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Poder Judiciário JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária do Paraná 13ª Vara Federal de Curitiba

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Academic year: 2021

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Poder Judiciário

JUSTIÇA FEDERAL

Seção Judiciária do Paraná

13ª Vara Federal de Curitiba

Av. Anita Garibaldi, 888, 2º andar - Bairro: Ahu - CEP: 80540-180 - Fone: (41)3210-1681 - www.jfpr.jus.br - Email: prctb13dir@jfpr.jus.br

AÇÃO PENAL Nº 5012331-04.2015.4.04.7000/PR AUTOR: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

RÉU: WALDOMIRO DE OLIVEIRA

ADVOGADO: JEFFREY CHIQUINI DA COSTA RÉU: SONIA MARIZA BRANCO

ADVOGADO: MARCELO AUGUSTO CUSTODIO ERBELLA ADVOGADO: CLAUDIO JOSE LANGROIVA PEREIRA RÉU: SERGIO CUNHA MENDES

ADVOGADO: MARCELO LEONARDO RÉU: ROGERIO CUNHA DE OLIVEIRA

ADVOGADO: MARIA CAROLINA DE MELO AMORIM ADVOGADO: TALITA DE VASCONCELOS MONTEIRO ADVOGADO: LIGIA CIRENO TEOBALDO

ADVOGADO: EDUARDO LEMOS LINS DE ALBUQUERQUE ADVOGADO: CARIEL BEZERRA PATRIOTA

RÉU: RENATO DE SOUZA DUQUE

ADVOGADO: ALEXANDRE LOPES DE OLIVEIRA ADVOGADO: ROBERTO BRZEZINSKI NETO ADVOGADO: RICARDO MATHIAS LAMERS ADVOGADO: RENATO RIBEIRO DE MORAES RÉU: PEDRO JOSE BARUSCO FILHO

ADVOGADO: BEATRIZ LESSA DA FONSECA CATTA PRETA RÉU: PAULO ROBERTO COSTA

ADVOGADO: JOAO MESTIERI

ADVOGADO: JOAO DE BALDAQUE DANTON COELHO MESTIERI ADVOGADO: FERNANDA PEREIRA DA SILVA MACHADO

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ADVOGADO: RODOLFO DE BALDAQUE DANTON COELHO MESTIERI ADVOGADO: EDUARDO LUIZ DE BALDAQUE DANTON COELHO PORTELLA ADVOGADO: CÁSSIO QUIRINO NORBERTO

RÉU: MATEUS COUTINHO DE SA OLIVEIRA ADVOGADO: EDWARD ROCHA DE CARVALHO ADVOGADO: JOSÉ GUILHERME BREDA

ADVOGADO: ANA LUIZA HORN

ADVOGADO: EDUARDO EMANOEL DALLAGNOL DE SOUZA ADVOGADO: JULIANO JOSÉ BREDA

ADVOGADO: LEANDRO PACHANI ADVOGADO: DANIEL MÜLLER MARTINS ADVOGADO: ANDRE SZESZ

ADVOGADO: JOSÉ CARLOS CAL GARCIA FILHO ADVOGADO: FLAVIA CRISTINA TREVIZAN ADVOGADO: BRUNA ARAUJO AMATUZZI

ADVOGADO: VINICIUS DONADELI FORTES DE ALBUQUERQUE RÉU: MARIO FREDERICO DE MENDONCA GOES

ADVOGADO: LIVIA NOVAK DE ASSIS GONCALVES ADVOGADO: MARCO AURELIO PORTO DE MOURA RÉU: LUCELIO ROBERTO VON LEHSTEN GOES ADVOGADO: LUCIO SANTORO DE CONSTANTINO RÉU: JULIO GERIN DE ALMEIDA CAMARGO

ADVOGADO: BEATRIZ LESSA DA FONSECA CATTA PRETA RÉU: JOSE HUMBERTO CRUVINEL RESENDE

ADVOGADO: LEONARDO AUGUSTO MARINHO MARQUES ADVOGADO: THIAGO MARTINS DE ALMEIDA

RÉU: JOSE ADELMARIO PINHEIRO FILHO ADVOGADO: EDWARD ROCHA DE CARVALHO

ADVOGADO: JACINTO NELSON DE MIRANDA COUTINHO ADVOGADO: BRUNA ARAUJO AMATUZZI

RÉU: FRANCISCO CLAUDIO SANTOS PERDIGAO

ADVOGADO: LEONARDO AUGUSTO MARINHO MARQUES ADVOGADO: THIAGO MARTINS DE ALMEIDA

RÉU: DARIO TEIXEIRA ALVES JUNIOR

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ADVOGADO: LUIZ AUGUSTO SARTORI DE CASTRO ADVOGADO: LEONARDO LEAL PERET ANTUNES RÉU: AUGUSTO RIBEIRO DE MENDONCA NETO

ADVOGADO: BEATRIZ LESSA DA FONSECA CATTA PRETA RÉU: ANGELO ALVES MENDES

ADVOGADO: JULIANO DE OLIVEIRA BRASILEIRO ADVOGADO: MAURICIO DE OLIVEIRA CAMPOS JUNIOR ADVOGADO: GUILHERME RIBEIRO GRIMALDI

ADVOGADO: DIOGO JABUR PIMENTA RÉU: ALBERTO YOUSSEF

ADVOGADO: RODOLFO HEROLD MARTINS

ADVOGADO: ANTONIO AUGUSTO LOPES FIGUEIREDO BASTO ADVOGADO: LUIS GUSTAVO RODRIGUES FLORES

ADVOGADO: ADRIANO SÉRGIO NUNES BRETAS RÉU: ALBERTO ELISIO VILACA GOMES

ADVOGADO: CAROLINA DE QUEIROZ FRANCO OLIVEIRA ADVOGADO: PAULA LEMOS DE CARVALHO

ADVOGADO: MARIA FRANCISCA DOS SANTOS ACCIOLY ADVOGADO: MARCELO LEONARDO

RÉU: AGENOR FRANKLIN MAGALHAES MEDEIROS ADVOGADO: EDWARD ROCHA DE CARVALHO

ADVOGADO: JACINTO NELSON DE MIRANDA COUTINHO ADVOGADO: BRUNA ARAUJO AMATUZZI

RÉU: VICENTE RIBEIRO DE CARVALHO RÉU: RENATO VINICIUS DE SIQUEIRA ADVOGADO: DANIEL MÜLLER MARTINS ADVOGADO: JOSÉ CARLOS CAL GARCIA FILHO ADVOGADO: ANDRE SZESZ

