(Re)Afirmar a Geografia: um olhar sobre as práticas
Ana Gomes . Anabela Santos Boto . António Lopes . Hélio Pinho
Cartoon de Luís Afonso,
OCEANO
ATLÂNTICO
Mar Mediterrâneo Mar do Norte Mar Báltico Mar da Noruega Mar NegroMar Egeu
ÁSIA
ÁFRICA
Porto Londres 1908 1948 2012 Coventry Manchester Sunderland Paris 1900 1924 Barcelona 1992 Madrid Roma 1960 Berlim 1936 Munique 1972 Zurique Nice Turim Estocolmo 1912 Varsóvia Praga Atenas 1896 2004 Moscovo 1980 Copenhaga Antuérpia 1920 Amesterdão 1928 Haia Colónia Leipzig 0 400 km Cidades organizadoras dos Jogos Olímpicos(ano de edição)
Países participantes no Euro 2012 (Campeonato Europeu
de Futebol)
Cidades com concertos da digressão dos Coldplay em 2012
Legenda
Um continente, vários eventos
Mapa B
Mapa A
Excerto da Carta Militar de Portugal – Folha 110 – Maia
Escala 1/25 000 Fonte: Carta Militar de Portugal, Série M 888, Folha 110, Instituto Geográfico do Exército, 1998 Mapa elaborado com base em informação dos sítios eletrónicos: www.olympic.org, www.uefa.com e www.coldplay.com Legenda
O
o
ATIVIDADE DE EXPLORAÇÃO
DO MAPA A
Desdobra a aba lateral esquerda desta folha para observares o excerto de um mapa topográfico e responde às questões seguintes.
1. Identifica a área a que se refere o excerto da carta militar.
2. Observa a legenda e identifica: a) um curso de água;
b) três localidades servidas por caminhos de ferro; c) a infraestrutura de saneamento situada próxima
de Crestins;
d) um itinerário complementar (IC); e) a altitude do lugar de Golfeiro; f) um marco geodésico;
g) uma localidade com campo de futebol.
3. Classifica de verdadeiras ou falsas as afirmações que se seguem.
a) No mapa não estão representadas casas.
b) O aeroporto Francisco Sá Carneiro estende-se por dois concelhos.
c) Neste excerto, não há lugares com altitudes superiores a 100 metros.
d) Existe um estabelecimento prisional em Pedras Rubras.
e) Uma autoestrada com sentido oeste-este atravessa a área representada no excerto.
f) O terreno onde está situado o aeroporto Francisco Sá Carneiro (edifício, gares e pistas de aterragem) é quase plano.
4. Localiza as seguintes localidades em relação ao aeroporto Francisco Sá Carneiro, recorrendo aos rumos da rosa dos ventos:
a) Freixieiro; b) Prozela;
c) Vilar do Senhor; d) Monte das Pedras.
5. Observa a escala do excerto do mapa topográfico. 5.1. Indica a escala do mapa.
5.2. Menciona o tipo de escala utilizado.
6. Calcula a distância real, em linha reta, entre a igreja de Vila Nova da Telha e a rotunda do aeroporto Francisco Sá Carneiro.
Ação de formação “(Re)Afirmar a Geografia – um olhar sobre as práticas”
Ana Gomes • Anabela Santos Boto • António Lopes • Hélio Pinho
DESDOBRÁVEL
“O QUE NOS DIZEM OS MAPAS?”
Como sabes, os mapas são representações reduzidas da realidade.
Realiza as atividades de exploração dos mapas A e B, que constam deste desdobrável.
Em seguida, compara os dois mapas e seleciona as características que se referem a cada um deles. Características:
1) Grande área representada 2) Legenda muito detalhada 3) Análise muito pormenorizada
4) 1/20 000 000 5) Realidade mais reduzida 6) Legenda pouco detalhada
7) Escala grande 8) Pequena área representada
9) Realidade menos reduzida 10) Análise pouco pormenorizada
11) 1/25 000 12) Escala pequena
1. Organiza estas características sob a forma de uma tabela idêntica à seguinte, que deve ser transcrita para o caderno diário.
