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Monitoramento da Qualidade de Dados em Sistemas de Informação para Saúde Pública

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Academic year: 2021

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Monitoramento da Qualidade de Dados em

Sistemas de Informação para Saúde Pública

Rafael Henrique Arashiro1, Mary Caroline Skelton2

1. Tecnólogo em Processamento de Dados pela Faculdade de Tecnologia de São Paulo, Especialista em Gestão de Projetos e Processos Organizacionais pelo Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza.

2. Professora Doutora de Teleodontologia e Endodontia na FOUSP, Projetista e Coordenadora do Núcleo de Teleodontologia/Telessaúde (NTo-Ts) CPDigi FOUSP, São Paulo (SP), Brasil.

Resumo

Este artigo apresenta a importância do monitoramento da qualidade de dados em Sistemas de Informação para saúde pública. Com base na revisão bibliográfica, que foi desenvolvida através da análise de artigos publicados na Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), a base de dados PUBMED e MEDLINE, a biblioteca eletrônica SciELO e o Google Acadêmico. Como resultado foram encontrados nove artigos que atenderam aos critérios de inclusão para a revisão. Os Sistemas de Informação em Saúde possuem um papel fundamental como fonte de informação para apontar as necessidades e prioridades de planejamento e ações para saúde pública. Para isso, é fundamental que se conheça a potencialidade de suas informações através da mensuração e monitoramento da qualidade dos dados, requisito necessário para que se tenha uma análise objetiva da situação da saúde. Vários estudos destacam a baixa confiabilidade dos Sistemas de Informação em Saúde oriunda da má qualidade dos dados, seja pelo alto grau de omissão nos preenchimentos dos campos nos documentos básicos que os alimentam, seja pela inconsistência dos dados. A importância de informações com boa qualidade indica a necessidade de que se institua no Brasil uma política de avaliação formal e regular. A elaboração de uma política deste porte deverá considerar os diversos aspectos que influenciam a qualidade das informações, para que possa apontar medidas para seu aprimoramento.

Descritores: “Confiabilidade dos dados”, “Acurácia dos dados”, “Sistemas de

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Introdução

No Brasil, as informações em saúde são obtidas principalmente pelos Sistemas Nacionais de Informação em Saúde desenvolvidos pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) e também por sistemas de informação regionais desenvolvidos pelas esferas estaduais e municipais. Os Sistemas de Informação em Saúde (SIS) possuem um papel fundamental como fonte de informação para apontar as necessidades e prioridades de planejamento e ações para o Sistema Único de Saúde (SUS) (1). A garantia da qualidade de dados é um importante insumo para que se tenha uma análise e avaliação de progresso e desempenho da situação atual da saúde (2). A informação só ocupa espaço estratégico quando permite estimar indicadores relevantes sobre a situação de saúde e fatores associados, atende ao agente da decisão e reverte-se em ações concretas e resolutivas aos problemas de saúde no espaço onde são produzidas (3).

Vários estudos destacam a baixa confiabilidade dos SIS oriunda da má qualidade dos dados, seja pelo alto grau de omissão nos preenchimentos dos campos nos documentos básicos que os alimentam, seja pela inconsistência dos dados (4). No entanto, o pequeno número de estudos realizados sobre alguns SIS e sua distribuição desigual entre as regiões impossibilitam que se conheça de forma ampla a qualidade das informações dos sistemas de informação em saúde do país. Isto porque, no Brasil não se adota uma abordagem formal para a avaliação da qualidade dos dados e informações em saúde, e não há uma ação coordenada mais ampla dos estudos de avaliação e dos esforços para o aprimoramento da qualidade das informações da área do setor, resultando em iniciativas isoladas e não regulares(1).

Os principais SIS sob gestão do Ministério da Saúde são avaliados e monitorados quanto a qualidade dos dados em apenas algumas regiões do país e realizam o registro contínuo de dados assistenciais e sobre eventos vitais, de cobertura universal: Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC), Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH-SUS), Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA-SUS) e o Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB) (5).

