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INSTITUTO DE CONTROLE DO ESPAÇO AÉREO DIVISÃO DE ENSINO ARTIGO CIENTÍFICO

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INSTITUTO DE CONTROLE DO ESPAÇO AÉREO

DIVISÃO DE ENSINO

ARTIGO CIENTÍFICO

ANÁLISE DE FREQUÊNCIA DA OCORRÊNCIA DE RAJADAS DE

VENTO NO AEROPORTO DE PORTO SEGURO (BAHIA)

Título do Trabalho

Clayton Wagner Melo Gonçalves

Nome do Aluno

CLIMATOLOGIA

LINHA DE PESQUISA

MET001-2012

Curso e Ano

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ARTIGO CIENTÍFICO

ANÁLISE DE FREQUÊNCIA DA OCORRÊNCIA DE RAJADAS DE

VENTO NO AEROPORTO DE PORTO SEGURO (BAHIA)

TÍTULO

CLIMATOLOGIA

LINHA DE PESQUISA

21/JUNHO/2012

DATA

MET001/2012

CURSO

Este documento é o resultado do trabalho do aluno do Curso de Especialização em Meteorologia Aeronáutica do ICEA. Seu conteúdo reflete a opinião do autor, quando não for citada a fonte da matéria, não representando, necessariamente, a política ou prática do ICEA e do Comando da Aeronáutica.

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RESUMO

Durante as ocorrências de rajadas de vento próximo à superfície, as operações de um aeródromo tais como pouso e decolagem são fortemente afetadas, especialmente quando estas operações são realizadas por aeronaves de pequeno porte. Tendo em vista o grande número de ocorrências deste fenômeno meteorológico no Aeroporto de Porto Seguro, na Bahia e, por se tratar de uma localidade que recebe grande movimento turístico, foi realizado este trabalho de pesquisa, que visa estudar as rajadas de vento neste aeródromo e identificar variáveis meteorológicas de superfície que exerçam alguma influência sobre o fenômeno. Foi observado o ciclo sazonal, mensal e horário que associaram as rajadas com o aquecimento do continente, indicando boa correlação entre os períodos mais quentes com a ocorrência de rajadas. Esta correlação foi evidenciada também na análise das rajadas distribuídas de acordo com a temperatura do ar. Outra observação relevante nesta pesquisa mostrou boa correlação entre a orientação do vento médio e as rajadas, as quais ficaram concentradas nas direções nordeste e sul. Também foi constatado que grande parte das rajadas ocorreu na primavera e no verão, indicando correlação significativa entre a intensidade das rajadas com as estações anuais mais quentes. Com isso, espera-se agregar conhecimento sobre o comportamento das rajadas em baixos níveis para a segurança e planejamento de voo neste aeródromo.

Palavras-Chave: Aviação, Rajada de Vento, Variáveis de Superfície.

ABSTRACT

During the occurrence of wind gusts near the surface, certain airport operations such landing and takeoff are strongly affected, especially when these operations are carried out by small aircraft. Given the large number of occurrences of this weather phenomenon at the airport of Porto Seguro, in Bahia, and because this town receive great movement of tourists, was conducted this research, which aims to study the wind gusts at this aerodrome and identify surface meteorological variables that exercise some influence on the phenomenon. We observed a seasonal, monthly e hourly cycle that associated the gusts with the warming of the continent, indicating a good correlation between the warmer periods with occurrence of gusts. This correlation was observed also in the analysis of gusts distributed according to the air temperature. Another relevant observation in this study showed good correlation between the orientation of the average wind and gusts, which were concentrated in the north and south directions. It was found that most gusts occurred in the spring and summer, indicating a significant correlation between the intensity of the gusts with warmer seasons. Thus, it is expected to join knowledge about the behavior of gusts at low levels for safety and flight planning at this aerodrome.

