial ao desenvolvimento científico, tecnológico, cultural, econômico e social das nações. Moreira et al (2009) constataram o importante papel desempenhado pelas Instituições de Ensino Superior (IES)1 para a economia do país e verificaram a ascensão do índice de crescimento apresentado por este setor. Secca e Leal (2009) também justificam a ascensão do índice de crescimento deste setor no Brasil em função da majoração acentuada do número de alunos matriculados, de 1,76 milhão, em 1995, para 4,88 milhões, em 2007, o que significa um incremento de 177% no período. Para os autores, esse aumento ocorreu especialmente na rede privada, cuja participação no total de matrículas saltou de 60,2% para 74,6%, consequentemente o número de instituições privadas aumentou 197,1% entre 1995 e 2007.

Presse (2016, p. 13) afirma que “o crescimento mais acentuado em 2014 reflete uma oscilação natural do mercado já percebida nas últimas duas décadas”. Na tabela 1 é possível observar a evolução das matrículas totais da educação superior no Brasil no período de 2004-2014.

Tabela 1 - Evolução das matrículas totais da educação superior no Brasil no período de 2004-2014.

Ano Pública Privada Total Taxa de crescimento anual

2004 1.214.317 3.009.027 4.223.344 - 2005 1.246.704 3.321.094 4.567.798 8,2% 2006 1.251.365 3.632.487 4.883.852 6,9% 2007 1.335.177 3.914.970 5.250.147 7,5% 2008 1.552.953 4.255.064 5.808.017 10,6% 2009 1.523.864 4.430.157 5.954.021 2,5% 2010 1.643.298 4.736.001 6.379.299 7,1% 2011 1.773.315 4.966.374 6.739.689 5,6% 2012 1.897.376 5.140.312 7.037.688 4,4% 2013 1.932.527 5.373.450 7.305.977 3,8% 2014 1.961.002 5.867.011 7.828.013 7,1%

Fonte: Hoper Educação com dados do MEC/Inep apud Presse (2016).

(22)

Para o autor, é importante ressaltar que nesse crescimento, o Fundo de Financiamento Estudantil do Ensino Superior (FIES)2 ainda não estava impactando visto que, iniciou a partir do segundo semestre de 2010, já a modalidade Educação a Distância (EaD)3 impulsionou de forma significativa o crescimento na educação superior privada no Brasil.

Com relação as instituições particulares de ensino superior, as estatísticas da Associação Brasileira das Mantenedoras do Ensino Superior - ABMES4 apontam que estas abrigam 2,7 milhões de estudantes, empregam 170 mil professores e 140 mil funcionários do setor administrativo. Estima-se, também, que o setor gera adicionalmente uma renda indireta de mais de R$ 720 milhões anuais, por meio de inúmeras atividades ligadas ao setor de ensino superior, como moradia, transporte, alimentação, equipamentos, material escolar e livros. Conforme informações da Associação Nacional das Universidades Particulares (ANUP)5, em 2005, o Brasil foi o país com maior participação privada no ensino superior do mundo, com cerca de 1.650 IES privadas o que representa praticamente 90% das instituições de ensino superior no país. Presse (2016) ressalta a evolução das matrículas privadas da educação superior no Brasil no período de 2004 a 2014, presencial e EaD, resultado do aumento do número de IES neste setor.

Tabela 2 - Evolução das matrículas privados da educação superior no Brasil no período de 2004 a 2014 (presencial/EaD)

Ano Presencial EaD Total Taxa de crescimento anual

2004 2.985.405 23.622 3.009.027 - 2005 3.260.967 60.127 3.321.094 10,4% 2006 3.467.342 165.145 3.632.487 9,4% 2007 3.639.413 275.557 3.914.970 7,8% 2008 3.806.091 448.973 4.255.064 8,7% 2009 3.764.728 665.429 4.430.157 4,1% 2010 3.987.424 748.577 4.736.001 6,9% 2011 4.151.371 815.003 4.966.374 4,9% 2012 4.208.086 932.226 5.140.312 3,5% 2013 4.374.431 999.019 5.373.450 4,5% 2014 4.664.542 1.202.469 5.867.011 9,2%

Fonte: Hoper Educação com dados do MEC/Inep apud Presse (2016).

2 Foi criado em 1999 pelo Ministério da Educação (MEC) com o objetivo de financiar as mensalidades de cursos

graduação para estudantes que estejam regularmente matriculados em instituições privadas de Educação Superior.

3 É uma forma de ensino/aprendizagem mediados por tecnologias que permitem que o professor e o aluno

estejam em ambientes físicos diferentes.

4 Congrega entidades mantenedoras do ensino superior particular de todo o território nacional com o objetivo de

representá-las nas mais diversas instâncias, governamentais e não governamentais, e de contribuir para o fortalecimento do ensino superior particular brasileiro.

