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O PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA NA SUPERAÇÃO DA POBREZA OU EXTREMA POBREZA 1

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O PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA NA SUPERAÇÃO DA POBREZA OU EXTREMA

POBREZA1

Elizeth Conceição Ribas2 RESUMO

Este artigo tem como objetivo central analisar a percepção dos beneficiários quanto à superação da pobreza ou extrema pobreza em relação ao programa Bolsa Família de forma focalizada no município de Ponta Porã/MS. A pesquisa ainda levantou a origem do Programa Bolsa família, sua contextualização em meio às políticas públicas, e os programas de transferência de renda condicionada ao âmbito brasileiro. O trabalho teve seu desenvolvimento baseado na pesquisa bibliográfica, como também questionários aplicados aos beneficiários do programa no município de Ponta Porã/MS. Os dados demonstraram que os programas de transferência de renda vêm se consolidando como alternativas eficazes no enfrentamento da pobreza, gerando efeitos relevantes sobre os índices de pobreza e desigualdade no país, embora não estejam isentos de críticas ou problemas. Não se deve desprezar a importância do Programa Bolsa Família para a melhoria das condições de vida das famílias beneficiárias, haja vista que, é claro que o mesmo ainda não é capaz de combater a pobreza e a vulnerabilidade social em sua dimensão estrutural.

Palavras-chave: Programa Bolsa Família, Transferência de Renda, Condicionalidades, Desigualdade Social, Pobreza.

1 INTRODUÇÃO

Esse trabalho de conclusão de curso acerca do tema "Programa Bolsa Família na Superação da Pobreza e/ou Extrema Pobreza”, focalizada no município de Ponta Porã/MS, utiliza em seu desenvolvimento dados obtidos no site do Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e do CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) do município de Ponta Porã, como também dados obtidos a partir da aplicação de questionário com os beneficiários do programa no município. Os dados utilizados tem o intuito de

1Trabalho orientado pela Profa. Me. Gesilane de Oliveira Maciel José. E-mail: geisa@fathel.com.br. 2 Assistente Social e Mediadora de Conflitos, e Aluna do Curso de Especialização em Educação,

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embasar a pesquisa em relação ao objetivo central do trabalho, a avaliação feita por seus beneficiários quanto à satisfação em relação ao Programa Bolsa Família.

Diante do tema definido busco responder a alguns questionamentos inerentes a situação na qual se encontra o programa hoje, após treze anos de sua existência. O Programa Bolsa Família, abreviado pela sigla PBF, é um programa que divide sobejamente a opinião das pessoas de forma ampla, de um lado as críticas sofridas ao programa, tais como, que o programa tenha objetivos clientelistas e assistencialistas, e de outro as constatações de melhora na vida de muitos brasileiros que são beneficiários do programa, a exemplo da diminuição da evasão escolar e mortalidade infantil.

No decorrer do trabalho também houve uma pesquisa no município possibilitando um maior conhecimento acerca dos beneficiários de suas realidades tanto econômicas como sociais, como também um aprofundamento de conhecimento em relação ao do Programa Bolsa Família, que é um programa de transferência de renda condicionada, tem o papel de beneficiar de forma direta (transferência monetária diretamente a população) pessoas em condições de vulnerabilidade social. No caso brasileiro o Programa Bolsa Família tem o intuito de diminuir a pobreza, reduzir a desigualdade social através de modelo de inclusão social e de desenvolvimento econômico em conjunto promovendo o alívio imediato da situação de pobreza e a fome. O Programa Bolsa Família instituiu três pilares fundamentais para que o programa se desenvolvesse: saúde, educação e assistência social, através do desenvolvimento desses três pilares são atingidas os objetivos almejados de redução da pobreza e combate à fome como exposto pelo próprio Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à fome (MDS) gestor do programa em nível nacional3

O Programa já completou seus treze anos de existência e o valor que já foi transferido aos beneficiários, permitiu de certa forma, a diminuição da desigualdade e da pobreza. De forma a garantir aos beneficiários uma renda mínima e possibilitando assim a sua sobrevivência. O PBF tendo como fundamento básico a transferência de benefícios monetários diretamente aos beneficiários e que para a transferência ocorrer em contrapartida os beneficiários são submetidos a condicionalidades, em relação à saúde, educação, assistência social. O que se espera é que em consonância as condicionalidades exigidas aos

3 Dados expostos no site do MDS na guia Bolsa Família- acesso em novembro de 2016 (http://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/RIv3/geral/relatorio.php#Transferência de Renda).