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1. INTRODUÇÃO

Rajadas de vento são caracterizadas por variações súbitas na intensidade do vento, podendo ocasionar diversas situações de perigo às aeronaves e à estrutura aeroportuária. O fenômeno afeta praticamente todos os elos da aviação, atingindo operações de pouso, decolagem, abastecimento em solo, além de causar inúmeros danos materiais em aeronaves e edificações do aeroporto.

Conforme Romão e Setzer (2005), as rajadas de vento em baixos níveis da atmosfera atuam principalmente durante os procedimentos de pouso e decolagem, provocando desconforto aos aeronavegantes e influenciando diretamente na sustentação das aeronaves.

A busca pela segurança e conforto na aviação passa pela necessidade de se fazer estudos mais frequentes das rajadas de vento, correlacionando seus registros com outros parâmetros meteorológicos de superfície. Este trabalho de pesquisa tem como foco estudar as rajadas de vento à superfície no Aeroporto de Porto Seguro, na Bahia, que, historicamente apresenta um número elevado de ocorrências deste fenômeno, além de ser considerado o portal de entrada da cidade de Porto Seguro, que é um dos principais polos turísticos do nordeste brasileiro.

O estudo foi realizado através da análise das ocorrências de pico de vento no período de 2007 a 2011. Os dados utilizados foram extraídos do banco de dados da Rede Meteorológica do Comando da Aeronáutica (REDEMET), os quais propiciaram realizar a distribuição da frequência de ocorrência de rajadas no Aeroporto de Porto Seguro, através da confecção de planilhas eletrônicas, gráficos e tabelas, possibilitando, desse modo, caracterizar os registros de acordo com a época do ano e horário de ocorrência. O passo seguinte buscou correlacionar as rajadas com algumas variáveis meteorológicas de superfície, visando identificar padrões estatísticos relevantes associados ao fenômeno. Os dados de superfície utilizados nesta pesquisa envolveram somente mensagens meteorológicas METAR e SPECI que registraram ocorrências de rajadas de vento.

Em face do exposto, a pesquisa teve como problema o estudo do comportamento das rajadas de vento à superfície no período compreendido entre 2007 e 2011 no aeroporto de Porto Seguro, na Bahia.

Tendo em vista uma solução para o problema levantado, este trabalho tem como objetivo geral: Caracterizar a frequência de ocorrência de rajadas de vento à

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superfície no Aeroporto de Porto Seguro. Para atingir o objetivo geral, os seguintes objetivos específicos serão investigados:

a) Coletar dados de uma série histórica de mensagens meteorológicas METAR e SPECI, obtida na REDEMET;

b) Fazer a distribuição percentual de frequência das rajadas de vento e analisar seu comportamento horário, mensal e sazonal;

c) Correlacionar as ocorrências de rajadas de vento com a temperatura do ar e com a pressão atmosférica;

d) Correlacionar as ocorrências de rajadas com a direção do vento médio; e) Analisar a magnitude das rajadas para cada estação do ano.

O resultado obtido nesta pesquisa poderá auxiliar os serviços de meteorologia dos Centros Meteorológicos de Vigilância de Recife (CMV-RE) e de Aeródromo de Recife (CMA-RF), órgãos subordinados ao Terceiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA III), pois através da determinação do perfil estatístico de rajadas em baixos níveis para o Aeroporto de Porto Seguro, será possível traçar um padrão de comportamento deste importante fenômeno da Meteorologia Aeronáutica, melhorando de forma significativa a segurança e o planejamento de voo neste aeródromo.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

Rajada de vento pode ser definida como uma brusca variação na magnitude e/ou direção do vento médio em pelo menos 10 kt (MONIZ, 2010). Este tipo de fenômeno meteorológico representa grande risco à segurança de voo, especialmente durante procedimentos de pouso e decolagem, pois, dependendo da intensidade da rajada, pode provocar alterações significativas na sustentação das aeronaves. Entre os fatores causadores das rajadas de vento se destacam: tempestades convectivas, tempestades associadas a sistemas frontais, brisas, inversões de temperatura, corrente de jato de baixos níveis, ondas de montanha, etc.