A adoção de uma metodologia para gestão da qualidade das informações em saúde poderá trazer diversos benefícios, como estabelecer a regularidade das

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avaliações, ampliar a abrangência das regiões e dos sistemas analisados, adotar a padronização dos conceitos e das dimensões de qualidade avaliadas, possibilitar a prevenção e a identificação oportuna de problemas e garantir maior transparência no processo utilizado para assegurar a qualidade dos dados e informações (6).

A importância de informações com boa qualidade indica a necessidade de que se institua no país uma política de avaliação formal e regular. A elaboração de uma política deste porte deverá considerar os diversos aspectos que influenciam a qualidade das informações, para que possa apontar medidas para seu aprimoramento (7).

Nesse contexto, o objetivo desta pesquisa tem por finalidade evidenciar a importância do monitoramento da qualidade de dados dos Sistemas de Informação para a saúde pública.

Método

Para a pesquisa dos artigos foram utilizadas a Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), a base de dados PUBMED e MEDLINE, a biblioteca eletrônica SciELO e o Google Acadêmico. Os critérios de elegibilidade para inclusão foram: somente artigos escritos em língua portuguesa e inglesa, publicados na íntegra, entre o período de 2005 a 2015.

A estratégia utilizada no levantamento dos artigos para efeito da revisão de literatura constitui-se na pesquisa através das bases citadas, com as seguintes palavras-chaves e combinações: “Confiabilidade dos dados” ou “Acurácia dos dados” e “Sistemas de Informação” e “Saúde” ou “Sistema Único de Saúde”.

A busca resultou em um total de 32 artigos, sendo 23 descartados por apresentarem estudos epidemiológicos muitos específicos não evidenciando a importância dos sistemas de informação. Do total, resultou-se em 9 artigos como base da pesquisa, que foram lidos integralmente.

O estudo foi complementada também por dois materiais encontrados no site da Organização Mundial da Saúde e por um guia do Canadian Institute for Health Information.

Resultados

A qualidade da informação é representada através de dimensões adotadas para avaliar o sucesso dos Sistemas de Informação em Saúde. A qualidade da

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informação precisa ser definida utilizando-se múltiplas dimensões que possibilitem melhor mensuração da qualidade. Diferentes métricas têm sido propostas para mensurar, de maneira quantitativa, a qualidade da informação (REDMAN, 1986; PIPINO et al., 2002) (8).

A qualidade e a comparabilidade dos indicadores de saúde dependem da aplicação sistemática de definições operacionais e de procedimentos padronizados de medição e cálculo. A seleção do conjunto básico de indicadores deve ajustar-se à disponibilidade de sistemas de informação, fontes de dados, recursos, prioridades e necessidades específicas em cada região. É mais frequente que se considerem os atributos de natureza quantitativa, porque possibilitam a adoção de indicadores de qualidade cujos valores podem ser obtidos dos dados registrados. Em consequência confere-se menor ênfase aos atributos qualitativos (MOTA & ALAZRAQUI, 2014). Ainda de acordo Wand & Wang (1996) a escolha das dimensões da qualidade da informação é, primeiramente, baseada em um entendimento intuitivo, em uma experiência pessoal, coletiva ou mesmo em uma revisão da literatura (1).

As dimensões de qualidade utilizadas são as mais variadas, sendo que alguns avaliam mais de uma dimensão. Em estudo realizado por Lima et al (2009), as dimensões trazidas são: acessibilidade, clareza metodológica, cobertura, completitude, confiabilidade, consistência, não duplicidade, oportunidade e validade. Além dessas, Abib (2010), acrescenta acessibilidade, veracidade, concisão, objetividade, relevância, reputação, adição de valor, interpretabilidade, dentre outros. Porém, para fins conceituais, este trabalho irá considerar as dimensões trazidas por Lima et al (2009) (1).