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beneficiários pelo programa, essas tenham impactos tais quais haja redução da Pobreza e/ou Extrema Pobreza. E através das condicionalidades haja diminuição da evasão escolar, que as gestantes e as nutrizes tenham acompanhamento pré-natal e que posteriormente seus filhos continuem tendo acompanhamento médico.

Diante das condicionalidades impostas e dos dados obtidos por meio de entrevista com os beneficiários do programa, buscamos saber a opinião dos próprios beneficiários em relação ao programa, por meio de questionário foi realizada uma avaliação do programa pelos seus próprios beneficiários. O questionário abrange questões relacionadas à aplicação do benefício, o perfil das famílias beneficiárias, se estas são participantes do mercado de trabalho, se as condicionalidades estão sendo cumpridas. Diante da pesquisa os resultados obtidos buscam expor a satisfação dos beneficiários participantes desse programa, quanto ao benefício de transferência de renda. Para Teixeira (2013), o Programa Bolsa Família vem desde sua criação buscando alternativas que visa ao enfrentamento da pobreza no Brasil. Quase 13 anos após sua criação, o Programa apresenta bons resultados e é aclamado pela comunidade internacional como um dos mais bem-sucedidos programas sociais do mundo, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS).

2 POBREZA E DESIGUALDADE NO BRASIL E O PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA Historicamente, a desigualdade social e a pobreza são problemas sociais que afetam a maioria dos países na atualidade. A pobreza existe em todos os países, pobres ou ricos, mas a desigualdade social é um fenômeno que ocorre principalmente em países não desenvolvidos.

No Brasil, a desigualdade social tem sido um cartão de visita para o mundo, pois é um dos países mais desiguais. O crescimento da pobreza, da fome e da desigualdade continua em ritmo alarmante, segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano, lançado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD (2004), em que destaca que no ano de 2002, onze milhões de crianças morreram em todo o mundo antes de completar um ano de vida. Essa taxa é reflexo direto das condições de vida de grande parte da população mundial.

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[...] desigualdade social é um guarda-chuva que compreende diversos tipos de desigualdades, desde desigualdade de oportunidade, resultado, etc., até desigualdade de escolaridade, de renda, de gênero, etc. De modo geral, a desigualdade econômica – a mais conhecida – é chamada imprecisamente de desigualdade social, dada pela distribuição desigual de renda. Segundo dados da ONU, em 2005 o Brasil era a 8º nação mais desigual do mundo. O índice Gini, que mede a desigualdade de renda, divulgou em 2009 que a do Brasil caiu de 0,58 para 0,52 (quanto mais próximo de 1, maior a desigualdade), porém está ainda é gritante.

Para o autor fica evidente que esse problema ainda é bastante preocupante, por isso, a necessidade de criar políticas sociais compensatórias para um eficiente funcionamento da sociedade, com o intuito de remediar os danos causados pelo capitalismo, que gera esta lacuna entre ricos e pobres.

Junto com o próprio desenvolvimento econômico, cresceu também a miséria, as disparidades sociais – educação, renda, saúde, etc. – a flagrante concentração de renda, o desemprego, a fome que atinge milhões de brasileiros, a desnutrição, a mortalidade infantil, a baixa escolaridade, a violência. Essas são expressões do grau que chegaram as desigualdades sociais no Brasil. (CAMARGO, 2005).

