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A IMPROCEDÊNCIA LIMINAR DO PEDIDO E A UNIFORMIZAÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA RESUMO

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Academic year: 2021

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A IMPROCEDÊNCIA LIMINAR DO PEDIDO E A UNIFORMIZAÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA

RESUMO

Após relembrar o leitor a respeito de como era tratado o tema no antigo CPC/73, passei a explorar as hipóteses de decretação da improcedência liminar do pedido de forma pormenorizada. Adiante, destaquei a importância da uniformização das decisões judiciais, esclarecendo que a mora judicial e a segurança jurídica nas decisões do Poder Judiciário são assuntos de alta relevância para a atualidade.

Palavras-chave: Improcedência. Liminar. Pedido. Uniformização. Jurisprudência.

Introdução

A mora na prestação jurisdicional no Brasil tem sido motivo de desprestígio para os Tribunais.

Por isso, a fim de inibir a crescente demanda judicial, o Legislador criou mecanismos capazes de antecipar a decisão do juízo a quo sem a necessidade de trilhar todas as fases processuais.

Para isso, foi reformulado o dispositivo que trata da improcedência liminar do pedido. Antes, no antigo CPC/73, o tema não tinha grande relevância. Porém, dadas as necessidades da atualidade, mormente a agilidade na prestação jurisidicional, enxergou-se a possibilidade de aprimorar as hipóteses de aplicabilidade deste dispositivo.

Além disso, é sabido que a uniformização das decisões judiciais gera segurança jurídica para as partes, o que reforçou a dedicação do Legislador em prever que as decisões de Tribunais Superiores serviriam como fundamento para o proferimento das decisões que reconhecessem a improcedência liminar do pedido.

2. A Improcedência Liminar do Pedido no Antigo CPC/73

Ab Initio, vale relembrarmos como o tema era tratado no CPC de 1973. No antigo Diploma Legal, o tema era abordado em um único artigo, o qual passo a transcrever:

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Art. 285-A. Quando a matéria controvertida for unicamente de direito e no juízo já houver sido proferida sentença de total improcedência em outros casos idênticos, poderá ser dispensada a citação e proferida sentença, reproduzindo-se o teor da anteriormente prolatada.

§1º Se o autor apelar, é facultado ao juiz decidir, no prazo de 5 (cinco) dias, não manter a sentença e determinar o prosseguimento da ação.

§2º Caso seja mantida a sentença, será ordenada a citação do réu para responder ao recurso.

Como se vê, o tema não era vislumbrado de forma pormenorizada, limitando-se a exigir que dois requisitos estiveslimitando-sem prelimitando-sentes, quais limitando-sejam: que a matéria fosse unicamente de direito e que os casos fossem idênticos (que, a meu ver, não é a nomenclatura mais adequada, visto que processos idênticos geram litispendência ou coisa julgada).

Desta forma, a aplicabilidade do dispositivo ficava muito limitada, tendo pouco resultado prático. Isso se vê, por exemplo, no primeiro requisito exigido, qual seja, que a questão seja unicamente de direito. Como sabemos, há casos em que, ainda que a lide trate de questão que não seja unicamente de direito, há hipóteses em que é dispensável a fase instrutória. Por isso, no novo CPC/15, isso foi corrigido.

Além disso, a antiga sistemática não apontava quais eram as decisões que poderiam ser referência para servirem como fundamentação de uma decisão de improcedência liminar do pedido, limitando-se a exigir que as decisões se dessem em “casos idênticos”, o que não é correto.

Diante das dificuldades acima mencionadas para interpretar o dispositivo legal, fez-se necessária uma reestruturação do tema no novo CPC/15.

3. Hipóteses de Improcedência Liminar do Pedido no novo CPC/15

A decretação da improcedência liminar do pedido no novo CPC também é tratada em um único dispositivo. Porém, desta vez, abordada com mais clareza, além de prever diversas hipóteses de cabimento para que seja proferida uma decisão de improcedência liminar do pedido. Passo a transcrever o art. 332, do CPC, in verbis:

Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da citação do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar:

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I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça;

II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos;

III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência;

IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local.

§ 1º O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o pedido se verificar, desde logo, a ocorrência de decadência ou de prescrição.

§ 2º Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da sentença, nos termos do art. 241.

§ 3º Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5 (cinco) dias. § 4º Se houver retratação, o juiz determinará o prosseguimento do processo, com a citação do réu, e, se não houver retratação, determinará a citação do réu para apresentar contrarrazões, no prazo de 15 (quinze) dias.

