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Texto de Apoio_03_ESZS012-17 - Aplicações de Elementos Finitos para Engenharia

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CECS – CENTRO DE ENGENHARIA, MODELAGEM E CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

ENGENHARIA AEROESPACIAL

ESZS012-17 – APLICAÇÕES DE ELEMENTOS FINITOS PARA ENGENHARIA

NOTAS DE AULA – Aula 03

Prof. Dr. Wesley Góis

(2)

4 Formas fracas construídas pela Energia Potencial Total e

pelo Princípio dos Trabalhos Virtuais – problemas de

barras sob força normal e flexão

4.1 Energia Potencial Total e forma fraca Problema de barra sob força

normal

Observou-se, especificamente no problema da barra sob força normal, apresentado anteriormente, que para a obtenção da forma fraca foi necessária a equação diferencial do problema (forma forte). Coloca-se aqui um questionamento: como exprimir a forma fraca para um sistema estrutural qualquer sem passar pela dedução da forma forte?

Vamos apresentar nesse texto duas formas: a primeira (Energia Potencial Total) aplicável a estruturas com comportamento elástico e a outra (Princípio dos Trabalhos Virtuais), de caráter geral, aplicável a qualquer tipo de estrutura, com comportamento elástico ou não.

Focando a primeira forma, apresentam-se agora alguns conceitos necessários no tocante à energia de deformação e energia potencial das forças aplicadas.

Já foi visto que as relações constitutivas representam matematicamente a dependência local que existe entre tensões e deformações. Tal dependência pode ser expressa e interpretada em forma dual, isto é: as deformações decorrendo de um campo de tensões e com intensidades proporcionais à flexibilidade do material ou então, as tensões decorrendo de um campo de deformações e com intensidades proporcionais à rigidez do material. Portanto, rigidez e flexibilidade são conceitos duais e ligados diretamente ao material. No caso unidimensional, o

módulo de elasticidade é na verdade um coeficiente de rigidez, enquanto que o

seu inverso é um coeficiente de flexibilidade.

Admitindo-se, então, que as intensidades de tensão e de deformação num ponto estejam relacionadas em função da resposta do material, considerem-se estados de tensão definidos nos pontos de um sólido em decorrência de certa história de deformação imposta. Considerando-se todo o volume do sólido, pode-se então, definir uma quantidade de energia interna movimentada no processo de deformação, medida pelo trabalho das tensões nas deformações. Essa quantidade é denominada energia de deformação.

Para ilustrar o conceito, seja uma barra submetida a um processo de deformação uniaxial. A variação de energia por unidade de volume para um incremento de deformação imposto é definida por:

(3)

x x

du% =σ dε (4.1)

Ao final do processo de deformação a energia envolvida em todo o volume da barra é:

(

ε

)

x x V 0

U =

ò ò

σ dε dV (4.2) Em termos gerais, se o sólido é elástico, toda a energia movimentada no processo de deformação se acumula no seu interior e poderá ser usada na recuperação da forma inicial quando retirada a causa externa que provocou a deformação. Nessa condição a energia de deformação é dita elástica.

Para a barra sob força normal pode-se exprimir a energia de deformação em termos do campo de deslocamentos u, considerando-se a lei de Hooke e a condição de compatibilidade, expressas pelas (3.3) e (3.2), respectivamente. Assim sendo, a relação (4.2) particularizada para este caso fornece:

(

)

(

)

( )

( )

( )

( )

ε ε x x x x V 0 V 0 L 2 2 x V 0 A L 2 L 2 0 A 0 U σ dε dV Eε dε dV 1 1 E ε dV E u dA dx 2 2 1 1 E u dA dx EA u dx 2 2 = = = æ ö æ ¢ ö = ç ÷ = ç ÷ = è ø è ø æ ¢ ö æ ¢ ö = ç ÷ = ç ÷ è ø è ø

ò ò

ò ò

ò

ò ò

ò

ò

ò

(4.3)

Por outro lado, se a causa externa do processo de deformação são forças aplicadas na superfície do sólido, então se pode definir uma energia a elas associada, denominada energia potencial das forças externas. Essa quantidade de energia pode ser computada considerando-se os trabalhos das forças nos deslocamentos (em suas direções) dos seus pontos de aplicação.

