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Cimento ósseo de fosfato de cálcio de dupla pega: avaliação in vivo

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Cimento ósseo de fosfato de cálcio de dupla pega: avaliação in vivo

Luís Alberto dos Santos

Raúl Garcia Carrodéguas João Guilherme Padilha Filho

Anselmo Ortega Boschi Antônio Celso Fonseca de Arruda

Resumo

Os cimentos de fosfato de cálcio (CFCs) têm despertado grande interesse para uso em ortopedia e odontologia como substitutos de partes danificadas do sistema ósseo. Tal interesse se deve ao fato de os CFCs apresentarem biocompatibilidade e osteointegração. Estas características permitem a sua utilização como enxerto ósseo, associando, ainda, as facilidades de manuseio de um material tipo cimento. Entretanto, os cimentos de fosfato de cálcio apresentam baixa resistência mecânica, o que restringe o seu uso a locais de baixa solicitação por cargas em odontologia, cirurgias cranianas e bucomaxilofaciais. Recentemente os autores reportaram um novo tipo de cimento, o cimento de fosfato de cálcio de dupla pega. O cimento de dupla pega é resultado da adição de sistema de polimerização in situ ao cimento tradicional. A resistência mecânica inicial é dada pela reação de polimerização, e a final, pela reação hidráulica do cimento. O cimento de dupla pega permitiu o aumento de 150% na resistência mecânica do cimento tradicional. A adição de fibras de carbono, náilon e polipropileno a este cimento permitiu, ainda, o aumento da tenacidade à fratura para valores similares ao osso cortical humano. No presente trabalho são reportados os resultados de implantação em coelhos, conforme norma ISO/TR 10993 – Biological Evaluation of Medical Devices, do cimento de dupla pega contendo ou não adições de fibras. Os resultados obtidos demonstram a biocompatibilidade do cimento de dupla pega e ainda o seu potencial para utilização clínica.

Palavras-chave: Cimento de fosfato de cálcio; Fosfato de cálcio; Biocerâmicas; Biomateriais.

Double setting calcium phosphate bone cement: In vivo evaluation

Abstract

Calcium phosphate-based bioceramics have revolutionized the orthopedic and dentistry on repair of damaged parts of bone system. The main advantage of calcium phosphate-based cements (CFCs) with hydraulic setting, are biocompatibility and in situ hardening, which allows for easy manipulation and adaptation to the shape and dimensions of bone defects. The main disadvantage of these cements is the low mechanical resistance, which in the better case is equal to the trabecular bone. Recently the authors reported a new type of calcium phosphate cement, the dual setting alpha-tricalcium phosphate based cement, using calcium phosphate cement added to an in situ polymerizable acrylamide-based system. The acrylamide-based polymerization system provided mechanical compression strengths of up to 150% higher than that achieved with a composition devoid of these additives. The addition of carbon, polypropylene and nylon fibers act strongly to increase the material’s fracture toughness, resulting in similar values to the human cortical bone. In this work are reported results of implantation on rabbits, as ISO/TR 10993 – Biological Evaluation of Medical Devices, of dual setting cement with an without fibers addition. The results shows the biocompatibility of dual setting calcium phosphate cement and potencial for use in clinical apllications. Keywords: Calcium phosphate cement; Calcium phosphate; Bioceramics; Biomaterials.

Introdução

O termo “cimento de fosfato de cálcio” foi introduzido por Gruningeret al. (1984). Segundo eles, um cimentodestetipopodeserpreparadomisturando-se um sal de fosfato de cálcio com água ou com uma

solução aquosa para que se forme uma pasta que possa reagir à temperatura ambiente ou do corpo para dar lugar a um precipitado que contenha um ou mais fosfatos de cálcio, dando pega pelo intercruzamento dos cristais desse precipitado. Eles são constituídos por um componente ácido e outro básico os quais, quando

Endereço para correspondência:

Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Escola de Engenharia/Departamento de Materiais – Laboratório de Biomateriais

Av. Bento Gonçalves, 9.500 – Bairro Agronomia – Bloco IV – Prédio 74 – 91501-970 – Porto Alegre-RS Fone: (51) 3316-9424 – Fax: (51) 3316-9419

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se misturam com água, reagem para formar um ou vários produtos com uma acidez intermediária a dos produtos de partida. Estes cimentos reúnem uma série de vantagens, que permitem seu uso como preenchi-mento e substituto de partes danificadas do sistema ósseo, dentro das quais estão:

• Não ser necessário dar forma ao preenchimento; • Mínima cavidade do preenchimento;

• A preparação é realizada durante o ato cirúrgico; • Existe um ótimo contato entre osso e implante; • Biocompatibilidade e bioatividade.

