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MDA 1 - Práticas seguras em laboratórios de biologia molecular (2017)

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DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA E BIOLOGIA MOLECULAR DISCIPLINA TÉCNICAS EM BIOLOGIA MOLECULAR

MÓDULO DIDÁTICO DE APOIO (MDA 1)

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1 1. ASPECTOS GERAIS

A segurança nas atividades laboratoriais juntamente com a proteção dos usuários e do meio ambiente são essenciais na prática moderna em laboratórios destinados ás atividades biotecnológicas voltadas para: o ensino ou pesquisa, produção ou controle de medicamentos e alimentos, diagnóstico laboratorial e outras.

O importante é saber que o laboratório é ferramenta imprescindível aos profissionais que atuam nos setores de pesquisa e desenvolvimento. Por isso, ter conhecimento das normas, riscos e modos seguros de trabalho laboratorial é de extrema relevância para o profissional que deseja atuar no setor de pesquisa e desenvolvimento de uma empresa.

Os problemas mais comumente relatados nos laboratórios (incluindo os de bioquímica) ocorrem devido a uma série de fatores, dentre os quais podemos citar:

a) O desconhecimento ou a falta de normas específicas para a execução das atividades laboratoriais de forma segura e eficiente. Esse problema é mais comum no ambiente acadêmico devido à heterogeneidade dos laboratórios, mas também pode ocorrer em empresas que não possuem um programa eficiente de gestão da qualidade;

b) A falta de treinamento inicial do profissional no que se refere a rotina de trabalho no laboratório. Além disso, a falta de registros e manuais de procedimentos no ambiente de trabalho, também é considerada uma falha de gestão;

c) A falta de padronização de modelos laboratoriais e ausência da troca de informações entre laboratórios de um mesmo setor;

d) A organização estrutural desfavorável dos laboratórios, no que se refere:  Ao planejamento inadequado do espaço estrutural

 Ausência de almoxarifados

 Ausência ou má distribuição das sinalizações de segurança

 Ausência ou distribuição inadequada dos equipamentos de proteção coletiva

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e) A ocorrência de cursos específicos que instrua / conscientize o profissional quanto a importância de um modelo de gestão laboratorial para a qualidade de uma pesquisa.

Estudos apontam que uma grande parte desses problemas tem sido resolvida através da implantação de um programa eficiente de gestão laboratorial. A gestão laboratorial pode se definida como um conjunto normas e medidas aplicadas aos ambientes laboratoriais, visando o treinamento e a instrução de profissionais para o gerenciamento seguro dos laboratórios e das atividades de pesquisa e desenvolvimento. A implantação de um sistema de gestão laboratorial é importante, pois:

 Possibilita aos profissionais um treinamento em segurança laboratorial, que pode ser geral ou específico, dependendo da função, atividade e do tipo de laboratório em que ele irá atuar;

 Orienta o profissional quanto ao uso e manutenção de equipamentos e isso reflete na qualidade e na conservação desses equipamentos;

 Garante melhores condições de trabalho e consequentemente, a elaboração de análises com maior qualidade;

 Possibilita a padronização dos ensaios, permitindo a validação de métodos e equipamentos, além de uma maior reprodutibilidade dos resultados;

 Capacita o profissional para o desempenho das atividades básicas, de forma segura, em qualquer ambiente laboratorial;

 Possibilita a correção de vícios associados ao modo inadequado de trabalho e de operação dos equipamentos;

 Favorece a rastreabilidade de falhas e a rápida correção, devido a existência de registros operacionais;

 Melhora a qualidade e aumenta a credibilidade dos resultados obtidos. Isso auxilia na melhoria contínua dos processos de pesquisa e desenvolvimento.

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 Para oferecer o treinamento adequado nas técnicas laboratoriais de biologia molecular;

 No desenvolvimento da pesquisa básica objetivando a comprovação de hipóteses científicas e a demonstração de fenômenos biomoleculares  Para a realização de pesquisas aplicadas e o desenvolvimento de novos

produtos.

Como qualquer organização social complexa, os laboratórios de pesquisa e desenvolvimento têm suas normas específicas, dependendo das atividades desenvolvidas e é preciso que o profissional esteja preparado para desenvolver suas atividades nesses ambientes, de maneira segura e eficiente.

Toda e qualquer atividade realizada no ambiente de laboratórios exige cuidados reforçados. Dependendo das atividades que são desenvolvidos neles, são incontáveis os riscos de acidentes podem ocorrer nesses ambientes (geralmente causados por exposição a agentes tóxicos e/ou corrosivos, queimaduras, lesões, incêndios e explosões, radiações ionizantes e agentes biológicos patogênicos).

Dados estatísticos provam que a maioria dos acidentes em laboratórios, ocorre pela imperícia, negligência e até imprudência de leigos e de técnicos mal treinados. Existe, portanto, uma grande necessidade de se estabelecer nesses ambientes de ensino, pesquisa ou desenvolvimento (de produtos ou processos) normas mais rígidas de segurança em laboratório.

As práticas seguras em laboratórios podem ser definidas como o

conjunto de medidas técnicas e educacionais que são empregadas para prevenir acidentes em laboratórios de pesquisa ou desenvolvimento e eliminar condições inseguras do ambiente de trabalho.

Assim sendo, estando em um laboratório, por mais seguro que pareça, existe sempre alguma possibilidade de risco. Entretanto, quando se trabalha com cuidado e responsabilidade, esses riscos podem ser minimizados e, alguns, até mesmo eliminados.

O desenvolvimento da biotecnologia moderna trouxe também novas preocupações com as questões de segurança e bioética, tanto a nível laboratorial quanto ao que diz respeito a potenciais danos ecológicos, diante da

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perspectiva de liberação de Organismos Geneticamente Modificados - OGM's, no ambiente. O resultante dessas preocupações foi o surgimento da Biossegurança. Segundo Teixeira e Valle (1996), Biossegurança pode ser definida como um conjunto de medidas ou ações voltadas para a prevenção, controle, minimização ou eliminação dos riscos presentes nas atividades de pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços que podem comprometer a saúde do homem, dos animais, a preservação do meio ambiente e/ou a qualidade dos trabalhos desenvolvidos.

Dentro deste contexto, a Biossegurança, que constitui uma área de conhecimento relativamente nova, é um campo que cresce em importância e abrangência, sendo as suas normas e recomendações cada vez mais difundidas internacionalmente.

Em janeiro de 1995, a biotecnologia no Brasil ganhou uma forte aliada: a Lei de Biossegurança (nº 8.974), regulamentada através do Decreto nº 1.752, que estabelece e impõe condições de segurança para as pesquisas nessa área. Além de regulamentar as atividades de biotecnologia, essa Lei prevê também penalidades de até 20 anos de retenção para quem desrespeitá-la.

Em geral, mesmo após a regulamentação, ainda existem profissionais que não recebem, durante o processo de formação, instruções mais aprofundadas sobre normas de segurança do trabalho em ambientes laboratoriais. Por ocasião da admissão nas instituições de ensino e, principalmente nas instituições de pesquisa e desenvolvimento, são visadas especialmente às condições técnicas do profissional e, raramente, é verificado seu nível de conhecimento sobre biossegurança. Nestas condições, cabem aos coordenadores, chefes de grupos de pesquisa e docentes, a responsabilidade de transmitirem aos seus subalternos ou alunos, noções técnicas básicas de segurança visando evitar possíveis acidentes.

Normalmente as condições de trabalho em laboratórios são inseguras. Além das falhas no treinamento pessoal, esse fato decorre da má utilização do espaço físico, do tipo de mobiliário, da disposição incorreta das instalações e da falta de equipamentos de proteção. Uma dificuldade bastante comum é que o laboratório, na maioria das vezes, é montado em local já construído;

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raramente constrói-se um edifício para ser usado especificamente como laboratório. O ideal seria que todos os requisitos de segurança fossem incluídos já na montagem do laboratório e mesmo, os pequenos detalhes fossem previstos no projeto inicial. Estudos sobre a segurança do edifício, distribuição e tipos de bancadas, capelas, estufas, tipos de piso, orientação solar, iluminação e ventilação devem ser especificamente dirigidos ao tipo de laboratório. Quanto maior a complexidade dos experimentos aplicados nas aulas práticas, maior será o número de requisitos de segurança.