De acordo com a Declaração Universal de Direitos Humanos de 1948, o Estado tem o papel de intermediador entre as duas classes com o dever de reduzir cada vez mais a pobreza e a desigualdade. As políticas sociais públicas destinadas a atender a Educação, Saúde e Trabalho são direitos universais estabelecidas constitucionalmente e garantidos pela Declaração Internacional dos Direitos do Homem e pela constituição de diversos países, entretanto, muito mais do que garantir direitos, a atuação do Estado nesses campos garante, teoricamente, a igual oportunidade de ação dos indivíduos na sociedade. Mais recentemente, em 1993, o direito à alimentação foi equiparado aos demais direitos do homem estabelecidos na Carta dos Direitos Humanos de 1948.

A desigualdade social no Brasil perpetua a pobreza, porém com as lutas dos coletivos sociais organizados sempre esteve presente na superação da pobreza e foi por meio dos movimentos sociais que chegaram às conquistas almejadas dentro da Política Nacional da Assistência Social, que é a criação do Programa de Transferência de Renda Bolsa Família que nasceu para atender as necessidades das famílias em situação de vulnerabilidade social, que vivem em extrema pobreza.

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Neste artigo será apresentada uma análise do Programa de Transferência de Renda Bolsa Família, no contexto da gestão das políticas públicas, em especial das políticas sociais. 2.1 HISTÓRICO E INSTRUMENTOS DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA

O Programa Bolsa Família (PBF), criado pela medida provisória no 132, de 20 de Outubro de 2003, transformada na Lei no 10.836, de 09 de janeiro de 2004, e regulamentado pelo Decreto no 5.209, de 17 de setembro de 2004, é o principal programa de transferência de renda do governo federal. Constitui-se num programa estratégico no âmbito do Fome Zero – uma proposta de política de segurança alimentar, orientando-se pelos seguintes objetivos: combater a fome, a pobreza e as desigualdades por meio da transferência de um benefício financeiro associado à garantia do acesso aos direitos sociais básicos – saúde, educação, assistência social e segurança alimentar; promover a inclusão social, contribuindo para a emancipação das famílias beneficiárias, construindo meios e condições para que elas possam sair da situação de vulnerabilidade em que se encontram (BRASIL, MDS, 2006). Dessa forma o programa tange as seguintes populações:

As famílias extremamente pobres, com renda per capita mensal de até R$ 60,00, independentemente de sua composição, e a famílias consideradas pobres, com renda per capita mensal de entre R$ 50,01 e R$ 120,00, desde que possuam gestantes, ou nutrizes, ou crianças e adolescentes entre zero a quinze anos. O primeiro grupo de famílias recebe um benefício fixo no valor de R$ 50,00, podendo receber mais R$15,00 por cada filho de até quinze anos de idade, até três filhos, totalizando o benefício mensal em até R$95,00 por família. As famílias consideradas pobres recebem uma transferência monetária variável de até R$ 45,00, sendo R$15,00 mensais por cada filho de até quinze anos de idade. Ressalta-se que o Bolsa Família vem ampliando seu público alvo, incluindo o atendimento de famílias sem filhos, como o caso dos quilombolas, famílias indígenas e moradores de rua (SILVA 2007, p. 1434).

O Bolsa Família é visualizado como uma alternativa de renda fixa e previsível, impactando decisivamente no acesso aos bem de consumo. Bem como o Programa representa e significa uma saída da situação de miséria, pobreza e incertezas provocadas por inúmeros problemas que possuem as mais diversas origens como sociais, políticas, culturais e econômicas que levaram a família a sofrer pela falta dos mínimos sociais necessários para a subsistência do núcleo familiar.