5 Possui como objetivos colaborar com os Poderes Públicos em programas de aprimoramento do ensino superior,

da Ciência e Pesquisa, promover estudos, intercâmbios para troca de experiências e divulgação do conhecimento, e principalmente defender a autonomia das universidades e a iniciativa particular em matéria educacional.

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Simultaneamente, observam-se mudanças nos sistemas das IES que estão inseridas em sistemas sociais divididos em subsistemas (economia, direito, educação, etc.) regidas por mecanismos regulatórios específicos. Essas organizações têm como propósito oferecer ensino de graduação, pós-graduação, lato e stricto sensu, podem apresentar-se sob a forma de: a) instituições isoladas, cuja função é o ensino; b) faculdades; c) centro universitários ou; d) universidades que são entendidas como uma entidade universal no campo do conhecimento, responsável pela transmissão e criação de novos conhecimentos e formação de cidadania (MOREIRA, MOREIRA, PALMEIRA, 2009).

Para Silva Jr, Muniz e Martins (2009), as IES são especializadas na produção de serviços educacionais em nível superior que combinam agentes sociais e recursos e se converte em instrumento de esforço, potencializando o conhecimento científico e tornando-se um local onde ações cooperativas aconteçam em prol de um bem comum que potencialize a região, desenvolva um espaço e agregue renda. Poderá ser considerada como um espaço político, conectado por relações coletivas, em que os agentes sociais, processam insumos e os transformam em produtos e serviços.

De acordo com Arguim (1989), as definições, forças e tendências que recaem sobre as IES podem surgir de determinações nacionais ou internacionais. O autor considera quatro elementos do ambiente externo que influenciam no desempenho das IES: econômico, que envolve questões ligadas ao emprego, inflação, consumo, entre outros; sociológico, que reflete valores como novos estilos de vida; tecnológico, que diz respeito ao desenvolvimento da informática, automação, telecomunicações, entre outros e político, que reflete questões ligadas à legislação, regulamentações governamentais, grupos de pressão, entre outros.

Neste sentido, analisando os quatro elementos externos citados por Arguim (1989) e outras variáveis internas que podem influenciar as IES, é possível afirmar que elas se modificam e podem utilizar modelos de gestão que deverão dar conta de analisar e propor estratégias e adaptar o ensino para enfrentar os momentos de turbulência não deixando de existir e obtendo um desempenho organizacional aceitável por todas as partes interessadas. Silva Jr, Muniz e Martins (2009) afirmam que a governança atua como um fenômeno organizacional, com papel de resguardar a transparência nas relações entre as estruturas de propriedade e de controle, bem como o de defender os interesses de todas as partes interessadas. Portanto, a importância de uma governança estruturada e firme em seus propósitos ajudará a fortalecer e reforçar as competências das IES para enfrentar novos níveis

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de complexidade que podem surgir, estabelecendo estratégias de geração de valor e confiança na relação entre todas as partes interessadas.

O termo governança vem ganhando importância por se tratar do estudo de mecanismos de alinhamento de interesses entre diversas partes, dentro de um ambiente empresarial ou não. Conforme o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa - IBGC, a governança é um sistema pelo qual as empresas e demais organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre sócios, conselho de administração, diretoria, órgãos de fiscalização e controle e demais partes interessadas. As boas práticas de governança convertem princípios básicos em recomendações objetivas, alinhando interesses com a finalidade de preservar e otimizar o valor econômico de longo prazo da organização, facilitando o acesso a recursos e contribuindo para a qualidade da gestão e longevidade da organização, e bem comum.

Segundo Borges e Serrão (2005), a governança atua como um sistema de gestão, administração e controle de uma instituição qualquer, seja empresarial ou não, filantrópica ou com fins lucrativos, controlada por capitais públicos ou privados, e independentemente da forma adotada, seja ela societária, associativa, cooperativa. Diferentes organizações podem possuir uma estrutura de governança, que é um conjunto de procedimentos e controles que disciplina as relações entre as partes, pois não é assunto privativo de corporações.

Andrade e Rosseti (2014) afirmam que a governança possui uma ampla abrangência. Para os autores, ela está relacionada a diversas questões e funções que envolvem e fazem parte dos processos das organizações, desde as questões operacionais, estratégicas, financeiras e legais como direitos societários e sucessórios. Já, Siffert Filho (1998) compreende que a governança se refere ao sistema pelo qual os órgãos e os poderes são organizados dentro de uma entidade, seja ela empresarial ou não se transformando em um sistema de controle e monitoramento.