ADVOGADO: EDUARDO EMANOEL DALLAGNOL DE SOUZA RÉU: MARCUS VINICIUS HOLANDA TEIXEIRA

ADVOGADO: DANIEL MÜLLER MARTINS ADVOGADO: JOSÉ CARLOS CAL GARCIA FILHO ADVOGADO: ANDRE SZESZ

ADVOGADO: EDUARDO EMANOEL DALLAGNOL DE SOUZA RÉU: LUIZ RICARDO SAMPAIO DE ALMEIDA

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ADVOGADO: JOSÉ CARLOS CAL GARCIA FILHO ADVOGADO: DANIEL MÜLLER MARTINS ADVOGADO: ANDRE SZESZ

ADVOGADO: EDUARDO EMANOEL DALLAGNOL DE SOUZA RÉU: JOSE AMERICO DINIZ

ADVOGADO: LEONARDO AUGUSTO MARINHO MARQUES ADVOGADO: THIAGO MARTINS DE ALMEIDA

RÉU: JOAO VACCARI NETO

ADVOGADO: LUIZ FLAVIO BORGES D URSO RÉU: ADIR ASSAD

ADVOGADO: FLAVIA GUIMARAES LEARDINI ADVOGADO: PAULA STAVROPOULU BARCHA ADVOGADO: MIGUEL PEREIRA NETO

DESPACHO/DECISÃO

1. Trata-se de denúncia formulada pelo MPF contra vinte e sete acusados imputando-lhes os crimes de quadrilha, corrupção e lavagem de dinheiro, e relacionada a assim denominada Operação Lava Jato.

A peça acusatória foi recebida na data de 23/03/2015 (evento 13).

Apresentaram resposta no presente processo: Sergio Mendes (ev. 131), Renato Duque (ev. 137), Waldomiro de Oliveira (ev. 140), Agenor Franklin, José Adelmário e Mateus Coutinho (ev. 141), Adir Assad (ev. 145), Luiz Ricardo Sampaio de Almeida (ev. 161), Paulo Roberto Costa (ev. 163), Renato Vinicius de Siqueira, Marcus Vinicius Holanda Teixeira (ev. 169), Lucélio Goes (evs. 184 e 318), Alberto Elísio Vilaça Gomes (ev. 278), Augusto Ribeiro Mendonça (ev. 282), Julio Gerin de Almeida Camargo (ev. 283), Pedro Barusco (ev. 284), Sonia Mariza Branco (ev. 301), Rogério Cunha de Oliveira (ev. 303), Ângelo Alves Mendes (ev. 306), João Vaccari Neto (ev. 310), José Americo Diniz (ev. 320), José Humberto Cruvinel Resende (ev. 321), Francisco Cláudio Perdigão (ev. 322), Dario Teixeira Alves Junior (ev. 328) e Vicente Ribeiro (ev. 352).

Falta, apenas, a apresentação da peça defensiva de Alberto Youssef (decurso em 13/05).

Pela decisão de 20/04/2015 (evento 205), designei, em vista da existência de acusados presos, audiência para oitiva das testemunhas de acusação e determinei outras providências.

Algumas das Defesas reclamaram de invalidade pela designação antecipada das audiências antes do exame das respostas preliminares, mas o fato é que a medida foi tomada em benefício dos acusados presos que tem direito a um

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procedimento célere. Não se vislumbra com facilidade qual seria o prejuízo decorrente, já que as audiência serão realizadas após a decisão quanto às respostas preliminares.

Passo a examinar as respostas preliminares. Depois, complementarei com a análise da resposta de Alberto Youssef.

2. Sobre as exceções apresentadas, de suspeição, de impedimento, de litispendência e incompetência, serão apreciadas nos autos próprios.

3. Parte das Defesas alegou cerceamento de defesa pela falta de elementos probatórios citados na denúncia.

A questão já foi apreciada e resolvida pela decisão de 20/04/2015 (evento 205), a qual remeto.

4. Parte das Defesas alega que a denúncia é inepta e genérica.

Ora, a denúncia é longa, mas descreve cumprida e circunstanciadamente os fatos delitivos, declinando os motivos de imputação em relação a cada acusado.

Na decisão de recebimento (evento 13), fiz um resumo ao qual remeto. Pode-se eventualmente discordar da denúncia em relação às provas da materialidade e autoria dos crimes, mas isso não diz respeito a vício formal da peça e sim ao mérito, cuja apreciação está reservada ao julgamento.

Igualmente, pelo já exposto na referida decisão do evento 13, não há falar em falta de justa causa, salvo no que se refere ao item seguinte.

5. Quanto às negativas da prática dos crimes formuladas em várias das respostas preliminares, só será possível apreciar após a instrução.

Vários dos acusados, especificamente empregados das empreiteiras nos Consórcios, alegaram de falta de dolo, pois teriam assinado contratos que a Acusação afirma serem fraudulentos por determinação superior e desconhecendo essa condição.

Em princípio, não cabe discutir nessa fase processual a presença do elemento subjetivo. Trata-se de questão de alta indagação cuja resolução pertence ao julgamento.

Entretanto, considerando os depoimentos dos acusados colaboradores, nos quais a denúncia em muito se funda, constata-se que, segundo eles, o conhecimento a respeito da prática dos crimes circunscrevia-se à cúpula diretiva das empresas envolvidas.

É possível, portanto, que subordinados das empreiteiras Mendes Júnior e OAS tenham assinado contratos ideologicamente falsos sem conhecimento pleno dos fatos.

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Nessas condições, reputo mais prudente rever, como requereram as Defesas, o recebimento das denúncias em relação a esses empregados subordinados, rejeitando-as e sem prejuízo de nova denúncia caso surjam novas provas.

Observo que, embora a fase processual em questão não comporte em regra a rejeição da denúncia, trata-se aqui de adotar medida mais benéfica aos acusados em questão.

Assim, e em vista do consignado nas respostas preliminares, revejo, em benefício dos acusados e excepcionalmente, a decisão de recebimento da denúncia, rejeitando-a por falta de justa causa em relação ao elemento subjetivo doloso em relação aos seguintes acusados:

- Luiz Ricardo Sampaio de Almeida, Marcus Vinicius Holanda Teixeira, Renato Vinicios de Siqueira, que eram representantes da OAS e dos Consórcios por ela compostos e teriam assinado contratos ideologicamente falsos; e

- José Humberto Cruvinel Resende, Francisco Claudio Santos Perdigão, Vicente Ribeiro de Carvalho e José Américo Diniz eram os representantes da Mendes Júnior no Consórcio Interpar ou no Consórcio CMMS e teriam assinado contratos ideologicamente falsos.

