• Nenhum resultado encontrado

Quem é o cidadão que freqüenta os sites de ciência brasileiros

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Quem é o cidadão que freqüenta os sites de ciência brasileiros"

Copied!
7
0
0

Texto

(1)

Quem é o cidadão que freqüenta os sites de ciência

Quem é o cidadão que freqüenta os sites de ciência

Quem é o cidadão que freqüenta os sites de ciência

Quem é o cidadão que freqüenta os sites de ciência

Quem é o cidadão que freqüenta os sites de ciência

brasileiros

brasileiros

brasileiros

brasileiros

brasileiros

Dayse Lúcia M. Lima Dayse Lúcia M. Lima Dayse Lúcia M. Lima Dayse Lúcia M. Lima Dayse Lúcia M. Lima

Instituto Nacional de Tecnologia – INT/MCT Brasil

Os portais das agências governamentais se tornaram o espaço preferencial para demo-cratização de serviços públicos, reunindo as mais importantes iniciativas digitais volta-das para a melhoria dos acessos à informação e aos serviços prestados aos cidadãos em todos os níveis de governo.

Lançado pelo governo brasileiro em 2001 com o objetivo de universalizar o acesso aos serviços da administração pública por meio eletrônico, o Programa do Governo Ele-trônico, ou E-gov, estimava, naquele momento, atingir cerca de dois milhões de usuários da Internet no Brasil – contingente ainda inexpressivo em face de uma população de 169 milhões de brasileiros. Entre as motivações que se colocavam ao programa, não deixou de ser considerada a predominância absoluta de conteúdos em inglês nos sites da Inter-net, restringindo o seu aproveitamento a uma diminuta fração da população brasileira, e, entre os desafios, a carência de capacitação e familiaridade para a convivência com novas tecnologias e serviços.

Diante dessas condições de contorno, optou-se por priorizar a oferta dos serviços mais intensivamente usados pelo cidadão e a sua interação com a máquina administrati-va do governo, deixando-se para o momento seguinte o fortalecimento e ampliação das estruturas de informação, inclusive em cultura e pesquisa científica e tecnológica.

Mas, afinal, quem é este cidadão ao qual se dirige o E-gov? O elenco de possibilida-des colocado à disposição do público pelo portal de serviços e informações do governo brasileiro (www.e.gov.br) sugere que o foco das atenções do governo tem sido o cida-dão urbano, integrante da população economicamente ativa e potencialmente capaz de tomar contato com um amplo perfil de informações e com o próprio veículo eletrônico. Embora a noção de cidadania esteja intrinsecamente relacionada à atuação do indi-víduo num determinado contexto social, espacial e temporal, o espaço proposto como democrático dos sites de serviços do governo exige que estejam prontos a atender a uma larga faixa de interesses da população; por outro lado, impõe a idealização de um “cidadão médio brasileiro” quanto aos seus interesses mais imediatos, necessidades

(2)

específicas, faixa etária, escolaridade ou nível de apreensão da informação. Da dificuldade de conjugar tais contradições resulta, na maioria das vezes, um destinatário abstrato: uma versão simplificada ou reduzida do perfil de cidadão que se quer atingir.

Este trabalho analisa como o governo, através de seu portal eletrônico de informações e serviços, tem projetado o cidadão brasileiro, suas necessidades e interesses, que busca informação sobre ciência.

Criando um espaço de interação com o cidadão Criando um espaço de interação com o cidadão Criando um espaço de interação com o cidadão Criando um espaço de interação com o cidadão Criando um espaço de interação com o cidadão

Entre as diretrizes propostas pelo atual governo para uma política de C&T, apresentadas na última reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – SBPC, foi ressaltada a importância de se estimular entre os brasileiros o conhecimento básico sobre ciência, de modo a facilitar sua melhor compreensão do entorno e possibilitar sua atuação como cidadãos com conhecimento de causa.

