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A política de fixação do salário mínimo
Aldo Fernandes de Sousa Neto *
Nasce no bojo dos poderes federativos pátrios uma celeuma em torno da fixação do salário mínimo a ser lançado em maio do corrente ano. Antes do assunto ser debatido publicamente entre os chefes dos três poderes, nascia no Congresso Nacional, mais precisamente no Senado Federal, forte corrente opinando que dever-se-ia utilizar como referência a quantia de U$100 (cem dólares). Tendo como sustentáculo à bancarrota do erário público, caso viesse a se concretizar o referido valor, tal assertiva fora rechaçado por outra linha de parlamentares que repugnou veementemente a idéia.
É de notória sabença, há um assaz lapso temporal, que a problemática do erário público funda-se numa má administração técnico-contábil, em particular, nos órgãos de maior circulação de rendas - como é o caso da Previdência Social, a qual ocupou a mídia brasileira no que tange às falcatruas ali existentes. Portanto, cai por terra a defesa lançada pelos governistas. Ademais, a população não pode arcar novamente,
como sói acontecer, com o prejuízo feito por profissionais fraudulentos, os verdadeiros responsáveis pelo alto déficit do órgão supra mencionado.
Oriunda de continuadas lutas as quais tinham como escopo erradicar o espírito militar e autoritário remanescentes do modelo político que assolara o país, a Carta Magna de 1988 - mais conhecida como Constituição Cidadã - emergiu dos conclames advindos daquela sociedade, vítima das influências do apontado sistema político, conseguindo unir os partidos de várias correntes no único propósito de construir uma sociedade mais democrática.
Baseado no processo político favorável à democratização do país, a Lei Maior fora vanguardista na incorporação de direitos e garantias fundamentais mister à condição de vida digna ao cidadão brasileiro, enaltecendo o sistema jurídico de relações de trabalho. No que concerne aos direitos sociais, a Constituição versa em seu art. 7º, IV, um quantum mínimo unificado nacionalmente como a quantia que assegure ao cidadão o seu sustento, bem como o de sua família, garantido-lhes as necessidades básicas de sobrevivência latu sensu.
Como normas regulamentadoras surgiram as leis sobre política salarial - Lei nº 7.788, de 3.7.1989, assim como sobre o salário mínimo - Lei nº 7.789, de 3.7.1989. Entretanto,
que as últimas modificações salariais não obedeceram aos comandos da lei competente, porquanto o cálculo do reajuste na remuneração das camadas que auferem até 20 (vinte) salários mínimos deveria sofrer alterações trimestrais igual à variação acumulada do Índice de Preços ao Consumidor - IPC, conforme art. 3º, I, da lei nº 7.788/89. Contudo, não é o que não se verifica.
Desta forma, desnecessária a discussão criada sobre a fixação do quantum salarial, em face da existência de normas que regulamentam a matéria. Com efeito, sendo o cenário político brasileiro genuinamente sensacionalista, a aplicação literal da norma competente não gera popularidade no contexto social, o que reflete negativamente na popularidade de determinados segmentos, tornando-se mais vantajoso lançar propostas aleatórias com significado puramente eleitoreiro.
Neste panorama, encontra-se o trabalhador sacrificado que observa a sua cidadania - conquistada sob ferro - sendo extirpada pelos políticos vassalos nacionais.
Paralelamente, surgem discussões sobre a mencionada matéria advinda do legislativo no tocante aos reflexos sofridos pela população inerente à pequena variação do valor do salário mínimo. Analisando profundamente a questão em lide, verificamos não passar de discursos demagógicos geradores de votos.
Enquanto a camada populacional luta silenciosamente por um pequeno aumento de seus vencimentos, a ínfima camada legislativa locupleta-se de altas variações de vencimentos, titulando-os de ajuda de custo, dentre outros.
Tal situação atenta aos direitos universais do homem, o qual preceitua que ninguém poderá auferir vantagens em detrimentos de outrem, o que no caso vertente está acontecendo. Em conseqüência, acresce, em nível nacional, uma camada populacional que vive como verdadeiros andrajos, vendo-se obrigados a obter outra renda suscetível de sustentar a entidade familiar a que pertence, descaracterizando a função alimentar que titula o salário mínimo. Vertente, tem-se configurada a desobediência à Carta vigente, em particular aos direitos sociais nela garantidos a todos os cidadãos.
Referido quadro mostra o nanismo político da população brasileira, pois, cabe a sociedade fazer valer os direitos constitucionais, exercitando, em contra-partida, o verdadeiro significado de cidadania, qual seja: desempenhar dignamente o trabalho, procurando o engrandecimento cultural das camadas distantes.
Nada mais a cogitar que não a reflexão em tudo aquilo que, teoricamente, infere-se da Carta mandamental responsável pelo comando político da nação. Como compreender
desempenhar na sociedade. Em particular nós acadêmicos somos responsáveis pela proliferação intelectual nas camadas ignorantes. É imperativo nossa movimentação, ante ao desconhecimento normativo do nosso sistema jurídico.
* Acadêmico do 7º período da Faculdade de Direito da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – Uern, estagiário do escritório Fernandes & Associados - Advogados
Disponível em:
http://www.juxtalegem.com.br/artigos/A_Politica_Salario_Minimo.php Acesso em: 07 de outubro de 2008.
