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Relatório de estágio curricular supervisionado em Medicina Veterinária

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO

RIO GRANDE DO SUL

DEPARTAMENTO DE ESTUDOS AGRÁRIOS

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR

SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

Diéssica Targieli Müller

Ijuí, RS, Brasil

2016

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO

RIO GRANDE DO SUL

DEPARTAMENTO DE ESTUDOS AGRÁRIOS

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR

SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

ÁREA: CLÍNICA DE GRANDES ANIMAIS

ORIENTADORA: PROFª. MED. VET. MSC. DENIZE DA ROSA FRAGA

SUPERVISOR: MED. VET. JULIO CESAR PASCOAL

Diéssica Targieli Müller

Ijuí, RS, Brasil

2016

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RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR

SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

Diéssica Targieli Müller

Relatório de Estágio Curricular Supervisionado apresentado ao Curso de

Medicina Veterinária, Área de Bovinocultura de Leite, da Universidade

Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ, RS), como

requisito parcial para obtenção do grau de

Médica Veterinária.

Orientadora: Profª. Med. Vet. MSc. Denize da Rosa Fraga

Supervisor: Med. Vet. Julio Cesar Pascoal

Ijuí, RS, Brasil

2016

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Universidade Regional do Noroeste do Estado do

Rio Grande do Sul

Departamento de Estudos Agrários

Curso de Medicina Veterinária

A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova o

Relatório de Estágio da Graduação

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR

SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

elaborado por

Diéssica Targieli Müller

como requisito parcial para obtenção do grau de

Médica Veterinária

COMISSÃO EXAMINADORA:

______________________________________

Denize da Rosa Fraga, MSc. (UNIJUÍ)

(Orientadora)

_______________________________________

Felipe Libardoni, Dr. (UNIJUÍ)

(Banca)

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Apesar dos nossos defeitos,

precisamos enxergar que somos pérolas únicas no teatro da vida e entender que não existem pessoas de sucesso ou pessoas fracassadas. O que existe são pessoas que lutam pelos seus sonhos ou desistem deles!

(6)

AGRADECIMENTOS

No decorrer de minha formação em Medicina Veterinária, muitas foram as pessoas que me apoiaram e me deram força durante toda caminhada, enfrentando junto comigo minhas dificuldades e vibrando a cada obstáculo vencido. O importante é não se sentir só, e junto deles compartilho hoje minha conquista.

A Deus, que esteve presente a todo instante me dando força e iluminando minha trajetória.

Aos meus pais, Edo e Ilena Müller, por acreditarem em meus sonhos e não medirem esforços para torná-los realidade, proporcionando a mim confiança e companheirismo para que esta etapa fosse cumprida. Agradeço pela oportunidade de vida e por terem sido um exemplo em minha conquista.

Às minhas irmãs, Andiara e Francieli, que além de irmãs são grandes amigas que tenho junto a mim, no qual com suas palavras doces e de carinho em muitos momentos me deram coragem para seguir adiante, por estarem sempre prontas a ouvir meus desabafos e me confortar com suas palavras sinceras.

A todas minhas amigas, que de uma maneira ou outra, contribuíram para que esses anos se tornassem mais leves, compartilhando junto todas as angústias, incertezas e alegrias conquistadas nesta etapa de nossas vidas.

A minha orientadora Denize da Rosa Fraga, pela formação profissional que me transmitiu enquanto professora, Médica Veterinária e orientadora, pelos ensinamentos, auxilio e dedicação, durante esses anos de graduação.

A todos os demais professores da UNIJUI que fizeram parte da minha formação acadêmica, pelos incentivos, conhecimentos partilhados e por transformarem em uma profissional.

Ao supervisor de estágio, Julio Cesar Pascoal, pela oportunidade, ensinamentos passados, e por toda segurança e tranquilidade transmitida.

E, por fim, agradeço em especial aos animais por terem proporcionado a prática desenvolvida no curso, fortalecendo e contribuindo para meu crescimento profissional.

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RESUMO

Relatório de Graduação Curso de Medicina Veterinária Departamento de Estudos Agrários

Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA- ÁREA DE BOVINOCULTURA DE LEITE

AUTORA: DIÉSSICA TARGIELI MÜLLER ORIENTADORA: DENIZE DA ROSA FRAGA Data e Local da Defesa: Ijuí, 02 de julho de 2016.

O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária foi realizado na área de Clínica, Cirurgia, Manejo e Reprodução de Grandes Animais, com ênfase na Bovinocultura de Leite. A realização ocorreu na Cooperativa Agropecuária e Industrial – COTRIJUI, Unidade de Nova Ramada, Rio Grande do Sul. No período de 01 de fevereiro a 09 de março de 2016, totalizando 150 horas de atividades. A supervisão interna ficou a cargo do Médico Veterinário Julio Cesar Pascoal e sob a orientação da professora Mestre em Medicina Veterinária Denize da Rosa Fraga. O estágio teve como objetivo principal a aplicação prática do conhecimento teórico adquirido, de uma troca de experiência profissional, do acompanhamento e evolução dos casos clínicos atendidos e do conhecimento da rotina e das condutas clínicas mais utilizadas. As atividades desenvolvidas serão expressas em forma de tabelas, sendo nestas especificadas as atividades acompanhadas tais como ações preventivas, ocorrências clínicas, atendimentos cirúrgicos, procedimentos, avaliações reprodutivas com diagnósticos e a situação do trato reprodutivo das fêmeas bovinas. Ainda serão relatados dois casos clínicos que foram acompanhados, um sobre deslocamento de abomaso à direita em uma fêmea da raça Jersey, e outro sobre suspeita de acidose ruminal em uma fêmea da raça Holandesa. O estágio se apresenta como um dos momentos de maior importância dentro da formação acadêmica do Médico Veterinário, pelo fato de ser a ocasião em que os conhecimentos adquiridos durante cinco anos de graduação, passam a ser aplicados na prática, tendo como resultado a ampliação dos conhecimentos e a associação da teoria com a prática.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Resumo das atividades acompanhadas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica e Cirurgia de Grandes Animais na Cotrijui, Unidade de Nova Ramada, RS, no período de

01 de fevereiro a 09 de março de 2016……… 12

Tabela 2 - Ações preventivas em bovinos acompanhadas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica e Cirurgia de Grandes Animais na Cotrijui, Unidade de Nova Ramada, RS, no período de

01 de fevereiro a 09 de março de 2016………. 12

Tabela 3 - Ocorrências clínicas em bovinos acompanhadas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica e Cirurgia de Grandes Animais na Cotrijui, Unidade de Nova Ramda, RS, no período de

01 de fevereiro a 09 de março de 2016………. 12

Tabela 4 - Atendimentos cirúrgicos em bovinos acompanhados durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica e Cirurgia de Grandes Animais na Cotrijui, Unidade de Nova Ramada, RS, no

período de 01 de fevereiro a 09 de março de 2016……… 13

Tabela 5 - Procedimentos clínicos em bovinos acompanhados durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica e Cirurgia de Grandes Animais na Cotrijui, Unidade de Nova Ramada, RS, no

período de 01 de fevereiro a 09 de março de 2016………... 13

Tabela 6 - Diagnósticos reprodutivos das fêmeas bovinas vazias acompanhadas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica e Cirurgia de Grandes Animais na Cotrijui, Unidade de Nova Ramada, RS, no período de 01 de fevereiro a 09 de março de 2016………… 14 Tabela 7 - Situação reprodutiva verificado com auxilio de exame com ultrassom das

fêmeas bovinas acompanhadas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica e Cirurgia de Grandes Animais na Cotrijui, Unidade de Nova Ramada, RS, no período de 01 de fevereiro a

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 10

2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ... 12

3 RELATO DE CASO 1 ... 15

3.1 Deslocamento de abomaso à direita em uma fêmea da raça Jersey ... 15

3.1.1 Introdução... 15 3.1.2 Metodologia ... 16 3.1.3 Resultados e Discussão ... 19 3.1.4 Conclusão ... 23 3.1.5 Referências Bibliográficas ... 23 4 RELATO DE CASO 2 ... 25

4.1 Suspeita de acidose ruminal em uma fêmea da raça Holandesa ... 25

4.1.1 Introdução... 25 4.1.2 Metodologia ... 27 4.1.3 Resultados e Discussão ... 28 4.1.4 Conclusão ... 32 4.1.5 Referências Bibliográficas ... 32 5 CONCLUSÃO ... 34 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 35

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1 INTRODUÇÃO

O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária apresenta-se como uma sistematização teórica e prática de todo aprendizado adquirido durante a graduação e é de suma importância na formação acadêmica, pois propicia a oportunidade de vivenciar e exercer o cotidiano profissional.