Mais importante ainda no projeto do laboratório, é o estudo do local que será destinado ao almoxarifado. Quando são negligenciadas, as propriedades físicas e químicas dos produtos químicos armazenados podem ocasionar incêndios, explosões, emissão de gases tóxicos, vapores ou mesmo, combinações variadas desses efeitos.

2. ACIDENTES NO AMBIENTE LABORATORIAL

É considerado acidente, qualquer ação por exercício de uma determinada atividade provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, a perda ou redução da capacidade para o trabalho permanente ou temporário.

Estudos mostram que a maioria dos acidentes ocorridos nos laboratórios são resultantes de:

a) Fatores pessoais de insegurança - São aqueles representados por

atitudes comportamentais e por ações contrárias às normas de segurança e ao bom senso, que levam o indivíduo ao acidente. Esses fatores podem ser:

 Físicos e biológicos – são os que causam incompatibilidade entre homem e a atividade, em função da idade, sexo, medidas antropométricas, coordenação visual e motora, estabilidade emocional, grau de atenção, tempo de reação aos estímulos, personalidade, desajustamento e outros.

 Psicológicos e emocionais - são subjetivos e circunstanciais, afeta o comportamento devido a preocupações, problemas pessoais, doenças, situação sócio-econômica.

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 Organizacionais – São os referentes às deficiências de gestão, como: falta de programas de investimentos em segurança, seleção de pessoal ineficaz, falta de qualificação e treinamento de pessoal, etc.

b) Condições Inseguras - Consiste em irregularidades ou deficiências

existentes no ambiente laboratorial, que constituem riscos para a integridade física do indivíduo e para sua saúde, bem como para os bens materiais da instituição. A condição insegura está diretamente relacionada às falhas no laboratório que comprometem a segurança: aparelhos, equipamentos, ferramentas, instalações, métodos ou processos inadequados na execução de uma prática laboratorial.

3. TIPOS DE RISCOS AMBIENTAIS

Segundo o Center for Disease Control and Prevention (CDC, 1998), risco é a chance de ocorrer prejuízo, dano ou perda. Perigo compreende algo que possa causar dano: um objeto, um produto químico, um agente infeccioso ou uma situação.

A Norma Regulamentadora (NR-9), atualizada pela Portaria Nº 25 de 29/12/1994, estabelece a obrigatoriedade da elaboração e implementação, por parte de todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados, do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA, visando à preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, através da antecipação, reconhecimento, avaliação e consequente controle da ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho, tendo em consideração a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais.

Com base nessa legislação, consideram-se os seguintes tipos de riscos no ambiente laboratorial:

1. Risco de Acidentes: qualquer fator que coloque o trabalhador em situação

de perigo e possa afetar sua integridade, bem-estar físico e moral. São exemplos de risco de acidente: as máquinas e equipamentos mal conservados e/ou sem proteção, probabilidade de incêndio e explosão, arranjo físico inadequado, armazenamento inadequado (reagentes e vidrarias), pisos

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escorregadios, iluminação inadequada, etc. Esses riscos são os mais comuns e responsáveis por uma série de lesões como: cortes, fraturas, escoriações, queimaduras, choque elétricos etc.

2. Risco Ergonômico: qualquer fator que possa interferir nas características

psicofisiológicas do trabalhador causando desconforto ou afetando sua saúde. São exemplos de risco ergonômico: o levantamento e transporte manual de peso, o ritmo excessivo de trabalho, a monotonia, a repetitividade, a responsabilidade excessiva, a postura inadequada de trabalho, o trabalho em turnos, etc.

3. Risco Físico: São aqueles representados por fatores ambientais de trabalho

que possam estar expostos aos indivíduos, tais como: ruídos, vibrações, pressões anormais, umidade, temperaturas extremas, radiações ionizantes, radiações não ionizantes, ultrassom, materiais cortantes e pontiagudos (perfuro-cortantes), etc.

4. Risco Químico: são aqueles representados pelas substâncias, compostos

ou reagentes químicos normalmente utilizados nos procedimentos laboratoriais e que podem penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou ser absorvido pelo organismo através da pele ou por ingestão. Podem ser encontradas nas formas gasosa, líquida e sólida, e quando absorvidos pelo organismo podem provocar intoxicações crônicas e agudas. A estocagem descuidada de produtos químicos associada com a falta de planejamento e controle é um convite para acidentes pessoais e danos materiais.

5. Risco Biológico: São microrganismos presentes ou manipulados no

ambiente laboratorial, como: bactérias, fungos, vírus, bacilos, parasitas e outros, visíveis ao microscópio, e capazes de produzir doenças. Esses agentes são capazes de provocar danos à saúde humana e animal, causando infecções, efeitos tóxicos, efeitos alergênicos, doenças autoimunes e a formação de neoplasias e malformações.

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NR-32 que estabelece as diretrizes básicas para a implementação de medidas de proteção à segurança e à saúde dos profissionais que atuam nos setores de saúde, identifica os riscos biológicos de acordo com:

a) Fontes de exposição e reservatórios: as fontes de exposição

incluem pessoas, animais, objetos ou substâncias que abrigam agentes biológicos. Reservatório também pode ser uma pessoa, animal, objeto ou substância no qual um agente biológico consegue manter sua viabilidade, crescer, se multiplicar e ser transmitido a um hospedeiro. A identificação da fonte de exposição e do reservatório é fundamental para o estabelecimento das medidas de proteção a serem adotadas.

b) Via de transmissão: é o percurso feito pelo agente biológico a partir

da fonte de exposição (ou reservatório) até o hospedeiro. Uma via de transmissão pode ser:

 Direta: quando a transmissão do agente biológico ocorre sem o intermédio de veículos ou vetores. Exemplos: transmissão aérea por bioaerossóis, transmissão por gotículas em contato com a mucosa dos olhos;

 Indireta: quando a transmissão do agente biológico ocorre por meio de veículos ou vetores. Exemplos: transmissão por meio das mãos, objetos perfuro-cortantes, luvas, roupas, instrumentos, água, alimentos e superfícies.

c) Transmissibilidade, patogenicidade e virulência do agente. A transmissibilidade é a capacidade de transmissão de um agente biológico a um hospedeiro. O período de transmissibilidade corresponde ao intervalo de tempo durante o qual um organismo pode transmitir um agente biológico. A patogenicidade é a capacidade do agente biológico de causar doença em um hospedeiro suscetível. A virulência é o grau de agressividade de um agente biológico, isto é, uma alta virulência de um agente pode levar a uma forma grave ou fatal de uma doença. A virulência relaciona-se à capacidade de o agente invadir, manter-se e proliferar, superar as defesas e, em alguns casos, produzir toxinas.

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9 d) Persistência: é a capacidade de o agente permanecer no ambiente,

mantendo sua viabilidade e possibilidade de causar doença.

4. CLASSES DE RISCO BIOLÓGICO

De acordo com as Diretrizes Gerais para o Trabalho em Contenção de Materiais Biológicos, elaboradas em 2004 pela Comissão de Biossegurança em Saúde - CBS do Ministério da Saúde, os agentes biológicos podem ser classificados com base no seu risco biológico em 5 Classes:

 Classe de Risco I: risco individual e coletivo baixos – inclui agentes biológicos que possuem pouca probabilidade de provocar doenças em humanos ou animais. Ex.: Lactobacillus sp.

