Comocitaresteartigo:BritoAlencarNetoJ,etal.Fraturadadiáfisedeúmeroassociadaaluxac¸ãodecotoveloefraturadoterc¸odistaldo SOCIEDADE BRASILEIRA DE
ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA
w w w . r b o . o r g . b r
Relato
de
Caso
Fratura
da
diáfise
de
úmero
associada
a
luxac¸ão
de
cotovelo
e
fratura
do
terc¸o
distal
do
antebrac¸o:
relato
de
caso
夽
Jonatas
Brito
Alencar
Neto
a,
Maria
Luzete
Costa
Cavalcante
b,∗,
Renackson
Jordelino
Garrido
ce
Pedro
Henrique
Messias
da
Rocha
caDepartamentodeOrtopediaeTraumatologia,InstitutoDoutorJoséFrota,Fortaleza,CE,Brasil
bDepartamentodeOrtopedia,HospitalWalterCantídio,UniversidadeFederaldoCeará,Fortaleza,CE,Brasil cHospitalWalterCantídio,UniversidadeFederaldoCeará,Fortaleza,CE,Brasil
informações
sobre
o
artigo
Históricodoartigo: Recebidoem14dejulhode2017 Aceitoem14desetembrode2017 On-lineemxxx Palavras-chave: Fraturasdoúmero Cotovelo Pinosortopédicos Fiosortopédicos
Fixac¸ãointernadefraturas
r
e
s
u
m
o
Afraturadadiáfisedoúmeroassociadaaluxac¸ãoposterolateraldocotoveloefraturade terc¸odistaldosossosdoantebrac¸oéumalesãorara,nãorelatadanaliteraturapesquisada. Algunsestudosreportamaassociac¸ãodeduasdessaslesões,porémnãoforamencontrados relatoscomastrêsipsilateralmentenasbasesPubmed,LilacseBireme.Osautores apre-sentamocasodeumpacientede13anos,dosexomasculino,comhistóriadequedade aproximadamentetrêsmetrosdealtura.Foiatendidoemumhospitalterciáriode referên-ciaemtraumatologiacomdiagnósticodefraturadiafisáriadoúmeroassociadaaluxac¸ãodo cotovelo,lesãodaplacafisáriadorádioefraturadeterc¸odistaldaulnaipisilateralesquerda. Opacientefoisubmetidoareduc¸ãoincruentadetodasaslesõessobsedac¸ãoanestésica; posteriormenteàreduc¸ão,optou-sepelousodetalaantebraquiopalmaretipoiacomercial tipoVelpeaucomotratamentodafraturadiafisáriadeúmero.Apósumasemana,opaciente apresentoudesviodafraturadiafisáriadoúmero,foisubmetidoatratamentocirúrgicocom hastesflexíveisdeformaretrógrada,gessoantebraquiopalmaretipoiacomercialdotipo
Velpeau.
©2018PublicadoporElsevierEditoraLtda.emnomedeSociedadeBrasileirade OrtopediaeTraumatologia.Este ´eumartigoOpenAccesssobumalicenc¸aCCBY-NC-ND (http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
夽TrabalhodesenvolvidonaInstituic¸ãoDoutorJoséFrota,Fortaleza,CE,Brasil. ∗ Autorparacorrespondência.
E-mail:marialuzetecosta@gmail.com(M.L.CostaCavalcante).
https://doi.org/10.1016/j.rbo.2017.09.015
0102-3616/©2018PublicadoporElsevierEditoraLtda.emnomedeSociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.Este ´eumartigo OpenAccesssobumalicenc¸aCCBY-NC-ND(http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
Comocitaresteartigo:BritoAlencarNetoJ,etal.Fraturadadiáfisedeúmeroassociadaaluxac¸ãodecotoveloefraturadoterc¸odistaldo
ARTICLE IN PRESS
RBO-1062205; No.ofPages5
2
rev bras ortop.2018;xxx(xx):xxx–xxxFracture
of
the
humeral
shaft
associated
to
elbow
dislocation
and
fracture
of
the
distal-third
of
the
forearm:
case
report
Keywords:
Humeralfractures Elbow
Orthopedicpins Orthopedicwires
Internalfixationoffractures
a
b
s
t
r
a
c
t
Humeralshaftfracturescombinedwithelbowdislocationandfractureofthedistalthirdof thebonesoftheforearmareuncommon.Nodescriptionofthissimultaneousassociation hasbeenfoundinthesamepatient.Thisreportdescribesacasethatoccurredina13 year-oldboywhosufferedafallfromaheightofapproximatelythreemeters,andwasadmitted toatraumahospital.Radiographsshowedipsilateralhumeralshaftfracturecombinedwith elbowdislocationandfractureofthedistal-thirdofthebonesoftheforearm.Undergeneral anesthesia,theinjurieswerereadilyreducedbyclosedmanipulation,obtaininga satis-factoryreductionoftheinjuries.Followingthis,anantebrachiopalmarsplintandanarm slingforhumerusdiaphysealfracturetreatmentwereused.Afteroneweek,thepatient presentednon-alignmentofthediaphysealfractureofthehumerus,andwassubmittedto surgicaltreatmentwithflexibleretrogradeintramedullarynailing,antebrachiopalmarcast, andsling.