O estágio ocorreu na Cooperativa Agropecuária e Industrial – Cotrijui, Unidade de Nova Ramada, RS, na área de Clínica e Cirurgia de Grandes Animais, com ênfase em Bovinos de Leite. No período de 01 de fevereiro a 09 de março de 2016, totalizando 150 horas de atividades. A supervisão interna ficou a cargo do Médico Veterinário Julio Cesar Pascoal e sob a orientação da professora Mestre em Medicina Veterinária Denize da Rosa Fraga.

O município de Nova Ramada, está localizado na microrregião noroeste colonial do estado do Rio Grande do Sul. Atualmente o município possui em torno de 2.437 habitantes, sendo que 27% se encontram na zona urbana e 73 % na zona rural, sua área é de aproximadamente 254.755 km².

O município se divide, tanto na atividade de grãos, quanto na produção de leite, sendo que as unidades de produção voltadas a produção agrícola são de pequenas, médias e grandes propriedades. Já as unidades de produção voltadas para a produção leiteira são de pequenas a media propriedades. O município de Nova Ramada produz em média 25.446 litros/leite/dia, e segundo dados fornecidos pela Secretária da Agricultura as propriedades do município conseguem alcançar uma produção média de 9.160.740 litros/leite/ano.

A COTRIJUI, Cooperativa Agropecuária & Industrial, foi fundada em 20 de julho de 1957 e de lá pra cá foi implantado a cooperativa em diversas cidades do estado do Rio Grande do Sul. Apesar das demandas juridicas contra a Cotrijui, nenhuma unidade foi fechada e nenhuma unidade foi perdida, atualmente estão todas em atividade, divididas em 13 unidades no estado do Rio Grande do Sul. A cooperativa possui planejamento estratégico, no qual inclui programas específicos para as áreas de cereais, suínos, leite, insumos e produtos industrializados.

Em relação ao local de estágio, historicamente a Cooperativa Agropecuária e Industrial- Cotrijui se implantou no munícipio de Nova Ramada no ano de 2005 quando veio a adquirir um armazém graneleiro, e somente no ano de 2009 foi inaugurada a rede de supermercado e agroinsumo. Atualmente no munícipio a cooperativa conta com a colaboração de 160 associados, e é composta por um quadro de 14 funcionários, entre eles um médico veterinário, um técnico agrícola, no qual exercem a função de dar assistência técnica as propriedades

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associadas, três funcionários voltados para o funcionamento do armazém de grãos e o restante do quadro de funcionários são direcionados para o atendimento do supermercado e agroinsumo.

Optou-se por realizar o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na Cotrijui, na unidade de Nova Ramada RS, por ser uma empresa de ação cooperativista com referência no agronegócio. Esta se situa na microrregião noroeste do estado do Rio Grande do Sul, e se insere na maior bacia leiteira do estado. Pelo constante crescimento e intensificação da atividade, a rotina de atendimentos prestados aos associados ocorre em diferentes sistemas de produção e tipos de unidades produtoras.

O estágio desenvolvido teve como objetivo principal a aplicação prática do conhecimento teórico adquirido, de uma troca de experiência profissional, do acompanhamento da evolução dos casos clínicos atendidos na área de clínica e cirurgia de bovinos de leite e do conhecimento da rotina e das condutas clínicas mais utilizadas.

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2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

As principais atividades desenvolvidas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica e Cirurgia de Grandes Animais serão apresentadas a seguir resumidamente na Tabela 1 e os tipos de atividades serão especificados nas Tabelas 2 a 7.

Tabela 1 - Resumo das atividades acompanhadas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica e Cirurgia de Grandes Animais na Cotrijui, Unidade de Nova Ramada, RS, no período de 01 de fevereiro a 09 de março de 2016.

Resumo das atividades Total %

Ações preventivas Avaliações reprodutivas Ocorrências clínicas Atendimentos cirúrgicos Procedimentos clínicos 228 98 26 6 6 62,63 26,92 7,14 1,65 1,65 Total 364 100,00

Tabela 2 - Ações preventivas em bovinos acompanhadas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica e Cirurgia de Grandes Animais na Cotrijui, Unidade de Nova Ramada, RS, no período de 01 de fevereiro a 09 de março de 2016.

Ações preventivas Total %

Vacinação para brucelose (ANABORTINA® - B19) Vacinação para clostridioses (BIOABORTIGEM®)

155 73

67,98 32,01

Total 228 100,00

Tabela 3 - Ocorrências clínicas em bovinos acompanhadas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica e Cirurgia de Grandes Animais na Cotrijui, Unidade de Nova Ramada, RS, no período de 01 de fevereiro a 09 de março de 2016.

Ocorrências clínicas Total %

Suspeita de tristeza parasitária bovina Suspeita de leptospirose

Descolamento da parede do casco Deslocamento de abomaso à esquerda

Mastite ambiental por suspeita de Escherichia coli Deslocamento de abomaso à direita

Acidente ofídico Acidose ruminal

Indigestão por sobrecarga de rúmen

9 3 2 2 2 1 1 1 1 34,61 11,53 7,69 7,69 7,69 7,69 3,84 3,84 3,84 (continua)

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Intoxicação alimentar Malformação fetal

Retirada de míiase da palpebra inferior Suspeita de cetose 1 1 1 1 3,84 3,84 3,84 3,84 Total 26 100,00

Tabela 4 - Atendimentos cirúrgicos em bovinos acompanhados durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica e Cirurgia de Grandes Animais na Cotrijui, Unidade de Nova Ramada, RS, no período de 01 de fevereiro a 09 de março de 2016.

Atendimentos cirúrgicos Total %

Abomasopexia Amochamento térmico Orquiectomia em bovinos 3 1 1 60,00 20,00 20,00 Total 5 100,00

Tabela 5 – Procedimentos clínicos em bovinos acompanhados durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica e Cirurgia de Grandes Animais na Cotrijui, Unidade de Nova Ramada, RS, no período de 01 de fevereiro a 09 de março de 2016.

Procedimentos clínicos Total %

Parto distócico Transfusão sanguínea

Casqueamento corretivo e curativo

3 3 2 50,00 33,33 16,66 Total 6 100,00

As avaliações reprodutivas dos animais foram realizadas através do exame de palpação retal seguida de ultrassonografia, por via transretal, em 78 animais, equivalente a 79,59%; além disso foram realizados 5 exames apenas por palpação retal sem o auxílio de ultrassonografia, equivalente a 5,10%. Também foram realizados 15 exames ginecológicos por vaginoscopia equivalente a 15,30% das avaliações reprodutivas.

A partir das avaliações reprodutivas por vaginoscopia, detalha-se nas Tabelas 6 e 7 os diagnósticos e a situação do trato reprodutivo das fêmeas bovinas.

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Tabela 6 - Diagnósticos reprodutivos por vaginoscopia de fêmeas bovinas acompanhadas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica e Cirurgia de Grandes Animais na Cotrijui, Unidade de Nova Ramada, RS, no período de 01 de fevereiro a 09 de março de 2016.

