Golpe Mi litar: As Mudan ças na Grad e Cu rri cul ar do E stado de San ta Catarina.
RESUMO
O R egim e Milit ar brasil ei ro, impl antado por um gol pe de Est ado em 1964, durou vi nt e e um anos e m udou a face do paí s. C ontudo, at é hoj e s uas múltipl as dim ensões foram pouco anali sadas de form a gl obalm ent e art iculada e em oci onalm ent e is ent a. A ênfase, como se percebe nos di versos semi nários, é som ente no as pect o polí ti co. Trat ou -s e, s em dúvida, de um regim e autorit ári o, repres sivo e soci al ment e hi erár qui co. Derrubando e substi tuindo o populismo, que s e encontrava radi calizado e em cris e no iníci o dos anos 60, o regim e abandonou as pol íticas reform ist as de esquerda, i mpl ant ando um modelo t ecnocrático que gerou um acelerado desenvol vimento. Os governos m ilit ares pós – 64, insi stiram em fom entar os sentim entos de ci vismo e pat ri otismo, no intuit o de l evar a sacralização desse conceito de “Pátria Brasil” – confundido com o governo do país – o mais longe possível , com doi s obj etivos: i ncutir nas cri anças e a dol es centes a idéia de que ques t ionar os atos do governo milit ar (e dos militares e da poli cia) é anti patri ót ico, evit ando ao m áximo a formação e proli feração de refrat ários e, com o segundo obj etivo, tornar l egitim a e justi fi cada a operação milit ar -pol ici al perm anente para caçar aquel es a quem o governo definia como “subversivos”. Esta operação de formação ideológica, utilizou
basi cam ent e doi s veí culos: a imprens a fal ada, es cri ta, tel evisi va e o sistema de educação formal.
PAL AVRAS CH AVES: golpe mi litar, grade de ensino em S anta Cat arina, sistema educaci onal,civi smo.
INTRODUÇÃO
O regim e políti co inst aurado em 1964 foi apoiado por amplos seguim entos da sociedade brasil eira, porém a históri a ofi ci al omiti u a atuação dos grupos oposici oni s tas existentes, ent re eles, o movim ento estudantil .
Em 1964, o país atravessou um período de int ens as cris es s oci ais e políti cas, que viriam a culminar com a queda do ent ão president e J oão Goul art, m esm o com est e clim a de t ensão, a UNE – Uni ão Naci onal d os Estudantes, continuou suas ativi dades, querendo execut ar um trabal ho de base, cons ci entiz ando a popul ação, o Centro de C ultura da UNE levava as favelas e s ubúrbi os um t eat ro de escl arecim ent o e protes tos, al ém de prom over um a cam panha de al fabetização d e adultos util izando o m étodo de Paulo Frei re.
Sobra a bandei ra do anti comuni smo, as forças arm adas, com o “salvaguardas da nação ameaçada” tomam a frente do processo que culmi nou no golpe de 1º de abril de 1964.
As forças expres s ivas do governo t iveram c om o um de s eus princi pai s alvos, os es tudant es . As faculdades politi cam ente m ais ativas sofreram fort es agres sões do aparat o policial -milit ar.
Neste cl ima, o governo milit ar exerce s ua autoridade s obre os est ados, em S ant a Cat ari na não foi diferente, prin cipalm ente na área da educação, quando i mpôs a mudança na est rutura de ensino dos ensi nos
fundam entais e médi os, com intuito de i mpor um a ideologi a de um a nação nacional ist a, patriot a e com sentim ent os de ci vismo.
A Educação em Sant a C at ari na nos anos 60
A educação pós 64, foi inst ituída como uma m ei o efici ente de por em prati ca os ideais de um capit alism o dependent e ass oci ado no Brasil . Nest e período at ravés de sucessi vos program as educacionais de desenvol vimento,s e da prioridade a educação profis sional i zant e. O real obj etivo, era at ingi r o progres so, uma vez que o estudant e sairi a da es cola com mão de obra especial izada, pront a o l abor na fabri ca.
A Edu cação Sob re o Ensino d e Edu cação Moral e Cívi ca
Os governos milit ares pós – 64, i nsisti ram em fom entar os sent imentos de c ivi smo e pat ri otismo, no i ntuit o de levar a s acraliz ação desse conceito de “Pátria Brasil” – confundido com o governo do país – o mais longe possível , com doi s obj etivos: i ncutir nas cri anças e adol es centes a idéia de que ques t ionar os atos do governo mili t ar (e dos militares e da poli cia) é anti patri ót ico, evit ando ao m áximo a formação e proli feração de refrat ários e, com o segundo obj etivo, tornar l egitim a e justi fi cada a operação milit ar -pol ici al perm anente para caçar aquel es a quem o governo defini a como “s ubversivos ”. Esta operação de form ação i deol ógi ca, utilizou basi cam ent e doi s veí culos: a imprens a fal ada, es cri ta, tel evisi va e o sistema de educação formal.
Nos s ist ema educaci onal pós - 64 a axacerbação da dit adura de cl ass e se concretizou em vári o s mom ent os: a t ent ativa (aparent emente frus trada) de des ativar os cursos de Hum anidades e substi tuí -los pel o curso de Estudos Soci ais; a im plant ação, no ensi no superior, da dis cipli na obri gat óri a Estudos de P robl em as Brasil eiros, ainda em vi gor; no s egundo grau, a disciplina de Organização Social e Pol ítica do Brasil; e, geralment e, no prim ei ro grau, a disci plina de Educação Moral e Cívi ca. Por at uar
exat ament e com os es tudant es em est ági o pré -adol es cent e, coube a esta ultim a di sci plina a t arefa de t ransmi t ir de m anei ra m ais diret a e agressiva a ideologi a de segurança nacional que, não por acaso, se afi rm a no Brasi l a parti r do Final da S egunda Guerra Mundi al.