2. Elabora uma conclusão final onde demonstres a relação entre a escala do mapa e o que nele podes observar, usando as seguintes expressões:
Mapa / Grande escala / Pequena escala / Pormenor
ATIVIDADE DE EXPLORAÇÃO
DO MAPA B
Desdobra a aba lateral direita desta folha para observares o mapa e responde às questões seguintes.
1. Identifica o continente representado no mapa.
2. Atenta nas cidades organizadoras de Jogos Olímpicos da Era Moderna.
2.1. Indica a cidade onde ocorreram os primeiros Jogos Olímpicos.
2.2. Menciona a cidade que mais vezes organizou este evento desportivo.
2.3. Refere a cidade responsável pela organização da edição dos Jogos Olímpicos de 2012. 2.4. Enumera os países onde decorreram Jogos
Olímpicos.
3. Observa os países participantes no Campeonato da Europa de Futebol de 2012.
3.1. Refere o número de países participantes. 3.2. Com base nos rumos da rosa dos ventos, indica
o país participante localizado: a) mais a este;
b) mais a norte;
c) mais a oeste, numa ilha do oceano Atlântico; d) mais a sul, sendo banhado pelo mar
Mediterrâneo e pelo mar Egeu.
3.3. Identifica os países que, para além de terem organizado os Jogos Olímpicos, também participam no Euro 2012.
4. Observa as cidades que constam da digressão dos Coldplay, em 2012.
4.1. Refere os dois países mais visitados na digressão de 2012.
4.2. Indica uma cidade visitada pelos Coldplay, que se situe: a) em Espanha; b) em França; c) em Itália; d) na Suíça; e) na Polónia.
4.3. Identifica a cidade que consta da digressão de 2012 mais distante do Porto.
5. Indica o tipo de escala do mapa.
6. Calcula a distância real aproximada, em linha reta, entre Madrid e Copenhaga.
Mapa A Mapa B
Escala
Grau de redução da realidade Detalhe da legenda Extensão da área representada
Pormenor da análise Dimensão da escala
(Re)Afirmar a Geografia: um olhar sobre as práticas
Ana Gomes . Anabela Santos Boto . António Lopes . Hélio Pinho
DESDOBRÁVEL “O QUE NOS DIZEM OS MAPAS?”
Sugestões de correção
ATIVIDADE DE EXPLORAÇÃO DO
MAPA A
1. Maia. 2. a) Rio Leça.
b) Por exemplo, Guardeiras, Arrabalde,
Crestins, Couço e Santa Cruz do Bispo.
c) Estação de tratamento de águas
residuais (ETAR).
d) IC24. e) 42 metros. f) Quatro Caminhos.
g) Por exemplo, Santa Cruz do Bispo. 3. a) Falsa. b) Verdadeira. c) Verdadeira. d) Falsa. e) Falsa. f) Verdadeira. 4. a) sul. b) norte. c) oeste. d) este. 5.1. 1/25 000. 5.2. Escala numérica. 6. Os lugares distam 1,8 km.
ATIVIDADE DE EXPLORAÇÃO DO
MAPA B
1. Europa. 2.1. Atenas. 2.2. Londres. 2.3. Londres.2.4. Grécia, França, Reino Unido, Suécia,
Bélgica, Países Baixos, Alemanha, Itália, Rússia e Espanha. 3.1. 16 países. 3.2. a) Rússia. b) Suécia. c) Irlanda. d) Grécia.
3.3. Grécia, França, Reino Unido, Suécia,
Países Baixos, Alemanha, Itália, Rússia e Espanha.
4.1. Reino Unido e Alemanha. 4.2. a) Madrid. b) Paris ou Nice. c) Turim. d) Zurique. e) Varsóvia. 4.3. Estocolmo. 5. Escala gráfica. 6. 2000 km.