Diagnósticos reprodutivos Total %

Saudável

Prolapso de 1º anel cervical

14 01

93,33 6,66

Total 15 100,00

Tabela 7 - Situação reprodutiva verificadas com auxílio do exame de ultrassom das fêmeas bovinas acompanhadas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica e Cirurgia de Grandes Animais na Cotrijui, Unidade de Nova Ramada, RS, no período de 01 de fevereiro a 09 de março de 2016.

Situação reprodutiva Total %

Prenhes Vazia 68 15 81,92 18,07 Total 83 100,00

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3 RELATO DE CASO 1

3.1 Deslocamento de abomaso à direita em uma fêmea da raça Jersey

Diéssica Targieli Müller; Denize da Rosa Fraga; Julio Cesar Pascoal

3.1.1 Introdução

O deslocamento de abomaso é uma das enfermidades mais comum que afeta os ruminantes, e uma das principais patologias do trato digestório de vacas leiteiras. O abomaso se localiza na porção ventral direita da cavidade abdominal, e se estende do omaso até a 10º costela do lado direito, onde se liga de maneira ascendente ao duodeno. Quando o abomaso sai da sua posição anatômica, considera-se que o mesmo foi deslocado tanto para a direita como para a esquerda do abdômen, isto ocorre quando o gás se acumula na víscera (BERCHIELLI et al., 2006).

Como o abomaso é suspenso frouxamente pelo omento maior e menor, ele pode ser movimentado da sua posição normal na parte ventral direita tanto para o lado esquerdo como para o lado direito do abdômen, ou ainda pode girar em seu eixo mesentérico enquanto é deslocado para a direita ocorrendo assim uma torção, denominada vólvulo abomasal. A etiologia da doença é multifatorial, ou seja, possui vários fatores predisponentes que levam ao seu desenvolvimento, embora a hipomotilidade e a produção de gás acabam contribuindo para o desenvolvimento do deslocamento (KANH, 2008).

A incidência maior é verificada no gado leiteiro adulto, no período pós-parto inicial (SMITH, 2006), sendo menos comum a ocorrência de deslocamento à direita. Aproximadamente 80 a 90% dos casos de deslocamento de abomaso à esquerda acontecem nas primeiras quatro semanas pós-parto, sendo que o deslocamento de abomaso à direita ocorre geralmente no início da lactação, porém pode ocorrer durante todo o período lactante (BERCHIELLI et al., 2006).

Segundo Câmara (2011) esta é a principal causa de cirurgias abdominais em bovinos, o que acarreta em grandes perdas econômicas nos rebanhos leiteiros, devido ao seu custo com tratamento cirúrgico, descarte do leite, diminuição da produção, o aumento do intervalo entre partos, significativa perda de peso corporal e o alto risco com o descarte dos animais.

Os sinais clínicos frequentemente observados no deslocamento de abomaso à direita são anorexia, depressão, diminuição na produção de leite, ausência de ruminação, fezes anormais e

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fétidas, diminuição da motilidade ruminal, distensão do abdômen direito e o som de ping metálico sobre o flanco direito (RADOSTITS et al., 2010).

O diagnóstico ocorre através da ausculta e percussão abdominais simultânea do som timpânico (ping metálico) (GUARD, 2006). Para diferenciar o deslocamento de abomaso à direita de outras alterações que também causam som timpânico do lado direito, como a pneumoperitônio ou gás no reto, cólon descendente, fisometra (ar no útero), piometra e torção vólvulo abomasal, deve ser feito um exame minucioso através da palpação retal (KANH, 2008). Para Câmara et al. (2011), o tratamento do deslocamento de abomaso, seja ele para a direita ou para à esquerda, consiste em recolocar o abomaso para a sua posição anatômica, de modo que a sua função seja restabelecida o quanto antes. Há duas técnicas de tratamento para o deslocamento de abomaso, e apesar de cada técnica apresentar suas vantagens e desvantagens, elas podem ser divididas em duas categorias, que são elas: tratamento cirúrgico e tratamento não-cirúrgico. No entanto, este último não é indicado quando ocorre deslocamento de abomaso para a direita, pois há um alto risco de ocorrer torção vólvulo abomasal, principalmente quando aplicada a técnica de rolamento. Smith (2006) lembra que a técnica de rolagem para a correção não-cirúrgica é contra-indicada devido ao alto risco de se criar uma torção vólvulo abomasal ocasionada pelo deslocamento de abomaso a direita.

Atualmente o tratamento cirúrgico costuma ser praticado, e assim diversas técnicas são descritas, como a de rolamento, omentopexia pelo flanco direito,abomasopexia paramediana ventral ou abomasopexia pelo flanco direito e/ou esquerdo, com ênfase no ato de se evitar a recidiva do deslocamento (RADOSTITIS et al., 2010).

O presente trabalho tem por objetivo relatar um caso de deslocamento de abomaso à direita em uma vaca da raça Jersey pós-parto, atendida durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária.

3.1.2 Metodologia

Uma fêmea bovina, da raça Jersey, pelagem parda-escura, com aproximadamente três anos de idade, pesando em torno de 400kg, foi atendida no município de Nova Ramada, Rio Grande do Sul, Brasil, em fevereiro de 2016.

Na anamnese, segundo relato do produtor, o animal havia parido há 20 dias uma fêmea de parto eutócico, sem histórico de retenção de placenta ou hipocalcemia. Porém, há dois dias apresentava-se apática, com redução na produção de leite e diminuição de apetite. O proprietário relatou também que havia exagerado na quantidade de silagem e ração pós-parto,

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pois esta era considerada uma das fêmeas de maior produção de leite do rebanho. Além disso, permaneceu pouco tempo em pastejo de tifton devido às altas temperaturas ambientais.

Ao realizar o exame clínico o animal estava no canzil, em estação, não apresentava ectoparasitas e seu escore de condição corporal era de 3,0 (escala de 1-5, em que 1 é considerada caquética e 5 é considerada obesa). Na ausculta cardíaca apresentava frequência cardíaca foi de 70 batimentos por minuto e frequência respiratória de 28 movimentos por minuto, ambas dentro dos valores fisiológicos para a espécie. Havia redução na frequência e intensidade dos movimentos ruminais (2 movimentos a cada 5min). O animal apresentou fezes enegrecidas e fétidas e o abdômen se apresentava abaulado na fossa paralombar direita. Na ausculta e percussão abdominal detectou-se a presença de ping metálico do lado direito, característico de deslocamento de abomaso. Também realizou-se palpação retal, na qual foi evidenciado um aumento de volume no lado direito da cavidade abdominal, levando ao diagnóstico de deslocamento de abomaso à direita. O tratamento indicado foi a cirurgia para a correção da alteração, e, a técnica de eleição, foi a abomasopexia feita pelo flanco direito do animal.

Primeiramente realizou-se a contenção do animal no canzil, em estação, e posteriormente, a tricotomia ampla do flanco direito. Em seguida foi realizada a limpeza e assepsia local com iodo a 1%. Logo após foi realizada a anestesia local com Lidocaína a 2% com vasoconstritor em L invertido, no volume de 60mL. Após a anestesia local foi realizado a incisão magistral da pele, tecido subcutâneo, camadas musculares (músculo oblíquo externo e interno e músculo transverso do abdômen) e peritônio, adentrando assim na cavidade abdominal.

O abomaso foi localizado logo após a incisão, sendo inspecionado e o mesmo se apresentava com uma coloração rosa pálido e bem irrigado. Em seguida foi efetuada uma sutura contínua, com fio de nylon 0.80mm em forma de triângulo na curvatura maior do mesmo, como ponto de apoio para a abomasopexia. Aproveitando as sobras de fio, realizou-se suturas contínuas simples, uma de cada lado do triângulo para uma maior segurança do ponto, deixando as duas extremidades de fio do mesmo tamanho e compridos, para que estes posteriormente fossem fixados no assoalho abdominal e assim conduzida a fixação do abomaso.

