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Perfil do trabalhador por conta própria no Brasil: uma comparação do perfil presente entre os períodos de 2012-2014 e 2015-2017.

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Universidade Federal de Santa Catarina –UFSC Centro Sócio Econômico –CSE

Departamento de Economia e Relações Internacionais

Evelin Lilanda Nunes

PERFIL DO TRABALHADOR POR CONTA PRÓPRIA NO BRASIL: UMA COMPARAÇÃO DO PERFIL PRESENTE ENTRE OS PERÍODOS DE 2012-2014 E 2015-2017

Florianópolis 2019

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Evelin Lilanda Nunes

PERFIL DO TRABALHADOR POR CONTA PRÓPRIA NO BRASIL: UMA COMPARAÇÃO DO PERFIL PRESENTE ENTRE OS PERÍODOS DE 2012-2014 E 2015-2017.

Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em Ciências Econômicas do Centro Sócio Econômico da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito para a obtenção do Título de Bacharel/Licenciado em Ciências Econômicas Orientador: Prof. Dr. Michele Romanello

Florianópolis 2019

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Evelin Lilanda Nunes

PERFIL DO TRABALHADOR POR CONTA PRÓPRIA NO BRASIL: UMA COMPARAÇÃO DO PERFIL PRESENTE ENTRE OS PERÍODOS DE 2012-2014 E 2015-2017.

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado para obtenção do Título de Economista e atribuído nota 9,0 pela banca examinadora.

Florianópolis, 03 de dezembro de 2019

________________________ Prof. Dr. Daniel de Santana Vasconcelos,

Coordenador do Curso

Banca Examinadora:

________________________ Prof. Dr. Michele Romanello,

Orientador

Universidade Federal de Santa Catarina

________________________

Prof.ª Dr.ª Eva Yamina Amanda da Silva Catela Universidade Federal de Santa Catarina

________________________ Prof.ª Dr.ª Janaina Fuhr

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente à minha mãe Eliana Luca pelo apoio incondicional durante toda minha trajetória no curso, me ajudando a superar todos os obstáculos que enfrentei durando a graduação.

Agradeço ao meu irmão Anderson Luca Nunes por toda amizade, ajuda em todas as situações, e por ser um exemplo para mim.

Agradeço ao Henrique d’Avila pelo apoio nos últimos anos, e por todo o suporte que me deu, tornando minha vida menos complexa e mais feliz.

Agradeço a todos os colegas de curso pelas ajudas e companhias, pelo compartilhamento de frustações e alegrias.

Assim como agradeço aos professores, Michele Romanello, Daniel Vasconcelos, Carmem Gelisnki e Nildo Ouriques por todo o incentivo recebido e principalmente pelos conhecimentos transmitidos.

Por fim agradeço a mim pela superação e por ter persistido nesse sonho, pois definitivamente não foi uma trajetória simples, e ainda é só começo.

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RESUMO

O presente trabalho tem como foco a comparação das características, como sexo, região, nível de instrução, grupamento de atividades, remuneração e se o trabalho é realizado com ou sem CNPJ do trabalhador por conta própria no Brasil entre os períodos de 2012 a 2014 e 2015 a 2017. Os períodos foram escolhidos diante das mudanças bastantes significativas ocorridas nos mesmos, relativas tanto à quantidade de trabalhadores que entraram nessa categoria, assim como as mudanças institucionais e políticas ocorridas. Sendo assim, o trabalho explora as possíveis causas dessas alterações nas características, abordando desde a crise dos subprimes nos Estados Unidos em 2008, até a crise política e representativa brasileira em 2015. E em um segundo momento, o trabalho apresenta os dados que demonstram que ocorreram transformações significativas nas características desses trabalhadores nos períodos propostos, sendo a mudança mais significativa a no nível de instrução e nos rendimentos que demonstra a ocorrência da alteração das relações dos trabalhadores com as opções de trabalho.

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ABSTRACT

The present academic work focuses on the comparison of characteristics of self-employed workers such as gender, region, level of education, grouping of activities, remuneration and whether the work is performed with or without CNPJ in Brazil between the periods 2012 to 2014 and 2015 to 2017. The periods were chosen due to the significant changes that occurred in them, regarding not only the number of workers who fell into this category, but the institutional and political changes that occurred as well. Thus, the possible causes of these changes in characteristics will be explored, addressing from the subprime crisis in the United States in 2008 to the Brazilian political and representative crisis in 2015. After that, it will be presented the data that shows significant changes in the characteristics of these workers in the proposed periods, with the most significant change in education and earnings demonstrating the change in workers' relations with work options.

Keywords: Self-Employed. Crisis. Characteristic.

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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 - Número de desempregados ... 27 GRÁFICO 2 - Forma de trabalho da população ocupada. ... 34 GRÁFICO 3 - Comparação – Distribuição entre os sexos ... 36 GRÁFICO 4 - Comparação – Nível de instrução dos trabalhadores por conta própria. 38 GRÁFICO 5 - Comparação - Grupamento de atividades ... 39 GRÁFICO 6 - Comparação – Registro do empreendimento no CNPJ ... 41 GRÁFICO 7 – Rendimentos ... 42

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Sexo ... 35

TABELA 2 - Nível de instrução ... 37

TABELA 3 - Grupamento de atividades ... 39

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas ANS - Agência SEBRAE de Notícias

CEPAL - Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe CNPJ - Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas

COFINS - Contribuição para Financiamento da Seguridade Social CSLL - Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido

EUA – Estados Unidos da América

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada IPI – Imposto Sobre Produtos Industrializados IR – Imposto de Renda

MEI – Microempreendedor Individual MTE - Ministério do Trabalho e Emprego OEC - Observatory of Economic Complexity OIT – Organização Internacional do Trabalho PAC – Programa de Aceleração do Crescimento PEC - Proposta de Emenda à Constituição PIB – Produto Interno Bruto

PIS – Programa de Integração Social

PNAD - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas TCU – Tribunal de Contas da União

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ... 15 OBJETIVO GERAL... 16 1.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ... 16 1.2 2 TRABALHO POR CONTA PRÓPRIA ... 17

3 METODOLOGIA ... 19

4 CENÁRIO SOCIOECONÔMICO ... 21

EFEITOS NO MERCADO DE TRABALHO ... 27

4.1 EFEITOS NO TRABALHO POR CONTA PRÓPRIA ... 31

4.2 5 APRESENTAÇÃO DOS DADOS ... 34

SEXO... 35 5.1 NÍVEL DE INSTRÇÃO ... 36 5.2 GRUPAMENTO DE ATIVIDADES ... 38 5.3 FORMALIZAÇÃO ... 40 5.4 RENDIMENTOS ... 41 5.5 6 CONCLUSÃO ... 43 REFERÊNCIAS ... 45

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1 INTRODUÇÃO

Segundo dados da PNAD realizada pelo IBGE, entre 2012 e 2017 houve um aumento significativo no trabalho por conta própria no Brasil. No final de 2012, o trabalho por conta própria envolvia 20,61 milhões de pessoas. Em 2017, passou para 22,7 milhões, ou seja, 25% do total de trabalhadores (IBGE, 2018).

Algo que colaborou para o aumento dos trabalhadores por conta própria, principalmente na questão da formalização foi à criação do MEI em 2007, onde segundo estudo realizado pelo SEBRAE e divulgado em 2018 pela ANS entre os anos de 2012 e 2016 a quantidade de MEI triplicou no Brasil (ANS, 2018).

A hipótese de que houve uma mudança no perfil dos trabalhadores por conta própria nesse período, surge não somente do aumento do número de trabalhadores nessa categoria citado anteriormente, como também de mudanças estruturais que ocorreram no período apresentado como a Lei n. 13.467/2017, popularmente conhecida como “reforma trabalhista”. Conforme descrito por Di Benedetto (2017) a Lei n. 13.467/2017 aborda temas relativos a mudanças na jornada de trabalho, nos tipos de contratação, destacando a regulamentação da contratação de terceirizados e autônomos. Segundo o mesmo autor, as mudanças apresentadas na Lei n. 13.467/2017 tornaram mais precárias as relações entre patrões e empregados. Assim como de mudanças iminentes como a da PEC 006/2019, que se aprovada, alterará os arts. 37, 40, 109, 149, 167, 195, 201 e 203 da Constituição. A PEC conhecida por “reforma da previdência” pode vir a aumentar a quantidade de anos de trabalho e idade mínima necessária para a aposentadoria, e assim, causar uma desconfiança na seguridade social e no futuro um aumento no número de trabalhadores que optariam a trabalhar sem essa contribuição.