ATIVIDADE FINAL
1. Mapa A Mapa B 1/25 000 Escala 1/20 000 000Realidade menos reduzida Grau de redução da realidade Realidade mais reduzida Legenda muito detalhada Detalhe da legenda Legenda pouco detalhada Pequena área representada Extensão da área representada Grande área representada Análise muito pormenorizada Pormenor da análise Análise pouco pormenorizada
Escala grande Dimensão da escala Escala pequena
2. Normalmente, um mapa de grande escala apresenta grande pormenor, enquanto um mapa
1.
Indica o lugar onde vive Mister Simpah.
2.
Calcula a distância real, em linha reta, entre Silang Kupang e a cidade principal de Ocússi.
3.
Refere os países localizados na ilha de Timor.
4.
Indica entre que valores de longitude se localiza a ilha de Timor.
5.
Identifica os hemisférios em que se situa a ilha de Timor.
Mister Simpah e a ilha de Timor
(Re)Afirmar a Geografia:
um olhar sobre as práticas
O
o
OCEANO ÍNDICO OCEANO GLACIAL ÁRTICO
OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO OCEANO PACÍFICO OCEANO PACÍFICO OCEANO ATLÂNTICO Roterdão
Singapura Kota Kinabalu Yokohama
0 4000 km
1.
A partir do texto, assinala o itinerário percorrido pelo barco Moby Dick.
2.
Identifica os países onde o Moby Dick atracou.
3.
Indica o porto situado mais a oriente.
4.
Localiza o mar das Filipinas.
A viagem de Moby Dick
Localização de Silang Kupang de acordo com a descrição literária
INDONÉSIA
OCEANO ÍNDICO Mar de Timor OCEANO ÍNDICO Mar de Savu Maliana TIMOR-LESTE INDONÉSIA (Timor ocidental) Atambua Pante Macassar Ocússi (TIMOR-LESTE) Kupang Soe Silang Kupang Kefamenanu Díli Baucau Lospalos Fronteira Localidades principais Possível localização de Silang Kupang 124° 9° 10° 125° 126° 127° 0 20 kmA literatura de Luis Sepúlveda pode ser um recurso explorado pela Geografia. Aceita este desafio!
Lê com atenção o texto e faz Geografia respondendo às questões que te são propostas.
Mister Simpah
Numa manhã de 1982, nós, os tripulantes do Moby Dick, fomos acordados pelos gritos de alguém que pedia autorização para subir a bordo. Atracávamos em Singapura, fazendo escala de abastecimento antes de prosseguirmos uma longa viagem iniciada dois meses antes em Roterdão. De lá seguiríamos para Kota Kinabalu, no Norte do Bornéu, onde realizaríamos as últimas compras de víveres antes de nos lançarmos a todo vapor em direção ao Norte.
Tínhamos de evitar qualquer encontro com os piratas que infestavam os mares de Palawan e das Filipinas, piratas muito pouco românticos, que não vacilavam em assassinar tripulações inteiras.
A nossa meta era o porto de Yokohama. Ali nos esperavam várias dúzias de ativistas do Greenpeace para bloquear e impedir a partida da frota baleeira japonesa.
O capitão, um neozelandês de apelido Terrier, rebatizado de Fox por Liliana, a argentina médica de bordo, assomou à amurada e ordenou:
– Suba e acabe com esses gritos!
Foi essa a primeira vez que vi o homem sorridente, vestido com bombachas e turbante, que se apresentava como uma personagem tirada de um romance de Salgari:
– Bom dia. Chamo‑me Simpah e sei fazer de tudo.
Faltava‑nos um eletricista a bordo, e quando o capitão o informou de que todos os tripulantes eram voluntários, de tal modo que não era muito o que se lhe podia pagar para dar uma vista de olhos às máquinas, respondeu que o dinheiro não lhe interessava. Dava‑se por satisfeito se o deixássemos no próximo porto de destino.
– Assim me aproximarei mais do paraíso – disse ele. – Como é que é o paraíso? – perguntou alguém. – Bastante triste. Mas eu sou feliz por lá – respondeu.