Por generalidade, considere-se que na barra possam ser aplicadas forças distribuídas por unidade de comprimento q e forças concentradas P . Se, além disso, o trabalho realizado somente depender do conhecimento das configurações inicial e final, e não do trajeto percorrido durante a mudança, então, diz-se que as forças aplicadas são conservativas, ou independentes do campo de deslocamentos.

Nessas condições, o trabalho realizado por estas forças ao apresentar a barra um campo de deslocamentos u, é definido na forma:

(4)

n E L i i i 1 δW qudx P u = =

ò

+

å

(4.4) sendo n o número de forças aplicadas em posições ao longo da barra.

Considerando-se, então, a configuração inicial da barra e outra deformada qualquer, possível, então a variação da energia potencial de posição é dada por:

E

δΩ= -δW (4.5)

Note-se que essa variação apresenta um sinal negativo em coerência com a hipótese de que a energia potencial de posição tende a diminuir na mudança para uma configuração mais deformada (ou os deslocamentos sejam tais que

E

δW > ). 0

Energia Potencial Total Π u de um Sólido Elástico: é definida pela

( )

soma da energia elástica de deformação com a energia potencial de posição

da s forças externas, sendo um FUNCIONAL do campo de deslocamentos.

( )

Π u xéë ù = +û U δΩ (4.6)

A observação, neste ponto, é que funcional é toda aplicação que associa uma função a um valor escalar.

Primeiro princípio variacional: em um sólido elástico sujeito a forças

externas conservativas, na configuração ‘real’, ou equilibrada, Π apresenta primeira variação nula (ou seja: é estacionário) com relação a qualquer variação congruente (homogênea nas condições de contorno essenciais) do campo de deslocamentos.

( )1

δ Π = "0 δu (4.7)

Segundo princípio variacional: em um sólido elástico-linear sujeito a

forças externas conservativas, no âmbito das pequenas deformações, na configuração de equilíbrio o funcional apresenta segunda variação positiva (Π atinge um valor mínimo) com relação a qualquer variação congruente do campo de deslocamentos.

( )2

(5)

A aplicação dos princípios descritos, em particular do primeiro deles, exige o cálculo da variação primeira do funcional. Tal variação é definida como a parcela linear no acréscimo, do funcional escrito a partir de um acréscimo dado à função argumento. Justamente a imposição da condição dada pela (4.7) é que proporciona a forma fraca em questão. Os próximos parágrafos ilustram esses aspectos conceituais.

Para a barra indicada na Figura 3.1 o funcional da energia potencial total resulta:

[ ]

L

( )

2 L 0 0 1 Π u EA u dx qudx Pu 2 ¢ =

ò

-

ò

- (4.9) A partir do funcional da energia total, pode-se aplicar o primeiro princípio variacional δΠ u

( )

= no sentido de encontrar u(x) que corresponde à 0

configuração de equilíbrio. Tem-se, então, o seguinte desenvolvimento:

(

)

(

)

(

)

[

]

(

)

(

)

(

)

[

]

[ ]

(

) ( )

( ) ( )

L 2 0 L 2 2 0 L 0 δΠ EA

u δu q u δu dx P u δu

2

EA

Π u δu u 2u δu δu q u δu dx P u δu

2

Π u δu Π u EA u δu q δu dx P δu o δu

é ¢+ ¢ - + ù - + ê ú ë û é ¢ ¢ ¢ ¢ ù + = ê + + - + ú - + ë û ¢ ¢ é ù + = + ë - û - +

ò

ò

ò

144444424444443 (4.10)

onde o(δu) representa o termo de ordem superior em δu . Conclui-se, portanto que:

(

) ( )

L 0

δΠ =

ò

éëEA u δu¢ ¢ -q δu dxùû -Pδu (4.11) A (4.11) uma vez igualada à zero, em acordo com o primeiro princípio variacional, e consistente com a idéia que δu seja homogêneo nas condições de contorno essenciais, coincide com a forma fraca do problema da barra sob força normal.

Assim sendo, conclui-se que a forma fraca pode ser obtida diretamente da primeira variação do funcional da energia potencial total, dispensando-se, nesse caso, o conhecimento da equação diferencial do problema.