Tudo isso, sem prejuízo da propositura de ação penal se surgirem novas provas.

Como esses acusados não serão ouvidos mais como acusados, faculto às partes que os arrolem, querendo, como testemunhas a serem ouvidas no processo. Prazo de cinco dias.

6. A Defesa de Renato Duque argumenta que os acordos de colaboração premiada são nulos pois a Lei nº 12.850/2013 não poderia ser aplicada retroativamente. Aqui um equívoco, pois a Lei n.º 12.850/2013 inovou basicamente no que diz respeito ao procedimento da realização dos acordos de colaboração, já que existiam normas anteriores que conferiam benefícios materiais a criminosos colaboradores, v.g. arts. 13 a 15 da Lei nº 9.807/1999. Quanto às normas procedimentais, aplicam-se as inovações de imediato, não havendo proibição de aplicação a crimes pretéritos, conforme regra expressa do art. 2º do CPP.

Então não há nulidade a ser reconhecida pela causa apontada.

7. Alega a Defesa de Lucélio Goes que o acordo de colaboração premiada de Alberto Youssef seria inválido poque ele teria quebrado anterior acordo de colaboração premiada celebrada no Caso Banestado. O acordo seria inválido porque o colaborador careceria de credibilidade.

Ora, a palavra de um criminoso colaborador deve ser sempre corroborada por outras provas e não há qualquer óbice para que os delatados questionem a credibilidade do depoimento do colaborador e a corroboração dela por outras provas.

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Entretanto, em qualquer hipótese, não podem ser confundidas questões de validade com questões de valoração da prova.

Argumentar, por exemplo, que o colaborador é um criminoso profissional ou que descumpriu acordo anterior é um questionamento da credibilidade do depoimento do colaborador, não tendo qualquer relação com a validade do acordo ou da prova.

Questões relativas à credibilidade do depoimento resolvem-se pela valoração da prova, com análise da qualidade dos depoimentos, considerando, por exemplo, densidade, consistência interna e externa, e, principalmente, com a existência ou não de prova de corroboração.

Então não há qualquer invalidade a ser reconhecida, não sendo o caso de confundir o plano da validade com o da valoração das provas. Quanto à valoração, cabe ela apenas quando do julgamento.

8. Questiona a Defesa de Lucélio Goes a separação das imputações decorrentes do esquema criminoso da Petrobrás em diversas ações penais.

Já abordei a questão na decisão de recebimento da denúncia.

Reputo razoável a iniciativa do MPF de promover o oferecimento separado de denúncias sobre os fatos delitivos.

Apesar da existência de um contexto geral de fatos, a formulação de uma única denúncia, com dezenas de fatos delitivos e acusados, dificultaria a tramitação e julgamento, violando o direito da sociedade e dos acusados à razoável duração do processo.

Também não merece censura a não inclusão na denúncia dos crimes de formação de cartel e de frustração à licitação. Tais crimes são descritos na denúncia apenas como antecedentes à lavagem e, por força do princípio da autonomia da lavagem, bastam para processamento da acusação por lavagem indícios dos crimes antecedentes (art. 2º, §1º, da Lei nº 9.613/1998). Provavelmente, entendeu o MPF que a denúncia por esses crimes específicos demanda aprofundamento das investigações para delimitar todas as circunstâncias deles.

Apesar da separação da persecução, oportuna para evitar o agigantamento da ação penal com dezenas de crimes e acusados, remanesce o Juízo como competente para todos, nos termos dos arts. 80 e 82 do CPP.

Então o procedimento adotado não fere a lei, ao contrário encontra respaldo expresso nela.

9. Questionam as Defesas de Renato Duque, Agenor Franklin, José Adelmário e Mateus Coutinho a validade da interceptação das comunicações realizadas pelo Blackberry Messenger, alegando que seria necessária cooperação jurídica internacional.

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Importante destacar, primeiro, que o resultado da prova decorrente da interceptação do Blackberry tem uma importância muito pequena no processo.

Para as Defesas que levantaram a questão, tem talvez alguma relevância para Mateus Coutinho, já que citado em troca de mensagens por Alberto Youssef com terceiro.

Para os demais, sequer foram interceptados pelo Blackberry.

Quanto à alegação da Defesa de Agenor, Aldemário e Mateus de que a interceptação do Blackberry consistiria na origem do caso, não corresponde minimamente à realidade dos autos, já que as provas mais relevantes são quebras de sigilo bancário e fiscal, além de depoimentos de testemunhas e de acusados. Se a Defesa pretende alegar que há alguma prova ilícita por derivação deve demonstrar o nexo causal, não bastando alegação genérica.

Ainda que assim não fosse, não há qualquer vício na prova.

No processo de interceptação telefônica 5026387-13.2013.404.7000, foi autorizada interceptação telefônica e telemática de Carlos Habib Chater por supostos crimes financeiros e de lavagem de dinheiro. Posteriormente, identificado grupo criminoso dirigido por Alberto Youssef com o qual os ora investigados teriam interagido, houve desmembramento dos feitos e das investigações, passando a interceptação telefônica e telemática desse grupo a ser realizada no processo 5049597-93.2013.404.7000.

A interceptação telemática abrangeu mensagens trocadas através do Blackberry Messenger.

Nada há de ilegal em ordem de autoridade judicial brasileira de interceptação telemática ou telefônica de mensagens ou diálogos trocados entre pessoas residentes no Brasil e tendo por objetivo a investigação de crimes praticados no Brasil, submetidos, portanto, à jurisdição nacional brasileira.

O fato da empresa que providencia o serviço estar sediada no exterior, a RIM Canadá, não altera o quadro jurídico, máxime quando dispõe de subsidiária no Brasil apta a cumprir a determinação judicial, como é o caso, a Blackberry Serviços de Suporte do Brasil Ltda.

Essas questões foram esclarecidas no ofício 36 e na decisão de 21/08/2013 (evento 39) do processo conexo 5026387-13.2013.404.7000.