Para delimitar esta revisão, serão citadas somente as rajadas relacionadas às brisas, às tempestades convectivas e às tempestades associadas com sistemas frontais, por serem fenômenos típicos e mais relevantes na região estudada.

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As tempestades convectivas aparecem distribuídas de forma aleatória em zonas de ar turbulento e se desenvolvem a partir de regiões que absorvem maior aquecimento solar, dando origem ao desenvolvimento de células convectivas conhecidas por nuvens cumulunimbus (SIPAER, 1998). De acordo com Faria (2003), as nuvens cumulunimbus possuem grande extensão vertical com seus topos podendo atingir até a tropopausa e ocupam uma extensa área horizontal. O ciclo de vida de uma nuvem cumulunimbus possui 3 fases de desenvolvimento: cumulus, maturidade e dissipação.

Na fase de cumulus, os movimentos verticais são predominantemente ascendentes, originados pelo aquecimento do ar mais próximo à superfície. Durante o processo de ascensão, o ar sofre resfriamento e condensação, dando origem à formação de nebulosidade do tipo cumulus (figura 1).

A fase madura da tempestade é caracterizada pelo predomínio de correntes de ar ascendentes e descendentes, acompanhadas de precipitação. Pode ocorrer nesta fase o surgimento de frentes de rajada, formadas pelo encontro de correntes de ar descendentes com a circulação do ar próximo à superfície. As fortes correntes descendentes, oriundas da base da nuvem, são defletidas lateralmente e alcançam a superfície, produzindo um escoamento de ar frio, que se propaga para longe da tempestade, espalhando-se horizontalmente à medida que se aproxima do solo.

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Ainda de acordo com Faria (2003), a última fase é chamada de dissipação, caracterizada por movimentos predominantemente descendentes. A temperatura no interior da nuvem é menor que a do seu exterior e entrará em processo de dissipação quando for atingido o equilíbrio térmico entre estas duas temperaturas.

Outro fenômeno bastante comum em regiões litorâneas, como a costa do nordeste brasileiro, e que pode causar rajadas em baixos níveis é a brisa marítima, caracterizada pelo escoamento do vento soprando do mar em direção a terra devido ao gradiente de temperatura que se estabelece entre o continente e o oceano durante o dia. O intenso aquecimento do ar próximo à superfície continental resulta em uma região com pressões relativamente mais baixas. A porção da atmosfera sobre o mar se mantém menos aquecida do que aquela sobre o continente surgindo, assim, uma região com pressões relativamente mais altas. Em consequência, um gradiente horizontal de pressões se estabelece entre o continente e o oceano e, devido a este gradiente, o ar mais frio e denso localizado sobre o oceano se desloca em direção a terra. O efeito geral desta distribuição desigual das pressões é a circulação da brisa marítima (figura 2).

Figura 2: Esquema conceitual da brisa marítima (Fonte: Ahrens 1988)

Durante a noite, o continente se resfria mais rapidamente do que o oceano, pois o resfriamento radiativo é maior sobre a terra do que sobre a água. A porção da atmosfera sobre a terra se torna mais fria e mais densa do que aquela sobre o mar. As maiores pressões situam-se sobre o continente e o processo resultante é o inverso do que ocorre durante o dia, sendo denominado de brisa terrestre. A mudança na direção do vento é causada pela inversão do gradiente horizontal de temperatura (figura 3).

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Figura 3: Esquema conceitual da brisa terrestre (Fonte: Ahrens 1988)

Conforme Ahrens (1993), visto que os gradientes de pressão e temperatura são mais intensos próximos ao limite entre o continente e o oceano, os ventos mais intensos ocorrem perto do litoral. Além disso, o maior contraste de temperatura entre terra e mar geralmente ocorre no período da tarde e a brisa marítima é mais intensa neste período. O contraste de temperatura entre a terra e a água é geralmente menor durante a noite e a brisa terrestre é comumente mais fraca que a marítima.