Sintetizando as diferentes concepções, pode-se afirmar que a governança é mais que um sistema de regulação da relação entre a propriedade catalogada aos interesses dos acionistas e a gestão aos interesses dos administradores ou gestores. Ela abrange múltiplos interesses, como os dos stakeholders, proporcionando à instituição eficiência em seus processos internos e externos, eficácia em seus resultados de curto, médio e longo prazo e transparência em suas operações.

Stakeholders incluem qualquer grupo ou indivíduo que possa afetar ou ser afetado pelos objetivos organizacionais (FREEMAN, 1984). Nas IES, os stakeholders também são os

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alunos, os quais são fundamentais para a geração de um desempenho favorável. Segundo Athkinson e Waterhouse (1997 apud SILVA JR.; MUNIZ; MARTINS, 2009), os stakeholders podem ser classificados em primários que são aqueles sem os quais a corporação não sobreviverá, ou seja, os acionistas, controladores, empregados, fornecedores e consumidores, e os secundários caracterizados por aqueles que possuem algum grau de importância, sem comprometer a sobrevivência da corporação, como exemplo, a comunidade, o governo, os sindicatos e as associações de classe.

Andrade e Rosseti (2014) afirmam que ao longo do processo histórico, mudaram as forças de gestão do mundo corporativo, bem como os beneficiários de seus resultados. Ao mesmo tempo em que evoluíram as concepções, as abordagens e os instrumentos de gestão, modificava-se a estrutura de poder nas corporações. Essas modificações nos processos de gestão aconteceram em todas as instituições, sejam elas empresariais ou não.

Em função destas transformações relacionadas aos instrumentos de gestão, os autores propõem a adoção de nove fatores de diferenciação: (1) fonte predominante de financiamento das empresas; (2) propriedade e forma de controle; (3) separação entre a propriedade e a gestão; (4) tipologia dos conflitos de agência; (5) proteção legal aos minoritários; (6) composição e forma de atuação dos conselhos de administração; (7) liquidez da participação acionária; (8) forças de controle mais atuantes; e, (9) estágio em que se encontra a adoção das boas práticas de governança corporativa. Esses nove fatores de diferenciação podem ser utilizados para analisar comparativamente os diversos modelos de governança corporativa.

Através dos fatores de diferenciação, além de analisar os modelos de governança é possível verificar o desempenho das IES com relação as decisões tomadas pela sua estrutura de governança. Venkatraman e Ramanujam (1987) afirmam que de maneira geral, mensurar o desempenho é uma importante e desafiadora tarefa para os pesquisadores. Para os autores, a comparação de diferentes teorias pode ser um passo no sentido de aprimorar estas ferramentas de mensuração do desempenho e adaptá-las à realidade das IES, promovendo sua aplicabilidade.

Moreira et al. (2009) afirmam que a efetividade organizacional está associada a diversos significados, tais como eficiência, produtividade ou desempenho. Freitas e Rodrigues (2003) apresentam a ideia de que a auto avaliação nas IES pode auxiliar na mensuração do desempenho, identificando falhas antes dos procedimentos governamentais de avaliação. Já, Cameron e Tschihart (1992) revelaram que a efetividade das IES está relacionada às definições estratégicas, pois estas atuam suavizando os efeitos da escassez de recursos e do

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aumento da competição, característicos do contexto atual. Sendo assim, a orientação para o mercado por si só não é considerada uma condição suficiente para um desempenho duradouro em IES, é necessário ser complementada pelo processo de aprendizagem organizacional visto que, a análise de eventos passados conduzirá a posições de vantagem competitiva de longo prazo.

As IES necessitam realizar práticas e movimentos para conectar-se com os problemas da população e desenvolver sua responsabilidade social com o objetivo de agregar resultado ao desempenho e desenvolver a região onde estão inseridas. A interação e proximidade com a comunidade local, pode agregar desenvolvimento quando gera construção do conhecimento, sendo este um propulsor da transformação social.

Kelm (2003) afirma que é recomendável analisar as IES em uma concepção sistêmica, visto que, elas apresentam uma missão, dificuldades com relação a modelos de controle executados sobre suas saídas, e avaliações baseadas em técnicas contábeis e orçamentarias que não capturam a essência da missão. Por esse motivo, para analisar o desempenho das IES, faz-se necessário verificar as consequências de suas ações na sociedade, no que se refere à operacionalização de sua missão. Sendo assim, o desempenho precisa ser analisado sob o viés econômico, mas também social.

Felden, Kelm e Muller (2007) afirmam que as organizações são agentes sociais no processo de desenvolvimento, e que elas precisam não somente assumir um papel de produtoras de bens e serviços, mas também precisam ser responsáveis pelo bem-estar dos colaboradores e da sociedade. Para os autores, o conceito de responsabilidade social é mais amplo que o simples relacionamento da organização com a sociedade.