Segundo trabalho realizado por Lima et al (2009), acessibilidade se refere ao grau de facilidade e rapidez na obtenção dos dados ou informações (regras claras definindo preço, permissões e onde obtê-los), no trato (instrumentos para manuseio e formato) e na compreensão da informação; a clareza metodológica se volta ao grau no qual a documentação que acompanha o SIS (instruções de coleta, manuais de preenchimento, tabelas de domínios de valores de variáveis, modelos de dados, etc.) descreve os dados sem ambiguidades, de forma sucinta, didática, completa e numa linguagem de fácil compreensão. O grau em que estão registrados nos SIS os eventos do universo para o qual foi desenvolvido se refere à cobertura, enquanto o grau em que os registros de um SIS possuem valores não nulos define completitude. O conceito de confiabilidade baseia-se no grau de concordância entre aferições

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distintas realizadas em condições similares e o da consistência no grau em que variáveis relacionadas possuem valores coerentes e não contraditórios. A definição adotada para não duplicidade é: grau em que, no conjunto de registros, cada evento do universo de abrangência do SIS é representado uma única vez e para oportunidade é o grau em que os dados se tornam disponíveis para os usuários. A validade mede o grau em que o dado ou informação mede o que se pretende mensurar (1,9).

Abdelhak et al. (1996) ressalta que os SIS devem promover a utilização de uma arquitetura de informação em saúde que contemple a interoperabilidade e a adoção de padrões entre sistemas na esfera municipal, estadual e federal (10).

A qualidade dos registros pode também ser afetada pelo conhecimento e compreensão dos campos por parte de quem os preenche. Fatores institucionais, tais como a estrutura, organização e tipo de serviços de saúde também podem influenciar, bem como a presença de suporte administrativo. O treinamento dirigido aos profissionais que na prática preenchem grande parte destes documentos é uma questão estratégica a ser pensada e fundamental para melhoria da sua qualidade. Garantir uma etapa anterior à coleta de dados, como por exemplo, um protocolo de coleta de definições claras, treinamento e motivação do profissional responsável pelo preenchimento, também constitui uma alternativa importante de enfrentamento do problema. Assim, esses achados poderão contribuir para que os gestores municipais desenvolvam atividades para rever ou aprimorar o processo de preenchimento destes registros, garantindo maior segurança e confiabilidade das informações (1).

A pequena quantidade de estudos selecionados para alguns sistemas e a sua distribuição desigual entre as grandes regiões brasileiras corrobora a necessidade de se implantar uma avaliação sistemática para todos os sistemas de âmbito nacional. Avaliações que englobem as diferentes regiões do país, com periodicidade regular, observem as mesmas dimensões de qualidade a partir de metodologia, técnicas e parâmetros semelhantes, fornecendo subsídios para que se tenha uma informação fidedigna da qualidade dos bancos de dados nacionais (7).

A importância de informações com boa qualidade indica a necessidade de que se institua no Brasil uma política de avaliação formal e regular, liderada pelo Ministério da Saúde. A elaboração de uma política deste porte deverá considerar os

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diversos aspectos que influenciam a qualidade das informações, para que possa apontar medidas para seu aprimoramento (7).

Discussão

A etapa de definição de um sistema de informações também influencia para que se obtenham informações de qualidade. A realização de validações e avaliações de consistência dos valores ainda na etapa de inserção dos dados permitiria maior agilidade nas correções, resultando em bancos de dados de melhor qualidade. Entretanto, não é uma prática da área de saúde incorporar este aspecto em suas análises. Sugere-se a realização de estudos com novos descritores, buscando abordar outras dimensões e fatores determinantes de qualidade de um SIS, demonstrando o esforço que tem sido feito no País no sentido de dispormos de sistemas de informação com maior qualidade e identificando as deficiências que ainda persistem. Seus resultados poderão apontar aos gestores dos SIS ações para o aprimoramento da qualidade das informações (6).

Os estudos sobre qualidade das informações dos SIS elaborados no País estão focados em alguns sistemas de informação e em algumas regiões, o que dificulta que se tenha um quadro da qualidade das informações, e consequentemente, não se possa afirmar que a situação de saúde demonstrada pelas informações seja a realidade do Brasil. Demonstram também a necessidade de padronização de nomenclatura dos termos utilizados em avaliação de qualidade dos dados e informações e de estimular a realização de estudos de avaliação da qualidade dos dados e informações do SIS, de forma regular e abrangente. Observou-se que os fatores determinantes de qualidade dos dados e informações não são regularmente controlados e identificou a necessidade de definição de uma metodologia de avaliação da qualidade dos dados e informações dos SIS. Identificou a necessidade de capacitação e suporte regular aos profissionais responsáveis pela realização das avaliações e de publicação, de forma organizada, dos resultados das avaliações. No Brasil não existe uma cultura de qualidade das informações em saúde nem uma coordenação nacional das atividades de avaliação dos subsistemas

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A utilização de modelos para avaliação da qualidade das informações possibilita uma maior comparabilidade dos resultados através da padronização de

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conceitos dos termos utilizados na avaliação, das dimensões analisadas e das técnicas e ferramentas utilizadas para obtenção dos resultados (12).