A cooperação jurídica internacional só seria necessária caso se pretendesse, por exemplo, interceptar pessoas residentes no exterior, o que não é o caso, pois tanto os ora acusados, como todos os demais investigados na Operação Lavajato residem no Brasil.

Com as devidas adaptações, aplicáveis os precedentes firmados pelo Egrégio TRF4 e pela Egrégia Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça quando da discussão da validade da interceptação de mensagens enviadas por residentes no Brasil utilizando os endereços eletrônicos e serviços disponibilizados pela Google.

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Do TRF4:

"MANDADO DE SEGURANÇA. INVESTIGAÇÃO CRIMINAL. QUEBRA DE SIGILO. EMPRESA 'CONTROLADORA ESTRANGEIRA. DADOS ARMAZENADOS NO EXTERIOR. POSSIBILIDADE DE FORNECIMENTO DOS DADOS.

1. Determinada a quebra de sigilo telemático em investigação de crime cuja apuração e punição sujeitam-se à legislação brasileira, impõe-se ao impetrante o dever de prestar as informações requeridas, mesmo que os servidores da empresa encontrem-se em outro país, uma vez que se trata de empresa constituída conforme as leis locais e, por este motivo, sujeita tanto à legislação brasileira quanto às determinações da autoridade judicial brasileira.

2. O armazenamento de dados no exterior não obsta o cumprimento da medida que determinou o fornecimento de dados telemáticos, uma vez que basta à empresa controladora estrangeira repassar os dados à empresa controlada no Brasil, não ficando caracterizada, por esta transferência, a quebra de sigilo. 3. A decisão relativa ao local de armazenamento dos dados é questão de âmbito organizacional interno da empresa, não sendo de modo algum oponível ao comando judicial que determina a quebra de sigilo.

4. Segurança denegada. Prejudicado o agravo regimental." (Mandado de Segurança nº 5030054-55.2013.404.0000/PR - Rel. Des. Federal João Pedro Gebran Neto - 8ª Turma do TRF4 - un. - j. 26/02/2014)

Da Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça:

"QUESTÃO DE ORDEM. DECISÃO DA MINISTRA RELATORA QUE DETERMINOU A QUEBRA DE SIGILO TELEMÁTICO (GMAIL) DE INVESTIGADOS EM INQUÉRITO EM TRÂMITE NESTE STJ. GOOGLE BRASIL INTERNET LTDA. DESCUMPRIMENTO. ALEGADA IMPOSSIBILIDADE. INVERDADE. GOOGLE INTERNATIONAL LLC E GOOGLE INC. CONTROLADORA AMERICANA. IRRELEVÂNCIA. EMPRESA INSTITUÍDA E EM ATUAÇÃO NO PAÍS. OBRIGATORIEDADE DE SUBMISSÃO ÀS LEIS BRASILEIRAS, ONDE OPERA EM RELEVANTE E ESTRATÉGICO SEGUIMENTO DE TELECOMUNICAÇÃO. TROCA DE MENSAGENS, VIA E-MAIL , ENTRE BRASILEIROS, EM TERRITÓRIO NACIONAL, COM SUSPEITA DE ENVOLVIMENTO EM CRIMES COMETIDOS NO BRASIL. INEQUÍVOCA JURISDIÇÃO BRASILEIRA. DADOS QUE CONSTITUEM ELEMENTOS DE PROVA QUE NÃO PODEM SE SUJEITAR À POLÍTICA DE ESTADO OU EMPRESA ESTRANGEIROS. AFRONTA À SOBERANIA NACIONAL. IMPOSIÇÃO DE MULTA DIÁRIA PELO DESCUMPRIMENTO." (Questão de Ordem no Inquérito 784/DF, Corte Especial, Relatora Ministra Laurita Vaz -por maioria - j. 17/04/2013)

A própria empresa Google Inc. e a sua subsidiária no Brasil, Google do Brasil, após essas controvérsias, passaram, como é notório, cumprir as ordens de interceptação das autoridades judiciais brasileiras sem novos questionamentos.

Recusar ao juiz brasileiro o poder de decretar a interceptação telemática ou telefônica de pessoas residentes no Brasil e para apurar crimes praticados no Brasil representaria verdadeira afronta à soberania nacional e capitis diminutio da jurisdição brasileira.

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Seguindo a argumentação defendida pelas Defesas, seria o mesmo que, com consequência necessária, concordar que a Justiça estrangeira pudesse interceptar cidadãos ou residentes brasileiros tão só pelo fato do sistema de comunicação utilizado ser disponibilizado por empresa residente no exterior, como a Google, a Microsoft ou a própria a RIM Canadá.

Tratando-se de questão submetida à jurisdição brasileira, desnecessária cooperação jurídica internacional.

Impertinente, portanto, a alegação da Defesa de que teria havido violação do Tratado de Assistência Mútua em Matéria Penal entre o Brasil e o Canadá e que foi promulgado no Brasil pelo Decreto nº 6747/2009. Não sendo o caso de cooperação, o tratado não tem aplicação.

Não se tem, aliás, notícia de que qualquer autoridade do Governo canadense tenha emitido qualquer reclamação quanto à imaginária violação do tratado de cooperação mútua.

Oportuno lembrar que o descumprimento de compromissos internacionais geram direitos às Entidades de Direito Internacional lesadas e não, por evidente, a terceiros. Cabe, portanto, aos Estados partes a reclamação. A ausência de qualquer reclamação das autoridades canadenses acerca da suposta violação é um sinal que não há violação nenhuma.

Tendo a Justiça brasileira jurisdição para ordenar interceptação telemática de troca de mensagens através do Blackberry Messenger quando os crimes ocorreram no Brasil e quando os interlocutores são residentes no Brasil, não tem a menor relevância a questão relativa à forma de implementação da diligência, se os ofícios judiciais ou da autoridade policial foram entregues a X ou a Y, se foram selados ou não, se o endereço foi escrito corretamente, com utilização de letra cursiva ou não. Essas são questiúnculas relativas à formalidades, sendo apenas relevante se atenderam ou não a finalidade da realização da diligência e se foram ou não autorizadas judicialmente, questões já respondidas no sentido afirmativo.

Portanto, não há invalidade a ser reconhecida, como também já reconheceu, por unanimidade, o Egrégio Tribunal Regional Federal da 4ª Região no julgamento do HC 5023642-74.2014.404.0000 em ação penal conexa.

Indefiro, portanto, o reconhecimento da ilicitude desta prova.