Kreitlon (2004) justifica que para as empresas optarem por um modelo de gestão baseado na participação democrática, é necessário reconhecer que existirá uma vontade coletiva mais representativa do que o retorno financeiro. A autora afirma que o conceito de responsabilidade social serve para que se evite questionamentos éticos em função da relação empresa e sociedade pois, desloca o debate para o nível organizacional, mas, o que deveria se colocar em evidência é a própria ordem institucional.

Neste contexto, existem as instituições comunitárias de ensino superior – ICES6, que de acordo com a Lei Federal nº 12.881/2013 (BRASIL, 2016) estão constituídas na forma de associações ou fundações, o seu patrimônio deve pertencer a entidades da sociedade civil ou ao poder público, são sem fins lucrativos, não distribuem resultados e devem aplicar seus

6 A abreviatura ICES refere-se a instituições comunitárias de ensino superior de acordo com a Lei Federal nº

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recursos na manutenção de seus objetivos institucionais. Essas organizações têm seu surgimento atrelado a dois elementos básicos: a ausência do Estado e a interiorização do ensino no País, notadamente, no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina (ARAÚJO, 2010).

As experiências mais significativas, de acordo com Ahlert (2010), talvez sejam as do território do Estado do Rio Grande do Sul, podendo ser citadas as seguintes ICES: a Pontifica Universidade Católica (PUC), a Universidade Católica de Pelotas (UCPEL), a Universidade

Regional do Noroeste do Estado do RS (UNIJUÍ), a Universidade de Caxias do Sul (UCS),

a Universidade de Passo Fundo (UPF), Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI), Universidade Regional da Campanha (URCAMP), Universidade de Cruz Alta (UNICRUZ), Universidade do vale do Rio dos Sinos (UNISINOS) e FEEVALE, bem como os Centros Universitários

UNIVATES do Vale do Taquari, e o UNILASALLE, de Canoas.

Para Miranda et al. (2016), elas precisam apresentar estratégias consolidadas para que obtenham vantagem competitiva onde atuam, visto que, as estratégias são um elo entre a situação atual e a situação desejada. Para tanto, boas práticas de governança são fundamentais no processo de implementação destas estratégias pois, compreende-se que nas ICES7, as decisões e responsabilidades dos atores envolvidos no processo estratégico são compartilhados na mesma proporção.

Diante do exposto, apresenta-se como tema de pesquisa do presente estudo a

governança em instituições comunitárias de ensino superior, a qual, oferece significativa

contribuição para a compreensão do impacto de estruturas, estratégias, processos e tecnologia no desempenho destas organizações que necessitam ser analisadas através dos seus retornos econômicos, mas também contribuições sociais.

Na opinião de Bertucci (2005), interpretar e oferecer respostas adequadas ao ambiente utilizando estratégias prospectivas apresentaram significativos efeitos sobre o desempenho das organizações. Portanto, é possível compreender que quanto maior a capacidade da governança para avaliar as influências do ambiente externo, para prever os efeitos das mudanças e responder ao ambiente com estratégias prospectivas, maior será a probabilidade de que essa organização apresente também grau elevado de desempenho e mantenha-se no mercado.

7 No decorrer do texto foi utilizada a sigla “IES” quando realizada alguma citação de autores que estudaram as

instituições de ensino superior, públicas, privadas, comunitárias ou não, já o termo “ICES” terá como intuito referir-se a instituições comunitárias de ensino superior apenas.

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1.2 PROBLEMA

Vilela e Veloso (2014) afirmam que é fundamental um sistema de gestão que auxilie a IES em todas as suas funções, objetivando a construção de um padrão de excelência educacional, possibilitando um ensino de qualidade. Uma vez que não existe ainda um modelo específico de gestão para as instituições de ensino superior.

Para Silva Jr, Muniz e Martins (2009), as IES se configuram como organizações complexas, em que o fenômeno da governança apresenta-se com endógeno e natural. Para os autores, em função da representatividade das IES no contexto da educação superior brasileira e sua complexidade gerencial, torna-se necessário investigar mais detalhadamente sua dinâmica organizacional, para compreender como acontecem as articulações presentes entre os seus subsistemas e as suas estruturas de poder para que seja possível descrever sobre o desempenho organizacional deste segmento.

Dos Santos (2008) afirma que as estratégias das IES não podem ter caráter permanente, mas nem por isso devem acontecer improvisações, elas devem estar ancoradas na qualidade de seus serviços educacionais e com uma ótima gestão. Sua sobrevida, como em qualquer negócio, está no corte de despesas ou no aumento de receitas, melhor, nos dois. Para o autor, a governança em IES contribui com a gestão, devido à complexidade das regulações nas quais estão expostas, como exemplo, as legislações brasileiras, as avaliações, os órgãos governamentais que controlam toda esfera educacional no Brasil. Se as IES não tiverem uma gestão eficiente, profissional, capaz de garantir sua excelência, sua sustentabilidade será interrompida num curto espaço de tempo.