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A Portaria Interministerial no 2.509, de 18 de novembro de 2004, por sua vez, dispõe sobre as atribuições e normas para a oferta e o monitoramento das ações de saúde relativas ao cumprimento das condicionalidades das famílias beneficiadas. O PBF foi criado para apoiar as famílias mais pobres e garantir o direito aos serviços sociais básicos. O objetivo do Programa Bolsa Família é apoiar as famílias mais pobres e garantir o direito aos serviços sociais básicos. Para isso, o Governo Federal transfere renda direto para as famílias, sendo o saque feito mensalmente, além de promover o acesso à saúde, educação e assistência social. (BRASIL, MDS, 2006).

De acordo com o manual das condicionalidades do Programa Bolsa Família, para que as famílias recebam o benefício de transferência de renda, precisam cumprir algumas condicionalidades exigidas pelo programa. As condicionalidades são compromissos assumidos pelas famílias nas áreas de saúde e educação, para assim continuarem a receber o benefício monetário. Na área da saúde, existem os compromissos a serem cumpridos como o acompanhamento da saúde de gestantes com exames de rotina, nutrizes e crianças menores de 7 anos de idade, com a manutenção do cartão de vacinas atualizado. Na área da educação, se condiciona a matrícula e frequência escolar mínima de 85% no ano letivo por crianças e adolescente com idade de 6 a 15 anos; retorno de adultos analfabetos à escola, além da 8 participação de todas as famílias em ações de educação alimentar quando oferecidas pelo Governo (MANUAL DE GESTÃO DE CONDICIONALIDADE, 2006, p. 13). De acordo com a Lei nº 10.836, de 9 de Janeiro de 2004.

Art. 3º A concessão dos benefícios dependerá do cumprimento, no que couber, de condicionalidades relativas ao exame pré-natal, ao acompanhamento nutricional, ao acompanhamento de saúde, à frequência escolar de 85% (oitenta e cinco por cento) em estabelecimento de ensino regular, sem prejuízo de outras previstas em regulamento.

Espera-se com esse estudo verificar os pontos positivos do Programa Bolsa Família e se ocorreu de fato a melhoria das condições de vida e sobre o acesso aos serviços básicos para a dignidade humana, destacando a importância do PBF para as famílias em situação de vulnerabilidade.

Além do exposto, o estudo se justifica também por que os Programas de Transferência de Renda passam a ser considerados importantes mecanismos para o enfrentamento da pobreza e como possibilidade de dinamização da economia, principalmente

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em pequenos municípios encontrados em todo o Brasil, tendo em vista que, num ambiente econômico em que prevalece o capitalismo, a intervenção governamental através de políticas redistributivas de renda se faz necessária para garantir o essencial à sobrevivência humana e promover a integração social, reestruturando os estratos da sociedade.

3 CONTEXTUALIZAÇÃO DA PESQUISA E ANÁLISE DOS DADOS

O trabalho será realizado por meio de uma pesquisa de campo com famílias em situação de vulnerabilidade cadastradas do PBF, e assistidas pelo Centro de Referência da Assistência Social (CRAS). O objetivo é de analisar se o PBF contribui para a superação da pobreza ou da extrema pobreza dessas famílias.

O Centro de Referência de Assistência Social - CRAS é a unidade pública municipal, de base territorial, localizada em áreas com maiores índices de vulnerabilidade e risco social, destinada à articulação dos serviços socioassistenciais no seu território de abrangência e à prestação de serviços, programas e projetos socioassistenciais de proteção social básica às famílias (LOAS, 2011, art. 6º-C).

O CRAS surgiu com a Política da Assistência Social para atender as famílias em seu território, tem como símbolo uma casa (casa da família) que presta serviços e atendimento aos cidadãos independente de faixa etária e/ou distinção de qualquer espécie. O CRAS atua como a principal porta de entrada do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), dada sua peculiaridade nos territórios é responsável pela organização e oferta de serviços da Proteção Social Básica nas áreas de risco social.