Durante os três dias de navegação até Kota Kinabalu, Mister Simpah demonstrou que não só era um bom eletricista mas também um estupendo cozinheiro e um agradável camarada. Sem nunca abandonar as suas maneiras cerimoniosas, contou‑nos que era bengali mas que vivia em Timor, num lugar chamado Silang Kupang, a umas vinte milhas a sul de Ocussi. Dos seus quarenta e dois anos, passara trinta a navegar, até que, finalmente, e com dinheiro suficiente para comprar um pedaço de paraíso, pensava instalar‑se lá.
Despedimo‑nos de Mister Simpah em Kota Kinabalu. Sentimos a falta dele durante algumas horas, mas a vida no mar, especialmente num barco como o Moby Dick, encarregou‑se de aliviar a despedida com uma infinidade de problemas.
Nunca mais soube dele. Nunca mais pensei em Mister Simpah. Nunca cuidei de ver num mapa onde diabo ficava Timor.
Oito anos mais tarde, a vida, que se move sempre à mercê de ventos imprevisíveis, levou‑me até à ilha de Timor como guionista de uma reportagem televisiva sobre o maior cemitério de barcos e sobre os desmanteladores mais mal pagos do planeta.
Um veículo todo o terreno levou‑me de Ocussi a Silang Kupang, que não é uma povoação, nem uma vilória, nem uma aldeia, mas um formigueiro humano composto de milhares de indivíduos que roem, arrebatam e eliminam qualquer vislumbre de dignidade aos navios condenados à morte do desmantelamento.
A equipa de televisão queria começar rapidamente a trabalhar e eu não sabia por onde. Recordo algumas situações de tristeza, mas a de Silang Kupang pegou‑se‑me aos neurónios como uma cicatriz. É difícil imaginar espetáculo mais triste do que um barco em agonia. Os barcos morrem entre lamentos de metais, sem glória, com a vergonha da resignação perante o destino.
A certa altura, estava eu a conversar com um grupo de usurários encarregados de avaliar o valor dos restos de metal, madeira, arames ou instrumentos, quando senti uma mão amistosa no ombro.
Era Mister Simpah, com o mesmo sorriso que lhe conhecera, com as mesmas bombachas, com o mesmo turbante.
Não me deu tempo para o cumprimentar, e, entre perguntas pelos companheiros do Moby Dick e sobre quanto tempo ficaria em Timor, puxou‑me para uma praia empeçonhada de óxido e de restos oleosos.
– O meu paraíso. Que acha?
– Era este o seu paraíso? – consegui balbuciar.
– Agora está a ve‑lo triste, mas até ontem havia mais de duzentas pessoas a desmantelar um barco. Era um graneleiro. Ainda restam pedaços da quilha submersos.
Mister Simpah notou o meu desconcerto e falou‑me então do seu trabalho. Com as suas poupanças, comprara uma extensão de praia não maior do que um campo de ténis. Ali se desmantelavam os barcos que ele mesmo conduzia para a morte.
O trabalho era simples: com a tripulação reduzida ao mínimo, os vetustos navios chegavam a umas duas milhas da costa; então abandonavam‑nos, e Mister Simpah tomava conta do leme. Esperava pela maré cheia, e, quando esta chegava, rumava a todo o vapor para a praia, até os encalhar. Depois, as formigas humanas, apetrechadas de maçaricos, martelos, barras de ferro ou simplesmente com as mãos, faziam o resto.
– É triste, mas comigo os barcos não sofrem quando vão para o desmantelamento, porque, enquanto espero pela maré cheia, falo com eles, falo‑lhes de todos os portos que tocaram, de todas as línguas que ouviram, de todos os marinheiros, de todas as bandeiras. Os barcos são animais nobres e chegam conformados ao paraíso do trabalho.
Que será feito de Mister Simpah? Do seu paraíso de metal derrotado…
Fonte: Sepúlveda, Luis – As Rosas de Atacama, Porto Editora, 2011. Ana Gomes · Anabela Santos Boto · António Lopes · Hélio Pinho