Uma observação importante é que a forma fraca tem inserido nela as condições de compatibilidade e constitutiva. Além disso, ela própria representa a

(6)

condição de equilíbrio. Portanto, todas as restrições do P.V.C. estão atendidas numa única relação!

4.2 Energia Potencial Total e forma fraca Problema de barra sob

flexão

Seja o problema de determinar os deslocamentos transversais da viga biengastada, indicada na Figura 4.1, a partir de sua formulação em forma fraca.

Figura 4.1 – Viga bi-engastada

Para se obter a forma fraca, o primeiro passo consiste em escrever o funcional da Energia Potencial Total.

Considerando-se que a resposta procurada corresponde à viga em regime linear elástico, com pequenos giros e deslocamentos de suas seções transversais, o problema pode ser modelado segundo a teoria clássica de flexão. Nesse sentido, admite-se válida a hipótese cinemática de seções inicialmente planas e ortogonais ao eixo permanecerem planas, indeformáveis no seu plano, e ortogonais ao eixo deslocado. Além disso, admite-se, também, que os deslocamentos axiais sejam desprezíveis.

Por serem as seções transversais indeformáveis nos seus planos e apresentando giros pequenos em correspondência a momentos fletores solicitantes, os deslocamentos transversais, em qualquer ponto da viga, são totalmente determinados pelos deslocamentos dos pontos pertencentes ao eixo e

(7)

descritos pela função v ( x) .

Considerando-se, ainda, que a seção genérica permanece ortogonal ao eixo deformado e, novamente, que os deslocamentos e giros são suficientemente pequenos, pode-se confundir a tangente à linha elástica com a derivada da função

v ( x) no ponto e, por sua vez, com o próprio giro da seção.

Figura 4.2 – Deformação de um elemento de viga

Valendo as hipóteses mencionadas, o estado de deformação apresenta, em cada ponto, somente uma componente: ε . A determinação dessa componente x

decorre da geometria indicada na Figura 4.2, que ilustra um elemento infinitesimal de viga antes e depois da deformação. Assim, para uma fibra genérica, pode-se determinar a sua deformação específica longitudinal mediante a definição clássica:

x A B AB ε AB ¢ ¢ -= (4.12)

Valendo-se da hipótese de giros e deslocamentos pequenos, pode-se confundir o comprimento atual da fibra com a sua projeção horizontal e, portanto:

(8)

(

)

x

dx θy θy dθ dx dxy dx

ε y dx dx é - + + ù -ë û = = (4.13) Como θ dv dx = - , segue que: 2 x 2 d v ε y yv dx ¢¢ = - = - (4.14)

Tendo-se em vista que a tensão normal correspondente a ε fica x determinada pela Lei de Hooke (σx =x), em razão da resposta elástico-linear o meio, a Energia de Deformação fica dada na forma:

( )

L 2 L 2 2 x 0 A 0 A 1 1 U v x Eε dA dx Ey v dA dx 2 2 æ ö æ ¢¢ ö é ù = ç ÷ = ç ÷ ë û

ò ò

è ø

ò ò

è ø (4.15)

Como todos os pontos de uma seção sofrem deslocamentos transversais iguais, segue que o produto 2

x

σ =Ev¢¢ é constante na integral sobre a área A, portanto:

( )

L 2

(

2

)

L 2 L

( )

2 0 A 0 0 1 1 EI U v x Ev y dA dx Ev Idx v dx 2 ¢¢ 2 ¢¢ 2 ¢¢ é ù = = = ë û

ò

ò

ò

ò

(4.16)

onde I representa o momento de inércia da seção em relação ao eixo z , ortogonal ao plano da Figura 4.2.

A Energia Potencial de Posição das Forças Externas fica expressa em função do trabalho da força distribuída aplicada sobre o campo de deslocamentos

v ( x) :

( )

L

0

Ω v xéë ù = -û

ò

pvdx (4.17)

Finalmente, a Energia Potencial Total resulta:

( )

L

( )

2 L

( )

0 0 EI Π v x v dx pv x dx 2 ¢¢ é ù = -ë û

ò

ò

(4.18)

(9)

A forma fraca resulta, então, da imposição da nulidade da primeira variação do funcional dado pela (4.18). No caso, a primeira variação pode ser determinada pelo seguinte desenvolvimento:

[

]

L

(

)

2 L

(

)

0 0 EI Π v δv v δv dx p v δv dx 2 ¢¢ ¢¢ + =

ò

+ -

ò

+ (4.19)

onde δv representa qualquer variação para a função v(x) , homogênea nas condições de contorno essenciais. Nota-se que no caso da viga, as condições de contorno essenciais referem-se não somente aos deslocamentos transversais, mas também aos giros (ou primeiras derivadas de v(x) ) das seções nas extremidades.