Como se vê, todos os incisos fazem referência a decisões de Tribunais, deixando clara a preocupação do Legislador é manter uma uniformização das decisões judiciais, valorizando os precedentes dos Tribunais ad quem.

Passo a comentar cada hipótese de cabimento da improcedência liminar do pedido.

3.1 Enunciado de Súmula do STF ou do STJ

Em primeiro lugar, cumpre destacar que a hipótese supramencionada não trata apenas de súmulas vinculantes, mas sim de qualquer súmula proferida pelos Tribunais Superiores. Tal previsão legal visa a uniformização das decisões destes Tribunais, tanto nas matérias de ordem Constitucional, que são de competência do Supremo Tribunal Federal (STF), quanto das matérias que tratam de normas infraconstitucionais, que são de competência do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Além disso, a uniformização das decisões de instância inferior com as das tribunas superiores garante uma previsibilidade do resultado de uma demanda, o que traz segurança jurídica para as partes. Nas palavras de Elpídio Donizetti (2018):

Sem dúvida alguma, um dos grandes objetivos do novo CPC é alinhar a jurisprudência nacional e garantir tratamento isonômico para situações jurídicas idênticas. A função jurisdicional não pode ser equiparada a um jogo de loteria, ao ponto de condicionar o sucesso (ou insucesso) de uma

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demanda à distribuição do processo para este ou aquele órgão julgador. Isso não quer dizer que as interpretações não possam ser revistas ou alteradas. O que não se concebe é um Poder Judiciário que não garanta a mínima previsibilidade e estabilidade das decisões e das relações sociais (DONIZETTI, 2018, p. 358).

Assim, não resta dúvidas de que as decisões das instâncias superiores são de suma importância para a criação de uma jurisprudência sólida.

3.2 Acórdão Proferido pelo STF ou pelo STJ em Julgamento de Casos Repetitivos

Mais uma vez o novo Código de Processo Civil se reporta às decisões de instância superior, mas agora com relação ao julgamento de casos repetitivos.

Primeiramente, cumpre ressaltar que se entende por casos repetitivos aquele grupo de recursos que têm por objeto a mesma questão de direito, além de defenderem a mesma tese.

Dito isso, fica fácil reconhecer que há diversas demandas com o mesmo objeto e tese que aguardam uma solução. Haja vista que todas tratam do mesmo tema e defendem o mesmo posicionamento, o que se espera do Poder Judiciário é que todas as partes envolvidas tenham a mesma resposta para o conflito em comum, razão pela qual é imprescindível que todas obtenham o mesmo resultado processual.

Por fim, Elpídio Donizetti (2018), faz um oportuno apontamento:

Importa lembrar que o juiz não está autorizado a julgar liminarmente procedente o pedido, mesmo que este esteja de acordo com a jurisprudência dos tribunais superiores. É que os incisos do art. 332 abarcam apenas hipóteses de julgamento liminar de improcedência, não sendo permitida a sua aplicação para julgamento em sentido contrário (DONIZETTI, 2018, p. 358).

3.3 Entendimento Firmado em IRDR ou de Assunção de Competência

O IRDR é abordado nos arts. 976 a 987 do CPC e é cabível nas seguintes hipóteses:

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Art. 976. É cabível a instauração do incidente de resolução de demandas repetitivas quando houver, simultaneamente:

I - efetiva repetição de processos que contenham controvérsia sobre a mesma questão unicamente de direito;

II - risco de ofensa à isonomia e à segurança jurídica.

Referido incidente tem o condão de vincular todos os processos que versem sobre a mesma questão de direito no Tribunal para o qual foram suscitados. Assim, eventuais teses que contrariem o que for decidido no IRDR poderão ser rejeitadas liminarmente.

Já a assunção de competência tem previsão legal no art. 947, do CPC, in verbis:

Art. 947. É admissível a assunção de competência quando o julgamento de recurso, de remessa necessária ou de processo de competência originária envolver relevante questão de direito, com grande repercussão social, sem repetição em múltiplos processos.

Como se vê, mais uma vez o Legislador valoriza decisões de repercussão geral, a fim de uniformizar determinado entendimento sobre certo assunto.

3.4 Enunciado de Súmula de Tribunal de Justiça sobre Direito Local

Em primeiro lugar, cumpre registrar que o direito local é municipal ou estadual. Isso porque os Tribunais de Justiça não criam precedentes, mas tão somente jurisprudência. Esse entendimento, inclusive, pode se extrair do art. 927, do CPC, in verbis:

Art. 927. Os juízes e os tribunais observarão:

I - as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade;

II - os enunciados de súmula vinculante;

III - os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos;

IV - os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria constitucional e do Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional;

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V - a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados.