Dado esse aumento no número de trabalhadores por conta própria no Brasil e as mudanças estruturais e políticas ocorridas nesse período, será feito um estudo sobre o perfil desses trabalhadores, comparando o período anterior à crise brasileira marcada pelo impeachment do ex-presidente Dilma Rousseff, partindo da hipótese de que houve uma mudança expressiva no perfil dos trabalhadores por conta própria. Com isso, serão exploradas as causas e consequências dessa mudança.

O IBGE (2018) define como trabalhador por conta própria quem trabalha explorando o seu próprio empreendimento, sozinho ou com sócio, sem ter empregado e contando, ou não, com ajuda de trabalhador não remunerado de membro da unidade domiciliar em que reside.

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As características do perfil do trabalhador por conta própria disponíveis na PNAD Contínua que serão utilizadas para a realização do estudo proposto são: sexo, região, nível de instrução, ramo da atividade, remuneração e se o trabalho é realizado com ou sem CNPJ. Diante dessas características o trabalhador por conta própria sem CNPJ é considerado trabalhador informal, já o trabalhador que possui CNPJ não é considerado trabalhador informal.

OBJETIVO GERAL 1.1

Estudar o perfil do trabalhador por conta própria no Brasil, buscando realizar uma comparação do perfil desses trabalhadores no período anterior e posterior à crise brasileira de 2015.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS 1.2

Partindo da hipótese de que houve uma mudança significativa no perfil do trabalhador por conta própria no Brasil na comparação dos períodos propostos:

a) Descrever o perfil dos trabalhadores por conta própria nos períodos de 2012-2014 e 2015-2017.

b) Identificar as possíveis causas dessas mudanças no perfil dos trabalhadores por conta própria.

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2 TRABALHO POR CONTA PRÓPRIA

Os primeiros estudos realizados por economistas e cientistas políticos que passaram a reconhecer o trabalho por conta própria como uma categoria presente no mercado, entendiam que esta estava destinada a desaparecer como informado por Santiago e Vasconcelos (2017). Estudos de Chahad e Cacciamali (2005) sugerem que Karl Marx e Alfred Marshall, concebiam essa categoria, porém, a consideravam obsoleta, e entendiam que com o aumento da produção capitalista onde se esperava que conquistaria as áreas produtivas disponíveis, não haveria mais lugar para ser ocupado por trabalhadores por conta própria, e também de empresas de pequeno porte.

Santiago e Vasconcelos (2017) demonstra que Prandi (1978)justifica que relativo ao desenvolvimento capitalista e o número de trabalhadores por conta própria, existe uma relação inversa, onde foi verificado que entre os anos de 1940 e 1970 houve uma concentração maior de trabalhadores por conta própria nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, ou seja, as regiões menos desenvolvidas do Brasil. Sobre essa tratativa das diferenças no mercado das regiões no Brasil, Theodoro et al (2005) corrobora com essa visão, demonstrando que São Paulo e Rio de Janeiro desfrutavam de grandes indústrias após a abolição da escravidão, tinham ofertas de empregos formais para os recém-libertos, já em outras regiões como a do Nordeste, onde não haviam indústrias, a população recém-liberta teve que migrar para atividades informais.

Em estudos realizados entre as décadas de 1980 e 2000 sobre o mercado de trabalho brasileiro, encontram-se informações importantes que colaboram com a compreensão da atual situação deste mercado, mostrando historicamente que nem toda a movimentação entre as tipologias de trabalho são decorrentes unicamente do aumento ou redução do desemprego como foi estudado por Amadeo et al (1994) que diante do histórico da condição do mercado de trabalho brasileiro e por conta das características apresentadas sugerem que a expansão apresentada na proporção dos trabalhadores por conta própria no Brasil entre as décadas de 1980 e 1990 não foi simplesmente um fenômeno circular. Onde a visão de Ramos (2002) fortalece essa perspectiva de que o trabalho sem carteira assinada estaria muito mais ligado pelo elemento estrutural do que apenas pelo fator cíclico. E também Holzmann (2013) que compreende que a considerável presença dos trabalhadores por conta própria no Brasil

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demonstra que essa categoria ocupacional não é apenas acidental, mas claramente um item estrutural do mercado de trabalho do país.

No que tange o grau de instrução, há uma concordância entre diversos autores onde os trabalhadores sem carteira assinada possuem menos instrução, como citado por Ulyseea (2006) na sua revisão bibliográfica sobre a informalidade no mercado de trabalho brasileiro.

Nesse momento torna-se importante salientar que o trabalho em questão trata do trabalho por conta própria e não na generalização de trabalho informal. Conforme classificação de categorias de trabalho feitas pelo IBGE para a realização da PNAD, há trabalho por conta própria sem CNPJ que caracteriza informalidade e com CNPJ que não caracteriza informalidade.

Fatores institucionais como a legislação trabalhista também podem se mostrar bastante significativos, como mostrado no estudo realizado por Márquez e Pagés (1998) onde foi criado um índice com base nas legislações trabalhistas na América Latina, como por exemplo, o tempo legal de aviso prévio, e realizado uma regressão com a proporção de trabalhadores por conta própria conforme explicado por Ulyseea (2006).

Com isso se dispõe de diversas vertentes de pensamentos, onde se demonstra o surgimento da consideração dessa categoria nas ciências econômicas e políticas, mas que não apresenta um consenso no que tange ao o que faz um trabalhador ser um trabalhador por conta própria, onde isso será explorado no trabalho proposto para os anos apresentados, usando como base teórica esses estudos já realizados.

Os estudos realizados e demonstrados nesse capítulo apresentam que o trabalho por conta própria é caracterizado como precário, de baixa remuneração, ligado genuinamente ao desemprego, inseguro e com maior presença nas regiões norte e nordeste por possuírem menor número de indústrias que as outras regiões e assim menos postos de empregos formais.

Diante de todas essas características duramente negativas, o trabalho por conta própria considerado heterogêneo, pois da mesma forma que existem pontos negativos para a economia, como grande parte dos trabalhadores por conta própria serem trabalhadores informais e com isso não contribuírem com os pagamentos dos tributos, o trabalho por conta própria mesmo que informal é um modo de geração de renda que ajuda a movimentar a economia, principalmente nos momentos de crise, onde há uma perda de postos de empregos formais e regulares. Podendo ser positivo também para os trabalhadores que optam por essa categoria e que podem ter maior independência e flexibilidade.

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3 METODOLOGIA

O objetivo do estudo em questão é descrever o perfil dos trabalhadores por conta própria nos períodos de 2012 a 2015 e 2016 a 2017, e posteriormente fazer uma comparação buscando avaliar as mudanças ocorridas. Os dados serão coletados da PNAD Contínua do IBGE. Desta forma a amostra escolhida é não probabilística, pois se deu de modo intencional, visando à seleção de anos onde o trabalho por conta própria veio de uma grande baixa para uma súbita alta, ou seja, um aumento significativo dos trabalhadores dessa categoria em um curto período de tempo.

Segundo Fachin (2001) o método é a ferramenta que possibilita aos pesquisadores a diretriz geral para facilitar a pesquisa, elaborar hipóteses e experiências, além de interpretar os resultados. Serão utilizados os métodos estatístico e comparativo.

A particularidade encontrada nas ciências sociais, por muitas vezes impossibilita o uso de métodos como o experimental, pois como na ciência social não há a possibilidade de reprodução de situações em laboratório sem afetar o resultado que seria obtido abertamente em uma sociedade, o método comparativo aparece como sendo uma ótima alternativa para clarificar e dar objetividade à pesquisa científica nas ciências sociais.