10. Alegam as Defesas de Agenor Franklin, José Adelmário e Mateus Coutinho que o depoimento prestado por Alberto Youssef na ação penal 5026212-82.2014.404.7000 seria ilícito por violação do direito ao silêncio do acusado.

Quanto a esta questão, sem analisar o mérito dela, observo que somente a Defesa de Alberto Youssef pode reclamar quanto a eventual violação do direito ao silêncio de seu cliente na referida audiência.

Não obstante, a Defesa de Alberto Youssef estava presente na ocasião e não apresentou qualquer objeção ao depoimento de seu cliente.

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Assim, não faz qualquer sentido que esse tipo de alegação.

Agregue-se que o depoimento em questão é mero elemento informativo da denúncia e Alberto Youssef será ouvido na presente ação penal, sob contraditório, que é o que será considerado para avaliação probatória quando do julgamento.

11. Quanto ao argumento da Defesa de Alberto Elísio Vilaça de que ele teria deixado a Mendes Júnior em 30/03/2011, observo que a denúncia reporta-se a fatos, inclusive pagamento de propina, ocorrido anteriormente a esta data, especialmente no âmbito do Consórcio Interpar, não sendo ele causa para absolvição sumária.

Além disso, o coacusado Augusto Mendonça declarou que Alberto Vilaça tinha conhecimento do pagamento de propina nos contratos efetuados pelos Consórcios.

Então a questão deve ser deixada para o julgamento.

12. José Américo Diniz (evento 320) coloca a disposição seu sigilo fiscal e bancário ao MPF, que apresentaria em separado.

José Humberto Cruvinel Resente (evento 321) apresenta rol de testemunhas e requer perícia grafotécnica para demonstrar que a assinatura do contrato com a empresa Rio Marine não é sua.

Francisco Cláudio Santos Perdigão (evento 321) coloca a disposição seu sigilo fiscal e bancário ao MPF, que apresentaria em separado.

Vicente Ribeiro de Carvalho (evento 352) coloca a disposição seu sigilo fiscal e bancário ao MPF, que apresentaria em separado.

Os requerimentos ficam prejudicados pelo constante no item 5, retro. 13. Alega a Defesa de Dario Teixeira invalidade da busca e apreensão ordenada em sua residência, uma vez que teria que ter sido expedida carta precatória.

Para apreciar a questão, necessário que a Defesa indique se na busca foi colhido algum elemento probatório relevante que necessite ser excluído, se positivo discriminando.

A medida visa evitar discussão sobre questão em abstrato sem reflexo concreto para o presente feito. Concedo o prazo de cinco dias para esclarecimento.

14. As Defesas de Sergio Mendes e Alberto Elísio pleitearam a requisição dos seguintes documentos juntoà Petrobras:

"a) Cópias das ATAS de reuniõesentre equipe da PETROBRAS e equipe da MENDES JUNIOR (ou dos Consórcios INTERPARe CMMS de que esta participou), relativas a negociação do preço da propostaapresentada, que antecederam a assinatura do contrato, em relação a cada umadas duas obras citadas na denúncia, isto é REPAR e REPLAN;

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b) Cópias da ATAS de reuniões entreequipe da PETROBRÁS e equipe da MENDES JUNIOR (ou dos Consórcios INTERPAR eCMMS de que esta participou), relativas a negociação que antecedeu a assinaturade cada um dos diversos ADITIVOS de contratos, em relação acada uma das duas obras citadas na denúncia, isto é REPAR e REPLAN;

c) Cópia dos RELATÓRIOS e PARECERESelaborados pela equipe da PETROBRÁS e por seu Jurídico, quesubsidiaram as decisões da diretoria executiva da PETROBRÁS, para aprovação daassinatura de contratos e de cada um dos aditivos, em relação a cada uma dasduas obras citadas na denúncia, isto é REPAR e REPLAN;"

Defiro a requisição desses documentos. Entendo que a requisição supre o pedido mais genérico de requisição feito pela Defesa deÂngelo Mendes. Se assim não for, deve essa Defesa melhor explicitar eventuaisoutros documentos.

Intime-se a Petrobras, na pessoa de seus advogados, para os apresentarem, se muito extensos em mídia separada a ser apresentada em Secretaria. Prazo de 20 dias.

15. As Defesas de Sergio Mendes, Agenor Franklin, José Adelmário, Mateus Coutinho, Alberto Elísio, Sônia Branco e Ângelo Mendes requereram a realização de perícia para apurar a ocorrência de superfaturamento ou sobrepreço nas obras.

Manifestamente desnecessária a perícia considerando os termos da imputação.

A denúncia abrange apenas os crimes de lavagem de dinheiro, corrupção, associação criminosa e uso de documento falso.

Segundo a denúncia, o crime de lavagem teria por antecedentes os crimes de formação de cartel e de frustração à licitação, que não foram incluídos na denúncia e que foram reportados apenas como antecedentes à lavagem.

Em grande síntese, segundo o MPF, as empreiteiras previamente combinariam entre eles a vencedora das licitações da Petrobrás. A premiada apresentaria proposta de preço à Petrobras e as demais dariam cobertura, apresentando propostas de preço maiores. A propina aos diretores teria por objetivo que estes facilitassem o esquema criminoso, convidando à licitação apenas às empresas componentes do Clube.

A proposta da empreiteira vencedora não superaria o limite de preço admitido pela Petrobrás (20% acima do custo estimado), mas o ajuste permitia que a licitante vencedora apresentasse preço próximo a esse limite sem concorrência real.

Nessa descrição, quer os preços sejam ou não compatíveis com o mercado, isso não afastaria os crimes, pois teria havido cartel e fraude à licitação, gerando produto de crime posteriormente utilizados para pagamento de propina e submetidos a esquemas de lavagem.

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No contexto da imputação, a perícia pretendida, para verificar ou não a ocorrência de superfaturamento, é irrelevante, pois não tem qualquer relação com a procedência ou não da acusação.

Além disso, como restou notório, a Petrobrás recentemente publicou seu balanço de 2014, tendo escolhido estimar as perdas em seus ativos com a corrupção calculando o percentual de 3% sobre as obras afetadas, o que corresponderia ao montante de propina pago segundo os depoimentos dos acusados colaboradores.

A própria Petrobrás, como se constata no balanço, entendeu inviável realizar apuração para verificar o eventual superfaturamento das obras, preferindo a metodologia acima.