A atuação política é, no entender do cientista político Rogério Garcia Fernandez , justa-mente o que evidencia o processo de democratização através da Internet. Para ele, o E-gov tem se ocupado muito mais do esforço de modernização da administração pública do que propriamente do estímulo à democracia eletrônica, que será alcançada apenas quando a interação entre cidadão e governo ocorrer nos dois sentidos.

Promover essa via de mão dupla (governo-cidadão / cidadão-governo) e, portanto, compreender a aquisição de conhecimento ou informação – no caso aqui evidenciado, infor-mação sobre ciência – como instrumento de cidadania implica projetar previamente o cida-dão a quem aquela informação vai interessar, servir ou motivar e que possa fazer uso pleno dos conteúdos e valores transmitidos. Nesse caso, caberia perguntar: quais os perfis de “cidadão” que freqüentam as páginas de ciência brasileiras?

Antes de tentar responder a essa pergunta, talvez seja preciso atentar para o fato de que a informação sobre ciência tem ganhado espaço em todas as mídias, o que leva a presumir a ampliação do perfil do público interessado em ciência. De fato, tradicionalmente identificado como “público em geral”, o consumidor não especializado de informação em ciência abrange desde estudantes de diferentes níveis; grupos selecionados – como, por exemplo, o público-alvo dos folhetos de extensão rural ou das campanhas de educativas nas áreas de higiene, saúde e segurança –, até apreciadores dos temas científicos: leitores de jornais, revistas, estórias em quadrinhos, suplementos infantis e espectadores de documen-tários e programas especiais de rádio e televisão.

Naturalmente, atender a tais demandas específicas requer um cuidadoso processo de reelaboração da informação científica e tecnológica que se dá não somente pela mudança

(3)

de código – do hermético ao legível e assimilável –, mas também da escolha dos conteúdos abordados. No entanto, ainda que se levem em conta as dificuldades inerentes a esse processo de “recriação”, há que se considerar que cada veículo de informação – revista de divulgação científica, folheto educativo, material paradidático, apenas para citar alguns exem-plos –, via de regra, limita e contextualiza a informação em função do público a ser atingido. O portal do governo de informações e serviços

O portal do governo de informações e serviços O portal do governo de informações e serviços O portal do governo de informações e serviços O portal do governo de informações e serviços

Transposta para o meio eletrônico e, particularmente, para os portais eletrônicos de serviços, inclusive os organizados por bancos, empresas privadas de grande porte, em-presas públicas, a relação entre informação e público não se mantém a mesma. Ou seja, ao supor um cidadão-médio indistinto, as páginas governamentais têm optado por dis-ponibilizar um rol de informações que atinja o universo mais amplo possível de usuários e não um grupo seleto deles. Vejamos o que se observa quanto à estrutura geral desses sites, tomando como exemplo o portal de serviços e informações do governo brasileiro.

Figura 1: Página principal do portal de serviços e informações do governo (www.e.gov.br) Além do destaque aos serviços públicos, a análise da página principal do site revela a valorização da estrutura e organização temáticas como pontos de apoio à navegação. Os temas escolhidos, no entanto, não apontam para nenhum foco que reflita o interesse em estimular a interação com o cidadão, motivando sua atuação política. Assim, os temas propostos são: governo eletrônico (endereços do E-gov), tempo e clima, conjuntura do país, legislação e normas, licitações e notícias. Matérias como saúde, segurança, habitação, polí-tica de educação e emprego, ciência e tecnologia, que deveriam ser a porta de entrada para os interesses do cidadão, não são contempladas.

Em parte por não refletir uma visão macro das necessidades e expectativas do cida-dão, observa-se que os tópicos propostos, além de não privilegiarem segmentos de

(4)

público definidos, não guardam simetria entre si quanto à relevância: fala-se um pouco de tudo, sem que se possa criar uma correspondência ou nivelamento entre as informações. Informação sobre ciência no portal do governo

Informação sobre ciência no portal do governo Informação sobre ciência no portal do governo Informação sobre ciência no portal do governo Informação sobre ciência no portal do governo

Particularmente quanto à disponibilização de informação sobre ciência, vejamos o que acontece. Seguindo a estrutura geral do site, nota-se a ausência de uma visão macro da ciência e tecnologia que considere as variadas possibilidades de abordagem da matéria e possa direcioná-la para públicos e finalidades diferenciadas, fortalecendo as-sim os canais de interlocução do governo com o cidadão.