Além de uma maior manipulação e adaptação, os cimentos de fosfatos de cálcio podem ser empregados como matriz portadora na qual podem ser adicionados, com facilidade, diversos medicamentos ou drogas, tais como antibióticos, antitumores, antiinfla-matórios (Yu et al., 1992), etc.

A principal desvantagem dos cimentos de fosfato de cálcio conhecidos é sua baixa resistência mecânica,que, no melhor dos casos, consegue igualar-se à do osso trabecular, ou de um quinto do osso cortical. Na literatura consultada não aparece nenhum estudo profundo destinado a elevar a resistência mecânica dos cimentos de fosfato de cálcio. A disponibilidade destes, com resistência mecânica próxima da resistência dos ossos humanos, estenderia consideravelmente o campo de aplicações potenciais, atualmente limitado às cirurgias odontológicase craniomaxilofaciais. Composições mais resistentes de cimentos de fosfato de cálcio encontra-riam aplicações em ortopedia e neurocirurgia, como alternativa para a consolidação de fraturas múltiplas de ossos longos, fixação de próteses articulares cimentadas e substituição de discos intervertebrais e corpos vertebrais. Recentemente os autores reportaram um novo tipo de cimento, o cimento de fosfato de cálcio de dupla pega (Santos et al., 2000). O cimento de dupla pega é resultado da adição de sistema de polimerização in situ ao cimento tradicional. A resistência mecânica inicial é dada pela reação de polimerização e a final, pela reação hidráulica do cimento. O cimento de dupla pega permitiu o aumento de 150% na resistência mecânica do cimento tradicional. A adição de fibras de carbono, náilon e polipropileno a este cimento permitiu, ainda, o aumento da tenacidade à fratura para valores similares ao osso cortical humano (Santos, 2002). No presente trabalho são reportados os resultados de implantação em coelhos, conforme norma ISO/TR 10993 –

Biological Evaluation of Medical Devices, do cimento de

dupla pega contendo ou não adições de fibras, com o objetivo de avaliar a biocompatibilidade in vivo desse novo tipo de cimento.

Materiais e métodos

Preparou-seα-fosfatotricálcico(α-TCP)segundo descrito em literatura (Driessents et al., 1997), através da reação:

CaCO3+γ-Ca2P2O7--> α-Ca3(PO4)2 + CO2 Misturou-se γ-CPP e CaCO3 a seco por 2 horas em proporção equimolar em jarro de polietileno contendo bolas de zircônia. A mistura foi calcinada a 1.300°C durante 15 horas em cadinho de alumina (Al2O3), sendo então resfriada bruscamente e vertida sobre placa de aço inoxidável a temperatura ambiente (Monma et al., 1984). O material obtido foi então moído em meio alcoólico (etanolanidro)por3horasemmeiodemoagemdezircônia. Ao α-TCP adicionou-se líquido contendo acrilamida (20%) como monômero, N,N’-metilenobisa-crilamida (0,5%) como monômero bifuncional reticulante, N,N,N’,N’-tetrametiletilenodiamida (0,25%) como acele-rador e persulfato de amônio (0,01%) como catalisador [Aldrich Chemical Co, Inc.]. Utilizou-se ainda solução a 2,5% de NaHPO4, obtida a partir de Na2HPO4.12H2O [Merck SA] para permitir a reação de pega do cimento de α-TCP [α-Ca3(PO4)2 + H2O Æ Ca9(HPO4)(PO4)5OH] e 1% de poliacrilato de amônia [Lambra-Prod. Quím. Aux. Ltda.] como defloculante e redutor de líquido. A relação líquido–pó utilizada foi de 0,30 mL/g.