 Classe de Risco II: risco individual moderado; risco coletivo limitado – inclui agentes biológicos que provocam enfermidades em humanos e animais, porém, se dispõe de medidas profiláticas e terapêuticas eficazes. Possuem a capacidade de propagação limitada. Ex.:

Schistosoma mansoni (causador da esquistossomose).

 Classe de Risco III: risco individual elevado; risco coletivo limitado – inclui os agentes biológicos que possuem grande capacidade de transmissão e que causam enfermidades humanas ou animais, potencialmente letais, para as quais existem usualmente medidas preventivas, mas nem sempre tratamentos. Podem se propagar de indivíduo a indivíduo. Exemplo: Bacillus anthracis (causador de carbúnculo ou antraz).

 Classe de Risco IV: risco individual e coletivo elevados – inclui agentes biológicos com grande poder de transmissibilidade e altamente patogênicos para homens e animais, geralmente não existindo medidas profiláticas ou terapêuticas eficientes. Esta classe inclui principalmente os vírus. Exemplo: Vírus Ebola (causa febre hemorrágica)

 Classe de risco especial ou V: elevado risco de contaminação animal grave e disseminação no meio ambiente – inclui agentes biológicos de doenças animais não existentes no país, embora não sejam obrigatoriamente patógenos de importância para o homem, podem causar graves perdas econômicas e na produção de alimentos. Ex.:

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10 Achantina fulica (caramujo-gigante-africano trazido para o Brasil para

produção e comercialização de escargot).

5. MAPA DE RISCOS

A elaboração de Mapas de Riscos está mencionada na alínea “a”, do item 5.16 da NR 05, com redação dada pela Portaria nº 25 de 29/12/1994: “identificar os riscos do processo de trabalho, e elaborar o MAPA DE RISCOS, com a participação do maior numero de servidores, com assessoria do SESMT, onde houver”.

O Mapa de Riscos é a representação gráfica dos riscos de acidentes nos diversos locais de trabalho, inerentes ou não ao processo produtivo, devendo ser afixado em locais acessíveis e de fácil visualização no ambiente de trabalho, com a finalidade de informar e orientar todos os que ali atuam e outros que, eventualmente, transitem pelo local (figura 1).

Figura 1 – Exemplo de um mapa de risco.

No Mapa de Riscos, os círculos de cores e tamanhos diferentes mostram os locais e os fatores que podem gerar situações de perigo em função da presença de agentes físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes.

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O mapeamento possibilita o desenvolvimento de uma atitude mais cautelosa por parte dos trabalhadores diante dos perigos identificados e graficamente sinalizados. Desse modo, contribui com a eliminação e/ou controle dos riscos detectados. O Mapa de Risco é um modelo participativo dotado de soluções práticas que visam eliminação e/ou controle de riscos e a melhoria do ambiente e das condições de trabalho. A adoção desta medida favorece profissionais (com a proteção da vida, da saúde e da capacidade profissional) e empregadores (com o aumento da qualidade).

Dentre os objetivos do Mapa de Riscos estão:

a) reunir informações suficientes para o estabelecimento de um diagnóstico da situação de segurança e saúde no ambiente de trabalho;

b) Informar e conscientizar os profissionais pela fácil visualização dos riscos no ambiente de trabalho

b) possibilitar a troca e divulgação de informações entre os profissionais, bem como estimular sua participação nas atividades de prevenção de acidentes.

As principais etapas de elaboração de um Mapa de Risco são: a) conhecer o processo de trabalho no ambiente analisado:

 Os profissionais: número, sexo, idade, treinamentos técnicos e de segurança e saúde, jornada de trabalho;

 Os equipamentos e materiais de trabalho;

 Tipos de atividades exercidas no ambiente;

 Estrutura física do ambiente.

b) identificar os riscos (Tabela 1) existentes no local analisado; c) identificar as medidas preventivas existentes e sua eficácia:

 Medidas de proteção coletiva;

 Medidas de organização do trabalho;

 Medidas de proteção individual;

 Medidas de higiene e conforto: banheiro, lavatórios, vestiários, armários, bebedouro, refeitório, área de lazer, etc.

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12  Queixas mais frequentes e comuns entre os profissionais expostos aos

mesmos riscos;

 Número de acidentes de trabalho ocorridos;

 Doenças profissionais diagnosticadas;

 Causas mais frequentes de ausência ao trabalho.

e) Conhecer os levantamentos ambientais já realizados no local;

f) Elaborar o Mapa de Riscos, sobre a planta baixa do ambiente, mas se não for possível, recomenda-se fazer um desenho simplificado (um croqui do local) contendo as seguintes informações:

 O grupo a que pertence o risco, de acordo com a cor padronizada:

 O número de profissionais expostos ao risco;

 A especificação do agente (por exemplo: químico – sílica, hexano, ácido clorídrico; ou ergonômico – repetitividade, ritmo excessivo);

 A intensidade dos riscos representada por tamanhos proporcionalmente diferentes dos círculos (Figura 1). O tamanho do círculo representa o

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grau do risco e a cor do círculo representa o tipo de risco, conforme o quadro mostrado no primeiro item deste tópico. Os círculos podem ser desenhados ou colados. O importante é que os tamanhos e as cores correspondam aos graus e tipos. Cada círculo deve ser colocado naquela parte do mapa que corresponde ao lugar onde existe o problema. Caso existam, num mesmo ponto de uma seção, diversos riscos de um só tipo (por exemplo, riscos físicos: ruído, vibração e calor) não é preciso colocar um círculo para cada um desses agentes. Basta um círculo apenas neste exemplo, com a cor verde, dos riscos físicos, desde que os riscos tenham o mesmo grau de nocividade. Uma outra situação é a existência de riscos de tipos diferentes num mesmo ponto. Neste caso, divide se o círculo conforme a quantidade de riscos em 2, 3, 4 e até 5 partes iguais, cada parte com a sua respectiva cor, conforme a figura 1 (este procedimento é chamado de critério de incidência ou indicação múltipla). Quando um risco afeta a seção inteira exemplo: ruído, uma forma de representar isso no mapa é colocá-lo no meio do setor e acrescentar setas nas bordas (Figura 2), indicando que aquele problema se espalha pela área toda.

Figura 1 - O tamanho dos círculos representando o grau do risco e a cor do

círculo representando o tipo de risco.

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14 Figura 2 - Forma de representar um risco afeta a seção inteira acrescentando

setas nas bordas.

Fonte: Do autor

6. PRINCIPAIS EQUIPAMENTOS E DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL OU COLETIVA.

Os equipamentos e dispositivos de segurança são os instrumentos que têm por finalidade evitar ou amenizar riscos de acidentes. Esses equipamentos de segurança podem ser:

A) Equipamentos de Proteção Individual (EPI`s)

São equipamentos de uso pessoal, que protegem a integridade física e a saúde dos profissionais contra riscos existentes no local de trabalho ou estudo. Os equipamentos e dispositivos de proteção individual mais comuns em laboratórios são:

 Para a cabeça: Protetores faciais, máscaras de proteção (riscos biológicos ou químicos), óculos de segurança e protetores auriculares.  Para os membros superiores: Luvas (cirúrgicas ou materiais especiais),

mangas de proteção e cremes (radiação UV).  Proteção do tronco: Jaleco, aventais e guarda-pó

B) Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC`s)

São equipamentos que tem como objetivo a proteção do coletivo, devendo proteger todas as pessoas expostas a um determinado risco. Como exemplo: Câmaras de fluxo laminar, a ventilação dos locais de trabalho, a proteção de partes móveis de máquinas e equipamentos, a sinalização de

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segurança, capelas químicas, extintores de incêndio, chuveiros de incêndio, lava-olhos e kit de primeiros socorros.

7. REAGENTES QUÍMICOS: ESTOCAGEM, MANUSEIO E CUIDADOS.

A) Estocagem

Muitos riscos potenciais são associados com a estocagem e manuseio de reagentes químicos usados em laboratório. Estes riscos sempre existirão, mas os acidentes podem ser eliminados por maior conhecimento das propriedades dos reagentes estocados e manuseados: planejando procedimentos de segurança para estocagem e segurança e informando todas as pessoas que entrarão em contato com estes materiais dos riscos envolvidos e as medidas de segurança que devem ser tomadas.