De acordo com o guia de “Orientações Técnicas: Centro de Referência de Assistência Social – CRAS”, publicado pelo Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, em 2009, tem como principal objetivo de prevenir situações de risco social, por meio do desenvolvimento de potencialidades, aquisições e do fortalecimento de vínculos familiares e comunitários, atuando na prevenção, proteção e proativamente. O primeiro previne por meio de intervenções orientadas a evitar a situação ou o agravamento da vulnerabilidade. A proteção foca nos esforços de amparar e apoiar o usuário pela defesa do acesso da família e seus membros aos seus direitos. Por fim, a ação proativa é de antecipar as ações de intervenção frente a situação de risco e vulnerabilidade das famílias no território.

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Mantêm parcerias importantes para amenizar os problemas locais, problemas que dificultam os trabalhos da saúde, educação, assistência social e demais seguimentos.

O CRAS/PAIF/COOPHAFRONTEIRA de Ponta Porã/MS iniciou sua organização no ano de 2004 e seu funcionamento em Abril de 2005. Atualmente o CRAS realiza aproximadamente 1.200 (hum mil e duzentos) atendimentos por mês, os serviços/atividades na entidade são ofertados de acordo com que a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais (2009) descreve a Unidade na qual deve ser realizado o trabalho. No caso do Serviço de Proteção e Atendimento Integral a Família – PAIF é o Centro de Referência de Assistência Social – CRAS, que oferece diversos serviços de acordo com a demanda apresentada, a saber: orientações e inserção do Cadastro Único para Programas Sociais, Programa Bolsa Família - PBF; orientações e encaminhamentos de Benefício de Prestação Continuada – BPC; atendimentos e solicitação de Benefícios Eventuais (auxílio natalidade, auxílio funeral, complementação alimentar, auxílio passagem, documentação); cadastro habitacional e encaminhamentos para prioridade; atendimento e solicitação de passe livre; inscrições para projetos desenvolvidos pelo CRAS; encaminhamento de relatórios mensais à Secretaria Municipal de Assistência Social - SMAS.

Neste sentido, para a realização destes serviços são adotados diversos procedimentos metodológicos, a saber: acolhida, estudo social, visita domiciliar, orientações e encaminhamentos, grupos de famílias, acompanhamento familiar, atividades comunitárias, campanhas socioeducativas, informações, comunicação e defesa de direitos, promoção ao acesso à documentação pessoal, mobilização e fortalecimento de redes sociais de apoio, desenvolvimento do convívio familiar e comunitário, mobilização para a cidadania, conhecimento do território, cadastramento sócio econômico, elaboração de relatórios e/ou prontuários, notificação de situações de vulnerabilidade e risco social, busca ativa.

3.1 METODOLOGIA UTILIZADA

O presente estudo, quanto a sua finalidade, se classificou como uma pesquisa bibliográfica e de campo, tendo em vista o maior conhecimento a respeito das estratégias mantidas pelas famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família (PBF) em condição da superação da extrema pobreza. Diante disso, pretende-se identificar por meio da pesquisa de campo com a aplicação de um questionário, quais os meios usados por essas famílias para

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3.2 SUJEITOS PARTICIPANTES

O interesse por essa pesquisa surgiu devido às vivencias de trabalho da pesquisadora que é profissional do Serviço Social e lida com essas populações vulneráveis e por isso a pesquisa será desenvolvida na cidade de Ponta Porã/MS.

Os objetivos serão alcançados por meio de entrevistas com 6 (seis) famílias cadastradas no Programa Bolsa Família que estão recebendo o benefício e ainda encontram-se em vulnerabilidade social. Em relação aos sujeitos participantes da pesquisa, encontram-será averiguada a situação da influência do PBF com essas famílias cadastradas por estarem mais próximas ao Centro de Referência da Assistência Social (CRAS).

Antes da coleta de dados, foi apresentado aos sujeitos o Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE), para que os participantes autorizassem o uso dos dados coletados. O objetivo é respeitar os preceitos éticos da entrevista envolvendo os usuários a partir das demandas identificadas pelo pesquisador. Os entrevistados que concordaram em participar da pesquisa assinaram o termo para que tudo a fosse realizado em conformidade aos ditames do Conselho Nacional de Ética em Pesquisa e respeitando os princípios norteadores da pesquisa em seres humanos, matéria regulada pela referida Resolução.