©2018PublishedbyElsevierEditoraLtda.onbehalfofSociedadeBrasileirade OrtopediaeTraumatologia.ThisisanopenaccessarticleundertheCCBY-NC-NDlicense (http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
Introduc¸ão
Asfraturasdadiáfisedoúmero correspondema3%-5%das
fraturas emmenores de 16 anos, são maiscomum abaixo
dostrês e acimados 10 anos.1 O acometimentoda região
diafisáriarepresentamenosde20%dasfraturasumeraisem crianc¸as.2
Já as fraturas do terc¸o distal do rádio são comuns em crianc¸as,3sãoimportantesquandoacometemaplacade
cres-cimentoerequeremumcuidadonomanejo,afimdeevitar reduc¸ãodoarcodemovimento(ADM)edeformidades perma-nentes.
Aluxac¸ãodecotovelotemumaincidênciade3%detodasas luxac¸õesemcrianc¸as.Amaiorincidênciaocorrenasegunda década de vida, principalmente entre os 13 e 14 anos, é maiscomumemmeninosnaproporc¸ão2:1.Omecanismode traumaemgeraldecorredequedascomamãoem hiperex-tensãoeocotovelocom30◦deflexão.
A ocorrência simultânea de fratura de um ou os dois
ossosdoantebrac¸oefraturadiafisária doúmero ipsilateral denomina-se“cotoveloflutuante”.4Representa2%daslesões
traumatológicasemcrianc¸asedecorregeralmentedetraumas dealtaenergia.5
Entretanto, não foram encontrados relatos na literatura pesquisada,nasbasesPubmed,LilacseBiremedaassociac¸ão dastrêslesões(fraturadadiáfisedoúmeroassociadaaluxac¸ão docotoveloefraturadoterc¸odistaldosossosdoantebrac¸o) ipsilateraisnomesmopaciente.
Relato
de
caso
Crianc¸a de 13 anos com história de queda de três metros dealturaadmitidaemhospitalterciáriodereferência
trau-matológica com dor, edema, deformidade e limitac¸ão de
movimentoemmembrosuperioresquerdo.Aoexameclínico, apresentava-seembom estadogeral,eupneico,responsivo,
orientadonotempoeespac¸o.Omembroacometidonão apre-sentavaalterac¸õesdepulsoradialdistal.Oexameneurológico eranormal.Oexameradiográficorevelouodiagnósticode fra-turadiafisáriadoúmerodetrac¸ooblíquocomencurtamento de2cmeangulac¸ãoemvaroassociadaaluxac¸ãoposterior docotovelo,epifisiólisedoterc¸odistaldorádioSalterHarris Iefraturaemgalhoverdedeterc¸odistaldaulnaipisilaterais (fig.1).
Acrianc¸afoi submetidaàreduc¸ãoincruentadaluxac¸ão de cotovelo, da epifisiólise eda fratura em galho verde da ulna, sob sedac¸ão anestésica,foi obtida reduc¸ão satisfató-ria (fig. 2). Optou-se pelo uso de tala antebraquiopalmar associada a tipoiacomercial tipo Velpeau como tratamento para fratura diafisária doúmero com obtenc¸ãode reduc¸ão
e alinhamento satisfatórios. Após uma semana, o
paci-enteapresentoudesvioda fraturadoúmero,foi submetido a tratamento cirúrgico com hastes flexíveis (Titanium Elas-tic Nail System –Synthes®) de forma retrógrada eposterior gesso antebraquiopalmar e tipoia comercial tipo Velpeau (fig.3).
As hastes flexíveis foram introduzidas com acessos de 2cm,umposteriortranstendãodotrícepseoutro posterola-teralentreotrícepsebícepsbraquial,comdevidaprotec¸ãode partesmoles.Foramintroduzidasduashastesdeespessura 2,5mm,configurou80%docanalmedularumeraldopaciente (6,25mm)comcálculodaangulac¸ãodecadahastede30◦com ápicenofocodefratura.2
Após a fixac¸ão com hastes, foi avaliada a estabilidade do cotovelo com estresse em varoe valgo a 30◦ e60◦ na articulac¸ão,semalterac¸õesdaestabilidade.
Opaciente foiacompanhadoambulatorialmentecom 15
dias,um,dois,trêsecincomeses,fezradiografiasAPeperfildo brac¸o,cotoveloepunhonasrespectivasconsultas, avaliaram--seconsolidac¸ãoóssea,funcionalidadearticulareobservac¸ão depossíveiscomplicac¸ões.Foiiniciadaamovimentac¸ão
pre-coce de ganho de ADM do cotovelo na primeira semana
pós-operatória,comrelatodedoredificuldadeparaganhar
Comocitaresteartigo:BritoAlencarNetoJ,etal.Fraturadadiáfisedeúmeroassociadaaluxac¸ãodecotoveloefraturadoterc¸odistaldo
Figura1–Fraturadiafisáriadeúmeroesquerdo(A);Luxac¸ãodecotoveloesquerdo(B);Lesãoepifisiáriaderádioesquerdoe
fraturaemgalhoverdedeterc¸odistaldaulnaesquerda(C).