O grande número de problemas de estocagem em laboratórios de pesquisa ou de didática deve-se à diversidade de produtos químicos estocados no ambiente. A estocagem descuidada associada com a falta de planejamento e controle é um convite para acidentes pessoais e danos materiais. Por outro lado, uma área de estocagem cuidadosamente planejada e supervisionada pode prevenir muitos acidentes.

Os produtos químicos que necessitam estocagem podem ser sólidos, líquidos e gasosos, podem estar contidos em embalagens de papel, plástico, vidro ou metal que podem ser caixas, garrafas, cilindros ou tambores. A natureza de cada produto pode ser considerada individualmente ou em relação a outros produtos estocados na mesma área.

Para facilitar o procedimento de estocagem e o controle, os produtos químicos podem ser agrupados nas seguintes categorias gerais: Inflamáveis;

Tóxicos; Explosivos; Agentes Oxidantes; Corrosivos; Gases Comprimidos; Produtos sensíveis à água; Produtos incompatíveis.

Quando a estocagem for feita, por extrema necessidade e curto intervalo de tempo, no próprio laboratório de didática, a área deve ser ventilada e o local de estoque deve ser sinalizado, de forma que todas as pessoas que por ali circulem, sejam instruídas sobre o risco potencial de tais materiais. Em tais

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locais, é proibida a ingestão de alimentos sólidos ou líquidos e somente pessoas autorizadas devem ter acesso a tais materiais. Estas pessoas devem ter recebido treinamento no uso de EPI`s adequados e devem conhecer os sintomas de uma exposição aos tóxicos, além de poderem aplicar os primeiros socorros.

Áreas separadas de estocagem devem ser providenciadas para produtos químicos incompatíveis (produtos podem reagir e criar uma condição de perigo devido a esta reação).

B) Manuseio e cuidados

O manuseio de substâncias químicas classificadas como perigosas requer sempre muita atenção, treinamento, bom senso e boas condições de trabalho. Existem normas que podem ser consideradas como gerais para promover a minimização de riscos ao meio ambiente e à saúde pública, assim como há procedimentos específicos para os mesmos objetivos. Quanto ao manuseio de produtos químicos perigosos é recomendado:

1. Ler cuidadosamente o rótulo do frasco de reagente antes de utilizá-lo. Habitue-se a lê-lo sempre, pois o rótulo trás todas as informações sobre a substância química. Veja a escala de classificação do produto principal contido no frasco: Riscos à saúde, Inflamabilidade, Reatividade, Riscos Específicos. Essa classificação é simbolizada pelo Diagrama de Hommel ou Diamante do perigo (Figuras 1 e 2), geralmente usado nos frascos de reagentes.

a) Riscos à saúde:

0 – Não perigoso (normal).

1 – Ligeiramente tóxico (causa irritação). 2 – Tóxico.

3 – Extremamente tóxico.

4 – Fatal. Necessário equipamento de segurança especializado. b) Inflamabilidade:

0 – Material não inflamável. 1 – Inflamável acima de 93º C. 2 – Inflamável abaixo de 93º C.

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3 – Inflamável abaixo de 37º C.

4 – Inflamável abaixo de 22º C (material que vaporiza rapidamente). c) Reatividade:

0 – Material estável 1 – Instável se aquecido. 2 – Reação química violenta.

3 – Material capaz de produzir reação explosiva com aquecimento ou choque.

4 – Material que, por si mesmo, poderá explodir. d) Riscos específicos:

0XY – Oxidante ACID – Ácido ALK – Álcali. COR – Corrosivo

W – Não misturar com água

Figura 3 – Diagrama de Hommel ou Diamante do Perigo

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18 Figura 4 – Modelo para rotulagem de reagentes e resíduos químicos

Fonte: Do autor

2. Não abrir qualquer recipiente antes de reconhecer seu conteúdo pelo rótulo; Informe-se sobre os símbolos e instruções que nele aparecem.

3. Ao utilizar uma substância sólida ou líquida dos frascos de reagentes, pegue-o de modo que sua mão proteja o rótulo e incline-o de modo que o fluxo escoe do lado oposto ao rótulo para protegê-lo de rasuras;

4. Não pipetar reagentes líquidos diretamente com a boca; use pipetadores adequados;

5. Não tentar identificar um produto químico pelo odor nem pelo sabor; 6. Não executar reações ou manipule reagentes sem os EPIs adequados; 7. Não adicionar água aos ácidos, mas sim os ácidos à água;

8. Não dirigir a abertura de frascos na sua direção ou na de outros;

9. Ao acondicionar um reagente, certifique-se antes da compatibilidade com o frasco, por exemplo, substâncias sensíveis à luz, não podem ser acondicionadas em embalagens translúcidas;

10. Manter os reagentes inflamáveis em recipientes adequados e longe de fontes de calor;

11. Utilizar a capela sempre que efetuar uma reação ou manipular reagentes que liberem vapores irritantes ou venenosos;

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19 8. CUIDADOS BÁSICOS COM A APARELHAGEM E COM EQUIPAMENTOS USADOS EM LABORATÓRIOS DE BIOLOGIA MOLECULAR.

Os equipamentos são componentes fundamentais para o desenvolvimento das atividades laboratoriais. Além disso, muitas vezes, esses equipamentos são utilizados em análises específicas e por isso, são de alto custo. Por esses motivos, é necessária uma série de cuidados básicos para o uso e manutenção desses equipamentos. Destacamos aqui alguns desses cuidados:

1. Antes de iniciar a montagem, inspecionar a aparelhagem, para certificar se ela está completa, intacta e em condições de uso.

2. Seguir as instruções de instalação contida nos manuais dos equipamentos. Providenciar se necessário, a tradução dos manuais;

3. Elaborar e implantar os Procedimentos Operacionais Padrão (POPs) 4. Não usar o mesmo ponto elétrico para vários equipamentos, evitando sobrecarga e acidentes. Utilizar sempre, que possível, um estabilizador de voltagem;

5. Colar etiquetas de identificação da voltagem em todos os pontos de energia e no cabo de cada equipamento;

6. Treinar técnicos ou estagiários nos procedimentos de utilização e de limpeza dos equipamentos;

7. Manter o manual de cada equipamento acessível para consulta;

8. Manter os equipamentos protegidos (cobertos), quando fora de uso, evitando tecidos que soltem fibras, pois podem interferir no funcionamento;

9. Evitar também capas plásticas, porque a condensação da umidade nesse material favorece a oxidação e o crescimento de fungos;

10. Desligar o equipamento da corrente elétrica antes dos procedimentos de limpeza;

8.1. Procedimentos Operacionais Padrão (POP)

Os POP’s são protocolos que descrevem detalhadamente cada atividade realizada no laboratório, desde a coleta ou a recepção da amostra até a emissão do resultado da análise, incluindo a utilização de equipamentos,

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procedimentos técnicos, procedimentos e cuidados de biossegurança e condutas a serem adotadas em caso de acidentes. Os POP’s têm como objetivo padronizar todas as ações para que diferentes profissionais possam compreender e executar da mesma maneira uma determina tarefa. Assim, devem:

 Estar escritos em linguagem clara e completa, possibilitando a compreensão e a adesão de todos;

 Ser realizadas para que os profissionais possam, de fato, seguir o estabelecimento;

 Ser atualizados regularmente e suas alterações realizadas em conjunto pelos profissionais.

Observações:

– Os POP’s devem estar disponíveis em local de fácil acesso e conhecido de todos os profissionais que atuam no ambiente laboratorial;

– Os profissionais do laboratório devem assinar um termo atestando que conhecem e se comprometem a cumprir o estabelecido nos POP’s.