Se a própria Petrobrás, com recursos técnicos muito superiores aos disponíveis da Polícia Federal, descartou a produção de tal prova e até hoje não logrou dimensionar, salvo com a metodologia acima, os possíveis prejuízos nessas obras sofridos com a corrupção, é evidente que não há condições técnicas para realizar essa prova no âmbito do presente processo judicial. Seria necessário contratar uma empresa especializada, com custos milionários, para o que não há recursos judiciais disponíveis, e o trabalho, além da duvidosa possibilidade de chegar a bom termo, levaria meses ou anos, incompatível com a razoável duração do processo.

Assim, por tratar a perícia requerida de prova custosa e demorada, nesse caso possivelmente inviável tecnica e financeiramente, e por ser igualmente irrelevante em vista da imputação específica ventilada nestes autos, indefiro tal prova pericial, o que faço com base no art. 400, §1º, do CPP, e com base nos precedentes das instâncias recursais e superiores, entre eles o seguinte:

"HABEAS CORPUS. INDEFERIMENTO DE PROVA. SUBSTITUIÇÃO DO ATO COATOR. SÚMULA 691. 1. Não há um direito absoluto à produção de prova, facultando o art. 400, § 1.º, do Código de Processo Penal ai juiz o indeferimento de provas impertinentes, irrelevantes e protelatórias. Cabíveis, na fase de diligências complementares, requerimentos de prova cuja necessidade tenha surgido apenas no decorrer da instrução. Em casos complexos, há que confiar no prudente arbítrio do magistrado, mais próximo dos fatos, quanto à avaliação da pertinência e relevância das provas requeridas pelas partes, sem prejuízo da avaliação crítica pela Corte de Apelação no julgamento de eventual recurso contra a sentença. 2. Não se conhece de habeas corpus impetrado contra indeferimento de liminar por Relator em habeas corpus requerido a Tribunal Superior. Súmula 691. Óbice superável apenas em hipótese de teratologia. 3. Sobrevindo decisão do colegiado no Tribunal Superior, há novo ato coator que desafia enfrentamento por ação própria." (HC 100.988/RJ - Relatora para o acórdão: Min. Rosa Weber - 1ª Turma - por maioria - j. 15.5.2012)

Fica então indeferida essa prova.

16. A Defesa de Agenor Franklin, José Adelmário e Mateus Coutinho requereu ainda perícia na interceptação telefônica e telemática para "para provar o procedimento utilizado pela autoridade policial diante de inadequações cabais às regras pertinentessobre o tema, seja para provar a não veracidade das mensagens".

(14)

Não se faz em regra perícia sobre interceptação a não ser que exista razão concreta.

O requerimento da prova não apresenta nenhuma, nem sequer discrimina diálogos ou mensagens cuja autenticidade questiona.

Então, a fim de apreciar o requerido, deve a Defesa esclarecer o que pretende, inclusive os diálogos e mensagens cuja autenticidade questiona. Prazo de cinco dias.

17. Questiona a Defesa de Agenor Franklin, José Adelmário e Mateus Coutinho a validade dos relatórios de inteligência financeira colhidos no Conselho de Controle de Atividades Financeiras e juntados aos autos da investigação. Pede que seja oficiado ao COAF para que informe por quem, como, e de que forma foram requisitados.

Em realidade, o que existe aqui é um questionamento da validade da prova, alegando a Defesa que não existem decisões judiciais que autorizaram a obtenção dessa informação.

Ora, em princípio, a comunicação de operação suspeita de lavagem da instituição financeira para o COAF e deste para autoridade judicial não está sujeita à prévia quebra de sigilo bancário, como previsto naLei nº 9.613/1998.

De todo modo, querendo questionar a prova em questão,que aparentemente não instrui a denúncia, deve a Defesa melhor identificar os relatórios cuja validade da obtenção questiona e a sua relação com as provas que instruem a presente ação penal, a fim de demonstrar pertinência da argumentação para o caso concreto, não cabendo decisão judicial em abstrato.Prazo de cinco dias.

18. A Defesa de Rogério Cunha alega que o MPF não poderia apresentar nova denúncia relativamente ao Consórcio Interpar e o Consórcio CMMS relativamente ao pagamento de vantagem indevida à Diretoria de Serviços, mas sim deveria ter aditado a denúncia da ação penal 5083401-18.2014.404.7000 e que tem por objeto o pagamento de vantagem indevida à Diretoria de Abastecimento.

Ora, a ação penal 5083401-18.2014.404.7000 está em fase adiantada, de alegações finais.

Poderia eventualmente o MPF aditá-la, como também poderia apresentar nova denúncia já que os crimes que são objeto de uma e outra, apesar de conexos, são distintos.

Não há base legal para a pretensão da Defesa em reclamar que o MPF tivesse aditado a denúncia e não apresentado denúncia conexa. A escolha está no âmbito da liberdade profissional do MPF. Indefiro o requerido.

19. Alega a Defesa de Angelo Mendes que a presente ação penal deveria ser reunida com a ação penal 5083401-18.2014.404.7000 para julgamento conjunto.

(15)

Inviável a medida, pois não há identidade completa de partes e porque a ação penal 5083401-18.2014.404.7000 está já em fase adiantada, de alegações finais.

20. A Defesa de Mario Goes arrolou vinte e oito testemunha, várias residentes em outros países (Reino Unido, Estados Unidos, Alemanha, Grécia, França e Noruega).

Rigorosamente, uma na Alemanha, duas na Noruega, três nos Estados Unidos, uma na França e três no Reino Unido.

Foi a Defesa intimada para demonstrar a imprescindibilidade da prova nos termos do art. 222-A do CPP.

A Defesa, no evento 208, alegou que o objetivo é demonstrar que o acusado teria grande expertise na área de óleo e gás e a efetiva prestação de serviços pelo acusado e sua empresa a multinacionais.

Ora, no processo, há acusados presos cautelarmente. Ouvir testemunhas no exterior com acusado presos cautelarmente é na prática inviável em decorrência da usual demora dos mecanismos de cooperação jurídica internacional.

Por outro lado, os fatos narrados na denúncia ocorreram em território nacional.

Os contratos da Rio Marine que, segundo a denúncia, teriam sido fraudados foram firmados com empresas brasileiras e seriam relativas a supostos serviços prestados no Brasil, tendo aliás gerado emissão de notas fiscais no Brasil.

