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DEFORMIDADES E PREJUÍZOS CAUSADOS EM CÃES BRAQUICEFÁLICOS

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Academic year: 2021

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DEFORMIDADES E PREJUÍZOS CAUSADOS EM CÃES BRAQUICEFÁLICOS

Orlando Cândido Lara Neto1, Glenda Maris de Barros Tartaglia 2

1Faculdade Sudoeste Paulista, Avaré, São Paulo, Brasil. E-mail orlando_neto2009@hotmail.com

2Faculdade Sudoeste Paulista, Avaré, São Paulo, Brasil. E-mail glendambt@yahoo.com.br

1 INTRODUÇÃO

O cão doméstico é considerado a espécie de maior variação morfológica entre os mamíferos, com o primeiro fóssil datando cerca de 14 mil anos, enquanto a Ordem Carnívora teve origem há cerca de 50 milhões de anos (FLYNN, GALIANO 1982).

Os cães são a espécie que possuem maior diversidade, variação em tamanho e conformação, quando comparados a outros animais domésticos (STOCKARD, 1941; VILÁ et al., 1999).

A diferença entre o tamanho e a conformação esquelética nas diferentes raças de cães ultrapassa o que se pode observar na Família Canidae, apresentando também diferenças de comportamento e fisiologia. Essas diferenças podem ser justificadas, em grande parte, devido á seleção artificial destes animais realizada ao longo dos anos pelo homem, resultando em grande influência no desenvolvimento da forma, coloração e comportamento (HOFMANN - APPOLLO, 2009).

O crânio dos cães apresenta variabilidade quanto suas dimensões, tais como largura, comprimento e altura, ele apresenta três tipos de conformações, sendo braquicefálicos, mesaticefálicos e dolicocefálicos. As raças braquicefálicas apresentam cabeça curta e estreita, os mesaticefálicos possuem o crânio intermédio e os dolicocefálicos possuem a cabeça longa e estreita.

Dentre eles, os braquicefálicos são mais predispostos a desenvolverem problemas respiratórios, paralisia do nervo facial, hidrocefalia, prolapso da glândula da terceira pálpebra e dermatite de dobra cutânea (KOCH, 2003), ocorre também o crescimento da mandíbula e maxila, levando a má oclusão dentária, ocorrendo à dificuldade para se alimentar, desgaste desigual dos dentes e perdas dentárias.

As raças braquicefálicas são observadas em Bulldog Inglês e Francês, Pequinês, Boxer, Pug, Shih Tzu, Boston Terriers, Lhasa Apso, Maltês, Cavalier King Charles Spaniel, Cocker Spaniel Americano, Brussels Griffon, Dogo Argentino, Presa Canário, Tibetan Spaniel e Chihuahua, entre essas raças o mais acometido é o Bulldog Inglês.

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A Síndrome das vias aéreas braquicefálica ou simplesmente síndrome braquicefálica, é caracterizada por apresentar uma ou mais anormalidade anatômica congênita das vias aéreas superiores. Os defeitos primários incluem estenose dos orifícios nasais, prolongamento do palato mole e hipoplasia traqueal, podendo provocar alterações secundárias como eversão dos sáculos laríngeos e colapso laríngeo (DOCAL, 2008). As anormalidades são congênitas e por isso, o exame completo das vias aéreas deve ser realizado no início da vida do paciente, incluído imagens das vias aéreas e a avaliação endoscópica da nasofaringe, laringe e traquéia (HEDLUND, 2008).

Essas irregularidades impedem o fluxo de ar nas vias aéreas superiores, causando respiração ruidosa, cianose, estritor e casos mais graves pode ocorrer síncope.

O objetivo deste trabalho foi fazer uma revisão de literatura sobre cães braquicefálicos, desde a fisiologia e anatomia do sistema respiratório até o prognóstico dessa síndrome.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

No presente estudo foi realizada uma revisão sistemática da literatura disponível, ou seja, fontes primárias de informação como livros, artigos, teses, dissertações, monografias, revistas, folhetos explicativos do acervo particular do autor deste trabalho referentes ao assunto. Para isso, foram utilizadas as obras literárias pertencentes e disponíveis no acervo da Biblioteca Julia Chaddad, localizada na Faculdade Sudoeste Paulista, Avaré/SP, além de sites de busca como Lilacs, Scielo e Google.

Os artigos foram escolhidos através das palavras-chave: cães braquiocefálicos, vias aéreas, síndrome braquiocefálica.

Foram revisadas a literatura científica e leiga em publicações do período de 1982 a 2013 e busca de artigos, sendo examinados 30, selecionados 12 e excluídos 18 devido não condizer com a proposta deste trabalho.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os cães se tornaram braquicefálicos, devido à criação seletiva intensiva, com isso o tamanho do nariz vem sendo reduzido de tal forma que prejudicou gravemente o seu funcionamento. Para o cão, a redução drástica da respiração nasal significa a perda do seu principal órgão termorregulador, impedindo-o de libertar o calor corporal em

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quantidade suficiente, levando a um aumento da temperatura corporal interna, passível de produzir colapso e morte (OECHTERING, 2010).

Acredita-se que o gene responsável pelo encurtamento do focinho não afeta os tecidos moles, acarretando em um alongado palato mole (HAAGEN, 1997). Em cães que apresentam este prolongamento, o tecido se estende além da borda da epiglote causando a obstrução da rima glótica e interferindo na respiração, originando ainda, com a vibração do tecido pela passagem de ar, um edema inflamatório na faringe (VADILLO, 2007).