9. MANUSEIO DAS VIDRARIAS UTILIZADAS EM LABORATÓRIOS DE BIOLOGIA MOLECULAR

Um dos problemas mais sérios no laboratório é a quebra do material vítreo e, como resultado, possíveis acidentes envolvendo cortes nas mãos.

No geral, a vidraria utilizada em laboratório tem um custo relativamente alto e, em vários casos, sua substituição depende de importação. Isso estimula os usuários a reutilizarem vidrarias parcialmente danificadas. Entretanto, tal procedimento não é recomendado pelas Boas Práticas Laboratoriais.

Às vezes não há meio de impedir que uma determinada vidraria se quebre, mas existem várias providências que podem ser tomadas para reduzir os riscos e para evitar acidentes, tais como:

1. Instruir técnicos, laboratoristas e auxiliares a para ter o maior cuidado na manipulação.

2. Não utilizar material de vidro trincado, quebrado, com arestas cortantes. Quando houver possibilidade de consertar as peças quebradas, estas devem

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ser provisoriamente recolhidas em recipientes especialmente destinados a esta finalidade existentes no próprio laboratório para, posteriormente, terem o destino final adequado.

3. Forrar o balcão e as pias com lâminas de borracha para minimizar as quebras.

4. Não secar vidrarias de precisão utilizando estufas aquecidas

5. Não utilizes tubos de vidro, termômetros em rolha, sem antes lubrificá-los com vaselina e proteger as mãos com luvas apropriadas ou toalha de pano. 6. A pessoa que estiver no encargo de lavagem de material de vidro deve usar luvas de borracha ou de plástico (neoprene ou PVC) com superfície externa antiderrapante, para dificultar o deslizamento de vidro entre as mãos.

10. NÍVEIS DE LABORATÓRIO SEGUNDO A SEGURANÇA BIOLÓGICA

Existem quatro níveis de biossegurança (NB): NB-1, NB-2, NB-3 e NB-4, crescentes no maior grau de contenção e complexidade do nível de proteção.

O nível de biossegurança de um experimento será determinado segundo o organismo de maior classe de risco envolvido no experimento.

Quando não se conhece o potencial patogênico do organismo, deverá ser procedida uma análise detalhada e criteriosa de todas as condições experimentais.

(a) NÍVEL DE BIOSSEGURANÇA 1 (NB-1): É adequado ao trabalho que

envolva agente biológicos (Classe de Risco I) com o menor grau de risco para o pessoal do laboratório e para o meio ambiente. O laboratório, neste caso, não está separado das demais dependências do edifício. O trabalho é conduzido, em geral, em bancada. Os equipamentos de contenção específicos não são exigidos. O pessoal de laboratório deverá ter treinamento específico nos procedimentos realizados no laboratório e deverão ser supervisionados por cientista com treinamento em Microbiologia ou ciência correlata.

PRÁTICAS LABORATORIAIS EXIGIDAS PARA O NB-1

 O acesso ao laboratório deve ser limitado ou restrito de acordo com a definição do Pesquisador Principal, quando estiver sendo realizado experimento.

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22  As superfícies de trabalho devem ser descontaminadas uma vez ao dia

ou sempre que ocorrer derramamento de material viável.

 Todo resíduo líquido ou sólido contaminado deve ser descontaminado antes de ser descartado, assim como todo material ou equipamento que tiver entrado em contato com o OGMs.

 Deve-se utilizar dispositivo mecânico para pipetagem, pois é impróprio e arriscado pipetar com a boca.

 É proibido comer, beber, fumar e aplicar cosméticos nas áreas de trabalho. Alimentos devem ser guardados em áreas específicas para este fim, fora do laboratório.

 Antes de deixar o laboratório, devem ser lavadas as mãos sempre que tiver havido manipulação de organismos contendo DNA/RNA recombinante.

 Objetivando a prática de higiene pessoal, pias para lavagem das mãos e roupas para proteção (uniformes e jalecos) devem ser utilizados para minimizar o risco de exposição ao OGM.

 Materiais contaminados só podem ser retirados do laboratório em recipientes rígidos e a prova de vazamentos.

 Deve ser providenciado um programa rotineiro de controle de insetos e roedores.

(b) NÍVEL DE BIOSSEGURANÇA 2 (NB-2): exigido para o desenvolvimento

de trabalhos com agentes da Classe de Risco II; são aplicados a laboratórios clínicos e hospitalares de níveis primário de diagnósticos, onde, além da adoção das BPLs, se faz necessária a contenção através de barreiras físicas primárias (EPIs e cabines de segurança biológica) e secundárias (projeção adequada do laboratório). Difere do NB-1 nos seguintes aspectos: (1) O pessoal de laboratório deve ter treinamento técnico específico no manejo de agentes patogênicos e devem ser supervisionados por cientistas competentes; (2) O acesso ao laboratório deve ser limitado durante os procedimentos operacionais; (3) Determinados procedimentos nos quais exista possibilidade

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de formação de aerossóis infecciosos devem ser conduzidos em cabines de segurança biológica ou outro equipamento de contenção física.

PRÁTICAS LABORATORIAIS EXIGIDAS PARA O NB-2:

Além das práticas descritas para o NB-1 devem ser incluídas para o NB 2 as práticas a seguir discriminadas:

 O Pesquisador Principal tem a responsabilidade de limitar o acesso ao laboratório.

 Cabe ao Pesquisador Principal a responsabilidade de avaliar cada situação e autorizar quem poderá entrar ou trabalhar no laboratório.

 O Pesquisador Principal deve estabelecer políticas e procedimentos com ampla informação a todos que trabalhem no laboratório sobre o potencial de risco relacionado ao trabalho, bem como sobre os requisitos específicos para entrada em laboratório e em salas onde ocorra manipulação de animais.

 No interior do laboratório, os frequentadores devem utilizar roupas apropriadas tais como jalecos, gorros, máscaras etc. Antes de sair do laboratório para áreas externas (biblioteca, cantina, escritório administrativo), a roupa protetora deve ser retirada e deixada no laboratório.

 Quando organismos contendo moléculas de DNA/RNA recombinantes estiverem sendo manipulados são exigidos requisitos especiais para a entrada de pessoal no laboratório (por exemplo a vacinação).

 Deve ser colocado um aviso sinalizando o risco, identificando o agente e o nome do Pesquisador Principal, endereço completo e diferentes possibilidades de sua localização ou outra pessoa responsável.

 Todos os requisitos necessários para a entrada no laboratório devem estar assinalados na porta de entrada.

 É proibida a admissão de animais que não estejam relacionados ao trabalho em execução no laboratório.

 Cuidados especiais devem ser tomados para impedir a contaminação organismos geneticamente modificados (OGMs);

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24  Devem ser usadas luvas no manejo de animais em experimentação e

sempre que houver possibilidade de contato da pele com o OGMs.

 Todo lixo de laboratório e da sala de animais deve ser adequadamente descontaminado antes de ser descartado.

 Agulhas e seringas hipodérmicas devem ser usadas somente para inoculação parenteral e para aspiração de fluidos de animais de laboratório e de garrafas de diafragmas. Devem ser usadas somente seringas com agulha fixa ou agulha e seringa em uma unidade única nas atividades de injeção ou aspiração de fluidos contendo moléculas de

 DNA/RNA recombinantes.

 Extrema precaução deve ser tomada quando forem manuseadas agulhas e seringas de modo a evitar a auto-inoculação e a produção de aerossóis durante o uso e o descarte. As agulhas não devem ser entortadas, quebradas, recapeadas ou removidas da seringa após o uso. Agulha e seringa devem ser imediatamente colocadas em recipiente resistente a prova de perfurações e descontaminados, preferencialmente autoclavados antes do descarte. Desaconselha-se a reutilização de seringas.

 Derramamentos ou acidentes que resultem em exposição a OGMs devem ser imediatamente notificados a CIBio e `a CTNBio, com providências de avaliação médica, vigilância e tratamento, sendo mantido registro dos acidentes e das providências adotadas.