O α-TCP obtido e o cimento após reação e colocação em SBF (Simulated Body Fuid) por 24 horas a 36,5oC foram analisados por difração de raios X, utilizando-se difratômetro de raios X modelo D 5.000 (Siemens, Karlshüre) com radiação CuKα, filtro de Ni, 40 kV e 40 mA. O intervalo angular utilizado para a análise qualitativa (2θ) foi de 20 a 40°, com velocidade do goniômetro de 2°/min.

O α-TCP também foi analisado por difra-tometria de raios X quantitativa, efetuada utilizando-se varredura ponto a ponto com velocidade de 0,017o/min. O método de análise utilizado foi o do padrão interno, pela adição de alumina.

O aumento de resistência a compressão obtido para esta composição foi de +149% (55 MPa) quando comparada com a maior resistência mecânica obtida para a composição isenta do sistema de polimerização e de poliacrilato de amônia (Santos et al., 2001). Em algumas das medições de resistência mecânica à compressão foram obtidos valores de até 68 MPa, valor este extremamente próximo ao limite mínimo exigido em normas internacionais e nacionais para cimento ósseo baseado em polimetilme-tacrilato (PMMA), extensa-mente utilizado em ortopedia.

A esta composição foram adicionadas 2% em volume de fibras de carbono, polipropileno e náilon 66,

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com diâmetros médios de 7,3, 16,3 e 10,7 µm respectivamente. As fibras utilizadas foram cortadas nos comprimentos: 4 mm para fibras de carbono; 6 mm para fibras de náilon e 10 mm para fibras de polipropileno. Os comprimentos foram escolhidos de forma a manter uma relação comprimento/diâmetro de aproximadamente 600.

Os valores máximos obtidos de tenacidade à fratura (JIC) das composições de cimento de fosfato de cálcio adicionadas de fibras foram de 1,7 kJ.m-2 para fibras de carbono, 1,1 kJ.m-2 para fibras de polipro-pileno, 5,8 kJ.m-2 para fibras de náilon e 59 J.m-2 para a composição isenta de fibras (Santos et al., 2003).

As composições de cimento contendo ou não fibras foram avaliadas conforme norma ISO/TR 10993-6 - Biological Evaluation of Medical Devices – Tests for Local

Effects After Iimplantation, sendo utilizados, para cada

composição, 4 animais da espécie leporina, raça Nova Zelândia, cor branca, adultos, machos e fêmeas. Os im-plantes utilizados foram cilindros de 2 mm de diâmetro e 6 mm de comprimento. O sítio de implantação escolhido

foi o rádio. Após a eutanásia dos animais, os rádios foram retirados e os fragmentos de osso hospedeiro, contendo o implante, foram coletados e fixados em for-mol a 10%, sendo, então, descalcificados e desidratados. Os fragmentos foram embebidos em parafina, sendo obtidas seções de 3 µm, paralelamente à cavidade do implante. A análise por microscopia ótica foi realizada após coloração das amostras com hematoxilina-eosina.

Resultados e discussão

A presença do β-TCP como impureza no α-TCP é reportada por diversos autores (Bermudez et al., 1994; Tampieri et al., 1997; Famery et al., 1994; Fernández et al., 1997), não se conhecendo trabalhos que registrem a obtenção de α-TCP puro, e usualmente os α-TCP obtidos contendo cerca de 15% de β-TCP (Ginebra et al., 1997). O material analisado por difração de raios X quantitativa acusou a presença de 3% de β-fosfato tricálcico. A Figura 1 apresenta o aspecto do difratograma de raios X.