Seriam eles contratos do Consórcio CMMS com a empresa Riomarine Oil e Gás, para prestação de consultoria nas obras da Refinaria de Paulínea, em São Paulo, e contratos da Construtora OAS/Consórcio Gasam com a empresa Riomarine Oil e Gás, para prestação de serviços de consultoria relativamente a obras da Petrobrás também no Brasil.

Por outro lado, os fatos ocorridos no exterior imputados a Mario Goes são bem determinados.

Segundo a denúncia propina das obras da Petrobras foi repassada para conta Maranelle Investiments Inc mantida no Deutsche Bank em Frankfurt e para a Phad Corporation mantida no Banco Safra na Suíça e destas duas para Pedro Barusco e Renato Duque em contas na Suíça.

Então o que interessa ao feito não é eventual consultoria prestada pelo acusado Mario Goes no exterior, mas os serviços supostamente prestados em relação a essas obras no Brasil e com contratantes brasileiros e, quanto aos fatos no exterior, apenas as transações bancárias em favor de Renato Duque e Pedro Barusco.

Não vislumbrando este Juízo um nexo entre esses fatos e a prova pretendida, ainda que com a justificativa apresentada pelo acusado, não há como considerar imprescindível a oitiva de nove testemunhas no exterior, em cinco países diferentes.

(16)

Faculto, porém, à Defesa, querendo, trazer as testemunhas em questão ao Brasil para serem ouvidas ou juntar declarações subscritas as quais serão examinadas.

Indefiro, portanto, a oitiva das testemunhas no exterior arroladas por Mario Goes.

21. Requer a Defesa de Rogério Cunha o traslado como prova emprestada de depoimentos prestados na ação penal 5083401-18.2014.404.7000, bem como de documentos (itens1 e 2 do evento 303). Para viabilizar o traslado, deve a Defesa indicar a exata localização dessas provas na referida ação penal. Prazo de cinco dias.

22. Defesa de Rogério Cunha indicou testemunhas sem endereço e que supostamente trabalhariam na empresa Toyo Setal (evento 303). A Toyo Setal não é parte neste feito e é ônus da Defesa indicar as testemunhas com endereço completo. Assim, concedo o prazo de cinco dias para indicaçao do nome completo e endereço dessas testemunhas sob pena preclusão.

23. A Defesa de Ângelo Mendes reclama cerceamento de defesa por falta de acesso a inquéritos mencionados na peça (fls. 07 e 08).

Ora, estando a Defesa cadastrada na presente ação penal, tem acesso a todos os processos conexos, inclusive a aqueles alimencionados.

Deve a Defesa estar cometendo algum equívoco no procedimento utilizado para acesso. Assim, deverá para resolvê-lo contatar diretamente à Secretaria deste Juízo por telefone ou vir aqui pessoalmente para que possa ser verificadoo problema havido.

Não cabe devolução de prazo para a defesa se o óbice de acesso não é provocado por este Juízo mas por equívoco da Defesa.

24. Pleiteia a Defesa de Ângelo Mendes acesso irrestrito ao procedimento 5075916-64.2014.404.7000 do acordo de colaboração de Pedro Barusco.

A Defesa já teve acesso aos elementos probatórios decorrentes do acordo e ao próprio texto do acordo. O acesso aos autos do próprio procedimento, porém, deve ser limitado, uma vez que envolve até questões de segurança relativamente ao acusado colaborador.

25. Reclamaram algumas Defesas acesso aos depoimentos gravados dos acusados e testemunhas que celebraram acordo de colaboração com o MPF.

Observo que as Defesas desde o início tiveram acesso aos depoimentos escritos, sendo difícil vislumbrar o interesse no acesso aos vídeos e áudios, máxime quando as mesmas pessoas irão prestar depoimentos em Juízo.

De todo modo, pelo despacho de 20/04/2015 (evento 20), já foi disponibilizado o áudio e vídeo dos depoimentos de Pedro Barusco, Augusto Mendonça e Julio Gerin.

(17)

A medida não se aplica aos depoimentos de Alberto Youssef e de Paulo Roberto Costa, uma vez que o acordo foi homologado pelo Supremo Tribunal Federal e eventual requerimento deverá ser dirigido aquela Corte.

Intime-se, porém, o MPF para também disponibilizar na Secretaria deste Juízo o áudio e vídeo dos depoimentos de Dalton Avancini e Eduardo Leite pertinentes a este feito. Prazo de cinco dias.

26. A Defesa de Agenor Franklin, José Adelmário, José Ricardo ??, Mateus Coutinho, Luiz Ricarco e Marcus Vinicius arrolou como testemunha John McNeely da Blackberry residente no Canadá e ainda o Ministro da Justiça brasileiro, José Eduardo Cardoso.

Consignei o que segue no despacho do evento 205:

"As Defesas de Agenor Franklin, José Adelmário, Mateus Coutinho Marcus Vinicius e Renato Vinicius arrolaram testemunha residente no exterior e ainda como testemunha o Ministro da Justiça do Brasil.

Para ambas, depreende-se que o objetivo das Defesas é de questionar validade da interceptação do Blackberry Messenger.

Em princípio, não se justifica ouvir testemunha no exterior e ainda o Ministro da Justiça do Brasil para discutir a validade da interceptação, pretendendo transformar questão de direito em questão de fato.

De todo modo, antes de decidir, concedo às Defesas o prazo de cinco dias para esclarecimento do propósito dessas testemunhas."

A Defesa apresentou a petição do evento 351. Confirmou que o objetivo da oitiva de John McNeely é demonstrar invalidade da interceptação do Blackberry e alegou que não pode ser obrigada e esclarecer porque pretende a oitiva do Ministro da Justiça.

Relativamente ao primeiro ponto, a importância da interceptação do Blackberry para este processo é muito residual como já apontado no item 9. Ademais, já afirmou a validade da prova. Se for o caso a Defesa pode questionar, mas não cabe transformar questão de validade em questão de fato.

No contexto, impossível considerar a oitiva de testemunha no Canadá, prova custosa e demorada, máxime quando há acusados presos, como diligência imprescindível nos termos do art. 222-A do CPP.

Então indefiro essa prova.

Quanto à recusa da Defesa em esclarecer o motivo de ter arrolado o Ministro da Justiça como testemunha, reitero o que já consinei no item 15, inclusive com precedentes do Supremo Tribunal Federal, de que não há um direito absoluto à produção de provas.

O art. 400, §1º, do CPP, confere ao Juízo a oportunidade de controlar, com prudência, a relevância e a pertinência das provas requeridas. Se a lei confere ao juiz este poder, também lhe outorga os meios necessário.