Como se vê, não há a previsão de súmula sobre direito local no rol taxativo do art. 927, do CPC, razão pela qual não tem o condão de firmar um precedente, exceto que o assunto seja debatido em sede de incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência.

Ademais, destaco que questões locais também têm sua relevância aos olhos do Legislador, razão pela qual também foram contempladas no rol de hipóteses de improcedência liminar do pedido.

4. A Importância da Uniformização das Decisões em Primeiro Grau de Instância

Não há dúvida de que, quando o cidadão procura uma resposta do Estado para determinado caso concreto, há expectativa de que a decisão seja proferida com imparcialidade, garantida a segurança jurídica do Direito que se busca proteger, além de obedecer ao Princípio da Celeridade e da Eficiência, trazendo uma resposta rápida para a demanda intentada.

Levando em consideração estes aspectos, o Legislador pátrio criou mecanismos capazes de uniformizar as decisões tomadas no âmbito do Poder Judiciário, a fim de que o cidadão possa ter uma certeza próxima de qual é o seu direito em relação ao caso concreto.

Digo certeza próxima porque o Juiz, como se sabe, não está atrelado às decisões de Instâncias superiores, vez que a atividade jurisdicional exercida pelo Magistrado não é meramente mecânica, mas sim de interpretação da norma infraconstitucional e da aplicação da lei à luz do caso concreto.

Não obstante, saliento que com o aumento de demandas judiciais, há certa tendência em encontramos cada vez mais dissensos na interpretação dos Diplomas Legais. Por isso, repito: a segurança jurídica de uma decisão tomada pelo Magistrado é, senão, o aspecto mais relevante para o desfecho de uma controvérsia no âmbito judicial.

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Anne-Laure Valembois (2004), nesta mesma linha de raciocínio, remarca que “a periculosidade do poder dos juízes, em termos de segurança jurídica, resulta de sua qualidade de autoridade de intérprete do Direito e, portanto, de sua função potencialmente arbitrária que torna as normas jurisprudenciais imprevisíveis. (VALEMBOIS, 2004, p. 76)”.

Nas palavras de Humberto Theodoro Júnior (2016):

As justificativas para essa medida drástica [decretação liminar de improcedência do pedido] ligam-se ao princípio da economia processual, bem como a valorização da jurisprudência, principalmente nos casos de demandas ou recursos repetitivos. Prendem-se, também, à repulsa, prima facie, das demandas insustentáveis no plano da evidência, dada a total ilegitimidade da pretensão de direito material veiculada na petição inicial (THEODORO JÚNIOR, 2016, p. 775).

Por esses motivos, é da mais alta relevância que as decisões proferidas já em primeira instância tenham embasamento em decisões de Tribunais Superiores, a fim de suprir as necessidades acima mencionadas.

5. Conclusão

As mudanças trazidas pelo novo Código de Processo Civil foram de suma importância para os operadores do direito, vez que facilitaram a interpretação da norma legal, deixando clara a intenção do Legislador.

Além disso, a uniformização das decisões judiciais tem como objetivo proporcionar uma segurança jurídica maior para as partes, além de prestigiar os princípios da economia processual e da duração razoável do processo.

Como se sabe, o aumento de demandas judiciais é crescente e tanto as partes como o próprio Poder Judiciário não têm interesse em uma lide que se alongue por anos, razão pela qual tem criado mecanismos de coerção, afim de coibir esta crescente massa processual que têm se formado nos Tribunais de Justiça do país.

Por esse motivo, a reformulação do dispositivo que trata da improcedência liminar do pedido ocorreu em momento oportuno, deixando à disposição do operador do direito mais uma ferramenta processual que permite encerrar uma demanda sem

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delongas, desde que o tema já tenha objeto de uma das hipóteses elencadas no art. 332, do CPC.

REFERÊNCIAS

VALEMBOIS, Anne-Laure. La constitutionnalisation de l’exigence de sécurité

juridique em droit français. Paris: LGDJ, 2004. Tradução Livre.

THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil – Teoria geral do

direito processual civil, processo de conhecimento e procedimento comum - vol. I

50ª ed. rev., atual. e ampl. - Rio de Janeiro: Forense, 2016.

DONIZETTI, Elpídio. Novo Código de Processo Civil Comentado. 3ª ed. rev., atual. e ampl. – São Paulo: Atlas, 2018.

WAMBIER, Luiz Rodrigues; Wambier, Tereza Arruda Alvim; MEDINA, José Miguel Garcia. Breves Comentários à nova sistemática processual civil 2. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006.

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