Para alguns autores, a impossibilidade de aplicar o método experimental às ciências sociais, reproduzindo, em nível de laboratório, os fenômenos estudados, faz com que a comparação se torne um requisito fundamental em termos de objetividade científica. É ela que nos permite romper com a singularidade dos eventos, formulando leis capazes de explicar o social. (SCHNEIDER, 1998, p. 1)

Sendo que o método comparativo para Fachin (2001) baseia-se em apurar dados e expô-los segundo suas igualdades e suas diferenças. Onde permite também a análise de semelhanças e divergências de fundamentos sendo eles regulares ou genéricos, proporcionando resultados diretos ou indiretos.Como também explica Schneider (1998) como sendo uma espécie de raciocínio que possibilita descobrir regularidades e do mesmo modo compreender as continuidades e descontinuidades que dominam as ciências sociais. E o método estatístico que segundo Gil (2008) é aplicação da teoria estatística da probabilidade de modo a auxiliar na investigação de ocorrências nas ciências sociais. Ainda ressalta que os resultados obtidos não devem ser interpretados como verdades e sim como a probabilidade de serem verdadeiros. Sendo também descrito por Fachin (2001) como “estudo de fenômenos aleatórios” onde ele explica que quase todos os acontecimentos na natureza são dessa forma,

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aleatórios. De modo que o método é utilizado de forma que aplicando as teorias estatísticas se consiga medir o grau de correlação entre duas ou mais variáveis. Identificam-se esses métodos como apropriados para atingir os objetivos propostos neste estudo.

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4 CENÁRIO SOCIOECONÔMICO

A crise financeira global que teve início em 2007 e se aprofundou em 2008 é considerada a maior crise econômica desde a crise de 1929, afetou bruscamente as maiores economias do mundo, porém de maneira surpreendente, alguns países em desenvolvimento foram significativamente menos afetados, estando o Brasil entre eles (Apax-Brasil, 2011).

A chamada crise do subprime desencadeou uma crise financeira internacional onde os problemas ainda estão visíveis. A crise teve início na disponibilização de crédito excedente a pessoas que não tinham possibilidades reais de pagamento do mesmo. A proporção imediata que a crise tomou no Brasil pode ser vista ainda em 2008, observada a retração da liquidez internacional e com isso a diminuição do crédito, seguindo pode-se visualizar um apontamento para os déficits nas transações correntes que colaboraram para que a taxa de cambio brasileira se depreciasse. A resposta do Brasil foi rápida frente a crise, e por conta disso, houveram diversas análises sobre as medidas que foram tomadas pelo Brasil, principalmente quando comparado a situação enfrentada pelos países Europeus. (Lima; Deus, 2013).

Conforme apontado por Carvalho (2008), um pouco antes da crise os Estados Unidos tiveram que procurar mercados mais rentáveis, uma vez que as primeiras opções de investimentos seriam os países emergentes, mas que estavam vindos de crises nos anos 1990, como o México, Rússia e Brasil. A segunda opção mais rentável foi o mercado imobiliário no próprio EUA, tendo uma conjuntura favorável, inúmeras famílias passaram a comprar imóveis valendo-se da hipoteca. Devido a necessidade de ampliação do mercado por conta do envelhecimento da população, foi utilizado um método pelas financeiras onde eram concedidos créditos aos tomadores jovens sem grandes garantias de pagamento, histórico no mercado ou comprovação de renda, onde esses foram classificados como subprimes, conforme descrito por Lima e Deus (2013). Com esse tipo de método as financeiras tomavam o próprio imóvel como garantia, a chamada hipoteca, além disso eram vendidos títulos dessa dívida como forma de tornar ainda mais rentável esse instrumento financeiro (Carvalho, 2008).

Haviam também os problemas relacionados às taxas de juros, pois assim que concedidos os financiamentos, as taxas eram bastante baixas, porém depois de algum tempo iam subindo devido ao alto risco do crédito concedido aos subprimes, mas exatamente por

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conta desse aumento na taxa de juros os tomadores dos financiamentos passavam a não conseguir mais seguir realizando os pagamentos. Nesse ponto se identifica o que foi chamado por Carvalho (2008) de crise patrimonial, onde os valores das dívidas passaram a ser maiores do que o efetivo valor dos imóveis, o que foi entendido pelo autor como a causa da quebra dessas instituições financeiras. Nesse momento começam a falir várias instituições financeiras, como o banco Lehman Brothers, abalando as expectativas dos agentes de maneira negativa, assim, causando desemprego e trazendo a tona a crise da economia mais forte há muitos anos ao mundo, onde as interações financeiras, e o comercio já globalizando carregaram a crise para o mundo (Lima; Deus, 2013).

No Brasil a crise segundo Giambiagi et al. (2011) apud Lima e Deus (2013) teve efeitos prejudiciais visto que entre 2004 e 2008, período antes da crise, o PIB teve um expressivo aumento. Igualmente, a diminuição da taxa de desemprego nesse período foi um dos aspectos que contribuiu no incremento do consumo em 21,5%. Além dessas alterações houve também a alta nos investimentos e nas exportações, exportações que serão tratadas ainda nesse capítulo, porém adiante. Com isso, vemos que a crise internacional colidiu com um Brasil em um momento de ápice, onde havia uma sequência de períodos de crescimento com as empresas brasileiras e os investimentos estáveis. Além desse efeito, houveram efeitos na oferta de crédito e mais vigorosamente no preço da moeda nacional, que devido a fuga de capitais, esse movimento ocorreu de maneira generalizada em todos os países periféricos.

Ainda em 2008, porém já no último trimestre o Brasil viu seu PIB diminuir em 3,6%, situação bastante crítica visto que o país vinha de um crescimento bastante elevado de 6,8% ao ano. Essa redução foi cruel com a economia brasileira, reduzindo fortemente os postos de trabalho em cerca de 30% se comparado ao mesmo período do ano anterior, conforme Singer (2009).

Após o choque inicial da crise, foram tomadas algumas medidas importantes para amenizar os efeitos da mesma no Brasil. Pode-se salientar o aumento da oferta de crédito, ou seja, com o intuito de expandir os recursos disponíveis, houve a disponibilização de empréstimos tanto para as agências financeiras quanto para empresas, isso de seu por conta da retração da oferta de crédito no mercado tanto nacional quanto internacional, conforme explanado anteriormente neste mesmo capítulo.

Outras ações importantes do Estado foram as realizações de políticas expansionistas tanto monetárias como fiscais, ou seja, medidas anticíclicas como o aumento dos gastos públicos, e do mesmo modo medidas com o propósito de assegurar a redução da taxa de juros,

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promovendo assim um controle sobre redução que estava ocorrendo das atividades econômicas e segurando o nível da demanda. Assim, proporcionando um encolhimento nas consequências sociais da crise, conseguindo manter a taxa de empregos, como também as políticas de assistências sociais (Gonçalves, 2018).

Visto a surpreendente rápida recuperação do Brasil perante a crise internacional e as meditas adotadas para que tal recuperação acontecesse, foi viável verificar o acontecimento de todas as medidas comentadas com maior clareza. (Lima; Deus, 2013).

Contendo também as medidas que foram disponibilizadas pelo governo brasileiro, como crédito e redução do IPI de alguns eletrodomésticos a fim de incentivar o consumo (TCU, 2009).

Seguindo um pouco mais, já entre 2009 e 2011, as medidas se intensificaram, com a redução incessante da taxa de juros, assim como os gastos do governo que continuaram a ser aumentados. As medidas desde o início causaram um efeito rápido relacionado a recuperação da economia frente a crise, porém outros efeitos também foram causados trazendo problemas para a economia brasileira, como uma redução do superávit primário, além do aumento do déficit nominal da União. Ou seja, foram prolongadas as medidas expansionistas com o intuído de continuar revertendo os efeitos da crise, porém nesse mesmo período pode-se ver que as medidas que traziam essa estabilidade momentânea já estavam causando problemas para economia brasileira, mas esses problemas ainda não eram fortemente sentidos pela população em geral.