Logo em seguida, ao lado do ponto de fixação na curvatura maior foi feito uma sutura de bolsa de tabaco, onde realizou-se uma pequena incisão e em seguida a introdução de uma sonda gástrica com o objetivo da retirar o gás e o líquido presentes no abomaso. Durante este procedimento constatou-se que dentro do mesmo havia uma grande quantidade de gás e líquido de coloração escura com odor fétido. Após o esvaziamento retirou-se a sonda gástrica, fechando a incisão com a sutura de bolsa de tabaco, e sobre esta efetuou-se duas camadas de sutura

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invaginante de Cushing afim de evitar contaminação através do líquido abomasal. Após este procedimento constatou-se que o abomaso havia diminuído de tamanho e se deslocado para debaixo do rúmen, no qual o mesmo foi reposicionado na posição anatômica. Em seguida com as sobras de fio efetivou-se a abomasopexia e com auxílio de uma agulha em “S” cuidadosamente foi conduzida até o assoalho abdominal, para que não perfurasse nenhuma víscera e puncionou-se o assoalho em uma posição entre a linha mediana e a região da veia subcutânea abdominal direita, 15cm caudal à cartilagem xifoide. Posterior a transfixação da agulha, o auxiliar tracionou firmemente as duas extremidades da linha, e logo em seguida com o auxílio de um botão de roupa fixou-se a mesma com vários pontos simples, assim realizando a abomasopexia no assoalho abdominal.

Após a fixação do abomaso e antes do fechamento da cavidade abdominal foi aplicado 100mL de Gentrin®, equivalente a 0,75mg/Kg de gentamicina, 0,38mg/Kg de cloridrato de bromexina e 0,25mg/kg de cloreto de benzalcônio, diretamente na cavidade abdominal.

Logo em seguida deu-se início ao fechamento da cavidade abdominal, nas quais as camadas musculares (peritônio e oblíquos) foram suturados com fio nylon 0.80mm sendo a sutura escolhida a de sultan. O tecido subcutâneo foi suturado com categut nº3, com ponto contínuo simples ancorado. Para a síntese da pele foi utilizado fio nylon 0.80mm e a sutura de eleição foi continua festonada.

No pós-operatório foi aplicado Iflox®, no volume de 60mL, equivalente a 24,9mg/Kg de enrofloxaxina, 1 vez ao dia por 5 dias. Finador® no volume de 30mL, equivalente a 37,5mg/Kg de dipirona sódica, via intramuscular 1 vez ao dia durante 3 dias. Pradotim® no volume de 50mL, equivalente a 1,25mg/Kg de hexametilenotetramina, 1,25mg/Kg de cafeína, 1,25mg/Kg de benzoato de sódio, 0,03mg/Kg de sulfato de esparteína única aplicação, por via intravenosa. Monovim B12® no volume de 20 ml, equivalente a 0,25 de vitamina B12 por via intravenosa. Mercepton® no volume de 100mL, equivalente a 1,25mg/kg de acetil D-L-metionina, 5mg/Kg de cloreto de colina, 2,5mg/Kg de cloridrato de tiamina, 0,1mg/Kg de cloridrato de piridoxina, 1,5mg/Kg de cloridrato de L-arginina, 0,05mg/kg de riboflavina, 1,25mg/kg de nicotinamida, 0,5mg/kg de pantotenato de cálcio e 50mg/Kg de glicose, única aplicação, por via intravenosa. Ringer Lactato® no volume de 1000mL, equivalente a 1,5mg/Kg de cloreto de sódio, 0,075mg/Kg de cloreto de potássio, 0,05mg/Kg de cloreto de cálcio diidratado, 0,77mg/Kg de lactato de sódio, única aplicação, por via intravenosa, associado a uma solução de cálcio a base de gluconato de cálcio, no volume de 500mL, única aplicação, via intravenosa, equivalente a 8,3g de cálcio total, considerando que cada grama de gluconato de

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cálcio tem 8,3% de cálcio e Glicose 50% Prado® no volume de 500mL, equivalente a 125mg/Kg de dextrose anidra, por via intravenosa, única aplicação.

Ainda como conduta pós-operatória, foi sugerido ao produtor que separasse o animal dos demais, evitar expô-lo ao sol e a chuva, e que sua alimentação fosse inicialmente a base de fibra longa (feno) durante 20 dias, e depois aos poucos houvesse a reintrodução de silagem e concentrado.

Após 10 dias da cirurgia, foi retornado a propriedade para a retirada de pontos, e ao exame clínico verificou-se que o animal estava totalmente recuperado.

3.1.3 Resultados e Discussão

No início da lactação os animais de alta produção de leite passam por várias alterações fisiológicas e transitórias, e este é um dos períodos de maior risco para o aparecimento da doença, deixando assim os animais mais susceptíveis ao surgimento de enfermidade, como por exemplo, o deslocamento de abomaso (LAMBERT, 2010).

Berchielli et al. (2006) cita que o abomaso contrai-se cerca de 4-6 vezes/minuto, durante os períodos de atividades musculares, no qual essas contrações acabam variando de acordo com a dieta consumida pelo animal, ou seja, quanto mais fibra o animal ingere maior a atividade motora do órgão, isso significa que a ingestão de dieta com menor concentração de fibra não só compromete a atividade de ruminação, mas também a contratilidade do abomaso, facilitando assim o acúmulo de gases no abomaso e seu deslocamento. Neste caso o provável motivo da ocorrência de deslocamento para a direita foi a baixa ingestão de fibra efetiva, no qual o produtor relatou na anamnese que a fêmea estava recebendo uma grande quantidade de concentrado e silagem e que permanecia pouco tempo na pastagem de tifton, devido as altas temperaturas desta época do ano.

Santos et al. (2009) relata que as dietas modernas para vacas leiteiras produzem excessiva quantidades de ácidos graxos voláteis (AGV) no rúmen, pelo fato de serem compostas por matérias alimentares altamente ácidas e fermentáveis, tais como a silagem de milho, grãos e fenação. Dietas que contém quantidade excessiva de carboidratos, rapidamente fermentáveis, produzem exacerbada quantidade de ácidos graxos voláteis no rúmen e no abomaso, que acabam inibindo a contratilidade da musculatura abomasal, reduzindo sua taxa de esvaziamento (BERCHIELLI et al., 2006).

Animais com o abomaso deslocado apresentam atonia do trato digestório e redução na atividade mioelétrica do órgão. A redução na atividade contrátil da musculatura facilita,

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portanto, o acúmulo de líquido e gás no abomaso, que são condições essenciais para o deslocamento deste órgão. Neste caso é estimado que a produção de gás no abomaso esteja linearmente relacionada com o consumo de concentrado e silagem de milho, e isso pode explicar, em partes, a maior ocorrência de deslocamento em dietas com maior densidade energética e maior concentração de amido (BERCHIELLI et al., 2006).

Portanto, pode-se perceber que os sinais clínicos observados na avaliação clínica do animal conferem com a sintomatologia descrita por Radostits et al. (2010). O autor também nos diz que geralmente, a principal queixa dos proprietários é que o animal “não come” e que “diminuiu a produção de leite”, normalmente bovinos que desenvolvem o deslocamento de abomaso para a direita tem seu apetite reduzido, rejeitam alimentos energéticos e tem queda de 30 a 50% da produção de leite. Neste caso após o deslocamento de abomaso o animal estava produzindo em média 10 litros/leite/dia.

As fezes enegrecidas e fétidas, de acordo com Silva Filho et al. (2012) podem estar relacionados com sangramentos gastrointestinais decorrentes de úlceras abomasais, porém ao exame visual externo do abomaso, não foi observado nenhuma alteração, nem no líquido retirado durante a cirurgia havia sinais visíveis de sangue.