Por ser mais intensa que a brisa terrestre, a brisa marítima é normalmente acompanhada por aumento na umidade e mudança súbita na direção e/ou velocidade do vento em regiões litorâneas. Aeronaves voando através de uma brisa marítima sofrem forte influência dessas variações no vento, podendo perder ou ganhar sustentação em operações de pouso e decolagem.

As brisas são enquadradas na categoria de circulações locais efêmeras ativadas termicamente, que ocorrem associadas a situações e locais particulares. Por estarem localizadas próximas ao litoral e inseridas em uma região tropical, as brisas se fazem presente no litoral do nordeste ao longo de todas as estações do ano.

Rajadas de vento podem também ocorrer quando associadas a sistemas frontais, que são responsáveis pela formação de linhas de instabilidade carregadas de nuvens cumulunimbus. O mau tempo associado a estas linhas geralmente vem acompanhado por chuva forte, rajadas de vento e, eventualmente, ocorrência de granizo.

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Conforme Moniz (2010), a corrente descendente típica de uma tempestade frontal atinge uma extensa área, com diâmetro de cobertura podendo variar entre 1,6 a 8 km. Ao atingir a superfície, as correntes descendentes se espalham, produzindo elevados gradientes na velocidade horizontal do vento.

Uma vez que estes gradientes de velocidade do vento se propagam em uma grande área, seus efeitos sofrem certa atenuação. Ainda assim, as tempestades frontais representam riscos potenciais às aeronaves e devem ser sempre evitadas (SIPAER, 1998).

3. METODOLOGIA

O Aeroporto de Porto Seguro está situado na latitude 16° 31' 59" S e na longitude de 39° 04' 59" W, a uma altitude média de 51 m e se localiza no extremo sul da Bahia, às margens do Oceano Atlântico (figura 4). O aeroporto recebe grande número de voos fretados de companhias aéreas brasileiras e internacionais, sendo considerado um dos mais movimentados do nordeste brasileiro, com capacidade anual aproximada de 200.000 passageiros, superando os aeroportos de Aracaju, João Pessoa e Teresina.

Figura 4: Localização do Aeroporto de Porto Seguro (Fonte: Google Maps, adaptado)

Para realização deste estudo, foram utilizados dados de observação à superfície do Aeroporto de Porto Seguro, na Bahia, obtidos no banco de dados da REDEMET. Foram empregados 5 anos de registros de rajadas de vento, retirados de

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mensagens meteorológicas horárias (METAR) e especiais (SPECI). Os dados utilizados totalizaram 356 registros de rajadas à superfície no período de janeiro de 2007 a dezembro de 2011.

Com o objetivo de traçar um perfil estatístico das ocorrências de rajadas na localidade estudada, foram realizadas várias distribuições de frequência dos registros, buscando caracterizar o fenômeno e identificar variáveis meteorológicas de superfície associadas a ele. Os gráficos gerados mostraram a distribuição horária, mensal e sazonal das rajadas, além de relacionar as ocorrências de acordo com pressão atmosférica, temperatura do ar, direção e magnitude do vento médio. Para obter uma representação espacial adequada da orientação do vento associado às rajadas, foi utilizado como ferramenta de auxílio o software WRPLOT View, que permite a distribuição de dados através de pontos cardeais e colaterais, possibilitando, assim, analisar as informações de direção e magnitude do vento de forma detalhada utilizando o recurso gráfico da rosa dos ventos. Com o intuito de verificar características sazonais das rajadas, foram geradas rosas dos ventos para as quatro estações do ano utilizando observações de superfície dos horários em que as rajadas ocorreram.