As medidas referentes às políticas macroeconômicas se destacaram no Brasil. Inicialmente, a partir de 2009 a taxa de juros básica da economia começou a se reduzir. Destaca-se o fato de que mesmo instável durante o período de 2009 a 2011, atualmente a taxa de juros brasileira apresenta um movimento de redução contínua. Além disso, o governo Lula sinalizou com a perspectiva de aumento dos gastos do governo, o que resultou na redução do superávit primário de 2,45% para 1,29% do PIB de 2008 para 2009. Houve também o aumento do déficit nominal da União que passou de 0,69% para 3,44% no mesmo período. (LIMA; DEUS, 2013, p. 58) O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) foi instituído pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva em seu segundo mandado que se deu entre os anos de 2007 e 2010, com o intuito de impulsionar a retomada do crescimento através da elaboração e realização de obras que envolveram a infraestrutura do Brasil, sendo focadas nas áreas de logística e eficiência energética brasileira (Lima; Deus, 2013).

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Voltando um pouco antes da crise global, o Brasil vinha de um crescimento advindo da exportação, onde o crescimento da economia mundial causou um grande benefício; essas expansões das exportações brasileiras eram em sua imensa maioria devidas às commodities. As commodities tiveram um ciclo de oscilação de preços, que foi bruscamente afetado pela crise, visto que em 2008 houve sim uma queda nos preços, porém após cerca de meses voltou a ascender e estabilizar. Apex-Brasil, 2011)

A fase ascendente do ciclo pré-crise teve início no final de 2002, quando os preços de diversas commodities elevaram-se a partir dos patamares historicamente baixos atingidos em 2001. Contudo, naquele ano, ainda não se vislumbrava a emergência de um período de alta consistente dos preços (APEX-BRASIL 2011 p19).

O Brasil sofreu uma redução demasiada nas exportações a partir do segundo semestre de 2008, principalmente nos setores automobilísticos, e agricultura, essa redução deveu-se tanto a diminuição da produção quanto a da procura por esses produtos. (TCU, 2009). Conforme OEC (2019) os principais destinos de exportação do Brasil são a China ($48 Bilhões), o Estados Unidos ($25,1 Bilhões), a Argentina ($17,8 Bilhões).

Com a queda nos preços das commodities a partir de 2012, houve uma redução nos termos de troca onde as exportações caíram, com isso se verifica que por muito tempo a China foi um dos propulsores do crescimento da economia brasileira, mas por outro lado com a redução do crescimento chinês essa dependência causou transtornos no que diz respeito as exportações que causaram também uma redução no crescimento brasileiro (Pereira, 2015).

No entanto, se considerarmos o efeito riqueza via o aumento nos termos de troca e acúmulo das reservas internacionais, o Brasil assim como os outros países latinos exportadores de commodities foram beneficiados pelo crescimento chinês até 2012, de forma que o choque externo de 2007/2008 teve menos impactos adversos na região do que no passado. (PEREIRA, 2015, p. 37)

O fim do boom de preços das commodities trouxe à tona as falhas na gestão das políticas econômicas nos países latinos, embora essa questão apresente diferenças entre os países (Pereira, 2015, p. 38). Essas falhas dizem respeito ao fato citado nesse capítulo de que o Brasil estava se mantendo através das políticas expansionistas que davam a ilusão de que o país não havia sido afetado pela crise internacional que ocasionou a retração do crescimento chinês. O país também foi afetado pela crise institucional e política já instalada, mas que por causa do momento estável da economia visto pela população em geral não haviam ainda explodido.

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As mudanças institucionais são um ponto importante a ser tratado quando se fala em mercado de trabalho. Parte das alterações do mercado de trabalho, principalmente no que tange as variações do grau de informalidade podem ser atribuídas a mudanças institucionais.

Nesse sentido, instituição é definida como sendo resultado de uma situação presente, que molda o futuro, através de um processo seletivo e coercitivo, orientado pela forma como os homens veem as coisas, o que altera ou fortalece seus pontos de vista (Hodgson, 1993, apud Conceição, 2007, p. 637). As mudanças institucionais informais surgem de movimentos que ganharam potência no período estudado, como o movimento feminista onde dentre outros objetivos busca a equiparação salarial entre os gêneros que podem ajudar a explicar as variações no trabalho por conta própria no âmbito feminino.

Como também é importante tratar das mudanças tecnológicas quase que diárias, e com isso as novas possibilidades de trabalho, entre as quais se destaca o trabalho por conta própria como os motoristas de aplicativos. Já entre as mudanças institucionais formais, houve a criação e popularização do MEI, assim como melhoria da gestão do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) na fiscalização das empresas (Corseuil; Moura; Ramos, 2011) e de políticas de incentivo tributário, como o Simples Nacional que tendem a incentivar a formalização (Monteiro; Assunção, 2012).

Em 2008 foi introduzido pelo governo federal o MEI, um novo meio de regulamentação específico para os microempreendedores, essa forma de regulamentação dessa classe de trabalhadores, reduziu os custos e desburocratizou a formalização desses trabalhadores. Anteriormente já havia uma tentativa de formalização das micro e pequenas empresas, com a criação do Simples Federal em 1996, da mesma forma com o objetivo de reduzir a informalização da economia e do mercado de trabalho e também de estimular a abertura de novas micro e pequenas empresas.

A criação do MEI que se deu pela A Lei Complementar nº 128/2008 foi uma mudança institucional muito importante, de modo a que possibilitou a formalização e criou benefícios e regras exclusivas que para essa classe de empreendedores de todo o Brasil. A Lei reduziu a burocratização e custos para obter o CNPJ, assim como todos passaram a ser contribuintes através do Simples Nacional e isentos de pagamento de diversos tributos, como o IR, PIS, Cofins, IPI e CSLL, além de claro o INSS, onde o MEI contribui automaticamente com uma alíquota fixa, tendo direito a aposentadoria seguindo as regras vigentes, além de auxilio

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doença e maternidade, apenas não possuem direito à auxílio desemprego como os demais trabalhadores possuem (Corseuil; Neri; Ulyseea, 2013).

Conforme abordado por Nogueira (2014), tanto as instituições formais, como as leis citadas anteriormente, quanto as informais, devem corresponder aos desejos da sociedade como um todo, representado os valores assim como formalizando normas condizentes com os mesmos, com isso, mesmo quando abordado o tema de crise institucional não se procura a exterminação das instituições e sem um discernimento onde ela efetivamente seja representativa a sociedade sob ela.

A sociedade não morreu; foi apenas redefinida. A política não desapareceu; foi desorganizada e posta em um plano mais técnico que ético, que não emociona nem inspira confiança. Ela precisa ser plenamente reabilitada: repolitizada, de modo a que o conflito substantivo, as ideologias e os cidadãos sejam postos de novo no coração do Estado (NOGUEIRA, 2015, p. 110).

A crise política brasileira tida por muitos como uma crise representativa, é vista como institucional por Khamis (2016), assim como por Nogueira (2014). É abordada a falta de representatividade, onde a impossibilidade de participação na política pela população causa uma desconfiança, ainda mais com todas as possibilidades tecnológicas existentes hoje para realizar esse anseio da população. As técnicas instituídas anteriormente pelos representantes não são mais qualificadas para os dias atuais, havendo a necessidade de mudança nos instrumentos utilizados atualizando-se de modo que atenda a necessidade da população, algo que segundo Khamis (2016) não é de interesse dos representantes eleitos devido a “manutenção do status de dominação por eles estabelecido” (Khamis, 2016, p.54).

Assim como Moisés (2015) que também trata da falta de confiança nas instituições, ele fala sobre as sociedades contemporâneas, onde as pessoas têm visões distintas do passado no que diz respeito às atividades governamentais, sendo que o importante para essas sociedades são a harmonia entre os anseios e as normas criadas pelos governantes.

A Constituição brasileira vigente é de 1988 e a mesma foi pensada levando em consideração os fatos verificados até o momento, ainda que por diversas vezes sejam vistos artigos que foram feitos pensando no futuro, como a preservação do meio ambiente para as gerações futuras. Não havia como prever lá em 1988 que hoje o mundo seria interligado em tempo real por meio de pequenos aparelhos através da internet, principalmente se pensar que hoje o resultado de uma eleição presidencial no Brasil é apurado em poucas horas, quando na década de 1980 eram feitas manualmente podendo demorar dias a apuração. Logo, o que se tenta demostrar é que o texto constitucional condicionou a participação da população na

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política de acordo com os fatos históricos conhecidos e também a tecnologia existente naquele momento (Khamis, 2016).