Neste caso o diagnóstico baseou-se apenas na anamnese, palpação retal e exame clínico, no qual a ausculta do ping metálico na fossa paralombar direita foi decisiva. Sendo este achado clínico o de maior importância no diagnóstico do deslocamento de abomaso, sendo confirmado o deslocamento no momento da cirurgia.

Smith (2006) relembra que quando for identificado o deslocamento de abomaso a direita deve-se fazer a intervenção o mais rápido possível, pois a diferenciação do deslocamento de abomaso a direita e a torção vólvulo abomasal não é possível. Neste caso a decisão pela cirurgia e sua condução foi imediatamente logo após a confirmação do diagnóstico.

Para Câmara et al. (2011) o tratamento do deslocamento de abomaso consiste sempre em recolocar o abomaso na sua posição anatômica, de modo que a sua função seja restabelecida o quanto antes. Neste caso para a intervenção cirúrgica optou-se pela realização da técnica de abomasopexia pelo flanco direito. Turner et al. (2002) relembra que esta técnica é válida para tratar deslocamento de abomaso a direita e casos mais brandos como a torção vólvulo abomasal, portanto a abomasopexia pelo flanco direito é considerada a técnica mais adequada para a retirada do líquido do abomaso, e oferece menor risco de perigo para o paciente que for operado na posição de estação.

Em relação a medicação utilizada no tratamento da fêmea, foi aplicado Gentrin® Infusão Uterina diretamente na cavidade. Spinosa et al. (2010) cita que este medicamento tem por

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finalidade ser um antimicrobiano capazes de matar ou inibir o crescimento de microrganismos, porém não há na literatura recomendações para utilizar, por via tópica intrabdominal, este medicamento.

As medicações utilizadas pela via intramuscular no tratamento pós-operatório, foi a aplicação de Iflox 10% ®, que é a base de enrofloxacina sendo uma fluorquinolona de ação antibacteriana que atua inibindo e a multiplicação das bactérias Gram negativas, Gram positivas e micoplasmas. Este fármaco é de uso limitado para animais da produção de leite, devido ao fato de apresentar um longo período de carência e por ter uma concentração maior. A dose aplicada foi de 24,9mg/Kg, e segundo a bibliografia, a dose recomendada seria de 2,5-5mg/Kg (SPINOSA et al., 2010). Já para Papich (2012), a solução de enrofloxacina pode ser irritante quando administrada por via intramuscular, portanto é recomendado não aplicar mais que 20mL em cada local, além disso, as altas concentrações deste medicamento podem causar toxicidade sobre o sistema nervoso central, principalmente em animais com insuficiência renal.

Outro medicamento indicado como complementar foi o Finador®, que é um

anti-inflamatório que possui na sua formulação a dipirona sódica, na qual Spinosa et al. (2010) cita que possui fraca ação anti-inflamatória, apesar das propriedades antipiréticas e analgésicas, porém é eficaz no alivio de dores leves e moderadas e também nas dores viscerais apesar de apresentar efeito de curta duração. Radostits et al. (2010) comenta que a via de administração deste medicamento pode ser feita pela via intramuscular, intravenosa e subcutânea, porém segundo Spinosa et al. (2010) a via intramuscular pode causar reações locais e formação de abcessos, portando deve ser evitada, fazendo assim a aplicação pela via intravenosa lenta. O animal recebeu o volume de 37,5mg/Kg, e de acordo com as indicações do laboratório fabricante deste medicamento a dose recomendada é de 25mg/Kg a 43,75mg/Kg (FINADOR, 1999). Já Radostis et al. (2010) fala que a dose máxima do medicamento pode ser de até 50mg/Kg.

Como opção de tratamento ainda foram utilizados medicamentos pela via intravenosa como o Pradotin®, que foi administrada no volume de 50mL, sendo essa a dose recomendada pela bibliografia. O uso desse medicamento foi escolhido pelo fato de haver na sua composição a cafeína, a qual tem propriedade de estimular os centros respiratórios deprimidos, provocar o aumento da realização de trabalho muscular, e reduzir a fadiga tornando os animais mais dinâmicos, melhorando o funcionamento cardíaco de forma sensível por aumentar a potência de contração do coração melhorando a irrigação sanguínea (SPINOSA et al., 2010).

Já o complexo vitamínico Monovim B12® é uma cianocobalamina que é sintetizada apenas por microrganismos do trato intestinal dos ruminantes. A vitamina B12 consegue ser

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sintetizada através das bactérias do rúmen (RADOSTITS et al., 2010). Porém, como neste caso havia uma patologia que compromete a função ruminal, este fármaco pode ser aplicado.

O complexo vitamínico Mercepton® utilizado no volume de 100mL, é a associação de três agentes lipotropicos e antitóxicos, com ação de estímulos das defesas do organismo contra agentes hepatotóxicos. Ele facilita a eliminação de toxinas do organismo e deve ser utilizado como um medicamento estimulante no processo digestivo dos animais na dose indicada de 20 a 100mL diários (MERCEPTON, 1970).

Como conduta terapêutica, também utilizada no momento do atendimento, foi a realização de terapia hídrica, a escolha foi o Ringer Lactato no volume de 1000mL via intravenosa. Para Blazius (2008) os desequilíbrios hídricos, eletrolíticos e ácidos-básicos são seguidamente encontrados na rotina de clínica de grandes animais, e a sua correção deve ser realizada através de fluidoterapia, corrigindo a desidratação ou hidratação excessiva e/o desequilíbrios eletrolíticos. Para Andrade (2008) o Ringer Lactato é a composição mais próxima do plasma e a solução empregada na maioria dos pacientes como fonte inicial e emergencial de reposição hidroeletrolítica. Segundo o autor, a solução de lactato é transformada em bicarbonato após metabolização hepática, agindo desta maneira como um agente tamponante para a espécie bovina. Esta terapia teve como associação uma solução de cálcio a base de gluconato de cálcio, para a reposição dos minerais, como cálcio, magnésio, fósforo e glicose, no qual Hunt e Blackwelder (2006) citam que o gluconato de cálcio e o boroglucanato de cálcio contêm 8,3% de cálcio, e ambas os autores relatam que a dose de 8 a 11g de cálcio são suficientes para recuperar um animal, a dose aplicada foi de 500mL via intravenosa no qual representou 8,3g de cálcio. Ainda foi associada 500mL de Glicose 50% Prado® a base de dextrose anidra, sendo metabolizado pelo fígado e excretado através da urina quando ultrapassa o limite de reabsorção tubular. Este medicamento é recomendado na dose de 500-1000mL para bovinos e foi utilizado para tratar uma possível cetose subclínica (PAPICH, 2012).

Como recomendação para o pós-operatório foi indicado para o produtor usar spray Topline®, que tem como princípio ativo o fipronil que é um ectoparasiticida recomendado para bovinos, e que também pode ajudar na cicatrização, pois este produto tem a presença da sulfadiazina de prata, que é bacteriostático, bactericida, e adstringente, auxiliando na rápida cicatrização dos ferimentos (SPINOSA et al., 2010).

Posteriormente foi recomendado o fornecimento de alimentação somente a base de fibra longa para causar então o preenchimento ruminal, estimulando desta forma a ruminação e a eructação, deste modo podendo até mesmo diminuir as chances de recidiva.

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Portanto o deslocamento de abomaso é um distúrbio multifatorial que não tem um fator etiológico definido, porém está diretamente ligado a doenças no periparto e é umas das enfermidades que mais gera custos na pecuária de leite, por isto é uma doença que pode ser evitada com manejo alimentar e dietas adequadas durante todas as fases de vida dos animais, principalmente nos períodos pré e pós-parto.

3.1.4 Conclusão

Com a realização desse caso foi possível concluir que, através do exame clínico, constatou-se que o animal examinado estava com deslocamento de abomaso a direita devido a erros de manejo nutricional. Além disso, a cirurgia e o tratamento aplicado foram de suma importância para a melhora clínica do bovino, que teve um prognóstico favorável.