Tanto os livros didáti cos, quanto os de OSP B s e desti nam fundam entalment e a divul gar a Doutrina da S egurança Nacional ent re os estudant es de pri mei ros e segundo graus, em todos est es livros se verá um a distorção da realidade, a mesma i dealização de um a s oci edade s em conflit os, a mesma pret ens ão de que a let ra da l ei é cum prida, a m esm a imposi ção de va lores morai s éti cos, reli gi osos e políti cos que interess am a apenas um s et or minorit ário da soci edade.
No ano de 1985, aparentem ente t erm ina o cicl o aut orit ário inici ado em 1964. não por acaso, no ano seguint e chega ao Depart am ento de Históri a da Universi dade Federal de S ant a Cat ari na um ofíci o da Secretari a de Ensino Superior do Minist éri o da Educação, dist ribuído aos curs os de Históri a e Geografia das Uni versi dades Brasil ei ras. Nes te ofi ci o. O secret ário do Ensi no Superior Gam ali el Herval apres ent a um do cum ent o, que o acompanha, esperando que o mesmo “possa estimular o debate e a reflexão sobre a questão” do ensino da disciplina Educação Moral e Cívica. Este documento, intitulado “Os Consultores de História e Geografia da SES u/M EC1 e a Quest ão da Educaç ão Moral e Cí vi ca”, el aborado por referi dos consult ores mais um professor de Filos ofi a e um de Sociol ogi a, cri tica e analis a essa dis ci plina, segue abaixo, al guns pontos de s eu conteúdo:
a) É l embrado que a disciplina de EMC2 existiu no Brasil em doi s períod os ditatórias da R epúbli ca. Os cons ultores s ão de opini ão que o objetivo de implantação da disciplina “não é a formação do aluno, mas a segurança do Estado”.
b) É coment ada a obri gat ori edade da mi ni stração da dis ci plina, o que segundo consultores, “reduz sens ivelmente a carga horária para a área de Geografi a e Hi stóri a em benefíci o de Es tudos Soci ai s e s e completa com a exclusão da Filosofia e Sociologia”.
c) Insti tuída no auge da censura polí tica e doutrinári a, despojada de qualquer fundam entação ci enti fi co – p edagógi ca, a EMC e s eus vári os des dobram entos res ultaram na descaracterização da Geografia e da Históri a e impus eram a supressão das disci plinas como a Fi losofi a e Sociologi a no ensino de 2º grau.
d) Finalm ente, o docum ent o se m ani fest a pela “revit alização” d o ensino de Geografia e Hist ória bem como pelo retorno do ensino de Filosofi a e Sociologia e, “contanto com o apoio da Associação dos Professores Universit ários de Hi stóri a (ANPUH),e da As soci ação de Geógrafos Brasil eiros (AGB) e de professores de Fil osofi a e Sociol ogi a”, reit era posição “pela revogação imediata do Decreto -lei 869/69 e do Decret o-lei 68.065/71”
Consid erações Finai s
O R egim e Milit ar brasil ei ro, impl antado por um gol pe de Est ado em 1964, durou vi nt e e um anos e m udou a face do paí s. C ontudo, at é hoj e s uas múltipl as dim ensões foram pouco anali sadas de form a gl obalm ent e art iculada e em oci onalm ent e is ent a. A ênfase, como se percebe nos di versos semi nários, é som ente no as pect o polí ti co. Trat ou -s e, s em dúvida, de um regim e autorit ári o, repres sivo e soci al ment e hi erárqui co. Derrubando e substi tuindo o populismo, que s e encontrava radi calizado e em cris e no iníci o dos anos 60, o regim e abandonou as pol íticas reform ist as de esquerda, i mpl ant ando um modelo t ecnocrático que gerou um acelerado desenvol vimento, m as produziu uma miséria desnecess ária.
Os mom entos de aut orit arismo exacerbado produzi ram a EMC e di sci plinas correl at as, a fim de impl ant ar nas cri anças e adol es cent es a dout rina de segurança nacional. A legitimi dade que um poder d est e tipo pode pret ender
só s erá ati ngi da pel a força e nunca pela argum entação, m esmo ao cam po das idéi as . Vi ve -s e sob a fi cção do Est ado Nacional, que ali ena os indi víduos dos laços imediat os da soci edade real, a qual não pode ser repres ent ada por bandeir as ou hinos.
Os governant es do Brasil são, est rutural ment e, os m es mos do perí odo col oni al e do Império e a m udança que se im põe não vai só al ém dos uniformes como provavelm ente fará uso del es . Há um a revolução mundial em curso, na qual o Tercei ro Mundo cumpre a possibil idade his tórica de livrar-s e, de um a vez por t odas, de seus cent ros hegemônicos. Hoj e é fundam ental impedi r a mani pul ação de sí mbolos criados para ass egurar dit a hegem oni a; é necess ári o que os educadores des nudem os m ecanis mos que, à maneira da Educação Moral e Cívica, tentam ver perenemente “proclamada a escravidão”. O próximo passo, é quase certo, não caberá aos educadores, enquanto educadores. M as quando chegar o próximo pas so el es terão cum pri do o s eu papel.