 Um Manual de Biossegurança deve ser preparado de acordo com as especificidades das atividades realizadas.

 Todo o pessoal deve ser orientado sobre os possíveis riscos e para a necessidade de seguir as especificações de cada rotina de trabalho, procedimentos de biossegurança e práticas estabelecidas no Manual.

(C) NÍVEL DE BIOSSEGURANÇA 3 (NB-3): É aplicável aos locais onde forem

desenvolvidos trabalhos com agentes infecciosos de Classe de Risco III, que possam causar doenças sérias e potencialmente letais, como resultado de exposição por inalação. O pessoal do laboratório deve ter treinamento

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específico no manejo de agentes patogênicos e potencialmente letais, devendo ser supervisionados por cientistas com vasta experiência com esses agentes. Todos os procedimentos que envolverem a manipulação de material infeccioso devem ser conduzidos dentro de cabines de segurança biológica ou outro dispositivo de contenção física. Os manipuladores devem usar roupas de proteção individual. O laboratório deverá ter instalações compatíveis para o NB-3. Para alguns casos, quando não existirem as condições específicas para o NB-3, particularmente em instalações laboratoriais sem área de acesso específica, ambientes selados ou fluxo de ar unidirecional, as atividades de rotina e operações repetitivas podem ser realizadas em laboratório com instalações NB-2, acrescidas das práticas recomendadas para NB-3 e o uso de equipamentos de contenção para NB-3. Cabe ao Pesquisador Principal a decisão de implementar essas modificações, comunicando-as a CIBio e CTNBio.

PRÁTICAS LABORATORIAIS PARA O NB-3

Além das práticas estabelecidas para o NB-2 devem ser obedecidas para o NB-3 as práticas a seguir discriminadas:

 As superfícies de trabalho das cabines de segurança e de outros equipamentos de contenção devem ser descontaminadas sempre ao término do trabalho com moléculas recombinantes.

 Toalhas absorventes com uma face de plástico voltado para baixo, recobrindo as superfícies das bancadas, facilitam o trabalho de limpeza.

 Deve ser usado uniforme completo específico para as áreas de trabalho com OGM. É proibido o uso dessas roupas fora do laboratório. As mesmas devem ser descontaminadas antes de serem encaminhadas a lavanderia ou para descarte.

 Devem ser usadas máscaras faciais apropriadas ou respiradores nas salas onde são manipulados animais de experimentação.

 Animais de laboratório em NB-3 devem ser mantidos em sistemas de confinamento parcial (sistemas de caixas com filtros e paredes rígidas

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26

ou sistemas de contenção de caixas equipados com radiação ultravioleta e refletores).

 Os sistemas convencionais de caixas só poderão ser usados quando todo o pessoal utilizar dispositivos e roupas protetoras. Esses dispositivos devem incluir roupa completa do tipo escafandro e respiradores.

 Todo o pessoal deverá tomar banho ao deixar essas áreas de trabalho.

 As linhas de vácuo devem estar protegidas com filtro de ar com elevada eficiência (filtros HEPA, High Efficiency Particulated Air) e coletores com líquido desinfetante.

Figura 5 – Modelo de um laboratório classificado em nível NB-3

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27

.

(d) NÍVEL DE BIOSSEGURANÇA 4 - NB-4: nível de segurança máxima para

desenvolvimento de trabalhos com agentes da Classe de Risco IV; essas unidades devem ser projetadas em áreas isoladas e funcionalmente independentes de outras áreas; requer todas as exigências já citadas além de procedimentos de segurança especiais. Este nível de contenção deve ser usado sempre que o trabalho envolver OGM resultante de organismo receptor ou parental classificado como classe de risco IV ou sempre que envolver organismo receptor, parental ou doador com potencial patogênico desconhecido. Existem poucos laboratórios NB-4 distribuídos no mundo (quadro 2).

PRÁTICAS LABORATORIAIS PARA O NB-4

Devem ser obedecidas as práticas especiais estabelecidas para o NB-3 acrescida das exigências a seguir discriminadas:

 Nenhum material deverá ser removido do laboratório de contenção máxima, a menos que tenha sido autoclavado ou descontaminado, exceção feita aos materiais biológicos que necessariamente tenham que ser retirados na forma viável ou intacta.

 Suprimentos e materiais a serem usados no laboratório devem ser descontaminados em autoclave de dupla porta, câmara de fumigação, ou sistema de ante-câmara pressurizada.

 O material biológico viável, a ser removido de cabines Classe III ou do laboratório de contenção, deve ser acondicionado em recipiente de contenção inquebrável e selado. Este, por sua vez, deve ser acondicionado dentro de um segundo recipiente também inquebrável e selado, que passe por um tanque de imersão contendo desinfetante, ou por uma câmara de fumigação ou por um sistema de barreira de ar.

 Equipamentos ou materiais que não resistam a temperaturas elevadas devem ser descontaminados utilizando-se gases ou vapor em câmara específica.

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28  Somente pessoas que trabalham no laboratório devem ter permissão

para entrar.

 O supervisor tem a responsabilidade final no controle do acesso ao laboratório.

 Por questão de segurança o acesso ao laboratório deve ser bloqueado por portas hermeticamente fechadas. A entrada deve ser controlada pelo Pesquisador Principal, ou por outra pessoa responsável pela segurança do prédio.

 Antes de adentrar ao laboratório as pessoas devem ser avisadas sobre o potencial de risco e instruí-las sobre as medidas apropriadas de segurança.

 As pessoas autorizadas devem cumprir com rigor as instruções de procedimento para entrada e saída do laboratório. Deve haver um registro, por escrito, de entrada e saída de pessoal, com data, horário e assinaturas.

 Devem ser definidos protocolos para situações de emergência.

 A entrada e a saída de pessoal do laboratório devem ocorrer somente após uso de chuveiro e troca de roupa.

 A entrada e saída de pessoal por antecâmara pressurizada somente deve ocorrer em situações de emergência.

 Para adentrar ao laboratório a roupa comum, de rua, deve ser trocada por roupa protetora completa e descartável.

 Antes de sair do laboratório para a área de banho, a roupa protetora deve ser deixada em área específica para descontaminação antes do descarte.

 Deve ser organizado um sistema de notificação de acidentes, exposição e absenteísmo do pessoal do laboratório, bem como um sistema de vigilância médica.

 Deve-se ainda, prever uma unidade de quarentena, isolamento e cuidados médicos para o pessoal suspeito de contaminação.

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1. Centers for Disease Control and Prevention (CDC) Atlanta, Georgia, USA