Palavras-Chave: Vacas leiteiras; Estase abomasal; Digestivo; Ping metálico.

3.1.5 Referências Bibliográficas

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BERCHIELLI; T.T. et al. Nutrição de ruminantes. Jaboticabal: Funep, 2006. p. 482-486.

BLAZIUS, R. D. Fluidoterapia em grandes animais. Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias da Universidade do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Ed. UFRGS, 2008.

CÂMARA, P. R. et al. Métodos de tratamento para deslocamento de abomaso em bovinos. Acta Veterinaria Brasilica, v.5, n.2, p. 119-128, 2011.

DEARO, A.C.O. Fluidoterapia em animais de grande porte. In. ANDRADE, S. F. Manual de

Terapêutica Veterinária. 3.ed. São Paulo: Roca, 2008. p. 486-490.

FINADOR. Bula de remédio. Responsável Técnico Sandra Barioni Toma. Cini. São Paulo: Ourofino Saúde animal, 1999.

GUARD, C. Deslocamento e vólvulo do abomaso. In: SMITH, B.P. Medicina interna de

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HUNT, E.; BLACKWELDER, J. T. Distúrbios do metabolismo do cálcio. In: SMITH, B. P.

Medicina interna de grandes animais. 3. ed. São Paulo: Manole, 2006. p.1728.

KAHN, M.C. Manual Merck de veterinária: um manual de diagnostico, tratamento, prevenção e controle de doenças para o veterinário. 9. ed. São Paulo: Roca, 2008. p. 164-166.

LAMBERT, W. E. M. Etiopatogenia e tratamento do deslocamento de abomaso em

bovinos leiteiros de alta produção. 2010. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em

Medicina Veterinária) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Júlio de Mesquita, Botucatu, 2010.

MERCEPTON. Bula de remédio. Responsável Técnico Valéria Souza de Faria. Rio de Janeiro: Bravet ltda, 1970.

PAPICH, M.G. Manual Saunders de Terapia Veterinária: pequenos e grandes animais. 3.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. p. 677-678.

RADOSTITS, O.M. et al. Clínica veterinária: um tratado de doenças dos bovinos, ovinos, suínos, caprinos e equinos. 9. ed. Rio de janeiro: Guanabara Koogan, 2010. p. 294-297.

SANTOS, P. R. et al. Deslocamento do abomaso para o lado direito na raça bovina de leite – Relato de Caso Clínico. Revista Cientifica Eletrônica de Medicina Veterinária, Ano VII, n. 13, Periódico Semestral, jul. 2009.

SILVA FILHO, A.; et al. Achados clínicos de bovinos com úlcera de abomaso. Veterinária e Zootecnia. Jun.2012. p. 196-206.

SPINOSA, H. S. Farmacologia Aplicada à Medicina Veterinária. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.p. 337, 458.

TUNER, A.S.; et al. Técnicas cirúrgicas em animais de grande porte. Ed. Roca. p. 248-262, 2002.

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4 RELATO DE CASO 2

4.1Suspeita de acidose ruminal em uma fêmea da raça Holandesa

Diéssica Targieli Müller; Denize da Rosa Fraga; Julio Cesar Pascoal

4.1.1 Introdução

A pressão pelo aumento da produtividade tem mudado o perfil das dietas fornecidas aos ruminantes, de dietas ricas em volumosos para ricas em concentrados, para conseguir atender desta maneira o número de exigências nutricionais para os animais de alta produção leiteira (BERCHIELLI et al., 2006).

A fisiologia do rúmen exige teores de matérias fibrosas que regulam o seu pH, e influenciam na dinâmica do crescimento da população bacteriana dentro do órgão. Neto et al. (2013) cita que os desequilíbrios do pH no fluido ruminal são produzidos pela quantidade inadequada de fibra na dieta (abaixo do desejável), ou associadas a um aumento sem prévia adaptação de carboidratos altamente fermentáveis, o que pode levar a ocorrência de uma acidose ruminal.

O incremento súbito na quantidade de carboidratos fornecidos aos animais ou as trocas bruscas de rações acompanhados de pouca ou nenhuma fibra bruta, e sem a adaptação prévia dos animais a este tipo de alimento predispõem a ocorrência de acidose. Imediatamente após a ingestão de altas quantidades de carboidratos, e pela sua rápida fermentação, ocorre o aumento dos ácidos graxos voláteis e com isto o pH do rúmen começa a cair (SCHILD., 2001). Berchielli et al. (2006) relata que além do acúmulo de ácidos graxos voláteis, vai ocorrer o acúmulo de glicose no líquido ruminal, esta presença de glicose vai acabar favorecendo o crescimento de Streptococcus bovis e Lactobacillus. Portanto os protozoários e as bactérias Gram-negativas que degradam a celulose e predominam na flora ruminal normal morrem, e quando o pH do rúmen chegar próximo a 5, a partir daí vai ocorrer uma rápida proliferação de Streptococcus bovis que produzem o ácido láctico baixando ainda mais o pH ruminal e posteriormente, vai ter a proliferação de Lactobacillus que continuam a produção de ácido láctico e faz com que o pH ruminal continue a cair, podendo chegar a valores próximos de 4,5 ou 4 (SCHILD., 2001).

O ácido láctico ruminal é produzido em sua forma de L-lactato ou D-lactato, geralmente em quantidades semelhantes (NORONHA et al., 2011). Para Berchielli et al. (2006) ambos os L e D isômeros do ácido láctico são produzidos pelos microrganismos ruminais, no qual o L-lactato é rapidamente metabolizado pelas enzimas dos ruminantes (localizada principalmente

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no fígado e coração), enquanto o D-lactato necessita atravessar a membrana mitocondrial antes de ser oxidado, para ser metabolizado lentamente, por isso o D-lactato é considerado mais tóxico.

Schild. (2001) comenta que a observação dos sinais clínicos em casos de acidose ruminal, ocorre poucas horas após a ingestão de quantidades elevadas de carboidratos ou de alimentos com baixa fibra, e dependem da rapidez e fermentação do alimento fornecido. A acidose ruminal tem evolução aguda ou crônica, de acordo com o pH ruminal. O pH do rúmen sadio varia de 5,5 a 7,0. Valores inferiores a 5,5 indicam acidose crônica e valores inferiores a 5,0 indicam acidose aguda (BERCHIELLI et al., 2006).

Para Ogilvie (2000) a enfermidade na sua forma aguda pode vir a manifestar 12-36 horas após o alimento ter sido consumido, os sinais incluem anorexia, letargia, depressão, desidratação, estase ruminal, temperatura corpórea inicialmente aumenta e depois cai, padrão respiratório rápido e fezes líquidas de coloração acinzentada ou amarelada com odor ácido. Berchielli et al. (2006) ressalta que na acidose aguda ainda podem ocorrer ulcerações na mucosa ruminal e intestinal, desidratação grave, abcessos hepáticos, queda do pH sanguíneo e eventual morte do animal. Já Schild, (2001) cita que na acidose aguda vai ocorrer a queda na produção de leite.

Os casos crônicos são percebidos naqueles animais que já possuem o hábito de ingerir concentrados. Pode-se observar um timpanismo irregular, fezes mais moles que o normal e de coloração acinzentada/amarelada, alguns animais ainda podem desenvolver um quadro de laminite, com o crescimento anormal dos cascos e sinais de claudicação (SCHILD., 2001).

A acidose crônica irá causar um problema econômico mais grave, se comparado com a aguda, porque vai resultar no declínio do consumo voluntário e no desempenho, apesar dos animais não aparecerem doentes (BERCHIELLI et al., 2006). Os prejuízos decorrentes da acidose ruminal estão relacionados a esporádicos casos agudos, com necessidades de atendimento, mas principalmente nos casos crônicos da doença que vai acarretar uma redução de desempenho e predisposição a outras doenças (NORONHA et al., 2011).