Assim, os conteúdos relacionados com ciência são arrolados no tópico “pesquisa escolar”, que, indistintamente, abriga textos de divulgação científica voltados para o público jovem e infantil, informações institucionais sobre centros culturais e de pesqui-sa, políticas e ações governamentais em saúde e segurança, atividades acadêmico-ad-ministrativas de departamentos de ensino de instituições públicas, além de informações institucionais sobre agências de fomento à pesquisa, bibliotecas virtuais em vários te-mas, bases de dados estatísticos e catálogos gerais de sites de busca na Internet.

Figura 2: Página “pesquisas escolares” do portal de serviços e informações do governo (www.e.gov.br)

Obviamente, a designação “pesquisa escolar” define uma demanda claramente iden-tificada – o público escolar ávido por fontes de pesquisa para seus trabalhos escolares: um fenômeno alimentado pelas próprias escolas que passam a disseminar entre os alu-nos a pesquisa na Internet. Mas será que, tendo sido evidenciada, essa demanda está sendo adequadamente atendida? A julgar pelo exemplo, fontes de informação para pes-quisa e público escolar são apenas um pretexto para, menos que divulgar ciência,

(5)

pres-tar informações vagamente relacionadas ao mundo da ciência, destinadas a todo o nível de interesses e de públicos.

De qualquer forma, cabe a pergunta: qual o propósito de restringir aos estudantes ou ao público jovem acessos a conteúdos sobre ciência? Naturalmente, é suposto que a esse público, com perfil e necessidades mais claramente definidos, é mais fácil escrever sobre ciência, uma vez que, como já se disse, o próprio currículo escolar se encarrega de orientar os interesses nesse campo. No entanto, mostra a experiência de divulgadores de ciência que a produção e seleção de texto pertinente e adequado quanto a código e conteúdo nem sempre é fácil e, muitas vezes, extrapola a mera tradução de conceitos para uma linguagem mais simplificada.

Quanto à informação sobre ciência, quais os públicos demandantes que podem ser contemplados pelo portal do governo? Sem dúvida, aqueles tradicionalmente visados, mas, tendo como objetivo estimular o pleno direito e exercício da cidadania, certamente não apenas.

Novas práticas da interação governo-cidadão para a popularização de uma Novas práticas da interação governo-cidadão para a popularização de uma Novas práticas da interação governo-cidadão para a popularização de uma Novas práticas da interação governo-cidadão para a popularização de uma Novas práticas da interação governo-cidadão para a popularização de uma cultura científica básica

cultura científica básica cultura científica básica cultura científica básica cultura científica básica

Com a finalidade de promover a reflexão e o intercâmbio de experiências sobre a popu-larização da ciência, bem como de avaliar o impacto social decorrente das ações que visam estimular a aquisição de uma cultura científica básica pela população, o fórum anual da Rede de Popularização da Ciência e da Tecnologia para a América Latina e o Caribe (Red-POP) abre um espaço para discussão das práticas mais eficazes para a democratização do conhecimento sobre ciência.

Nesse sentido, acreditamos que examinar as práticas de difusão de informação e conhecimento através do meio eletrônico – e, particularmente, as experiências bem sucedidas de interação governo-cidadão na prestação de serviços e informação – pode dar pistas importantes para a popularização da cultura, da ciência e da tecnologia e para o conseqüente fortalecimento da cidadania.

Estudo recente, realizado pela Administração Pública da Sociedade Americana (ASPA) e pela Divisão das Nações Unidas para Administração Pública e Políticas Econômicas (UND-PEPA), mostra que em 2001 havia na rede 55 mil páginas oficiais governamentais no mun-do. Dessas, 22 mil mantidas pelo governo americano, que também responde pela liderança na busca das melhores práticas em governo eletrônico. Muitas das experiências inovadoras de atendimento ao cidadão premiadas durante a Conferência Anual de Governo Eletrônico, o E-gov 2002, estão diretamente vinculadas aos governos de estados e cidades americanos.