Nesse cenário explodiu a crise brasileira em si, marcada por diversas manifestações entre 2013 e 2015, sendo que a primeira manifestação significativa foi em 2013 e veio do Movimento Passe Livre de São Paulo, inicialmente a pauta da manifestação adveio do aumento de 0,20 centavos no preço da passagem do transporte público daquela região, porém a insatisfação da população com a atual situação política, principalmente no âmbito da corrupção, após diversos escândalos envolvendo também o partido da presidente no período Dilma Rousseff, o PT, a manifestação se espalhou. Já em 2015 volta à tona as manifestações depois de novos escândalos políticos envolvendo novamente o partido que estava no poder sendo que dessa vez havia uma pauta específica, o fim da corrupção (Khamis, 2016).

EFEITOS NO MERCADO DE TRABALHO 4.1

O efeito mais claro no mercado de trabalho dos fatos já apresentados é o desemprego, que conforme apresentado no GRÁFICO 1 cresceu de maneira bastante acentuada entre 2014 e 2016. Com o desemprego, há uma redução no poder de barganha dos trabalhadores e com isso há um achatamento dos salários.

GRÁFICO 1 - Número de desempregados

Fonte: IBGE, 2018

Conforme tratado por Almeida (1998), com o decorrer do tempo pode começar e desaparecer setores inteiros da economia, essas transformações podem vir dos efeitos

6611 6013 6409

9019

12278 12267

2012 2013 2014 2015 2016 2017

Número de desempregados no Brasil

Quantidade de desempregados em milhares

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ambientais, como a poluição, crescimento das cidades que causam congestionamentos, ou mesmo com a tecnologia e os meios de comunicação que guiam sociedades inteiras. O mesmo ocorre com o mercado de trabalho onde todo o processo de globalização e influenciadores do meio em que vivemos mudam os produtos e também serviço que são oferecidos. Desta forma, por mais que o efeito mais claro seja o desemprego, é possível verificar diversas outras mudanças que interferem no mercado de trabalho.

Faz tempo que a qualidade de vida, inclusive no trabalho, passou a se tornar mais importante para a população global, porém visto que com a hegemonia do capitalismo o mundo gira em torno da busca pelo lucro, há uma dificuldade em encontrar essa sonhada qualidade de vida (Arbex, 2017).

Dentro desse desacordo entre a qualidade de vida e o crescimento econômico, há até hoje um grande debate ocorrendo entre os defensores dos direitos dos trabalhadores que defendem a imposição de leis que preservem ainda mais esses direitos, havendo remuneração justa, ambiente salubre, com liberdade e seguridade, assim promovendo uma vida decente aos trabalhadores, e os que desejam promover uma maior flexibilização das leis trabalhistas que sustentam esse ponto de vista alegando que a rigidez dos contratos laborais dificulta o crescimento econômico, e que com a desregulamentação haveria maior quantidade de empregos e aumentaria a concorrência comercial com o mundo (CEPAL; PNUD; OIT, 2006).

Para o Brasil, estudiosos argumentam que a flexibilização das leis trabalhistas, causaria prejuízos aos trabalhadores visto que os salários ainda são muitos baixos, e as condições do mesmo em algumas regiões são bastante precárias, com isso, pioraria ainda mais a situação de desigualdade presente no país (Arbex, 2017).

A alienação do trabalho se reconfigura na reestruturação do capitalismo em sua gestão neoliberal, marcado pela ofensiva violenta contra todas as formas de proteção social. (BITTENCOURT, 2018. p.150)

O capitalismo mudou e ainda vem mudando muito as relações de trabalho, nos últimos anos ocorreram mudanças significativas devidas principalmente globalização, assim como a já citada precarização laboral e o deslocamento e concentração das populações causando assim desemprego em certas regiões, especialmente nas indústrias. Com isso observou-se outras formas de contratação, estando entre as mais vistas, os contratos por tempo determinado, assim como o trabalho por conta própria, sobretudo o informal, porém a qualidade desses tipos de trabalhos é menor, possuem salários mais baixos e poucos benéficos. Nessa situação o aumento dos trabalhadores informais, causa um aumento geral da economia informal e gera

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uma estabilidade desse setor, ou seja, quando são cobrados muitos encargos trabalhistas ou aumentados esses encargos há um remanejamento dos trabalhadores para o setor informal, gerando assim maior capacidade de competição para os trabalhadores informais que não pagam essas taxas e passam a ter um maior número. Essa situação pode parecer ruim, visto o aumento dos trabalhadores informais na sociedade, porém é necessário lembrar que mesmo o setor sendo informal também produz renda e isso é de muita importância para economia (Carvalho, 2010). Importância também apontada por Corseuil; Neri; Ulyseea (2013) que os considera essencial para o dinamismo da economia.

O efeito principal dessas mudanças é a evasão fiscal, que causam impactos graves na prosperidade tanto da empresa evasiva, quando para Estado que sofre com essa evasão. Para as empresas, os maiores problemas causados pela evasão fiscal são a dificuldade de aprovação de crédito e fornecedor os documentos fiscais necessários para prestação de diversos serviços, assim como para os empreendedores e para os trabalhadores dessas empresas que acabam por não estarem protegidos pelos sistemas de seguridade social (Corseuil; Neri; Ulyseea, 2013).

As mudanças que vêm ocorrendo no mundo do trabalho são bastante significativas, principalmente nas alterações das relações de trabalho. Ao longo do tempo os contratos assalariados se tornaram um padrão na sociedade, essa relação vem se transformando gradualmente e alterada para outras formas de colocação no mercado de trabalho. Dessa forma os contratos de trabalho integral, sem prazo e que preveem uma série de direitos trabalhistas e certa estabilidade estão sendo trocados por outras formas de contratação, essas novas formas de contratos se demonstraram necessárias por conta de diversos fatores decorrentes da globalização, como a necessidade de rápida reação as oscilações dos mercados, e o alto grau de competitividade na economia, sendo natural a mudança nos contratos deixando-os mais flexíveis e dinâmicos (Holzmann, 2013).

Assim como Holzmann (2013), Sazaki e Vasques-Menezes (2012) também apontam a globalização como uma das causas das mudanças que vem ocorrendo nas relações de trabalho, porém apontam o progresso técnico como causador da globalização, e como consequência as alterações nas famílias e na sociedade. Dentre as preocupações com as mudanças nas relações de trabalho estão a necessidade de reestruturação dos sistemas de proteção social que se adequem a essas novas formas de contratações, assim como sustentar a falta de estabilidade causada por essas modificações.

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Para CASTEL (2008), a ruptura do modelo de sociedade salarial traz como consequência a individualização do trabalhador, seu isolamento e, consequentemente, a ruptura da solidariedade coletiva que sustenta o sistema de proteção social. (CASTEL, 2008 apud SAZAKI; VASQUES-MENEZES, 2012. p. 178).

Nas atividades formais existem itens como transporte, previdência, FGTS que saem dos salários dos trabalhadores, onde no trabalho por conta própria, sendo o informal sem descontos e o formal, por exemplo, através do MEI para o mesmo ganho um desconto menor (Sazaki; Vasques-Menezes, 2012).

Em entrevistas apresentadas por Sazaki e Vasques-Menezes, (2012) é retratado que o principal motivo pelo qual não contribuem para previdência social é a insegurança relativa a previdência, não tendo vontade de desembolsar parte dos rendimentos para realizar a contribuição social, visto a alta dificuldade em ter acesso aos benefícios gerados por ela como auxilio doença, e principalmente ao sistema de aposentadorias.

Essa tendência de insegurança, com a flexibilização, deixa de garantir os benefícios e auxílios que eram oferecidos num passado pouco distante, apenas fortalece a mudança nas relações de trabalho, sendo mais vantajoso tanto para o trabalhador como para os que o contratam uma reação sem contrato tradicional.