Pela importância e dimensão que as IES assumem para a sociedade, o Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (SEMESP)8, realizou a quinta edição do mapa do ensino superior que retrata o panorama do ensino superior brasileiro em 2013, expondo dados por mesorregiões do Brasil. Em 2013, o setor da educação de nível superior no Brasil, na rede privada e na pública, empregou mais de 778 mil profissionais, dos quais 384 mil são docentes e 394 mil exercem funções técnico-administrativas, além de serem responsáveis pela formação de aproximadamente 995 mil

8 Fundado em 1979, o Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado

de São Paulo (SEMESP) congrega 383 mantenedoras e 538 mantidas, em mais de 140 cidades do Estado de São Paulo. Tem como objetivo preservar, proteger e defender o segmento privado de educação superior, bem como prestar serviços de orientação especializada aos seus associados. Periodicamente, realiza uma série de eventos, visando promover a interação entre mantenedoras e profissionais ligados à educação.

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alunos, sendo 161 mil concluintes em cursos EAD e 834 mil em cursos presenciais. Destes, 765 mil concluíram o curso pelo setor privado e 230 mil pela rede pública (SEMESP).

Observou-se na quinta edição do mapa do ensino superior que o número de IES no Brasil vem crescendo nos últimos 13 anos, com a elevação total de 102,6%, sendo 108,2% nas IES privadas e 71% nas públicas. No entanto, em 2013, o setor da educação de nível superior decresceu cerca de 1% totalizando 2.391 instituições: 2.090 IES privadas e 301 públicas (Gráfico 1).

Gráfico 1 – Número de IES no Brasil

Fonte: Semesp (2015)

No Rio Grande do Sul, de 2000 a 2013, o número de IES também apresentou um crescimento de 150%, totalizando 120 IES – 109 privadas e 11 públicas em 2013, contra 48 IES – 41 privadas e 7 públicas em 2000. Mas, no período de 2012 a 2013, o Rio Grande do Sul cresceu 3,8% em número de IES na rede privada e permaneceu estável na rede pública (Gráfico 2).

Gráfico 2 – Número de IES no Rio Grande do Sul

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Para Reis e Bandos (2012), as IES precisam adequar suas atividades e leis de forma a regulamentar as práticas de ensino e pesquisa com o objetivo de integrar essas atividades e os diversos problemas e exigências das pessoas na busca de conhecimento científico e inovações. Essas IES, interagem com esse ambiente, atuando como um sistema aberto e na maioria dos casos, possuem um modelo de governança atento ao desempenho visto que, para a sociedade, dentro das IES estão pessoas que possuem conhecimento firmado através de teoria e prática para planejar, organizar dirigir e controlar uma organização.

As ICES, pertencem a rede privada e são um modelo diferente, pois são geridas por um conselho comunitário, formado em geral por representantes de diferentes segmentos da sociedade civil local, ou regional, não pertencendo a um único proprietário, mas possuindo uma estrutura de governança definida. As ICES têm uma grande preocupação com suas atividades acadêmicas e com o crescimento socioeconômico das regiões onde se localizam.

No que se refere a gestão, hoje somente os modelos de gestão por resultados não possuem mais relevância como foi no passado, visto que as novas gerações estão inseridas em um contexto de gestão do conhecimento voltadas a descentralização e participação nas decisões. Para competir e promover um desempenho constante faz-se necessário a relação com a sociedade e a análise do bem-estar dos funcionários, o lucro ou o resultado, não podem ser analisados como único fator de desempenho.

Ou seja, o crescimento destas organizações, as novas visões de mundo e expectativas particulares dos diversos atores, muitas vezes encantados pelas possibilidades e identidades que o consumo possibilita, acabaram por criar também nestas (e a partir destas) organizações um conjunto de interesses e desejos que não conseguem mais ser equacionados pela missão transformadora da educação que constituiu por muitos anos a utopia motivadora e o fator de convergência e alinhamento institucional. Surgem hoje interesses pessoais, de áreas, de grupos e tantos outros que devem ser adequadamente problematizados e considerados dentro do modelo de gestão sob pena de comprometer tanto a sustentabilidade quanto a efetividade do fazer institucional.

Torna-se relevante problematizar o modo como as universidades, especificamente as de caráter comunitário, tem convivido com os conflitos de interesse típicos das relações de agência (JENSEN e MECKLING, 2008), entre seus diversos stakeholders. Para Silva Jr, Muniz e Martins (2009), as IES podem ser consideradas como um espaço político, conectado por relações coletivas, em que os agentes sociais, processam insumos e os transformam em produtos e serviços. Para estes autores, a governança, que surge da consciência da existência

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de conflitos potenciais que emergem das relações de agência, faz com que esta atue como um fenômeno organizacional, com o papel de resguardar a transparência nas relações entre as estruturas de propriedade e de controle, bem como o de defender os interesses de todas as partes interessadas.