3.3 ANÁLISE DOS DADOS

A pesquisa em desenvolvimento tem como um dos objetivos verificar se houve melhoria das condições de vidas das famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família no município de Ponta Porã/MS. Como instrumento de coleta de dados foram realizadas 6 (seis) entrevistas individuais com perguntas relativas a gênero, idade, escolaridade, quanto tempo recebe o Bolsa Família (BF), se participa de alguma atividade para melhoria da condições de vida, conhecimento das condicionalidades do BF, se o BF trouxe melhoria para a família, a fim de obter dados do perfil dos beneficiários do Programa Bolsa Família. Tal atividade possui o objetivo de identificar e analisar a percepção do próprio beneficiário acerca da sua qualidade de vida e identificar as potencialidades das famílias e os fatores que as estão impedindo de avançar.

Os dados obtidos foram registrados em números absolutos e relativos, utilizando o Software Microsoft Word e Excel. Diante dos dados coletados, podemos observar que 100% são femininos, tendo a faixa etária de 67% com idade de 18 a 25 anos e 33% de 26 a 35 anos,

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sendo que 50% são analfabetos e 50% tem o ensino fundamental completo, e 100% recebem o benefício a mais de quatro anos.

Os dados ainda demonstram que 100% dos pesquisados tem conhecimento das condicionalidades do programa, percebendo que todos esses cadastrados não têm conhecimento de nenhuma atividade profissional ou social que possa melhorar suas condições de vida ofertada pelo programa. Todos os sujeitos ainda afirmam que o benefício trouxe melhoria para a família.

Ao verificar esses dados, retomamos a perspectiva do programa que tem como objetivo que os beneficiários consigam superar em definitivo a condição de vulnerabilidade em que se encontram (BRASIL, Ministério de Desenvolvimento Social, 2015), e a transferência de renda do Programa Bolsa Família proporciona um alívio imediato da pobreza.

Para 4 (quatro) das entrevistadas, a alimentação da sua família melhorou após receberem o Bolsa família, enquanto as outras dizem ter continuado igual. Pesquisas apontam no mesmo sentido, ou seja, que o Bolsa Família reduziu a desnutrição aguda dos beneficiários, uma vez que aumentou o consumo de “cereais, alimentos processados, carne, leite e derivados, feijão e açúcar” (JANNUZZI; PINTO, 2013, p. 185).

Ainda nesta avaliação podemos observar que 100% das famílias entrevistadas ainda estão em situação de extrema pobreza. Isso nos remete a realidade de que o PBF teve um alcance significativo nas necessidades imediatas dessas famílias, mas ainda não é suficiente para combater a pobreza em sua amplitude de desenvolvimento estrutural e multidimensional. A importância social foi pesquisada, no entanto, obviamente que um único programa de Transferência de Renda não teria como resolver todos os problemas relacionados à pobreza em um país de dimensões tão grandes, tanto físicas quanto sociais. Nesse sentido, não se deve desprezar a importância do Programa Bolsa Família para a melhoria das condições de vida das famílias beneficiárias, haja vista que, certamente que o mesmo ainda não é capaz de combater a pobreza e a vulnerabilidade social em sua dimensão estrutural.

Todavia, estudo também recente, desenvolvido sobre os impactos dos Programas de Transferência de Renda sobre a redução da desigualdade e da pobreza no Brasil, demonstrou que o Programa Bolsa Família é bem focalizado nas famílias pobres brasileiras (SOARES, 2006). Contudo, tem sido capaz apenas de melhorar a situação de vida dessas famílias, sem,

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desenvolvidas nesse trabalho. Esses programas, quando não articulados a uma política macroeconômica de crescimento sustentável e de redistribuição de renda, podem significar melhorias imediatas de famílias que vivem em extrema pobreza, mas não a superam, melhorando a situação vivenciada pelas famílias pobres, sem ultrapassar a denominada linha de pobreza.