(6)

Por exemplo, o portal do governo do estado de Maryland (EUA), um dos sites pre-miados , utiliza um modelo de interação que, com foco em temas de interesse e em públicos-alvo diferenciados, possibilita ao cidadão-usuário identificar-se com questões específicas de cada recorte social.

O www.maryland.gov destaca, no menu principal, as matérias consideradas prioritárias pelo governo do estado: educação, oportunidades de negócios, emprego, turismo, trans-portes, tarifas públicas e eleições governamentais. Nas páginas subordinadas, a árvore dos diversos recortes de público orienta a organização da informação (Figura 3 e Quadro 1).

Figura 3: Portal de serviços e informações do governo de Maryland (EUA) – (www.maryland.gov)

Quadro 1: Organização da informação nos temas educação e emprego no portal de serviços e informações do governo de Maryland (EUA) – (www.maryland.gov)

(7)

Assim, por exemplo, como pode ser visto no Quadro 1, cuidados com a saúde, leis de trabalho, medicina ocupacional e segurança, planos de aposentadoria e benefícios para o desempregado estão todos relacionados com o tópico direitos e benefícios do empregado. Ou seja, a indicação do público potencialmente usuário das informações (tema 1) ou das subáreas específicas de interesse (tema 2) facilita a exposição e visua-lização dos temas tratados, além de estabelecer claramente o espaço de interlocução cidadão-governo. Considerações finais Considerações finais Considerações finais Considerações finais Considerações finais

Levando-se em conta o cidadão brasileiro interessado em informação e conhecimento sobre ciência que o governo tem projetado no seu portal eletrônico, torna-se claro que a prática de interação governo-cidadão voltada para a democratização de uma cultura científica básica é ainda incipiente.

A título de reflexão e contribuição para o debate, na 8ª Reunião da Red-POP, sobre o alcance social das práticas mais eficazes para a popularização da ciência, propõe-se a discussão de um modelo que estimule uma nova relação do governo com o cidadão, baseada nos seguintes aspectos:

- fortalecimento da cidadania através do E-gov;

- inserção dos temas cultura, ciência e tecnologia entre os espaços privilegiados de - interlocução governo-cidadão por meio eletrônico;

- definição dos perfis de cidadão que se quer atingir com informação e conhecimen-to sobre ciência, com definição de seu contexconhecimen-to social, cultural e político;

Referências

Documentos relacionados

A espectrofotometria é uma técnica quantitativa e qualitativa, a qual se A espectrofotometria é uma técnica quantitativa e qualitativa, a qual se baseia no fato de que uma

Figura 8 – Isocurvas com valores da Iluminância média para o período da manhã na fachada sudoeste, a primeira para a simulação com brise horizontal e a segunda sem brise

 Para os agentes físicos: ruído, calor, radiações ionizantes, condições hiperbáricas, não ionizantes, vibração, frio, e umidade, sendo os mesmos avaliados

Evidentemente, a língua portuguesa representa o Brasil. A valorização da mesma significa, por transferência de significado, uma valorização da nação brasileira. A comparação do

Em um dado momento da Sessão você explicou para a cliente sobre a terapia, em seguida a cliente relatou perceber que é um momento para falar, chorar, dar risada

Entre os bairros avaliados o Santa Rita apresentou as condições mais precárias de saneamento básico no ano de 2007 em função da ausência de fornecimento de

Com o objetivo de compreender como se efetivou a participação das educadoras - Maria Zuíla e Silva Moraes; Minerva Diaz de Sá Barreto - na criação dos diversos

Sem desconsiderar as dificuldades próprias do nosso alunado – muitas vezes geradas sim por um sistema de ensino ainda deficitário – e a necessidade de trabalho com aspectos textuais