Apresentados os dados relacionados às IES no Brasil e no Rio Grande Sul, bem como a conceituação de ICES, objetos deste estudo, e os desafios nas quais estão inseridas, busca-se analisar dois casos através de uma retrospectiva histórica das contribuições da governança no desempenho das ICES: UNIJUÍ e UNIVATES, que possuem a mesma classificação comunitária, pública não estatal, proximidade de data de fundação, características similares quanto ao local onde estão inseridas.

Formalizada em caráter regional em 1993, a Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, que possui mais de 60 anos de atuação no ensino na região, é comunitária, pública não-estatal, possui uma mantenedora a Fundação de Integração, Desenvolvimento e Educação do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul - FIDENE, apresenta uma estrutura multi campi nas cidades de Ijuí, Panambi, Santa Rosa e Três Passos além das unidades de apoio e polos de atendimento da educação a distância, promovem o desenvolvimento da região. Já certificou mais de 10 mil alunos em cursos de graduação presenciais e a distância, programas de pós-graduação lato e stricto sensu. No ano de 2015 apresentou corpo funcional de docentes com 119 doutores, 277 mestres, 61 especialistas e 9 graduados, conforme relatório do balanço social de 2015.

Com relação a Unidade Integrada do Vale do Taquari - UNIVATES, fundada em 1997, atualmente uma universidade, comunitária, pública não-estatal, com a fusão das duas faculdades então existentes passou a ser mantida pela Fundação Vale do Taquari de Educação e Desenvolvimento Social (FUVATES), possui campus em Lajeado e Encantado. Em 2007 foi considerada a melhor instituição de Ensino Superior particular do RS pelo jornal O Globo. Já certificou mais de 11.017 estudantes nos cursos de graduação presenciais e a distância, programas de Pós-graduação Lato e Stricto Sensu. No ano de 2015 possuia corpo funcional de docentes com 103 doutores, 260 mestres, 89 especialistas e 47 graduados, conforme relatório do balaço social de 2015.

As ICES descritas possuem a mesma classificação comunitária, pública não estatal, os modelos de governança bem como, as formas utilizadas para geri-las levando em consideração suas macroestruturas, a acadêmica e a administrativa que, de modo articulado, conduzem suas atividades, podem ter influenciado o desempenho, nos resultados sociais,

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econômicos entre outros indicadores em função de diversos fatores ou decisões. Diante destas considerações, e com base na necessidade de se estudar a complexidade que envolve a governança em ICES e seu desempenho, a pergunta de pesquisa norteadora deste estudo é:

Quais são as contribuições da governança no desempenho da UNIJUÍ e da UNIVATES?

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo Geral

Identificar as contribuições da governança no desempenho da UNIJUÍ e da UNIVATES.

1.3.2 Objetivos Específicos

a) Compreender historicamente a constituição da governança nas ICES em estudo, identificando os eventos críticos que modificaram a estrutura e o desempenho;

b) Descrever a percepção dos atores institucionais que participaram dos processos que geraram o desempenho organizacional das ICES com relação a governança;

c) Apresentar o sistema geral e as dimensões da governança nas IES em estudo;

d) Comparar as ICES no que se refere ao seu sistema geral e dimensões da governança;

1.4 JUSTIFICATIVA

Dos Santos (2008) afirma que governança tem como objetivo analisar a administração e controle de uma instituição qualquer, seja empresarial ou não, com finalidade lucrativa ou filantrópica, controlados por capitais públicos ou privados, e qualquer que seja a forma adotada, societária, associativa, comunitária, fundacional ou cooperativa. Para o autor, qualquer instituição possui uma estrutura de governança, e um conjunto de procedimentos e controles que disciplina as relações entre os diversos agentes que participam de sua atividade operacional.

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A estrutura de governança poderá ser eficaz ou não, mas existe, esteja expressa ou resultante de comportamentos adotados ou costumeiros. Sendo assim, estudar a governança, e a relação dela com o desempenho torna-se relevante, pois dos resultados analisados é possível se obter exemplos de tomada de decisões que devem ou não ser adotadas, bem como, comportamentos e ações que foram eficientes ou não. Isso se torna interessante para as ICES, pois elas passam a ser um benchmarking em função da abrangência deste processo, sendo possível observar, aprender e melhorar, podendo ser aplicado a qualquer área de atividade organizacional ou institucional.