Uma série de efeitos tem sido associada à flexibilização, tais como: incerteza em relação às condições de trabalho e de rendimento; perda de garantias de acesso aos direitos laborais e às proteções sociais vinculadas ao trabalho; instabilidade e insegurança no emprego; confinamento dos trabalhadores em atividades que requerem pouca ou nenhuma qualificação, configurando condições precárias de inserção e permanência no mercado de trabalho. (HOLZMANN, 2013 apud HOLZMANN e PICINNI, 2012, p. 121)

Essa mudança nas relações de trabalho devido a flexibilização, foi identificada por KOVÁCS (2006) em estudo realização em Portugal, porém diferentemente dos primeiros estudos realizados sobre o trabalho por conta própria, foi verificada uma mudança nas características dos trabalhadores, que inclusive foi chamada de flexibilização qualificada, visto que os trabalhadores tinham um alto nível de instrução assim como grandes possibilidades de progresso em suas profissões em ocupações com altos ganhos.

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EFEITOS NO TRABALHO POR CONTA PRÓPRIA 4.2

O trabalho por conta própria no Brasil não é meramente ocasional, ele faz parte da história econômica e social brasileira, desde antes da abolição da escravatura no século XIX. Mais presente no meio urbano que no rural, eram prestadores de serviço com pouca qualificação, e por consequência recebiam baixos rendimentos e bastante variáveis assim como sua demanda (Holzmann, 2013).

Sua significativa presença entre os ocupados no País, por um período superior a 70 anos, autoriza a afirmar que ela não é eventual ou episódica, mas é um componente estrutural do mercado de trabalho no Brasil.(HOLZMANN, 2013 p. 126).

A prevalência dessa categoria de trabalhadores no Brasil, fez com que os estudiosos passassem a julgá-la como a causadora da superpopulação das grandes cidades brasileiras, pois foi identificado que a indústria não teve como empregar toda a população que migrou do meio rural para a cidade (Holzmann, 2013). Mas também é verificado por Oliveira (2013) o papel importante desempenhado pela categoria na formação de uma unidade capitalista no país.

O tempo alteroso que os trabalhadores por conta própria se mantêm nas mesmas atividades é mais um fato que releva a posição nada esporádica dessa categoria de trabalhadores. Como demonstram dados do IBGE de 2003, onde quase 50% dos trabalhadores por conta própria estavam a mais de 10 anos exercendo a mesma atividade, sendo quase 43% no mesmo trabalho. Assim como também apenas 19% estavam a menos de um ano no mesmo trabalho. Com isso é possível verificar uma certa estabilidade entre os trabalhadores por conta própria, assim como também pouca alternância como é comum no trabalho formal (Holzmann, 2013). Logo, não é possível tratar o trabalho por conta própria apenas como uma reação ao desemprego.

Dentre os trabalhadores por conta própria se encontram os mais diversos tipos de atividades, desde trabalhadores domésticos no modo de diária, vendedores ambulantes, costureira, sapateiro, até o médico, arquiteto, jornalista e programador. Ver-se que pode haver o escoamento dos desempregos em situações precárias em busca de uma renda, mas também há os que efetivamente optam pelo trabalho por conta própria pela comodidade de ser seu próprio chefe e fazer seus próprios horários.

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A condição de autônomo ou trabalhador por conta própria é uma das modalidades que vão se expandindo em substituição ao contrato estável. O trabalhador por conta própria é, presumidamente, dono do seu tempo e do fazer profissional, patrão de si mesmo, gozando de liberdade e autonomia frente a qualquer agente econômico, ao contrário de quem trabalha sob o estatuto de assalariado e que deve se submeter à autoridade e à hierarquia da organização empresarial da produção de bens ou de serviços que o emprega.(HOLZMANN, 2013 p. 122)

Todos os fatos apresentados acima tiveram efeitos no mercado de trabalho e também no que diz respeito ao trabalho por conta própria. Há uma relação de causa e efeito entre aumento desemprego e aumento no trabalho por conta própria, porém o que se busca nesse trabalho não é somente verificar o aumento do número de trabalhadores por conta própria, mas sim verificar a variação e a mudança nas características desses trabalhadores.

Segundo Figueiras, Druck e Amaral (2014), devido ao excedente de trabalhadores, ou seja, trabalhadores que o mercado assalariado não consegue absorver, gera os trabalhadores por conta própria, principalmente os informais, isso se dá não sobre pelas necessidades de obter seu sustento, mas também pela importância do trabalho na vida social dos indivíduos, há uma sensação de abandono social aos desempregados. Esses trabalhadores que surgem devido ao desemprego, ou pela falha na absorção desses, são inseridos em atividades de baixa produtividade assim como de baixa remuneração.

As mudanças institucionais são uma das causas das mudanças das características como as mudanças ocorridas e que ainda vêm ocorrendo na participação das mulheres no mercado de trabalho, essa participação expressiva é algo relativamente recente no Brasil e o fato da falta de equiparação salarial dentre os sexos é algo que pode colaborar com a inserção das mulheres aos trabalhos por conta própria.

Assim como também as mudanças tecnológicas, onde hoje é possível para as mais diversas profissões o trabalho homeoffice, devido as leis trabalhistas e a concepção das empresas, esse tipo de trabalho não é tão abrangente na sociedade como poderia já ser, por conta da dificuldade do controle de horas trabalhadas, causando por muitas vezes uma insegurança jurídica para ambas as partes, tanto para o trabalhador como para a empresa que o contrata, assim possibilita também pessoas que tem interesse nesse tipo de trabalho inserir-se ao trabalho por conta própria.

Outro fato que pode influenciar no aumento dos trabalhadores por conta própria são as leis trabalhistas, onde uma prática muito comum nas empresas é que os funcionários que têm altos salários são contratados como pessoa jurídica por conta das altas cargas tributárias que as empresas devem pagar que é correspondente ao salário. Por outro lado, as mudanças nas

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leis trabalhistas que trouxeram mais inseguranças para os trabalhadores nos últimos anos, assim como também a reforma da previdência, podem colaborar com quem as pessoas deixem o trabalho formal regular visto a insatisfação com essas mudanças. Muitos jovens não buscam mais o trabalho formal regular, pois não veem vantagens em recolher por exemplo o INSS após a reforma.

A partir dessa perspectiva de Moisés (2005), podemos visualizar a previdência social como uma instituição pública que constitui um mecanismo de mediação, baseada em valores relativos aos propósitos coletivos que se propõe a realizar. Gera confiança na medida em que te m atributos legais, o que lhe dá legitimidade conferida pela sociedade e, em contrapartida, gera expectativas sociais quanto ao seu funcionamento. Consequentemente, a compreensão dos seus propósitos coletivos e o correspondente desempenho, no sentido de atendimento das expectativas geradas, constituem a base da confiança dos cidadãos. (MOISES, 2005 apud SAZAKI E VASQUES-MENEZES, 2012, p.186)

Ainda dentro da tecnologia, os aplicativos de transporte já estão institucionalizados na sociedade brasileira de maneira informal, e em algumas regiões já formalmente, assim como os aplicativos de entrega, ambos representam uma significava mudança no perfil dos trabalhadores por conta própria, uma mudança que pode ser vista claramente é no grau de formalização visto que as duas maiores empresas do ramo no Brasil, a Uber e a Rappi exigem dos motoristas parceiros a formalização, ou seja, todos os motoristas devem ser registrados no CNPJ.

Hoje os aplicativos de serviços como a Uber, iFood e Rappi entre outros, são o maior “empregador” do Brasil, em 2018 cerca de 4 milhões de trabalhadores por conta própria utilizaram essas plataformas, sendo 600 mil apenas da Uber, esses 4 milhões de trabalhadores equivalem a quase 17% dos trabalhadores dessa categoria. Essas plataformas são pontos chaves para as mudanças das relações de oferta e demanda de serviços (Queiroz, 2019).

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5 APRESENTAÇÃO DOS DADOS

Conforme tratado por Cacciamali (1994) apud Holzmann (2013), nos estudos sobre o mercado laboral brasileiro os trabalhadores por conta própria são integrados a categoria dos trabalhadores informais, e que mesmo considerando que há uma dessemelhança nessa categoria de trabalhadores, expressa que em sua completude todos os trabalhadores sem salário e os por conta própria são trabalhadores informais apenas retirando os trabalhadores liberais.