Identificando-se no desenvolvimento da relação (4.19) a parcela linear no acréscimo e impondo-se, então, a nulidade da primeira variação, obtém-se a forma fraca conhecida:

L L

0 EIv δv dx¢¢ ¢¢ - 0 pδvdx=0

ò

ò

(4.20)

4.3 A Forma Fraca e o Princípio dos Trabalhos Virtuais (P.T.V)

Conforme visto até o momento, uma maneira de se obter a forma variacional fraca de um problema de valor de contorno consiste em aplicar o Método da Energia deduzindo-se a primeira variação do funcional da Energia Potencial Total.

No caso da barra sob carregamento axial mostrou-se que a forma fraca apresenta a seguinte redação:

(

) ( )

L 0

δΠ =

ò

ëéEA u δu¢ ¢ -q δu dxùû -Pδu (4.21) Já no caso da viga em flexão submetida a uma força uniformemente distribuída ao longo de seu comprimento, a forma fraca escreve-se como:

L L

0 0

δΠ =

ò

EIv δv dx¢¢ ¢¢ -

ò

pδvdx (4.22) Pode-se mostrar, ainda, que nos dois casos a forma fraca possui uma estrutura comum relacionada ao Princípio dos Trabalhos Virtuais. Neste sentido, tome-se, por exemplo, a relação (4.21) reescrita explicitando-se a integral de área:

(10)

(

)

( )

L L

0 A 0

δΠ =

ò ò

E u δu dAdx¢ ¢ -

ò

q δu dx-Pδu (4.23) Considerando-se que no problema da barra u¢ =ε,σ= e que,

u δu

δu δ δε

x x

¶ ¶

¢ = = =

¶ ¶ , segue que a (4.23) assume a forma:

( )

L

V 0

δΠ =

ò

σδεdV -

ò

q δu dx-Pδu (4.24) Por outro lado, tomando-se a relação (4.22), pode-se reescrevê-la como:

L L

2

0 A 0

δΠ =

ò ò

E y v δv dAdx¢¢ ¢¢ -

ò

pδvdx (4.25) Considerando-se, neste caso, que: σ = e ε= -yv ,δε¢¢ = -yδv¢¢, a (4.25) passa a ser dado por:

L

V 0

δΠ =

ò

σδεdV-

ò

pδvdx (4.26) portanto, a menos da força P , totalmente idêntica à (4.24), fazendo-se analogia entre q e p e δu e δv . Interpretando-se δv e δε como campos de deslocamentos virtuais e deformações virtuais compatíveis, a relação (4.26) representa, em cada uma de suas integrais, os trabalhos virtuais: interno e externo. Como na situação equilibrada a primeira variação do funcional da energia deve se anular, a relação:

L

V 0

δΠ =

ò

σδεdV-

ò

pδvdx (4.27) representa também o Princípio dos Trabalhos Virtuais. É conveniente lembrar, neste ponto, o que estabelece em linhas gerais o P.T.V: um sólido deformável está em estado de equilíbrio, considerando-se a distribuição de tensões internas e forças externas aplicadas, se o trabalho virtual interno for igual ao trabalho virtual externo para todo campo imposto de deslocamentos virtuais admissíveis (que verificam as condições de contorno) e compatíveis (que geram deformações virtuais).

Observando-se a (4.27), conclui-se que o P.T.V. proporciona diretamente a forma fraca dos problemas de valor de contorno e constitui-se em alternativa que dispensa a redação do funcional da Energia Potencial Total.

(11)

Cabe também observar que de acordo com o P.T.V. a função que descreve o campo de deslocamentos reais na situação equilibrada deve obedecer às

condições de contorno essenciais, sendo que o campo de deslocamentos

virtuais deve ser homogêneo nessas mesmas condições. Já as condições de

contorno naturais estão contempladas no P.T.V. mediante o trabalho virtual das

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