Figura 1 – Difratograma de raios X do pó de α-TCP obtido e utilizado para preparação das composições de cimento

Os autores do trabalho desenvolveram este novo tipo de cimento de fosfato de cálcio contendo sistema de polimerização composto por acrilamida, obtendo um cimento de α-TCP de dupla pega. A polimerização dos monômeros acrílicos hidrossolúveis é responsável pela resistência mecânica inicial do cimento. A resistência final é o resultado da transformação por reação hidráulica do α-TCP em CDHA (hidroxiapatita deficiente em cálcio)

(α-Ca3(PO4)2 + H2O →Ca9(HPO4)(PO4)5OH). A adição de poliacrilato de amônia e de acrilamida ao cimento de fosfato de cálcio não interfere no produto final da reação (hidroxiapatita), não sendo notadas variações de intensidade ou das fases finais do cimento, como pode ser observado no difratograma de raios X da composição de cimento imersa por 24 horas em solução de plasma simulado (SBF), onde pode ser observada a quase total transformação do α-TCP em CDHA.

20 25 30 35 40 0 50 100 150 200 250 300 α-TCP β-TCP 2 θ (0) Int ensi d ade (c ts )

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A quantidade de fibras adicionadas ao cimento de fosfato de cálcio foi fixada em 2% em volume, em virtude da dificuldade da confecção dos corpos de prova para valores superiores de adição.

Os animais foram observados diariamente, até o momento da eutanásia, a fim de se observar qualquer reação tecidual na cicatriz cirúrgica e eventual claudicação no decorrer do tempo de avaliação, não

sendo observada nenhuma reação adversa no local do implante ou no comportamento dos animais. Os animais foram, ainda, radiografados no pós-operatório imediato e mensalmente, até o momento da eutanásia, correspondendo ao tempo de 12 semanas.

Na Figura 3 é mostrada a radiografia do membro de um dos coelhos implantados, onde se observa o implante no rádio do animal.

Figura 2 – Difratograma de raios X da composição de cimento de fosfato de cálcio após imersão em plasma sangüíneo simulado por 24 horas a 36,5oC

Figura 3 – Radiografias do membro de coelho, após implantação, por 12 semanas, de amostra de cimento de fosfato de cálcio acrescido de fibras de carbono

Intens id ade (cts ) 20 25 30 35 40 0 100 200 300 400 HA β -TCPα-TCP

2 θ (°)

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De forma análoga, as radiografias das patas dos demais coelhos, contendo as diferentes composições de cimento, apresentaram o mesmo aspecto radiográfico, sugerindo a não-absorção do material, ou que ela

ocorreu de forma reduzida, o que foi comprovado pelo exame histológico.

Na Figura 4 são mostradas as fotomicrografias óticas dos cimentos, após 12 semanas de implantação.

Figura 4 – Fotomicroscopias óticas das composições de A) cimento de fosfato de cálcio (aumento: 4X) e deste acrescido de fibras de B) carbono (aumento 4X), C) polipropileno (aumento: 10X) e D) náilon (aumento: 10X). Tempo de implantação: 12 semanas

Todas composições de cimento de fosfato de cálcio, após 12 semanas, apresentaram formação de cápsula de tecido conjuntivo envolvendo o implante.

O cimento de fosfato de cálcio isento de fibras (Figura 4A) apresentou, no centro do implante, uma área de coloração mais escura, denotando o início da desmine-ralização do material, assim como áreas externas com a mesma coloração, indicativo de absorção do material.

A composição de cimento de fosfato de cálcio acrescida de fibras de carbono (Figura 4B) apresentou zonasdeabsorçãodo cimento e liberação de fibras. Estas, noentanto,nãoforamencontradasenvolvidaspor tecido fibroso ou apresentando processo inflamatório, o que é indicativodebiocompatibilidade destas em tecido ósseo.

A composição de cimento de fosfato de cálcio acrescida de fibras de polipropileno (Figura 4C) apresentou o processo de absorção com presença de osteoclastos na superfície do implante. Ocorreu, ainda, a presença de fibras liberadas do cimento e encapsu-ladas por tecido conjuntivo. Não ocorreu proliferação óssea ou resposta inflamatória. Ocorreu no local de colocação do enxerto, onde foi perfurado o periósteo, o

recobrimento por tecido ósseo.

A composição de cimento de fosfato de cálcio acrescida de fibras de náilon (Figura 4C) também apresentou recobrimento do local de perfuração do periósteo por tecido ósseo. As fibras apresentaram diversas áreas de absorção do material e fragmentos encapsulados e com osteoclastos ao redor.

