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A PRAÇA PÚBLICA: ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO AMBIENTAL

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Academic year: 2021

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XIII CONGRESSO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE DE POÇOS DE CALDAS 21, 22 E 23 DE SETEMBRO DE 2016

A PRAÇA PÚBLICA: ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO AMBIENTAL Aline Guimarães de Souza Sant’Anna(1)

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Mestranda em Geografia; Universidade Federal Fluminense; Rua José do Patrocínio, 71, Campos dos Goytacazes, RJ, CEP: 22010-385; alinneguimaraes@yahoo.com.br.

Eixo Temático: Educação Ambiental

RESUMO – A praça é um importante elemento urbano, principalmente por ser um espaço público, um espaço para a sociabilidade, mas também por contribuir para tornar o ambiente das cidades mais agradável. A praça, assim como os parques, jardins, etc., é ou pode tornar-se área verde com significativa função ambiental para as cidades. Diante dessas atribuições, o objetivo deste trabalho é investigar o espaço da praça como ponto de partida para as aulas de Educação Ambiental, permitindo aos alunos perceber sua realidade ambiental, identificando problemas e propondo soluções. A pesquisa foi realizada em várias etapas: visita à área de estudo para investigar as possibilidades de temas a serem trabalhados com alunos, entrevista semiestruturada com a turma (25 alunos) do 7° ano a respeito da percepção deles sobre o espaço, visita dos alunos à praça buscando investigar os atuais problemas da praça e aplicação de questionário para obter dados quantitativos sobre as contribuições da praça para a Educação Ambiental.

Palavras-chave: Praça. Educação Ambiental. Aprendizagem significativa.

ABSTRACT – The square is an important urban element, mainly because it is a public space, a space for sociability, but also to contribute to make the surrounding of cities more enjoyable. The square, as well as parks, gardens, etc., is or may become green area with significant environmental role for cities. Given these responsibilities, the objective of this study is to investigate the space of the square as a starting point for class environmental education, enabling students to realize their environmental situation, identifying problems and proposing solutions.The survey was conducted in several stages: a visit to the area of study to investigate the possibilities of issues to be worked with students, the semi-structured interview with the class (25 students) of the 7th grade about their perception of space; the visit of the students to the square in order to investigate the current problems of the square; and the application of the quiz to obtain quantitative data about the contributions of the square Environmental Education.

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XIII CONGRESSO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE DE POÇOS DE CALDAS 21, 22 E 23 DE SETEMBRO DE 2016

Introdução

A praça é um marco urbano que proporciona, principalmente, o convívio social. Lugar de encontro, da política, do comércio, dentre outros, a praça apresenta a morfologia que atende ou atendeu ao contexto urbano em que está inserida.

Para Robba e Macedo, “as praças são espaços livres de edificação, públicos e urbanos, destinados ao lazer e ao convívio da população, acessíveis aos cidadãos e livres de veículos” (2010, p.17). As praças apresentam várias funções sociais ao longo da história, tais como seu uso religioso, militar, comercial, recreação, contemplação, dentre outros, mas, destacamos a importância da praça para a qualidade ambiental urbana.

Diante dos significativos valores ambientais da praça apontados por Robba e Macedo (2010) – a circulação do ar, o controle da temperatura, a melhoria na drenagem das águas pluviais, proteção do solo contra a erosão –, o espaço é uma possibilidade para desenvolver atividades de Educação Ambiental. Para Almeida (2004), as praças e jardins podem ser usados “como espaço educativo para a população e para os estudantes”. O uso da praça é significativo para o ensino em relação aos aspectos ambientais, como também sociais, culturais e históricos, uma vez que os espaços públicos das praças contam as histórias das cidades brasileiras. A Política Nacional de Educação Ambiental prevê a prática da Educação Ambiental (EA) como integrada, contínua e permanente, sem uma disciplina específica. A política define a Educação Ambiental como:

Art 1º Entendem-se os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem como de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. (Lei n°9.795, 27 de abril de 1999)

A partir da preocupação em garantir um ambiente sadio para os homens e todos os tipos de vida terrestre, a Educação Ambiental poderá contribuir para o debate e ações no espaço escolar, uma vez que a EA na escala do bairro e da rua apresenta resultados mais próximos e avaliáveis (AB’ SABER, 1991).

Material e Métodos

A pesquisa foi realizada com o 7° ano do Ensino Fundamental, alunos da Escola Municipal Frederico Paes Barbosa, para os quais a pesquisadora leciona a disciplina de Geografia. A escola está localizada no bairro Parque Novo Mundo, no município de Campos dos Goytacazes, Estado do Rio de Janeiro.