4. ANÁLISE E RESULTADOS

4.1. DISTRIBUIÇÕES TEMPORAIS DAS OCORRÊNCIAS DE RAJADAS

A figura 5 representa a distribuição sazonal dos registros de rajadas de vento no Aeroporto de Porto Seguro (SBPS). Como pode ser observado, as estações do ano com maior quantidade de registros são a primavera e o inverno, com 60,4% e 23,3%, respectivamente. Esta constatação sugere que o aumento do gradiente de temperatura entre o inverno e a primavera exerce influência significativa nas ocorrências de rajadas. Além disso, a primavera é a estação do ano que registra quantidade considerável de sistemas frontais atingindo o litoral sul da Bahia.

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Figura 5 – Distribuição sazonal de rajadas, de janeiro de 2007 a dezembro de 2011. (Fonte:Autor).

De acordo com este gráfico, o verão é a estação com menor percentual de registros de rajadas, com 6,7%, indicando que a temperatura elevada não é o único parâmetro meteorológico associado à ocorrência de rajadas.

A figura 6 mostra a distribuição mensal das ocorrências de rajadas, indicando que 76,7% das rajadas foram registradas de setembro a dezembro, período em que ocorre aumento gradativo da radiação solar incidente no hemisfério sul, pois é a transição entre o inverno e a primavera. Isso denota uma correlação entre o maior aquecimento do continente com as rajadas de vento.

Figura 6 – Distribuição mensal de rajada, de janeiro de 2 0 0 7 a dezembro de 2011.(Fonte: Autor) 0 10 20 30 40 50 60 70

VERÃO OUTONO INVERNO PRIMAVERA

0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Mês Ocorrên ci as (% ) Estação do ano O co rr ên cias ( %)

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A distribuição horária das rajadas pode ser vista na figura 7, mostrando que a maior parte das rajadas em SBPS está concentrada no período da tarde, com 65,7% dos registros feitos entre 12:00 e 16:00 hora local (HL).

Como pode ser observado nesta análise, o intervalo que concentra as maiores quantidades de registros em SBPS corresponde ao período de máximas temperaturas, sugerindo uma correlação entre o aquecimento e a ocorrência de rajadas próximo à superfície.

Figura 7 – Distribuição horária (HL) d e rajadas, de janeiro de 2007 a dezembro de 2011. (Fonte: Autor)

4.2. DISTRIBUIÇÃO DE RAJADAS DE ACORDO COM A PRESSÃO ATMOSFÉRICA

Os dados apresentados na figura 8 mostram a relação entre os registros de rajada e a pressão atmosférica, que é representada na análise pela pressão relativa ao nível médio do mar (QNH) em SBPS, variável bastante utilizada na aviação em procedimentos de pouso e decolagem.

Conforme pode ser visto no gráfico, 53% das ocorrências de rajadas foram registradas com QNH entre 1009 hPa e 1013 hPa.

0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0 18,0 20,0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1011121314151617181920212223 Hora (HL) Oco rrên ci as (% )

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. Figura 8 – Distribuição de rajadas de acordo com a pressão (QNH, em hPa), de

janeiro de 2007 a dezembro de 2011. (Fonte:Autor)

A figura 9 mostra a distribuição horária de rajadas considerando apenas a faixa de pressões entre 1009 hPa e 1013 hPa, que concentrou o maior índice percentual de ocorrência do fenômeno. A análise indica que este intervalo de pressões está diretamente relacionado ao período mais quente do dia, sugerindo que temperaturas elevadas combinadas com esta faixa de QNH exercem forte influência no surgimento de rajadas em SBPS.

Figura 9 – Distribuição horária (HL) d e rajadas na faixa entre 1009 hPa e 1013 hPa. (Fonte: Autor) 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0 100 6 100 7 100 8 100 9 101 0 101 1 101 2 101 3 101 4 101 5 101 6 101 7 101 8 101 9 102 0 102 1 102 2 102 3 102 4 Ocor rê n ci as (%) 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 QNH (hPa) Hora (HL) Ocorrências ( %)