Mais do que apenas sugerir a definição de uma metodologia para avaliação da qualidade das informações dos SIS, os achados aqui apresentados evidenciam a necessidade da instituição de uma Política Nacional de Gestão da Qualidade das Informações dos SIS no Brasil. Um forte envolvimento dos gestores e profissionais de saúde das três esferas de governo na elaboração e implementação das diversas etapas necessárias para o alcance deste objetivo, acarretando em informações de melhor qualidade, poderá ter como consequência o uso regular destas informações para tomada de decisão, o fortalecimento do SUS e a melhoria da situação de saúde da população brasileira (11).

Conclusões

Com base nas bibliografias estudadas, pode-se concluir que a qualidade dos dados dos Sistemas de Informação de Saúde interfere na análise e na tomada de decisão para ações necessárias na saúde pública do Brasil. A adoção da padronização de conceitos e das dimensões de qualidade possibilita a identificação dos problemas e garantem uma maior transparência para assegurar a qualidade dos dados.

A implementação de avaliações regulares da qualidade da informação dos sistemas em diversas regiões do país foi evidenciada como métodos de garantia de qualidade dos dados. A capacitação contínua dos profissionais que preenchem os dados é uma estratégia fundamental para a melhoria da sua qualidade. Assim como, a definição de uma metodologia nacional para avaliação da qualidade das informações contribuem para a tomada de decisão, o fortalecimento do SUS e a melhoria da situação da saúde da população brasileira.

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Referências

1. Maciel CL. Qualidade dos dados dos sistemas de informação aplicados ao suporte à atenção materno-infantil na Bahia. Bahia, 2014.

2. Organização Mundial de Saúde. Health facility and community data toolkit. Geneva: WHO; 2003.

3. Romero DE, Cunha CB. Avaliação da qualidade das variáveis epidemiológicas e demográficas do Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos, 2002. Cad Saude Publica 2007; 23(2):701-714.

4. Silva, LP, Moreira, CMM, Amorim, MHC, Castro, DS, Zandonade, E. Avaliação da qualidade dos dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos e do Sistema de Informações sobre Mortalidade no período neonatal, Espírito Santo, Brasil, de 2007 a 2009. Espírito Santo, 2013. 5. Barbosa, DCM. Sistemas de informação em saúde: a percepção e a avaliação dos profissionais

diretamente envolvidos na atenção básica de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto, 2006.

6. Lima, CRA. Gestão da qualidade dos dados e informações dos Sistemas de Informação em Saúde: subsídios para a construção de uma metodologia adequada ao Brasil. Rio de Janeiro, 2010.

7. Coeli, CM, Lima, CRA, Schramm, JMA, Silva, MEM. Revisão das dimensões de qualidade dos dados e métodos aplicados na avaliação dos sistemas de informação em saúde. Rio de Janeiro, 2009.

8. Abib, G. A qualidade da informação para a tomada de decisão sob a perspectiva do sensemaking: uma ampliação do campo. Brasília, 2010.

9. Canadian Institute for Health Information, The CIHI Data Quality Framework, 2009 (Ottawa, Ont.: CIHI, 2009).

10. Organização Mundial de Saúde. Improving Data Quality: A Guide for Developing Countries. Geneva: WHO; 2003.

11. Lima, CRA. O instrumento canadense de avaliação da qualidade das informações: um estudo sobre sua adequação ao contexto brasileiro. Rio de Janeiro, 2010.

12. Lima, CRA. Gerenciamento da qualidade da informação: uma abordagem para o setor saúde. Rio de Janeiro, 2010.

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