Diante do conteúdo proposto para a série em questão sobre “Problemas ambientais brasileiros”, a professora-pesquisadora sentiu necessidade de aprofundar nas questões ambientais.

A Praça Frederico Paes Barbosa chama a atenção da pesquisadora enquanto instrumento para a EA, visto que está localizada na mesma quadra da escola, não precisando atravessar a rua para visitá-la. A praça é uma paisagem que faz parte do cotidiano dos alunos, tornando a aprendizagem significativa, ou seja, aquela que

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ocorre “quando o indivíduo consegue relacionar, de forma não arbitrária, o conteúdo a ser aprendido com aquilo que ele já sabe” (BORGES, 2003, p.21).

A pesquisadora foi à praça verificar as principais questões ambientais que poderiam ser trabalhadas em aula, e a partir delas foi elaborada entrevista (abordagem qualitativa) sobre a percepção ambiental dos alunos. Após a entrevista, conversou-se sobre a importância da praça e seus valores ambientais, e em seguida, visitou-se a Praça Frederico Paes Barbosa, para que os alunos pudessem visualizar e investigar seus principais problemas e possíveis soluções.

Os alunos responderam a um questionário (abordagem quantitativa) com 6 questões avaliando a praça, o papel individual do cidadão para o cuidado da praça e a aprendizagem durante a aula de campo na praça. Na última etapa, foi feita a análise dos resultados da pesquisa, a partir dos quais foram elaborados gráficos. Para fundamentar a pesquisa, foram consultadas referências bibliográficas sobre a praça e trabalhos voltados para a Educação Ambiental, e também sua aplicação na praça pública.

Resultados e Discussão

A primeira questão da entrevista dos alunos foi para saber o que eles entendiam por meio ambiente, e, surpreendentemente, 79% dos alunos deram respostas que incluíam os seres humanos, e apenas 21% dos alunos se referiam ao espaço da natureza e dos animais. Os discentes demonstraram uma compreensão ampla do conceito de meio ambiente.

Para comparar o antes e o depois da aula na praça, foi solicitado que os estudantes avaliassem a paisagem da praça, conforme o gráfico da figura 1.

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Figura 1- Aspecto da paisagem da Praça.

Fonte: Entrevista.

A partir da visita dos alunos à Praça Frederico Paes Barbosa, observa-se a mudança da percepção sobre o ambiente, pois passou de 57% para 85% o percentual de alunos que considerava ruim a paisagem depois da aula na praça. Embora a Educação Ambiental seja considerada transversal, foi acrescentada a opção Meio Ambiente às outras disciplinas (conforme figura 2), para saber dos alunos o que é possível estudar na praça. Educação Física foi a área de conhecimento que os alunos mais apontaram, possivelmente pelo espaço apresentar uma quadra poliesportiva e uma quadra de areia. A área de Meio Ambiente também foi um destaque, demonstrando que os alunos reconheceram os problemas ambientais da área. Ao mesmo tempo, demonstraram a dificuldade em reconhecer a questão ambiental como temática da aula da disciplina de Geografia. Os alunos puderam optar por mais de uma resposta.

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Figura 2- Áreas do conhecimento possíveis para aprender na praça.

Fonte: Entrevista.

Os alunos investigaram a respeito dos problemas da Praça Frederico Paes Barbosa, considerando a importância de uma Educação Ambiental que valorize o bairro, a escola, a praça, a cidade, ou seja, a realidade em que estão inseridos:

Na educação ambiental escolar deve-se enfatizar o estudo do meio ambiente onde vive o aluno e a aluna, procurando levantar os principais problemas cotidianos, as contribuições da ciência, da arte, dos saberes populares, enfim, os conhecimentos necessários e as possibilidades concretas para a solução deles (REIGOTA, 2009, p. 46).

A figura 3 ilustra os principais problemas encontrados pelos alunos na praça.

Figura 3- Problemas da Praça Frederico Paes Barbosa.

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A partir dos problemas apontados, com destaque para a péssima conservação da estrutura (quadra quebrada e com as grades cortadas, pichações, etc.), os alunos apontaram como principais soluções a colocação de lixeira, a limpeza pela prefeitura, o plantio de mais árvores, e o que mais citaram foi uma reforma do espaço. Os alunos reconhecem o descuido da população como um problema, uma vez que responderam que “não jogar lixo” na praça é uma possível solução. Para Reigota (2009), a Educação Ambiental deve possibilitar o comprometimento cidadão em busca de melhoria.·.