2. Division of Consolidated Laboratory Services Richmond, Virginia, USA

3. Galveston National Laboratory Galveston, Texas, USA

4. Georgia State Univeristy Atlanta, Georgia, USA

5. Integrated Research Facility Bethesda, Maryland, USA

6. Middle-Atlantic Regional Center of Excellence for

Biodefense and Emerging Infectious Diseases Research Baltimore, Maryland, USA

7. National Bio and Agro-Defense Facility (NBAF) Manhattan, Kansas, USA

8. National Biodefense Analysis and Countermeasures

Center (NBACC) Frederick, Maryland, USA

9. National Emerging Infectious Disease Laboratory

(NEIDL) Boston, Massachusetts, USA

10. National Institute of Allergy and Infectious Disease

(NIAID) Rocky Mountain Laboratories Hamilton, Montana, USA

11. Southwest Foundation for Biomedical Research San Antonio, Texas, USA

12. US Army Medical Research Institute of Infectious

Diseases (USAMRIID) Frederick, Maryland, USA

13. National Microbiology Laboratory Winnipeg, Canadá

14. Australian Animal Health Laboratory Newcomb, Austrália

15. National High Security Laboratory/Victorian Infectious

Disease Reference Laboratory (VIDRF) Glen Iris, Austrália

16. Virology Laboratory of Queensland Department of

Health Coopers Plains, Austrália

17. Bernhard Nocht Institute for Tropical Medicine Hamburg, Alemanha

18. Friedrich Loeffler Institute, Federal Research Institute

for Animal Health Riems Island, Alemanha

19. High Containment Laboratory DDPS Berne, Alemanha

20. Institute of Virology, Philipps Univeristy of Marburg Marburg, Alemanha

21. Robert Koch Institute Berlin, Alemanha

22. Institute of Microbiology of the Federal Armed Forces Munich, Alemanha

23. Center of Biological Protection Prague, República Tcheca

24. Luigi Sacco University Hospital Milan, Italia

25. Defense Science and Technology Laboratory Salisbury, Reino Unido

26. Health Protection Agency - Centre for Infections

(HPA-CFI) London, Reino Unido

27. National Institute for Medical Research (NIMR) London, Reino Unido

28. Institute of Virology and Immunoprophylaxis Mittelhäusern, Switzerland

29. National Institute of Infectious Disease Rome, Italy

30.Netherlands National Institute for Public Health and the

Environment Bilthoven, The Netherlands

31. Swedish Institute for Infectious Disease Control Solna, Sweden

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30 Franceville (CIRMF)

33. National Institute for Communicable Diseases Special

Pathogens Unit Sandringham, South Africa

34. All India Institute of Medical Sciences New Delhi, Delhi, India

35. High Security Animal Disease Laboratory Madhya Pradesh, India

36. Defense Science Organization (DSO) Singapore

37. Institute of Physical and Chemical Research (RIKEN) Koyadai, Tsukuba-shi, Ibaraki,

Japan

38. National Institute for Infectious Diseases (NIID) Tokyo, Japan

39. Kwen-yang Laboratory Center of Disease Control Taiwan

40. Preventive Medical Institute of ROC Ministry of

National Defense Taiwan

41. State Research Center of Virology and Biotechnology

VECTOR Koltsovo, Novosibirsk, Russia

42. Wuhan Institute of Virology of the Chinese Academy of

Sciences Wuhan, China

Fonte: FAS (2011)

12. RISCOS QUÍMICOS NOS LABORATÓRIOS DE BIOLOGIA MOLECULAR

A biossegurança não possui identidade própria, trata-se de uma interdisciplinaridade que envolve profissionais das mais diversas áreas, como químicos, médicos, veterinários, biólogos, engenheiros, farmacêuticos e biotecnologistas, além dos profissionais da administração e apoio. Diante desse cenário multiprofissional, torna-se extremamente importante a questão da segurança química, já que muitos cursos de graduação e pós-graduação de áreas não químicas não apresentam em seus currículos a disciplina de riscos químicos, levando esses profissionais, muitas vezes, a ingressarem no mercado de trabalho sem os conhecimentos básicos necessários ao desenvolvimento pleno das suas atividades (Costa e Costa, 2004).

A educação assume, nesse enfoque, a base para qualquer programa de segurança química, e, por que não dizer, da própria Biossegurança Sem dúvida, o grande desafio da educação será o de preparar o homem para conviver com a imprevisibilidade dos eventos.

As indústrias de biotecnologia são sistemas complexos, que utilizam em grande escala reações químicas. Por serem altamente competitivas e para manter sua eficiência, elas necessitam buscar com frequência processos que

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facilitem esse objetivo, caso contrário o mercado torna-se distante. Em seus processos de trabalho, é extremamente acentuada a quantidade de substâncias químicas utilizadas. Nesse contexto, algumas centenas de substâncias químicas podem estar sendo manuseadas e descartadas sem nenhum tipo de controle governamental, sendo desconhecidos seus efeitos no homem e no meio ambiente. A grande maioria dos compostos químicos como: Acrilamida, Brometo de Etídio, Mercaptoetanol, Dodecilsulfato de Sódio, Formamida, Formaldeído, Fenol, Dimetilsulfóxido, Clorofórmio, Pirocarbonato de Etila, Cloreto de Lítio e outros, considerados tóxicos e de alta gravidade para o homem, são lançados diretamente no ambiente de trabalho durante o manuseio, armazenamento, descarte incorreto, criando microclimas artificiais capazes de influenciarem diretamente na saúde tanto dos trabalhadores envolvidos, como das comunidades vizinhas (Costa, 2004).

10. GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE LABORATÓRIOS DE BIOLOGIA MOLECULAR

A geração de resíduos pelas diversas atividades humanas constitui-se atualmente em um grande desafio a ser enfrentado pela sociedade, sobretudo nos grandes centros urbanos. A partir da segunda metade do século XX, com os novos padrões de consumo da sociedade industrial, a produção de resíduos vem crescendo continuamente em ritmo superior à capacidade de absorção da natureza. Nos últimos 10 anos, a população brasileira cresceu 16,8%, enquanto que a geração de resíduos cresceu 48% (BGE, 1989/2000). Isso pode ser visto no aumento da produção (velocidade de geração) e concepção dos produtos (alto grau de descartabilidade dos bens consumidos), como também nas características "não degradáveis" dos resíduos gerados. Além disso, aumenta a cada dia a diversidade de produtos com componentes e materiais de difícil degradação e maior toxicidade. O descarte inadequado de resíduos tem produzido passivos ambientais capazes de colocar em risco e comprometer os recursos naturais e a qualidade de vida das atuais e futuras gerações. Os resíduos dos serviços de saúde - RSS se inserem dentro desta problemática e vêm assumindo grande importância nos últimos anos. Tais

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desafios têm gerado políticas públicas e legislações tendo como eixo de orientação a sustentabilidade do meio ambiente e a preservação da saúde. Grandes investimentos são realizados em sistemas e tecnologias de tratamento e minimização.

No Brasil, órgãos como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA e o Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA têm assumido o papel de orientar, definir regras e regular a conduta dos diferentes agentes, no que se refere à geração e ao manejo dos resíduos de serviços de saúde, com o objetivo de preservar a saúde e o meio ambiente, garantindo a sua sustentabilidade. Desde o início da década de 90, vêm empregando esforços no sentido da correta gestão, do correto gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde e da responsabilização do gerador. Um marco deste esforço foi a publicação da Resolução CONAMA no 005/93, que definiu a obrigatoriedade dos serviços de saúde elaborarem o Plano de Gerenciamento de seus resíduos. Este esforço se reflete, na atualidade, com as publicações da RDC ANVISA no 306/04 e CONAMA no 358/05.

De acordo com a RDC ANVISA no 306/04 e a Resolução CONAMA no 358/2005, são definidos como geradores de RSS todos os serviços relacionados com o atendimento à saúde humana ou animal, inclusive os serviços de assistência domiciliar e de trabalhos de campo; laboratórios analíticos de produtos para a saúde; necrotérios, funerárias e serviços onde se realizem atividades de embalsamamento, serviços de medicina legal, drogarias e farmácias inclusive as de manipulação; estabelecimentos de ensino e pesquisa na área da saúde e biológica, centro de controle de zoonoses; distribuidores de produtos farmacêuticos, importadores, distribuidores produtores de materiais e controles para diagnóstico in vitro, unidades móveis de atendimento à saúde; serviços de acupuntura, serviços de tatuagem, dentre outros similares.

A classificação dos RSS vem sofrendo um processo de evolução contínuo, na medida em que são introduzidos novos tipos de resíduos nas unidades de saúde e como resultado do conhecimento do comportamento destes perante o meio ambiente e a saúde, como forma de estabelecer uma

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gestão segura com base nos princípios da avaliação e gerenciamento dos riscos envolvidos na sua manipulação. Os resíduos de serviços de saúde são parte importante do total de resíduos sólidos urbanos, não necessariamente pela quantidade gerada (cerca de 1% a 3% do total), mas pelo potencial de risco que representam à saúde e ao meio ambiente. Os RSS são classificados em função de suas características e consequentes riscos que podem acarretar ao meio ambiente e à saúde. Assim, esses RSS são classificados em cinco grupos: A, B, C, D e E.