Sobre governança em IES, algumas pesquisas já vêm sendo realizados nesta área. Ribeiro et al (2012) constataram que houve um crescimento dos estudos sobre a temática governança corporativa nas dissertações e teses brasileiras. Dois anos mais tarde, o autor refez seu estudo nos periódicos Corporate Governance versus Corporate Governance: An International Review e verificou que as principais pesquisas eram realizadas sobre os temas conforme descrito no quadro 1.

Quadro 1 – Estudos realizados sobre governança corporativa

Dissertações e teses brasileiras (2012) Corporate Governance versus Corporate Governance An International Review (2014)

Boas práticas de governança corporativa Conselho de administração

Estrutura de propriedade Responsabilidade social corporativa Estratégia empresarial Estrutura de propriedade

Desempenho empresarial Mercado de capitais

Fundos de pensão Stakeholders

Conselho de administração Código de boas práticas Empresas familiares Sustentabilidade e ética Fonte: Adaptado de Ribeiro et al (2012) e Ribeiro (2014).

Sendo assim, a justificativa de ordem acadêmica refere-se a escassez de pesquisas sobre a governança em ICES e sua relação com o desempenho. Realizar estudos sobre os mecanismos de governança em ICES e desempenho utilizando dados históricos, poderá contribuir com a forma e o aprimoramento da gestão destas organizações responsáveis pela geração e preservação do conhecimento científico. Ressalta-se também que, por ser uma entidade comunitária, esta não possui instrumentos de mercado para realizar a análise da dinâmica de sua governança. Esse fato também justifica o estudo de governança em ICES.

Quanto a justificativa de ordem prática, é possível afirmar que as IES são importantes para o desenvolvimento regional, pois aumentam o nível de conhecimento e de cultura da região, apresentam um impacto econômico, qualificam a mão de obra, geram pesquisas para o aumento da produtividade, podem solucionar problemas locais, contribuem enquanto local de

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inovação e de constituição de cidadania. Além de capacitar pessoas e atrair pesquisadores, a existência da uma universidade gera demandas que podem ajudar a movimentar a economia de uma região visto que, elas não devem existir apenas para produzir materiais científicos de excelência mas precisam dialogar com a sociedade, com as empresas, e ser capaz de produzir conhecimento considerando as características e necessidades de cada.

Com relação a justificativa de ordem pessoal, para a autora da dissertação, é relevante o assunto visto que a mesma é graduada em Administração por uma das ICES em estudo, e acredita que o tema e os resultados serão úteis e trarão consequência para análise de situações futuras para estas organizações. Também pelo assunto ser do interesse Grupo de Pesquisa em Competitividade e Gestão Estratégica para o Desenvolvimento - GPCOM no qual a mesma é integrante. Da mesma forma que o estudo torna-se viável em relação ao tempo, recursos financeiros e informações necessárias.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

Este capítulo apresenta a fundamentação teórica sobre as origens do termo governança, e os conceitos relacionados à teoria institucional e da agência. Em seguida, apresenta-se a temática da governança, momento no qual foram descritos os modelos de governança e algumas considerações sobre a governança em IES e o contexto das ICES. Os valores, dimensões e sistema geral da governança também são abordados, e o capítulo é finalizado com a fundamentação teórica sobre o desempenho organizacional.

A governança em IES incorpora práticas e procedimentos definidos pelos conceitos que predominam no ambiente organizacional e que estão institucionalizados na sociedade, refletindo em suas estruturas formais em função de um ambiente institucionalizado em vez das reais necessidades das atividades de trabalho. Por outro lado, também ocorrem problemas de agência decorrentes de conflitos de interesses existentes em atividades de cooperação entre os indivíduos, quer ela ocorra ou não em situações de hierarquia entre o principal e o agente.

2.1 ORIGENS DO TERMO GOVERNANÇA

O termo governança possui origem norte-americana e hoje, alcança uma abrangência mundial. Andrade e Rosseti (2014) afirmam que a dispersão do controle de capital, a formação e evolução do capitalismo e do mundo corporativo, o divórcio entre a propriedade e a gestão, os conflitos de agência e o gigantismo e o poder das corporações, marcaram a evolução histórica da governança.

Para Vilela e Veloso (2014) as referências para os estudos sobre governança corporativa efetivaram-se através das publicações de Adolf Berle e Cardiner Means, em 1932, acerca dos problemas decorrentes da separação entre a oportunidade e o controle gerencial e de Ronald Coase, em 1937, cujo desenvolveu a Teoria da Firma. Em 1973, Stephen Ross estudou o Conflito de Agência, ressaltando as dificuldades de alinhamento entre os interesses de gestores e acionistas. John Kenneth Galbraith, em 1967, estudou a teoria econômica, quando não justificada pelos dados empíricos, pois, afirmava que era necessário levar em conta a informação de outras disciplinas e também a realidade política, não somente o tratamento técnico e matemático. Benjamin Klein, em 1983, estudou a problemática dos contratos incompletos. Michael Jansen e Willian Meckling, em 1976, aprofundaram os

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estudos sobre a teoria da agência e a inexistência do agente perfeito. Oliver Williamson, em 1985, abordou as teorias de custo da transação e em 1992, Adrian Cadbury foi o coordenador do Relatório de Cadbury o qual definia responsabilidades de conselheiros e executivos, visando à prestação responsável de contas e transparência, em atenção aos interesses legítimos dos acionistas.