Para Ogilvie (2000) o diagnóstico da acidose na maioria das vezes é feito principalmente pelos achados clínicos apoiado a um histórico de ingestão excessiva de alimentos ou na alteração súbita da dieta. Já Schild. (2001) fala que os sinais clínicos, e a determinação do pH do conteúdo ruminal são importantes para o diagnóstico, e pode ser feita com o animal ainda vivo retirando apenas uma amostra do líquido ruminal por sonda ou paracentese para avaliação do pH ruminal.

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Deve ser feito o diagnóstico diferencial da acidose para outras enfermidades do sistema digestivo, como a indigestão ruminal simples, em que ocorre atonia ruminal, com a enterotoxemia em bovinos jovens, cuja evolução é rápida, mas ocorre apenas com bezerros, com a acetonemia que afeta vacas de alta produção ou no terço final da gestação (SCHILD., 2001).

Este trabalho tem como objetivo relatar um caso de suspeita de acidose ruminal em uma fêmea da raça holandesa, acompanhado durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária.

4.1.2 Metodologia

Durante o mês de fevereiro de 2016, no município de Nova Ramada, Rio Grande do Sul, Brasil, foi atendida uma fêmea bovina da raça holandesa de pelagem preta e branca, com aproximadamente 4 anos de idade, pesando 600kg de peso vivo, lactante, com aproximadamente 95 dias de lactação, produzindo em seu histórico uma média 35 litros de leite por dia.

Na anamnese, o produtor relatou que o animal apresentava anorexia, com queda na produção de leite e fezes líquidas há aproximadamente 3 dias. A alimentação do animal era a base de ração 22% de proteína bruta (PB) não tamponada, na quantidade de 10kg/dia, silagem de milho na quantidade de 15kg/dia e pastagem a base de grama tifton 85 à vontade.

No exame clínico o animal se apresentava em estação, contido no canzil, apresentando um escore de condição corporal 3,25 (escala de 1-5, onde o escore 1 é caquético e o escore 5 é obeso), sem a presença de ectoparasitas, frequência cardíaca de 100 batimentos por minuto, frequência respiratória de 60 movimentos por minuto, movimentos ruminais diminuídos (1 movimento a cada 5min.), durante a avaliação clínica foi evidenciado que o animal apresentava fezes líquidas de coloração amarelada, no qual foi classificado como escore de fezes 2 (escore 1-5, onde Polycarpo (2012) comenta que o escore de fezes 1, são fezes de consistência muito líquida, que formam um "arco" com as fezes quando o animal for defecar, isto ocorre em dietas com excesso de proteína, amido e mineral ou falta de fibra e já o escore de fezes 5 são fezes muito secas, e formam nitidamente bolos fecais secos, isso ocorre em animais que estão recebendo dietas com baixíssima qualidade de fibra), o animal também apresentou mucosas ocular e vaginal pálidas e temperatura de 36,4ºC. Ao avaliar a marcha verificou-se que o animal

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apresentava claudicação nos membros posteriores de escore 3 de locomoção (escore de 1-5, onde o escore de locomoção 1 é normal e o escore 5 é de claudicação severa).

A partir da anamnese e da avaliação clínica suspeitou-se de uma acidose ruminal. O tratamento instituído foi com Purgante Salino Indubras® na quantidade de 200g, equivalente a 53,33mg/Kg de sulfato de magnésio heptahidratado, 4,66mg/Kg de bicarbonato de sódio, 8,66mg/Kg de carbonato de sódio por 5 dias via oral; Ringer Lactato® no volume de 3000mL, equivalente a 3mg/Kg de cloreto de sódio, 0,15mg/Kg de cloreto de potássio, 0,1mg/Kg de cloreto de cálcio diidratado, 1,6mg/Kg de lactato de sódio, via intravenosa 1 vez ao dia por 3 dias; Monovim B12® no volume de 20mL, equivalente a 0,16mg/Kg, via intravenosa em dose única; Fenilbutazona® no volume de 13mL equivalente a 4,33mg/Kg de fenilbutazona, por 5 dias, via intramuscular; Penfort® via intramuscular no volume de 24mL, equivalente a 4000UI/Kg de benzil penicilina G procaína, 4000UI/Kg de benzil penicilina G benzatina e 8mg/Kg de diidroestreptomicina por 3 dias, sendo recomendado o descarte do leite por 72 horas após o último dia de aplicação, e administração de probiótico Floratop® por 3 dias, via oral,

logo após o término da aplicação do antibiótico.

Sugeriu-se ao produtor que parasse de fornecer concentrado e silagem por no mínimo 7 dias, e recomendado que fornecesse apenas feno e pastagem de tifton à vontade. Após sete dias o proprietário comunicou que o animal apresentou significativa melhora clínica.

4.1.3 Resultados e Discussão

A acidose ruminal pode afetar qualquer ruminante, no entanto bovinos leiteiros são mais comumente afetados devido as suas práticas de manejo e produção intensiva (OGILVIE, 2000), o que condiz com o animal atendido, no qual se tratava de um bovino leiteiro de alta produção, segundo relato do produtor o animal era uma das matrizes que mais produzia em sua propriedade, tendo uma produção média de 35 litros de leite por dia.

Segundo Radostits et al. (2010) as vacas próximas ao parto ou logo após dele, têm alto risco de contrair acidose ruminal, devido ao tempo em que a sua microflora ruminal e as papilas requerem para se adaptar ao aumento de alimentação com concentrados imediatamente após o parto, e durante o começo da lactação quando a ingestão aumenta rapidamente para fornecer energia necessária as vacas de alta produção, sendo que neste caso, a fêmea estava no terço inicial da lactação.

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Para a maioria dos ruminantes, o principal ingrediente da sua dieta são as forragens, pois nelas contém um alto teor de fibra em detergente neutro (FDN), no qual é digerida lentamente no rúmen e não vai acabar causando a produção de ácido láctico, já diferente das dietas que possuem o fornecimento de alimentos concentrados em forma de grãos, que servem para aumentar a energia e desempenho do animal, aumentando desta forma a fermentação da microflora ruminal, o que vai acabar promovendo um aumento na produção de ácidos graxos voláteis (BERCHIELI et al., 2006).

Durante avaliação clínica o animal apresentava frequência cardíaca aumentada. Radostits et al. (2010) cita que a resposta do miocárdio ás catecolaminas não vão ser deprimidas, até que o seu pH sanguíneo fique abaixo de 7,0-7,1. Segundo o autor o prognóstico é melhor nos animais que apresentam frequência cardíaca abaixo de 100bpm, neste caso o animal estava com 100bpm.

No momento do atendimento os movimentos ruminais do animal estavam diminuídos, segundo Radostits et al. (2010) as contrações ruminoreticulares costumam ser totalmente ausentes, embora possa ter um som baixo de borbulhas, quando ocorre acidose.

O animal apresentava um escore de fezes 2, sendo este de aspecto líquido e coloração amarelada, Polycarpo (2012) fala que as fezes neste caso podem ainda apresentar-se mais líquidas que o indicado, este escore de fezes é referente a animais que estejam em pastagens novas e que ganham dietas com baixo teor de fibra. Berchielli et al. (2006) comenta que é comum em rebanhos com acidose ruminal as vacas apresentarem fezes de consistência liquida. Já Ferreira et al. (2013) comenta que o baixo escore de fezes pode estar relacionado a alterações no trato gastrointestinal e suas possíveis implicações na saúde e desempenho dos animais.

No momento do exame clinico o animal apresentava temperatura retal de 36,5ºC, segundo Radostits et al. (2010) na maioria dos casos a temperatura se apresenta abaixo do normal, ficando em torno de 36,5º a 38,5º C.