Figura2–Reduc¸ãoincruentadaepifisiólisederádiodistalesquerdoedafraturaemgalhoverdedeulnaesquerda(A);
Reduc¸ãoincruentadaluxac¸ãodecotoveloesquerdo(B);Reduc¸ãoincruentadefraturadiafisáriadeúmeroesquerdo(C).
gesso antebraquiopalmar foi retirado com cinco semanas, seguidodeexercíciosparaganhodeADMefortalecimentodo punho.
Noterceiro mês pós-operatório houve irritac¸ão cutânea na entrada das hastes flexíveis e consequente exposic¸ão. Foisubmetidoacurativosseriados,evoluiuparacicatrizac¸ão completa.Casoashastesfossemintroduzidas anterograda-mentepelafacelateralproximaldoúmero,talcomplicac¸ão poderiatersidoevitada.
Apóscincomesesdeacompanhamento,ashastesforam
retiradas. O paciente encontra-se em acompanhamento
ambulatorialemprocessodereabilitac¸ãomotora,apresenta perdadosúltimos5◦ deextensãoeúltimos5◦ deflexãodo cotovelocompronossupinac¸ãototalmentepreservadaeADM
completo dopunho semdor ouinstabilidade emcotovelo, punhoemão(fig.4).
Discussão
Aluxac¸ãodocotovelotem incidênciade 3-6%emcrianc¸as easfraturasdiafisáriasdoúmeroem5%domontantetotal defraturasnessegrupo.1,2,6Aproximadamente15%detodas
as fraturas emcrianc¸as envolvem a fise. Jáas fraturas de rádio distalrepresentamatéumterc¸ode todasas fraturas pediátricas.7 Dessas,20%acometemazonadafisedoterc¸o
distaldorádio.2Dentreaslesõesfisáriasdorádiodistal,58% sãodotipoSalterHarrisII.8
Comocitaresteartigo:BritoAlencarNetoJ,etal.Fraturadadiáfisedeúmeroassociadaaluxac¸ãodecotoveloefraturadoterc¸odistaldo
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rev bras ortop.2018;xxx(xx):xxx–xxxFigura3–RadiografiasemperfileAPmostramafixac¸ãoadequadacomashastesflexíveis(A)e(B);consolidac¸ãodafratura
apóscincomeses(C).
Figura4–Arcodemovimentodopacientecomperdade5◦deflexão(A)e5◦deextensão(B).
Algunsestudostrazemaassociac¸ãodeduasdessastrês lesões,geralmentecomocorrênciasimultâneadefraturade umou dosdois ossos doantebrac¸o e fratura diafisária do úmero,lesãoconhecidacomo“cotoveloflutuante”,quetem incidênciaentre 2-17%.5,9 Não foramencontrados registros
naliteraturapesquisadadaassociac¸ãodessastrêslesõesno mesmopaciente.
Quandoháassociac¸ãodelesões,otratamentodeve con-siderar cada injúria para restabelecimento da anatomia, congruênciaarticulareADMdomembro.Nocasorelatado, optou-seporreduc¸ãoincruentadaluxac¸ãodocotoveloeda epifisiólisedorádio,seguidadeimobilizac¸ãocomtala ante-braquiopalmardaarticulac¸ãodistal.8Fraturasderádiodistal
emcrianc¸as, namaioria das vezes, podemsertratadas de forma incruenta, devido a maior capacidade de remodela-mento ósseo.Há critérios radiográficos eclínicos para que essepacientefossetratadodemaneiranãocirúrgica,como aangulac¸ãofrontaldafraturamenordoque10◦eausênciade lesãoneurovascular.2
O método de abordagem inicial da fratura diafisária do úmeroapresentarespaldonaliteratura.10Opaciente
apresen-tavacritériosradiográficosquepermitiamotratamentonão
cirúrgico,comodesvioemvaromenordoque30◦ erotac¸ão internamenordoque15◦,2caracterizandoumafratura
está-vel. Entretanto, após umasemana,areduc¸ão foiperdidae entãofoifeitaaopc¸ãopelotratamentocirúrgico.
O uso de hastes flexíveis é indicado para o tratamento de fraturas diafisárias de úmero.2 Em comparac¸ão com o
tratamento conservador, o uso das hastes propiciamelhor alinhamentoanatômico,reduc¸ãodotempodeinternac¸ão hos-pitalar, retornomais rápidoàs atividades diáriasemelhor controledador.10
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
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s
1.CanaveseF,MarengoL,CravinoM,GiacomettiV,PereiraB, DimeglioA,etal.Outcomeofconservativeversussurgical treatmentofhumeralshaftfractureinchildrenand adolescents:comparisonbetweennonoperativetreatment
Comocitaresteartigo:BritoAlencarNetoJ,etal.Fraturadadiáfisedeúmeroassociadaaluxac¸ãodecotoveloefraturadoterc¸odistaldo (Desault’sBandage),externalfixationandelasticstable
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