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4.3. DISTRIBUIÇÃO DE RAJADAS DE ACORDO COM A TEMPERATURA DO AR

A figura 10 ilustra a distribuição percentual de ocorrência de rajadas de acordo com a temperatura do ar. Conforme este gráfico pode-se observar que 67,4% das rajadas ocorreram com temperatura (T) entre 25°C e 30°C, ressaltando ainda que 29,8% destas ocorreram com temperaturas entre 20°C e 24°C. Também se observou que apenas 6,1% das rajadas registradas ocorreram com temperatura entre 30°C e 31°C. A análise do gráfico mostra maior concentração de registros em uma faixa de temperaturas elevadas, sugerindo ocorrências de rajadas de origem convectiva ou com influência de brisa marítima. Outra faixa considerável de ocorrências do fenômeno se concentra com temperaturas entre 20°C e 24°C, indicando uma possível associação das rajadas com fenômenos meteorológicos de escala sinótica, como sistemas frontais ou ondas de leste.

Figura 10 – Distribuição de rajadas de acordo com temperatura do ar (em °C), de

janeiro de 2007 a dezembro de 2011. (Fonte: Autor)

4.4. DISTRIBUIÇÃO DE RAJADAS DE ACORDO COM A DIREÇÃO DO VENTO MÉDIO

Para esta análise, as direções do vento médio foram classificadas de acordo com os pontos cardeais Norte (N), Sul (S), Leste (E) e Oeste (W), e com os pontos colaterais Nordeste (NE), Noroeste (NW), Sudeste (SE) e Sudoeste (SW). Os pontos cardeais e colaterais considerados neste estudo foram padronizados do seguinte modo: N (330º-30º), S (150º-210º), E (60º-120º), W (240º-300º), NE (40º-0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0 18,0 20,0 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 Temperatura do ar (°C) O corr ências (%)

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50º), NW (310º-320º), SE (130º-140º) e SW (220º-230º). Esta padronização na direção do vento foi feita em intervalos de 10º em 10º, conforme dados de observações de superfície registrados em SBPS.

A distribuição de rajadas de acordo com a orientação do vento, representada na figura 11, indica que 40,17% das rajadas são acompanhadas de vento d e l e s t e (060º a 1 2 0º), e que 1 7 , 9 8 % das rajadas ocorreram com ventos de nordeste (040º a 050º), totalizando 58,15% de registros associados a estas duas direções do vento médio. Observa-se ainda um percentual considerável de rajadas acompanhadas de vento de sul (150º a 210º), com 27,81% de ocorrências.

Figura 11 – Rosa dos ventos de SBPS, de janeiro de 2007 a dezembro de 2011.(Fonte: Autor).

O detalhamento sazonal das rajadas de acordo com a orientação do vento pode ser observado nos gráficos seguintes, que ilustram as ocorrências do fenômeno separadas por estação do ano. Como pode ser observado, quase todos os registros de rajada do outono e inverno (figura 13 e 14, respectivamente) são acompanhados de ventos de sul (150º a 210º), indicando uma possível associação destes registros com um sistema frontal atuando no litoral do nordeste brasileiro, pois estes sistemas surgem com maior frequência exatamente nestes dois períodos sazonais. Obviamente que esta correlação de sistemas frontais com

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rajadas registradas em SBPS deve ser pesquisada em estudos posteriores através da investigação de outros elementos meteorológicos relevantes, de modo a se obter uma análise mais precisa e consistente.

Outro ponto a ser observado nesta analise é a relação entre o aquecimento e a intensidade das rajadas. As maiores magnitudes das rajadas ocorreram no verão e primavera (figura 12 e 15, respectivamente), com 69,9% das ocorrências registradas com intensidade superior a 25 kt contra apenas 20,6% registradas no outono e inverno (figura 13 e 14, respectivamente), indicando que a temperatura exerce grande influência na magnitude deste fenômeno.

Figura 13 – Rosa dos ventos de SBPS no outono. (Fonte: Autor).

Figura 12 – Rosa dos ventos de SBPS no verão. (Fonte: Autor)

Figura 14 – Rosa dos ventos de SBPS no inverno. (Fonte: Autor).