A educação ambiental como educação política está comprometida com a ampliação da cidadania, da liberdade, da autonomia e da intervenção direta dos cidadãos e cidadãs na busca de soluções e alternativas que permitam a convivência digna e voltada para o bem comum (REIGOTA, 2009, p.13).

Como a praça pública também é um bem de uso comum e está localizada ao lado da escola, ou seja, de fácil acesso aos alunos, questionou-se sobre responsabilidade de preservação da praça. Na figura 4, observa-se que a maioria das respostas considera que o poder público e todas as pessoas que utilizam a praça são os responsáveis.

Figura 4: A aprendizagem na praça.

Fonte: Entrevista.

Embora ocupe o mesmo quarteirão, a relação da escola com a praça é distante, mesmo a escola não apresentando espaço para as aulas de Educação Física e a praça tendo uma quadra poliesportiva e outra de areia. Para manter a segurança dos alunos, há o distanciamento das atividades escolares da praça.

A figura 5 demonstra o reconhecimento dos alunos da aprendizagem que tiveram no espaço público da praça.

0% 20% 40% 60% 80% 100% Da Prefeitura Dos moradores Da escola Da prefeitura e de todos que a utilizam 9% 5% 0% 86% Centenas

A responsabilidade de cuidar e preservar a praça é:

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Figura 5: A aprendizagem na praça.

Fonte: Entrevista.

Sabemos que a EA não resolve os problemas ambientais globais, mas pode influenciar significativamente, uma vez que forma cidadãos conscientes dos seus direitos e deveres e atuantes na sua comunidade (REIGOTA, 2009, p.18-19). A maioria dos alunos avaliou a aprendizagem positivamente, evidenciando que houve a reflexão sobre seu cotidiano e as práticas ambientais.

A aula na praça viabiliza tratar de temáticas ambientais, como clima, solo, água, lixo, etc., que também são da Geografia. Com a visita dos alunos à praça, houve a aplicação dos conhecimentos de Geografia e Ciência, principalmente, além dos conhecimentos prévios dos alunos, pois a praça é “espaço maior, que revela a cidade e tende a confundir-se com ela”(SALDANHA, 1993). As boas condições de um bairro ou suas mazelas reveladas na praça servem de instrumento para a EA de caráter político, social e ecológico, que orienta novas alternativas à sociedade.

Conclusões

A Educação Ambiental para a cidadania, aquela que considera as relações políticas, sociais e econômicas, empenha-se em formar indivíduos que intervenham diretamente sobre os problemas e que se importem com o bem comum.

Esta pesquisa demonstrou que a praça, enquanto bem coletivo para o lazer, para o trabalho e para a qualidade ambiental das cidades, é um espaço para a aprendizagem da Educação Ambiental escolar, possibilitando o contato dos alunos com seu cotidiano.

A partir da aula na praça, os alunos puderam refletir sobre o conceito de meio ambiente, investigar a sua própria realidade identificando os problemas ambientais e suas possíveis soluções, reconhecer o seu papel enquanto cidadão responsável pelo cuidado e preservação da praça e esta como um espaço de aprendizagem.

As atividades de E. A em praça pública podem levar em consideração não somente aspectos biológicos das praças, como também a valorização dos patrimônios histórico-culturais da cidade, promovendo a vivência cultural, social e

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% Sim Não Não sei Não respondeu 59% 4% 5% 32%

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política dos alunos. Dessa forma, conforme demonstrado sucintamente no trabalho, a praça se mostrou um ambiente propício para a aprendizagem significativa.

Referências

AB’SABER, A. N. (Re)conceituando educação ambiental. São Paulo: CNPq/Mast, 1991.

BRASIL. Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999. Lei no 9.795, de 27 de Abril de 1999: Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras

providências. Brasília, DF, Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9795.htm>. Acesso em: 10 abr. 2016.

BORGES, Evelyse Lemos. Teorias e práticas pedagógicas. Boletim - Trabalho Ciência e cultura: desafios para o Ensino Médio, MEC, Brasil, p.20-24, nov. 2003. Disponível em: <http://cdnbi.tvescola.org.br/resources/VMSResources/contents/document/publicationsSerie s/111329TrabalhoCienciaCultura.pdf>. Acesso em: 05 abr. 2016.

REIGOTA, M. O que é educação ambiental. São Paulo: Brasiliense, 2009.

ROBBA, F; MACEDO, S. S. Praças brasileiras: public squares in Brazil. São Paulo: Edusp: Imprensa oficial do Estado. 2002, 312 p.

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