Diversos modelos têm sido utilizados para a avaliação dos biomateriais, especialmente em ratos e coelhos. As reações teciduais à implantação de cerâmicas de fosfato de cálcio são diferentes, dependendo do local de implantação: osso cortical, esponjoso ou medular. A regeneração óssea é mais bem observada nos implantes em osso cortical, mais em osso esponjoso do que em tecido medular. A degradação do material é maior em tecido ósseo medular, maior em osso esponjoso do que em osso cortical (Lu et al., 1999). Desta maneira, a implantação do cimento, tanto em tecido cortical como medular, permitiu uma melhor avaliação do material de implante, tanto no aspecto de regeneração óssea quanto no aspecto de degradação do material.

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Shindoecolaboradores(1993)paramateriaisdeimplante em ossos craniofaciais, o mais importante deles é que o material deve ter excelente compatibilidade tecidual, o que também deve ocorrer para implantação em outros sítios ósseos. Para todos os implantes avaliados, a presença de tecido conectivo mostra que estes não são tóxicos. Além disso, a espessura reduzida desta camada e a ausência de processo inflamatório demonstram que o material possui compatibilidade tecidual. Mesmo as fibras de náilon e polipropileno, que apresentaram recobrimento por tecido fibroso, ao serem liberadas pela absorção da matriz de cimento não provocaram nenhum tipo de processo inflamatório, demonstrando, também, compa-tibilidade tecidual para as quantidades de fibras liberadas.

Kurashina e colaboradores (1997) registraram que a absorção de cimento de fosfato de cálcio é contínua in vivo, quando a superfície do cimento é recoberta por tecido mole, e é inibida pela formação de tecido ósseo na superfície. Desta forma, a presença de tecido conjuntivo em todos os tipos de cimento permite inferir que o processo de absorção do cimento ainda pode ocorrer para períodos maiores de implantação, podendo permitir sua substituição por tecido ósseo. Desta forma, tempos de implantação superiores a 12 semanas se fazem necessários para uma melhor avaliação dos materiais. A menor absorção do cimento de fosfato de dupla pega do que o cimento de fosfato de cálcio estudado por Lu e colaboradores (1999), que apresentou uma absorção de cerca de 60% após 24 semanas de implantação, pode ser explicada por dois fatores: 1) a presença do polímero de acrilamida, que diminuiria a solubilização e fagocitação do cimento, e 2) a maior resistência mecânica do cimento de dupla pega, o que implica maior energia de ligação entre as partí-culas do cimento e, assim, uma maior dificuldade para sua absorção in vivo.

Conclusões

A avaliação in vivo de cimentos de fosfato de cálcio de dupla pega com e sem fibras, por 12 semanas, permitiu as seguintes observações:

1. O cimento de fosfato de cálcio de dupla pega é biocompatível;

2. Ocorreu absorção parcial do cimento de fosfato de cálcio para os períodos de implantação estudados;

3. Ocorreu a formação de tecido conjuntivo, de espessura reduzida, junto a todos os implantes;

4. Partes das fibras liberadas do cimento, por sua absorção, foram envoltas por tecido fibroso, exceto as fibras de carbono; entretanto, nenhum processo inflamatório foi observado;

5. Tempos de implantação superiores a 12 semanas são necessários para uma melhor avaliação do cimento de fosfato de cálcio de dupla pega, com e sem adições de fibras de carbono, polipropileno e náilon.

Agradecimentos

À Fapesp, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, processo 98/00563-3.

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Sobre os autores:

Luís Alberto dos Santos é professor adjunto do Departamento de Materiais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Raúl Garcia Carrodéguas é professor doutor da Universidad de La Habana, Centro de Biomateriales.

João Guilherme Padilha Filho é professor doutor da Faculdade de Ciências Agrícolas e Veterinárias da Universidade Estadual Paulista.

Anselmo Ortega Boschi é professor adjunto do Departamento de Engenharia de Materiais da Universidade Federal de São Carlos.

Antônio Celso Fonseca de Arruda é professor doutor da Faculdade de Engenharia Mecânica da Universidade Estadual de Campinas.

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