Figura 15 – Rosa dos ventos de SBPS na primavera. (Fonte: Autor).

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5. CONCLUSÃO

Rajadas são significativas variações de intensidade do vento, que representam elevado risco para a aviação, podendo ocasionar desde desconforto durante o voo até perdas de vidas humanas. Por este motivo, foi realizado o estudo deste fenômeno, que ocorre com grande frequência no Aeroporto de Porto Seguro, buscando traçar um perfil de comportamento das rajadas de vento baseado na análise estatística, além de correlacionar sua ocorrência com algumas variáveis de superfície associadas, retiradas de observações meteorológicas horárias e especiais da referida localidade.

Para subsidiar de forma consistente este estudo, foram empregados dados observados de rajadas de vento no Aeroporto de Porto Seguro, os quais totalizaram 356 registros no período de janeiro de 2007 a dezembro de 2011.

O estudo teve como base a análise de distribuições de frequência horária, mensal e sazonal das rajadas, além de correlacionar o fenômeno de acordo com a pressão, temperatura do ar e direção do vento médio, com a finalidade de caracterizar os padrões estatísticos associados às rajadas e identificar variáveis meteorológicas de superfície associadas. Adicionalmente, foi feita a análise de intensidade das rajadas de acordo com o período sazonal dos registros.

Através dos resultados obtidos, pode-se inferir que existe uma variável termodinâmica relevante nas ocorrências de rajadas, pois o maior índice de ocorrências foi registrado no período da tarde, próximo aos horários das máximas temperaturas diárias, o que coloca a temperatura do ar como uma variável de superfície importante relacionada com este fenômeno. Observou-se ainda que a probabilidade de ocorrência de rajadas aumenta de modo significativo quando a direção do vento médio for de leste ou nordeste, indicando que esta predominância pode ser considerada também um elemento determinante associado às rajadas no Aeroporto de Porto Seguro.

Outra constatação feita na pesquisa está vinculada a magnitude das rajadas, que possui estreita relação com períodos anuais mais quentes. Esta análise mostrou que o maior aquecimento do continente na primavera e no verão favorece a ocorrência de rajadas mais intensas, com velocidades acima de 25 kt.

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5.1. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Com o desenvolvimento deste estudo foi possível obter conclusões importantes acerca das ocorrências de rajadas no Aeroporto de Porto Seguro, entretanto é necessário realizar outros estudos posteriores, de modo a detalhar as informações expostas nesta pesquisa e, assim, implementar um método objetivo de previsão de rajadas nesta localidade. Sendo assim, sugere-se pesquisar os seguintes tópicos:

• Distribuições de frequência com os horários anteriores e posteriores aos horários com registro de rajada;

• Condições atmosféricas antes e depois das rajadas, de modo a determinar as ocorrências de acordo com sua origem (convectiva, dinâmica, local, etc.);

• Condições sinóticas durante as ocorrências de rajada, definindo possíveis sistemas meteorológicos de escala sinótica associados, tais como linhas de instabilidade, sistemas frontais, ondas de leste, etc.

Dessa forma, tendo como referência os resultados apresentados neste estudo e com a realização de pesquisas nos tópicos acima sugeridos, espera-se ter conhecimento mais profundo e consistente das rajadas de vento que ocorrem no Aeroporto de Porto Seguro, o que tornaria mais eficiente a previsão deste fenômeno meteorológico.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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BRASIL. CENIPA. Windshear: guia do piloto. SIPAER. A-98, 2, Fevereiro, 1998.

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MARTIN, J., KONRAD C.E. Directional characteristics of potentially damaging wind gusts in the Southeast United States, Physical Geography, 2006.

MONIZ, L. F. V. R. Simulação de Condições Atmosféricas no Aeroporto das Lajes. Tese de Mestrado. Universidade de Aveiro, 2010.

ROMÃO, Marcelo; SETZER, Alberto. Vento Noroeste. Centro de Previsão e Estudos Climáticos. São José dos Campos: INPE, 2005.

Referências

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