 Grupo A - engloba os componentes com possível presença de agentes biológicos que, por suas características de maior virulência ou concentração, podem apresentar risco de infecção. Exemplos: placas e lâminas de laboratório, carcaças, peças anatômicas (membros), tecidos, bolsas transfusionais contendo sangue, dentre outras.

 Grupo B - contém substâncias químicas que podem apresentar risco à saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade. Ex: medicamentos apreendidos, reagentes de laboratório, resíduos contendo metais pesados, dentre outros.

 Grupo C - quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que contenham radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de eliminação especificados nas normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN, como, por exemplo, serviços de medicina nuclear e radioterapia etc.

 Grupo D - não apresentam risco biológico, químico ou radiológico à saúde ou ao meio ambiente, podendo ser equiparados aos resíduos domiciliares. Ex: sobras de alimentos e do preparo de alimentos, resíduos das áreas administrativas etc.

 Grupo E - materiais perfuro-cortantes ou escarificantes, tais como lâminas de barbear, agulhas, ampolas de vidro, pontas diamantadas, lâminas de bisturi, lancetas, espátulas e outros similares.

Na avaliação dos riscos potenciais dos RSS deve-se considerar que os estabelecimentos de saúde vêm sofrendo uma enorme evolução no que diz

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respeito ao desenvolvimento da ciência médica, com o incremento de novas tecnologias incorporadas aos métodos de diagnósticos e tratamento. Resultado deste processo é a geração de novos materiais, substâncias e equipamentos, com presença de componentes mais complexos e muitas vezes mais perigosos para o homem que os manuseia, e ao meio ambiente que os recebe. Os resíduos do serviço de saúde ocupam um lugar de destaque pois merecem atenção especial em todas as suas fases de manejo (segregação, condicionamento, armazenamento, coleta, transporte, tratamento e disposição final) em decorrência dos imediatos e graves riscos que podem oferecer, por apresentarem componentes químicos, biológicos e radioativos. Dentre os componentes químicos destacam-se as substâncias ou preparados químicos: tóxicos, corrosivos, inflamáveis, reativos, genotóxicos, mutagênicos; produtos mantidos sob pressão - gases, quimioterápicos, pesticidas, solventes, ácido crômico; limpeza de vidros de laboratórios, mercúrio de termômetros, substâncias para revelação de radiografias, baterias usadas, óleos, lubrificantes usados etc. Dentre os componentes biológicos destacam-se os que contêm agentes patogênicos que possam causar doença e dentre os componentes radioativos utilizados em procedimentos de diagnóstico e terapia, os que contêm materiais emissores de radiação ionizante. Para a comunidade científica e entre os órgãos federais responsáveis pela definição das políticas públicas pelos resíduos de serviços saúde (ANVISA e CONAMA) esses resíduos representam um potencial de risco em duas situações: a) para a saúde ocupacional de quem manipula esse tipo de resíduo, seja o pessoal ligado à assistência médica ou médico-veterinária, seja o pessoal ligado ao setor de limpeza e manutenção; b) para o meio ambiente, como decorrência da destinação inadequada de qualquer tipo de resíduo, alterando as características do meio.

O risco no manejo dos RSS está principalmente vinculado aos acidentes que ocorrem devido às falhas no acondicionamento e segregação dos materiais perfuro-cortantes sem utilização de proteção mecânica. Quanto aos riscos ao meio ambiente destaca-se o potencial de contaminação do solo, das águas superficiais e subterrâneas pelo lançamento de RSS em lixões ou

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aterros controlados que também proporciona riscos aos catadores, principalmente por meio de lesões provocadas por materiais cortantes e/ou perfurantes, e por ingestão de alimentos contaminados, ou aspiração de material particulado contaminado em suspensão. E, finalmente, há o risco de contaminação do ar, dada quando os RSS são tratados pelo processo de incineração descontrolado que emite poluentes para a atmosfera contendo, por exemplo, dioxinas e furanos.

10. NORMAS GERAIS DE SEGURANÇA EM LABORATÓRIOS DE BIOLOGIA MOLECULAR

É importante que o indivíduo se habitue a trabalhar com segurança fazendo com que ela faça parte integrante de seu trabalho. Toda tarefa a ser executada deve ser cuidadosamente programada, pois, nenhum trabalho é tão importante e urgente que não mereça ser planejado e efetuado com segurança. O trabalho em laboratórios de pesquisa, desenvolvimento ou ensino só deve ser permitido nos horários previstos e sob a supervisão adequada. Em todos os laboratórios, o trabalho só deve ser realizado quando simultâneo a atividade de outros profissionais.

As normas específicas adotadas para cada laboratório devem ser rigorosamente obedecidas. “Cabe aqui ressaltar que o laboratorista que faz brincadeiras, não é um humorista, mas sim, um elemento perigoso”. Este indivíduo deve ser severamente advertido.

É importante lembrar que o professor, o chefe do laboratório ou supervisor são sempre as pessoas mais qualificadas para orientar os demais integrantes do laboratório quanto aos cuidados específicos a serem tomados em relação a cada atividade. Suas instruções devem ser cuidadosamente seguidas e respeitadas.

Como foi falado anteriormente, todo trabalho efetuado em laboratório oferece riscos. Estes riscos podem ser decorrentes da ação de produtos químicos, eletricidade, chamas e agentes patogênicos, resultando em danos materiais e a saúde humana.

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São enumeradas a seguir, algumas normas gerais de segurança. É evidente, no entanto, que estas são apenas algumas delas, mas desde que sejam seguidas, muitos acidentes poderão ser evitados:

1. Conheça o Mapa de Riscos do seu local de trabalho;

2. Não utilizar o laboratório na ausência do professor ou do técnico.

3. Utilizar indumentárias apropriadas: Avental de algodão, calça comprida, sapato fechado e alguns EPIs, quando for necessário;

4. Não entrar em locais de risco desconhecido;

5. Não permita a entrada de pessoas alheias aos trabalhos do laboratório; 7. Não se alimentar, ingerir líquidos ou fumar no laboratório;

8. Não armazenar substâncias incompatíveis no mesmo local;

9. Evitar o uso de indumentárias inapropriadas no laboratório, como por exemplo: bermuda ou short, sandália, chinelo, sapato aberto, braceletes, correntes, aventais de náilon ou 100% poliéster.

10. Evitar atitudes como: correr no laboratório, sentar ou debruçar sobre as bancadas, sentar no chão, etc.

11. Não se distrair durante o trabalho no laboratório, com conversas, jogos ou ouvindo música alta, principalmente com fones de ouvido;

12. Evita trabalhar sozinho no laboratório;

13. Lavar as mãos antes de iniciar seu trabalho e antes de sair do laboratório; 14. Certificar-se, caso haja, da localização do chuveiro de emergência, lava-olhos, e suas operacionalizações.

15. Conhecer a localização e os tipos de extintores de incêndio no laboratório. 16. Conhecer a localização das saídas de emergências.

14. REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

Binsfeld, P.C. Biossegurança em Biotecnologia. 1ª. Ed., Editora Interferência, Rio de Janeiro-RJ, 2004, 367p.

Costa, M.A.F; Costa, M.F.B. Educação e competências em Biossegurança. Revista Brasileira de Educação Médica. Rio de Janeiro, v 26, jan/abr 2004. Hirata, M.H.; Mancini-Filho, J. Manual de Biossegurança. 1ª. Ed., Editora Manole, São Paulo-SP, 2008, 496p.

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Manual de gerenciamento de resíduos de serviços de saúde / Ministério da Saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. – Brasília: Ministério da Saúde, 2006. 182 p. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos)

Organização Mundial de Saúde. Manual de segurança biológica em laboratório. 3ª. Ed., WHO, Genebra, 2004, 215p.

Referências

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