Essa generalização de que os trabalhadores por conta própria são sempre informais, contradiz a definição do IBGE que diz que o trabalhador por conta própria são pessoas que conduzem seu negócio sozinho ou com sócios, porém sem empregar ninguém de modo assalariado.

De acordo com o GRÁFICO 2 apresentado a seguir, é possível verificar que os trabalhadores por conta própria são quase 30% dos trabalhadores ocupados no Brasil e juntamente com os trabalhadores sem carteira assinada ultrapassam os trabalhadores com carteira assinada.

GRÁFICO 2 - Forma de trabalho da população ocupada.

Fonte: elaborada pelo autor com dados do IBGE, PNAD Contínua, 2017. 33421 23198 11115 12311 4409 Ocupados com carteira

Conta própria Ocupados sem carteira

Desocupados Empregador Trabalhadores em miilhares

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SEXO 5.1

Se considerarmos as dificuldades que as mulheres encontram no mercado de trabalho principalmente no que diz respeito à empregos formais regulares, conforme apontado por estudos realizados pelas pesquisadoras Bruschini e Lombardi (2007), os empregadores são mais exigentes com as mulheres, exigindo maiores níveis de escolaridade por exemplo do que para homens para exercerem a mesma função. Em 2007 a proporção de empregos ocupados que requeriam nível médio e superior para mulheres eram de 63% dos postos contra apenas 44% para homens, e mesmo desempenhando papéis que requerem níveis de escolaridade maiores, isso não se revertia em melhores salários relativo a esses postos de trabalho.

Diante da crescente manifestação dos movimentos feministas demonstrados no capítulo 2 deste trabalho, que lutam pela igualdade entre os gêneros o que inclui também a equiparação salarial entre homens e mulheres, não é possível verificar o mesmo crescimento dos dados sobre a diferenciação salarial entre os gêneros. Pois, segundo dados do IBGE apresentados por Costa; Eller (2019) as mulheres entre os 25 e 49 anos ganham menos que 80% do salário de um homem na mesma função. Havendo equiparação salarial apenas quando se trata de empregos nas forças armadas, policias e bombeiros brasileiros.

Mesmos com os fatos apontados acima, não se vê um grande retorno no que se diz respeito a quantidade de mulheres no trabalho por conta própria conforme consta na TABELA 1, a proporção entre homens e mulheres nessa categoria é batente desigual, sendo a proporção de trabalhadoras por conta própria de apenas 34% contra 66% de homens em 2017.

TABELA 1 – Sexo

*valores em milhares

Fonte: elaborada pelo autor com dados do IBGE, PNAD Contínua, 2017.

Conforme o GRAFICO 3 apresentado abaixo, não houve uma grande mudança na proporção entre as trabalhadoras e os trabalhadores por conta própria no Brasil, porém houve

Distribuição do sexo entre os trabalhadores por conta própria Período

2012 2013 2014 2015 2016 2017

Homem - Total 13.815,31 14.192,03 14.550,95 15.180,13 15.044,03 15.163,69 Mulher - Total 6.672,90 6.698,67 6.867,53 7.205,91 7.452,24 7.941,71

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uma mudança e ocorreu um aumento na proporção das mulheres nesse tipo de trabalho, desta forma podemos verificar que há uma mudança ocorrendo no acesso da mulher ao mercado de trabalho no que diz respeito ao trabalho por conta própria.

Utilizando o ultimo ano dos períodos propostos, o objetivando a realização de uma comparação, vemos que em 2014 as mulheres eram 32% dos trabalhadores por conta própria, em 2017 passaram a ser 34%, uma mudança bastante sutil, mas que pode ter significados bastante abrangentes, visto a melhoria no nível de instrução dos trabalhadores por conta própria, e as informações sobre formalização e rendimentos, onde as mulheres possuem maior participação proporcional na formalização do trabalho que os homens, e onde a renda dos que possuem CPNJ é muito maior que as do que não possuem.

GRÁFICO 3 - Comparação – Distribuição entre os sexos

Fonte: elaborado pelo autor com dados do IBGE, PNAD Contínua, 2017.

NÍVEL DE INSTRÇÃO 5.2

No quesito nível de instrução é possível verificar uma movimentação interessante, visto que a proporção dos trabalhadores com pouco ou nenhum nível de instrução vem caindo bastante e em contrapartida vem crescendo a quantidade de trabalhadores por conta própria com níveis de instrução mais altos como os com nível médio e superior.

Essa movimentação pode demonstrar relação com os estudos de Kovács (2006) que apontaram a mudança nas características dos trabalhadores, que foi chamada por ele de

68% 66%

32% 34%

2014 2017

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flexibilização qualificada, onde o número de trabalhadores por conta própria com níveis de instruções maiores vem crescendo em Portugal onde foi realizado o estudo.

Dentro de ponto, podemos mencionar também toda a mudança tecnológica que vem ocorrendo e possibilitando ainda mais essas flexibilizações.

TABELA 2 - Nível de instrução Nível de instrução dos trabalhadores por conta própria

Período

2012 2013 2014 2015 2016 2017

Total de trabalhadores por

conta própria 20.488,21 20.890,69 21.418,48 22.386,03 22.496,28 23.105,40 Sem instrução e fundamental

incompleto 10.383,88 10.381,66 10.212,56 10.190,55 9.614,11 9.414,73 Ensino fundamental completo

e médio incompleto 3.525,00 3.586,05 3.714,23 3.854,74 3.697,36 3.802,10 Ensino médio completo e

superior incompleto 4.978,55 5.215,66 5.514,23 6.182,09 6.716,38 7.212,02 Superior completo 1.600,79 1.707,33 1.977,46 2.158,65 2.468,44 2.676,55

*Valores em milhares

Fonte: elaborada pelo autor com dados do IBGE, PNAD Contínua, 2017.

Diante do exposto que efetivamente houve uma alteração no nível de instrução dos trabalhadores por conta própria, realizando uma comparação entre os últimos períodos de antes e depois da crise de 2015 é possível identificar uma mudança bastante significativa em os mesmos conforme demonstrado no GRÁFICO 4, onde é visível uma queda na quantidade de trabalhadores com pouca ou nenhuma instrução e na contrapartida houve um aumento de cerca de 5,5 pontos percentuais da porcentagem total dos trabalhadores com ensino médio completo. Ou seja, os trabalhadores com pouco ou nenhuma instrução eram pouco mais de 48% do total dos trabalhadores por conta própria no final de 2014, em 2017 passaram a ser apenas 41%. Já os trabalhadores com ensino médio completo eram cerca de 26% do total em 2014 e em 2017 passaram a ser mais de 31% do total, além do aumento significativo nos trabalhadores com superior completo que eram 9% do total em 2014 e em 3 anos se tornaram 12% do total geral dos trabalhadores por conta própria.

Isso demostra que o aumento do desemprego, a crise institucional brasileira a falta de confiança nas instituições públicas assim como também a mudança da relação das pessoas com o trabalho pode ter causando sim, uma mudança significativa no perfil dos trabalhadores

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por conta própria no Brasil, onde esse tipo de trabalho está deixando de ser o trabalho precário e de baixa remuneração conforme dados apresentados nas TABELAS 2 e GRÁFICO 7 sobre o melhoramento no nível de instrução e remunerações respectivamente. Sendo que essas alterações podem ser devidas as melhores possibilidades de formalização, assim como também o desejo das pessoas em trabalharem por conta própria em vez de para um empregador, podendo assim flexibilizar seus horários, obter seus próprios lucros e por diversas vezes possuir mais autonomia nas escolhas conforme pontado por Kovács (2006) em sua abordagem sobre os estudos realizados em Portugal.

GRÁFICO 4 - Comparação – Nível de instrução dos trabalhadores por conta própria.

Fonte: elaborado pelo autor com dados do IBGE, PNAD Contínua, 2017.