No momento do atendimento o animal vinha apresentando um quadro de claudicação nos membros posteriores, sendo avaliado como um escore de locomoção 3, no qual Pedroso (2006) descreve que no escore de locomoção 3 o animal tanto parado em pé, como ao caminhar vai apresentar a coluna arqueada, e suas passadas serão mais curtas. Segundo o veterinário este animal estaria apresentando um quadro de laminite, no qual Noronha et al. (2011) comenta que é considerada uma das principais complicações na acidose ruminal, e que as lesões digitais ou de casco acabam causando dor e claudicação aos animais, e podem levar a uma menor ingestão de alimento, ocasionando desta forma uma redução no seu escore corporal e menor produção de leite.

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Bouda et al. (2000) cita que na acidose ruminal é necessário administrar tanto uma terapia ruminal como uma terapia sistêmica, as quais são balanceadas na correção da acidose, na diminuição do ácido láctico, na aplicação de líquidos e eletrólitos, no aporte de feno de boa qualidade como alimento, e no restabelecimento dos movimentos ruminais e condição do rúmen. O tratamento da acidose ruminal envolve a correção da acidose no rúmen e a metabólica, mediante reposição de fluidos, eletrólitos e restauração da motilidade ruminal e intestinal. O tratamento varia desde o conservativo, com administração oral de antiácidos e fornecimento de feno até a ruminotomia, lavagem ruminal e reposição hidroeletrolítica intravenosa (NORONHA et al., 2011).

Schild. (2001) comenta que em casos de acidose grave o conteúdo ruminal deve ser retirado por sonda ou laparotomia, e deve-se realizar também o tratamento por via intravenosa com soluções de bicarbonato de sódio 5% (5 litros para cada 450kg de peso), sendo esta medicação continuada por 6-12 horas com uma solução de eletrólitos ou bicarbonato de sódio a 1,3% em solução salina. Já em casos menos severos quando os animais ainda se apresentam em estação e alerta, como no caso do animal relatado, o pH do líquido ruminal é igual ou maior que 5, portanto não é necessário esvaziar o rúmen, podendo administrar apenas 500g de hidróxido de magnésio, diluído em água morna para cada 450kg de peso, deve-se também administrar bicarbonato de sódio, e antibióticos para controlar a proliferação da flora acidófila, aumentando o pH ruminal (SCHILD., 2001).

Em relação ao tratamento empregado no momento do atendimento, foi instituído ao animal Purgante Salino Indubras®, via oral. Papich (2012) cita que este medicamento contém na sua formulação magnésio, bicarbonato de sódio e carbonato de sódio que são utilizados como antiácido de administração oral para ajudar a neutralizar a acidez, aumentando significativamente o pH e a atividade microbiana ruminal. O Ringer Lactato® administrado no volume de 3000mL, é uma solução empregada como fonte inicial e emergencial de reposição de hidroeletrolíticos, segundo Andrade (2008) o lactato presente na formulação é transformado em bicarbonato após a metabolização hepática, agindo desta forma como um agente tamponante para a espécie bovina. Já Spinosa et al. (2010) cita que as soluções indicadas para a correção ou combate a acidose, são aquelas que contém o bicarbonato de sódio ou seus percursores como o lactato. A solução de L-lactato, em diferentes concentrações, vem se mostrando tão eficaz quanto o bicarbonato no tratamento de acidose ruminal, com a vantagem de não oferecer risco de causar uma possível alcalose (SCHILD., 2001).

O complexo vitamínico Monovim B12® foi utilizado como um suplemento vitamínico por via intravenosa, para Papich (2012) a vitamina B12 é utilizada na deficiência de vitaminas

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e no tratamento de algumas anemias, porém se os animais estão recebendo uma dieta adequada não é necessária a suplementação. A aplicação de Fenilbutazona® via intramuscular, exerce um efeito analgésico e anti-inflamatório e pertence à classe dos anti-inflamatório não esteroidal (AINE) (PAPICH. 2012). De acordo com as indicações do laboratório fabricante deste medicamento a aplicação deve ser feita somente pela via intravenosa lenta (FENILBUTAZONA, 1998). Spinosa et al. (2010) cita que este medicamento é mais utilizado para a espécie equina principalmente nas inflamações ósseas, articulações e claudicações, o autor comenta que a aplicação por outra via a não ser a intravenosa pode vir a causar flebites e necrose. Porém, como neste caso o animal apresentava um quadro de claudicação foi realizada administração do medicamento por 5 dias, via intramuscular.

A aplicação de Penfort®, tem como classificação ser um antimicrobiano, com associação de três formulações, a penicilina G procaína, penicilina G benzatina e diidroestreptomicina, no qual servem para ter uma duração de ação mais prolongada, pois este medicamento é pouco solúvel em meios líquidos e vem apresentando um tempo de absorção maior (ANDRADE, 2008), segundo (PENFORT PPU®, 2005) a dose recomendada é de 1mL para cada 8Kg de peso

vivo, tendo um período de carência de até 18 dias. Neste caso, recomendou-se descarte do leite por 72 horas e antes de encaminhar o leite para a indústria fazer o teste de resíduos de antibióticos. Após o final do tratamento com o Penfort® recomendou-se ao produtor que aplicasse uma bisnaga de probiótico Floratop®, o qual tem um papel importante para os bovinos, pois possuem em sua formulação leveduras como o Lactobacillus, Saccharmyces cerevisiae, Aspergilluz, Enterococcus e Bifidobacterium, que vão favorecer o crescimento da microbiota intestinal normal, mantendo o seu equilíbrio e impedindo a instalação de bactérias patogênicas.

Já as estratégias para conseguir controlar as incidências da acidose ruminal consistem em controlar o fornecimento de concentrados, fazer o uso correto do balanceamento dos carboidratos na dieta, o monitoramento do tamanho da partícula da forragem fornecida, permitindo desta forma que o rúmen se adapte gradativamente ao aumento de concentrado na dieta (BERCHIELLI et al., 2006). Schild. (2001) comentam que para se evitar a ocorrência de surtos de acidose ruminal, não se deve iniciar a alimentação com grãos ou subprodutos de grãos em quantidades diárias maior que 0,3% de peso corporal dos animais, pelo menos nos 2-4 dias, e ao primeiro sinal da ocorrência da enfermidade o alimento administrado deve ser rapidamente suspenso. Sendo assim, neste caso recomendou-se reduzir o fornecimento de concentrado e incluir fibra na dieta, via feno, para auxiliar na recuperação do animal, sendo que após sete dias do atendimento o animal apresentou melhora clínica.

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4.1.4 Conclusão

Diante do histórico, da avaliação clínica da fêmea bovina, conclui-se que o animal apresentou um quadro de acidose ruminal. O prognóstico do animal foi favorável, pois após sete dias o animal apresentou melhora clínica e a terapêutica empregada eficaz.

Palavras-Chave: Carboidratos; Digestiva; Rúmen; Ácido Láctico; Ácidos graxos.

4.1.5 Referências Bibliográficas

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5 CONCLUSÃO

A realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária proporcionou grande aprendizado junto à formação acadêmica, promovendo o crescimento pessoal e profissional. O desafio de promover a melhora da qualidade de vida dos animais exige uma conduta ética frente à tomada de decisões dos casos clínicos expostos abordando o conhecimento e o raciocínio lógico.

O estágio proporcionou conhecer mais a fundo como funciona a cadeia produtiva na Bovinocultura Leiteira, desde a prevenção de patologias até seu controle e profilaxia, sempre visando o bem-estar dos animais, a economia e boa produção do produtor, assim evitando problemas futuros seja com os animais ou empecilhos legais.

Concluindo foi possível vivenciar dia-a-dia do cotidiano do profissional que trabalha a campo, permitindo o contato direto com os produtores e os animais, e vivenciando suas conquistas, dúvidas, dificuldades e expectativas, e que este labor além de aprimorar conhecimentos acadêmicos, enriquece a vida e desenvolve o gosto e o prazer pela profissão almejada.

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6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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