Há de se ressaltar que o impacto do Bolsa Família sobre a redução consistente da desigualdade social no Brasil não é livre de polêmicas, onde há quem acredite que, embora tenha efeitos positivos para a melhoria da vida de famílias mais pobres, o programa é insuficiente para alterar o quadro da desigualdade social no país. Para Cohn (1995), deve-se entender que as políticas sociais que são voltadas para o alívio da pobreza, são aquelas que têm ação e resultado de imediato, direcionadas a classe mais necessitada, buscando a superação da pobreza, e possibilitando um crescimento sustentável destes indivíduos. Cohn (1995) sugere que as políticas sociais devem buscar:

A articulação entre aquelas (ações) de curto prazo, de caráter mais imediato, focalizada naqueles grupos identificados como os mais despossuídos, e aquelas de longo prazo, de caráter permanente, universalizastes, voltadas para a equidade do acesso dos cidadãos aos direitos sociais, independentemente do nível de renda e da inserção no mercado de trabalho (COHN, 1995, p. 6).

Perceber a pobreza como fenômeno estrutural decorrente da dinâmica histórica no desenvolvimento do capitalismo, enquanto fenômeno complexo, multidimensional e relativo, permite desconsiderar seu entendimento como decorrente apenas da insuficiência de renda e os pobres como apenas um grupo homogêneo com fronteiras bem delimitadas. Permite também desvelar os valores e concepções inspiradoras das políticas de intervenção nas situações de pobreza e suas possibilidades e impossibilidades para sua redução, superação ou apenas regulação.

Visto dessa perspectiva, o impacto do Programa na condição de vida das mulheres tem ocorrido, sem qualquer dúvida e de maneira decisiva, no âmbito da sobrevivência, sem que, contudo, se estenda ao âmbito da firmação concreta da cidadania. As respostas às indagações sobre as mudanças na cidade e na vida das mulheres articulam as ideais de que o Programa é um estímulo à economia local e uma contribuição essencial para a sobrevivência das famílias.

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Além do exposto, vale ressaltar que os Programas de Transferência de Renda passaram a ser considerados importantes mecanismos para o enfrentamento da pobreza e como possibilidade de dinamização da economia, principalmente em pequenos municípios encontrados em todo o Brasil, como é o caso do município de Ponta Porã, tendo em vista que, num ambiente econômico em que prevalece o capitalismo, a intervenção governamental por meio de políticas redistributivas de renda se faz necessária para garantir o essencial à sobrevivência humana e promover a integração social, reestruturando os estratos da sociedade.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Espera-se com esse estudo verificar os pontos positivos do Programa Bolsa Família e se ocorreu de fato a melhoria das condições de vida e sobre o acesso aos serviços básicos como saúde e educação, como também refletir se os aspectos quantitativos foram suficiente para expandir suas capacidades e ter acesso a melhores oportunidades de vida e proporcionar melhorias as beneficiários no futuro.

Os programas de transferência de renda vêm se consolidando – conforme dados divulgados e outros estudos realizados – como alternativas eficazes no enfrentamento da pobreza, gerando efeitos relevantes sobre os índices de pobreza e desigualdade no país, embora não estejam, conforme uma série de autores, isentos de críticas ou problemas.

Entre as potencialidades do programa Bolsa Família é possível destacar, a melhoria – mesmo que temporária – da renda das famílias assistidas, já que em sua maioria se encontravam numa situação de extrema pobreza; a possibilidade do programa criar condições progressivas – mesmo que em logo prazo – para a inclusão social de futuras gerações de crianças e adolescentes filhos das famílias beneficiárias, a partir da frequência escolar, dos cuidados com saúde e nutrição e do afastamento do trabalho precoce; a oportunidade de garantir as famílias a aquisição de bens (alimentos, eletrodomésticos, vestuário, móveis, material escolar).