GRUPAMENTO DE ATIVIDADES 5.3

Das atividades, a que mais cresceu foi a de serviços o que pode estar ligado à diminuição dos postos de trabalho nos outros setores devido à crise, assim as regiões sul e sudestes são mais afetadas pela diminuição dos postos de trabalho formais visto que possuem mais indústrias. 48% 17% 26% 9% 41% 16% 31% 12% Sem instrução e fundamental incompleto Ensino fundamental completo e médio incompleto Ensino médio completo e superior incompleto Superior completo 2014 2017

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TABELA 3 - Grupamento de atividades Grupamento de atividades dos trabalhadores por conta própria

Período

2012 2013 2014 2015 2016 2017

Total de trabalhadores por conta

própria 20.488,21 20.890,69 21.418,48 22.386,03 22.496,28 23.105,40 Agricultura, pecuária, produção

florestal, pesca e aquicultura 4.480,31 4.520,07 4.379,28 4.458,53 4.188,78 3.779,10 Indústria geral 2.099,38 2.008,77 2.027,59 2.150,67 2.098,57 2.330,90 Construção 3.302,83 3.520,87 3.628,51 3.786,74 3.660,63 3.603,91 Comércio, reparação de veículos

automotores e motocicletas 4.384,30 4.467,99 4.651,90 4.745,23 4.782,01 4.840,37 Serviços 6.198,16 6.365,40 6.719,25 7.235,61 7.764,21 8.521,74 *Valores em milhares

Fonte: elaborada pelo autor com dados do IBGE, PNAD Contínua, 2017

Com o GRÁFICO 5 fica mais claro que ocorreram apenas pequenas mudanças nos grupamentos, Industria, construção e comércio, havendo mudanças significativas apenas na agricultura e serviços.

GRÁFICO 5 - Comparação - Grupamento de atividades

Fonte: elaborada pelo autor com dados do IBGE, PNAD Contínua, 2017

Visivelmente ocorreu maior aumento no número de prestadores de serviços nesses períodos, onde pode ser reflexo do aumento da tecnologia que inclui os aplicativos de transporte como Uber, e os de entregas como o Rappi, que conforme informado no item 3.1.2 juntos são os maiores empregadora do país, assim como os que trabalham com freelancer.

20% 9% 17% 22% 31% 16% 10% 16% 21% 37% Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura

Indústria geral Construção Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas Serviços 2014 2017

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Além de claro podendo ser derivado do aumento dos trabalhadores prestadores com alto grau de qualificação como advogados, dentistas, arquitetos, programadores, design e médicos, que optam por trabalhar por conta própria pela melhoria na qualidade de vida.

FORMALIZAÇÃO 5.4

A formalização do trabalhador por conta própria vinha crescendo, porém houve um retardo no crescimento entre 2015 e 2017, principalmente entre os homens onde houve uma queda no número de trabalhadores que possuíam CNPJ.

Então de certa forma as políticas de incentivo a formalização tiveram um impacto positivo (Corseuil; Neri; Ulyssea, 2013). Porém não tão positivo quanto se esperaria. Mas essas medidas de incentivo a formalização podem também influenciar no aumento do número de trabalhadores por conta própria, ou seja, influenciar na escolha de trabalhar por conta própria de carteira assinada visto que os benefícios foram alterados para as duas opções (Corseuil; Neri; Ulyssea, 2013).

TABELA 4 – Formalização

Registro do empreendimento no CNPJ dos trabalhadores por conta própria Período

2012 2013 2014 2015 2016 2017

Total de trabalhadores por conta própria 20.488,21 20.890,69 21.418,48 22.386,03 22.496,28 23.105,40

Em empreendimento registrado no CNPJ 3.054,05 3.370,73 3.713,80 4.126,51 4.243,87 4.276,95

Em empreendimento não registrado no CNPJ 17.434,16 17.519,97 17.704,69 18.259,52 18.252,41 18.828,45

Homem- Total 13.815,31 14.192,03 14.550,95 15.180,13 15.044,03 15.163,69

Homem - Em empreendimento registrado no

CNPJ 2.005,55 2.137,66 2.429,69 2.694,22 2.734,70 2.688,55

Homem - Em empreendimento não registrado no

CNPJ 11.809,77 12.054,37 12.121,26 12.485,91 12.309,34 12.475,14

Mulher - Total 6.672,90 6.698,67 6.867,53 7.205,91 7.452,24 7.941,71

Mulher - Em empreendimento registrado no CNPJ 1.048,51 1.233,07 1.284,11 1.432,30 1.509,17 1.588,40

Mulher - Em empreendimento não registrado no

CNPJ 5.624,39 5.465,60 5.583,42 5.773,61 5.943,07 6.353,31

*Valores em milhares

Fonte: elaborada pelo autor com dados do IBGE, PNAD Contínua, 2017

Por mais que tenha havido diversas políticas de incentivo a formalização dos trabalhadores por conta própria, não ocorreu de fato um aumento significativo na adesão ao CNPJ, na comparação com o final dos dois períodos propostos, conforme demonstrado no

(39)

41

GRÁFICO 5 em 2014 apenas 17% de empreendimentos do total de trabalhadores eram cadastrados no CNPJ, já em 2017 aumentou para 19%.

Da mesma forma a adesão ao CNPJ entre homens e mulheres também aumentaram muito pouco, onde em 2014 haviam cerca de 17% do total de homens e 19% do total de mulheres com CNPJ, e em 2017 aumentou para 18% e 20% respectivamente.

GRÁFICO 6 - Comparação – Registro do empreendimento no CNPJ

Fonte: elaborado pelo autor com dados do IBGE, PNAD Contínua, 2017

RENDIMENTOS 5.5

Comparado com os rendimentos nominais gerais dos trabalhadores brasileiros é possível verificar que os trabalhadores por conta própria que possuem CNPJ têm um rendimento médio significativamente maior que a média geral e muito maior que os trabalhadores por conta própria sem CNPJ, uma hipótese para explicar isso pode ser a chamada flexibilização qualitativa onde se enquadram mais os prestadores de serviços como médicos, dentistas, advogados, arquitetos entre outros.

Também é visível que os rendimentos dos trabalhadores por conta própria, tanto com CNPJ quanto sem, tiveram seus rendimentos aumentados com o passar dos anos, diferente da média geral que inclui também os trabalhadores por conta própria, que vem caindo desde

17% 83% 68% 17% 83% 32% 19% 81% 19% 81% 66% 18% 82% 34% 20% 80% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% % de empreendimento registrado no CNPJ

% de empreendimento não registrado no CNPJ % Homens - Total % Homens - Em empreendimento registrado…

% Homens - Em empreendimento não… % Mulher - Total % Mulher - Em empreendimento registrado no…

% Mulher - Em empreendimento não…

(40)

42

2015. A perspectiva de o trabalho por conta própria ser de baixa remuneração conforme tratado por Figueiras, Druck e Amaral (2014), não foi constada por completo nos dados do GRÁFICO 7, visto a alta remuneração dos trabalhadores por conta própria com CNPJ e também o crescimento superior à média dos trabalhadores sem CNPJ, podendo aumento na remuneração estar relacionada ao aumento no nível de instrução dessa classe de trabalhadores, pois conforme abordado por Bonadia (2008) o nível de instrução tem uma relação positiva com a remuneração.

Mesmo que não seja possível fazer de fato uma comparação entre os períodos propostos, visto a limitação dos dados, de qualquer modo é importante verificar que a renda média mensal dos trabalhadores por conta própria vem crescendo mais do que a renda geral da população brasileira, a renda geral está praticamente estagnada desde o início da série. Esse fato pode influenciar de maneira bastante significativa a escolha de o trabalhador optar por ser um trabalhador por conta própria.

É visto tanto na TABELA 5 e mais visivelmente no GRÁFICO 7 que a renda mensal dos trabalhadores que possuem CNPJ é bastante superior aos que não tem CNPJ e inclusive a renda média mensal dos brasileiros.

GRÁFICO 7 – Rendimentos

Fonte: elaborado pelo autor com dados do IBGE, PNAD Contínua, 2017.

R$ 2.758,00 R$ 2.869,00 R$ 2.915,00

R$ 3.089,00

$1.164,00 $1.192,00 $1.241,00 $1.273,00

$2.275,00 $2.207,00 $2.259,00 $2.259,00

2015 2016 2017 2018

Média anual dos rendimentos nominais dos trabalhadores por conta própria que possuem CNPJ

Média anual dos rendimentos nominais dos trabalhadores por conta própria que não possuem CNPJ

Referências

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