(18)

O Direito é arte da prudência e o exercício do razoável. Não vislumbro qualquer arbitrariedade na solicitação, ainda que como exceção, de esclarecimentos à Defesa acerca do motivo de ter arrolada uma testemunha cuja oitiva gera ônus, como um agente político já que necessário seguir o procedimento do art. 221 do CPP.

Além disso, não se justifica, por mero capricho, tomar inutilmente o tempo de agente político como o Ministro da Justiça, já que é evidente que ele tem seus afazeres em prol do serviço público.

No contexto, parece óbvio que o objetido da Defesa é ouvir o Ministro da Justiça para que ele fale a respeito da interceptação do Blackberry, o que, além de insólito, não tem qualquer relevância para o processo como já consignado.

Aliás, a mesma Defesa já pretendeu ouvir o Ministro da Justiça do Canadá sobre o mesmo tema, o que seria ainda mais insólito, na ação penal conexa 5083376-05.2014.404.7000, tendo tido a sabedoria de, diante de ressalva do Juízo, reconsiderar o seu requerimento.

A recusa da Defesa em esclarecer os motivos do arrolamento apenas confirmam a compreensão do Juízo de que a prova pretendida é irrelevante e protelatória.

Assim e com base no art. 400, §1º, do CPP, indefiro também tal prova. Caso a Defesa, revendo essa posição, esclareça a relevância do depoimento, por exemplo no sentido de que a oitiva não tenha a ver com a interceptação do Blackberry, poderei rever o indeferimento.

27. Sobre o requerido no evento 409, já houve apuração administrativa do fato, concluindo-se que não houve escuta ambiental.

Ademais, como já consignei antes, não há qualquer prova nos autos resultante da suposta escuta ambiental e não é possível vislumbrar mesmo hipoteticamente qualquer prova nestes autos ou em todas as demais ações penais que poderia ser direta ou indiretamente derivada da suposta diligência.

De todo modo, tendo este julgador sido também surpreendido pela notícia, verificará exatamente o ocorrido e tomará as providências cabíveis para esclarecer os fatos, trazendo a informação aos autos.

28. Faço alguns apontamentos para registro.

Sobre o requerido na petição do evento 415, vale o que já consignei no despacho do evento 354:

"Dispenso o comparecimento dos acusados nas audiências destinadas à oitiva das testemunhas arroladas pela Acusação, sob a condição de que a intimação para os demais atos processuais seja realizada na pessoa de seus advogados. Ausência será interpretada como efetiva concordância."

A Defesa de Augusto Mendonça prestou esclarecimentos eapresentou documentos (evento 282).

(19)

A Defesa de Julio Gerin prestou esclarecimentos eapresentou documentos (evento 283).

A Defesa de Pedro Barusco prestou esclarecimentos (evento 284).

MPF juntou novos documentos no evento 396.

29. Como adiantei, após a oitiva das testemunhas de acusação, desmembrarei o feito, já que o excesso de acusados é incompatível a necessidade de processo e julgamento célere dos acusados presos.

Avaliando a conexão lógica entre acusados e fatos, adianto que manterei no feito principal apenas:

- Adir Assad, (seis testemunhas em Itatiba/SP e São Paulo/SP, uma sem endereço completo - evento 397),

- Alberto Youssef,

- Augusto Ribeiro de Mendonça Neto (sem testemunhas, evento 282),

- Dario Teixeira Alves Júnior (seis testemunhas em Itatiba/SP e São Paulo/SP, uma sem endereço completo - evento 328),

- João Vaccari Neto (oito testemunhas em Brasília, Porto Alegre e São Paulo/SP, evento 310);

- Júlio Gerin e Almeida Camargo (sem testemunhas, evento 283),

- Lucélio Roberto Von Lehsten Goes (quinze testemunhas no Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, Niterói, Porto Alegre, Bragança Paulista/SP, com alguns endereços incompletos, eventos 184 e 318,

- Mario Frederico Mendonça Goes,

- Paulo Roberto Costa (sem testemunhas, evento 163), - Pedro José Barusco Filho (sem testemunhas, evento 284),

- Renato de Souza Duque (trinta e duas testemunhas que seriam empregados da Petrobrás, uma outra no Rio, uma outra em Salvador/BA, e ainda outra no exterior);

- Sonia Mariza Branco (seis testemunhs no Rio de Janeiro/RJ e em São Paulo/SP, algumas com endereço incompleto, e uma em Londres, evento 301).

Desde logo, obtenha a Secretaria datas e expeça precatórias para a oitiva das testemunhas relativamente a esses acusados, com a ressalva daqueles com endereço incompleto ou os dois deputados federais arrolados por João Vaccari, já que se aguardam esclarecimentos da Defesa.

(20)

5012331-04.2015.4.04.7000 700000688978 .V24 SFM© SFM

Designo as datas de 10 e 12/06, às 14:00, para oitiva das testemunhas de defesa arroladas por Renato Duque e que seriam empregados da Petrobrás, dezesseis em cada data (evento 349, com endereço na Av. República do Chile, 65, 20º andar, sala 2002, Ala Sul, Centro, Rio de Janeiro).

Expeça-se precatória para intimação das testemunhas.

Solicito os especiais préstimos da Petrobrás para trazer as testemunhas para serem ouvidas em Curitiba, na referida data e horário, dezessseis em cada dia. Deverá a Petrobras, no prazo de cinco dias, confirmar se referidas pessoas são mesmo sues empregados e esclarecer se pode trazê-las. Poderá definir com elas as melhores datas para uma e outra e não havendo preferências, seguir a ordem de arrolamento. Fica a Petrobrás intimada.

Requisite-se, para a audiência, os acusados presos Alberto Youssef, Renato Duque, Mario Goes e Adir Assad.

Intimarei os demais acusados pessoalmente nas audiências da próxima semana.

30. Ciência ao MPF, Defesas e Petrobrás desta decisão. Devem as partes atentar para as intimações específicas, inclusive quanto à revisão parcial do recebimento da denúncia (item 5).

Curitiba, 13 de maio de 2015.

Documento eletrônico assinado por SÉRGIO FERNANDO MORO, Juiz Federal, na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março de 2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código verificador 700000688978v24 e do código CRC e6f20df8.

Informações adicionais da assinatura: Signatário (a): SÉRGIO FERNANDO MORO Data e Hora: 13/05/2015 12:01:19

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