Após tudo que já foi exposto no trabalho é imprescindível afirmar que o Programa Bolsa Família com certeza é o principal e mais amplo programa social brasileiro e que tem cumprido indubitavelmente com seus objetivos de proteção social fazendo com que a realidade da desigualdade e vulnerabilidade social sejam diminuídas. Por mais que o

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centralizados que devem ser analisados, para que não acabem por atingir diretamente no objetivo principal do programa de combate à pobreza.

Por fim, ainda que o Programa Bolsa Família tenha muitas delimitações, é importante que se ressalte que a contribuição do programa tem sido de grande significância para as famílias e seus membros beneficiados. O programa tem beneficiado pessoas e dando-lhes possibilidades reais de melhora nas condições imediatas de vida de grande parte da população, sendo que grande parte dessa população anteriormente não tinha nenhum tipo de renda. Entretanto, é importante ressaltar e não se pode deixar de afirmar que o programa ainda não é suficiente para combater a pobreza de fato, já que a mesma possui dimensões estruturais e o seu combate não pode ser dado através de um único programa de transferência de renda, mas da articulação de várias ações na área da educação, saúde, trabalho e etc. Obviamente um único programa de Transferência de Renda não teria como resolver todos os problemas relacionados à pobreza em um país de dimensões tão grandes tanto físicas quanto sociais. Nesse sentido, não se deve desprezar a importância do Programa Bolsa Família para a melhoria das condições de vida das famílias beneficiárias, haja vista que, é claro que o mesmo ainda não é capaz de combater a pobreza e a vulnerabilidade social em sua dimensão estrutural.

5 REFERÊNCIAS

BRASIL, Repercussões do Programa Bolsa Família na segurança alimentar e nutricional nas famílias beneficiadas, Relatório Técnico Preliminar. Junho de 2008.

CAMARGO, J.M. Pobreza e Garantia de Renda Mínima, Folha de S. Paulo, 26/12/2005. COHN, A. Políticas sociais e pobreza no Brasil. Planejamento e Políticas Públicas nº 12, jun./dez. 1995. Brasília. www.ipea.gov.br/pub/ppp/ppp12/parte1.pdf. Acesso 02/11/2016 JANNUZZI, Paulo de Matino e PINTO, Alexandro Rodrigues. Bolsa Família e seus impactos nas condições de vida da população brasileira. In: CAMPELO, Tereza e NERI, Marcelo Cortes (org.). Programa Bolsa Família: uma década de inclusão e cidadania. Brasília, Ipea, 2013

____Presidência da República. Lei 10.836 de 9 de janeiro de 2004. Institui o Programa Bolsa Família, 2004.

____Presidência da República. Decreto 5.209 de 17 de setembro de 2004. Regulamenta o Programa Bolsa Família, 2004.

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LEI ORGÂNICA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL –LOAS LEI Nº 12.435, DE 6 DE JULHO DE 2011. ... “Art. 6 Artigo

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE À FOME. Manual de Gestão de Condicionalidades. 1ª Edição. Brasília – DF. 2006.

Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome - MDS (Guia de Orientações Técnicas para o CRAS: www.mds.gov.br/suas)

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SOARES, Marcelo “Distribuição de Renda no Brasil de 1976 a 2004” (IPEA) 2006. site: http://www.ipea.gov.br; Acesso em 02/11/2016

TEIXEIRA, Marlene; CERQUEIRA, Maria D. Stphaníe R. O Programa Bolsa Família/Vida Melhor e as Mulheres – Transferência de renda e equidade de gênero no Distrito Federal. In: YANNOULAS, Silvia Cristina (Coord.). Trabalhadoras: Análise da feminização das profissões e ocupações. Brasília: Editorial Abaré, 2013.

Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais, RESOLUÇÃO Nº 109, DE 11 DE NOVEMBRO DE 2009

Referências

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