Saito e Silveira (2008) afirmam que os principais problemas gerados pelos elementos governança corporativa são a propriedade e controle, tratados inicialmente por Berle e Means, em 1932, no trabalho The Modern Corporation and Private Property, considerado marco inicial em governança corporativa. Os autores discorrem a respeito da relação entre um mandatário principal e um ou mais agentes, quando estes possuem poderes para tomar decisões em nome do mandatário. Afirmam, também, que quando existe a separação entre esses dois lados, começa a separação entre propriedade e controle e os problemas de agência.

Durante as décadas de 50 a 60 existia forte presença de acionista familiar majoritário. Os conselheiros eram não atuantes, pois não tinham conhecimento sobre os negócios. Em função desse fato, aconteciam acumulações de funções, sendo o acionista majoritário o gestor da empresa. Na década 70, a evolução histórica da governança corporativa teve início quando, nos EUA, foi fundada a National Association of Corporate Directors (NACD) e no Brasil, inicia o surgimento e a independência dos conselhos de administração nas empresas, instituídos pela Lei das Sociedades por Ações brasileiras n. 6.404/76, a qual estabeleceu as competências do conselho de administração, legalizando as práticas deste tipo de conselho. Neste período, outro fato marcante foi a criação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) mediante lei n. 6.385/76.

Na década seguinte, nos anos 80, os acionistas começavam a ser valorizados em função da abertura de capital dos fundos de investimentos, fundos de pensão, participação de bancos de algumas empresas. No Brasil ainda existia um mercado de capitais pequeno e com pouca liquidez.

A mudança de rumo da governança corporativa aconteceu quando, Robert Monks, empreendedor americano bem-sucedido, atacou a falta de transparência na administração das companhias e defendendo a atuação mais eficaz dos acionistas na geração de mais valor e riqueza (ANDRADE; ROSSETI, 2014). Então, na década de 90, os conselhos de administração começam a ganhar força, e definiu-se o papel da auditoria externa, devido aos grandes escândalos nacionais e internacionais. Neste mesmo período aconteceram privatizações, globalizações, fusões e aquisições de grandes empresas. Em 1995 criou-se no

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Brasil o Instituto de Conselheiros de Administração (IBCA) que depois passou a ser o IBGC e em 1996 é lançamento do Código Melhores Práticas da NACD.

Em 1999, a Organização de Cooperação para o Desenvolvimento Econômico (OCDE), principal órgão internacional que reúne os principais países industrializados, publicou o primeiro código de governança corporativa, o qual foi o primeiro código endossado pelo Banco Mundial e também pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Abordou questões importantes para os acionistas, previa a proteção da acionista minoritária, a transparência na administração da companhia, equidade, ou seja, igualdade entre os acionistas, e descrevia que não é somente os acionistas interessados pela companhia que devem estar atentos ao que ocorre dentro delas, mas sim, todas as partes interessadas.

A CVM, órgão responsável por fiscalizar as companhias de capital aberto no Brasil, publicou em 2002 a sua cartilha de recomendação de melhores práticas de governança corporativa. O objetivo é demonstrar que companhias com um sistema de governança que proteja todos os seus investidores tendem a gerar mais valor as companhias e ainda esclarecer eventuais dúvidas.

Em 2001 era importante compreender qual seria a melhor forma para aperfeiçoar a administração das grandes companhias. Por esse motivo foi realizada a reforma da lei das sociedades anônimas e dentro dessa reforma foram inclusos os princípios da governança corporativa. Tal fato tornou-se um marco para o direito brasileiro, também para a administração das grandes companhias. Neste mesmo ano, a Bovespa, responsável por comercializar as ações das companhias abertas, estabeleceu os níveis de listagens que levam em considerações os padrões de governança corporativa que as companhias adotam, quanto melhores as condições de governança corporativa, melhor será sua posição na listagem. Passou a existir então, o nível Novo Mercado, nível que abrange as melhores empresas em questão de governança corporativa do mercado de capitais brasileiro.

No ano de 2009, o IBGC publicou a 4ª edição do Código das melhores práticas de governança corporativa, o qual foi revisitado no ano de 2015 através da publicação de sua 5ª edição. Os acontecimentos, estudos e publicações relacionados a governança abordados, estão sistematizados no quadro 2.

Referências

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