Todas as raças com focinhos curtos, achatados ou encurtados foram produzidas pelo homem, devido a isso, eles apresentam deformidades no esqueleto, causando uma série de problemas, umas delas é a respiração, na qual pode se tornar muito grave quando estiverem excitados e ainda terão problemas respiratórios em sua vida inteira, sempre resfolegando, bufando e fungado graças à dificuldade para respirar.

A redução da estrutura óssea de um órgão para menos de um terço do seu tamanho normal foi alcançado devido criação seletiva o que provocou, inevitavelmente, consequências importantes nas estruturas existentes no mesmo. Esta alteração não só diminuiu as dimensões das cavidades nasais, como também provocou um decréscimo patológico da cavidade oral (HARVEY, 1982).

As narinas do cão são relativamente pouco dilatadas, pois sua sustentação cartilaginosa não permite muito movimento e os músculos das narinas são de desenvolvimento relativamente pequeno (HARE, 1986).

A faringe tem inúmeras funções, participa na respiração, deglutição e na vocalização, apresenta-se completamente fechada durante a deglutição, mas deve estar totalmente aberta para permitir uma respiração sem obstruções (OECHTERING, 2010).

A laringe exerce funções importantes como vocalização através das vibrações que o ar provoca nas cordas vocais juntamente com o movimento das cartilagens impulsionado pelos músculos adjacentes, a condução do ar para a traquéia e posteriormente para o pulmão, onde ocorre a hematose.

A traqueia possui a função de reter as sujidades do ar e levá-lo purificado até aos brônquios (WEST, 2002).

Os pulmões são órgãos essenciais na respiração, são duas vísceras situadas uma de cada lado, no interior do tórax é onde se dá o encontro do ar atmosférico com o sangue circulante, ocorrendo à hematose.

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De acordo com MARTINS et al (2008), muitos cães braquicefálicos são afetados por vários tipos de obstruções, os sinais clínicos dependem da oclusão do fluxo aéreo nas vias aéreas superiores, podendo ser suaves a severos. Os sintomas são respiração ruidosa, agonia respiratória, mucosa pálidas ou cianóticas, síncope, tosse, alteração vocal, engasgo, dispneia, intolerância ao exercício, estridores e estertores, tentativas de vômito, sialorreia e espirros reversos.

O exame físico baseia-se na aparência das narinas externas, em narinas estenóticas geralmente simétricas, as pregas alares são sugadas para dentro durante a inspiração, o examinador deve realizar a inspeção direta no palato mole, faringe e

laringe, o palato mole é visualizado quando está posicionado além da borda da epiglote. Após o diagnóstico definitivo a condição é tratada com o objetivo de reduzir o

desconforto respiratório e prevenir a progressão da doença.

O tratamento médico é direcionado para diminuir agressão das vias aéreas superiores devido ao esforço respiratório e consequentemente minimizar a inflamação e o edema. O animal deve ser mantido em locais tranquilos e frescos, onde o estresse e a excitação possam ser evitados (HEDLUND, 2008).

O tratamento cirúrgico tem como objetivo a desobstrução das vias aéreas superiores através da correção cirúrgica das anormalidades anatômicas existentes e também na minimização dos fatores que intensificam os sinais clínicos, como diminuição do exercício, excitação e hipertermia (DOCAL, 2008).

Alguns procedimentos podem ser realizados, como ressecção parcial das narinas estenóticas, do palato mole e vestibuloplastia nasal (OECHTERING, 2010).

Por fim o prognóstico depende da idade do animal e a gravidade da enfermidade, Quanto mais alteração anatômicas, pior o prognóstico. As complicações pós-operatórias incluem edema, hemorragia e regurgitação nasal se removido grande quantidade de tecido do palato mole (MORALEZ-LOPEZ, 2000).

4 CONCLUSÕES

Os cães são as espécies que possuem maior diversidade, variação e conformação, comparados a outros animais domésticos, seu crânio apresenta três tipos de conformações, sendo o braquicefálicos, mesaticefálicos e dolicocefálicos, dentre eles, os cães braquicefálicos são mais predispostos a desenvolverem problemas respiratórios.

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A síndrome braquicefálica é caracterizada por apresentar uma ou mais anormalidade anatômica congênita das vias aéreas superiores. A criação seletiva para obtenção de certas características específicas deformou de tal forma a cabeça das raças braquicefálicas que a saúde e o bem-estar estão comprometidos em grandes números de animais. As causas encontradas são estenose dos orifícios nasais, prolongamento do palato mole, hipoplasia traqueal, eversão dos sáculos laríngeos e colapso laríngeo.

A identificação dos sinais clínicos e sintomas da síndrome braquicefálica fornecem informações relevantes aos médicos veterinários e contribui desde o exame físico até o prognóstico, melhorando a qualidade de vida do animal, além de diminuir as alterações secundárias presentes nesta síndrome.

5) REFERÊNCIAS

ALÉS, A. J. L. Endoscopia nos animais de estimação. 2011. Disponível em: < http://www.webanimal.com.br/cao/endos.htm.> Acesso em: 16 jul. 2013.

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Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária) – Faculdade de medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo, São Paulo – SP. 2009.

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