PROJETO CAIXA DA CIÊNCIA 1
Luciano Herbstrith Bessauer2
1. Introdução
Definida social e culturalmente como o espaço de disseminação do conhecimento a escola sofreu uma mutação na década passada. Essa mudança não foi emanada ou empreendida pela própria escola, nem derivada do novo currículo do ensino médio, mas sim pela globalização, concretamente estabelecida pelo acesso às fontes de informação. A tecnologia e a informação estão amplamente difundidas e influenciam nosso modo de viver e se relacionar. Em relação ao ensino de ciências, muito mais do que ser atrativo para aluno, ele deve ser emancipador. O aluno deve ser o sujeito ativo no processo de aprendizado, não devendo o professor considerá-lo um depositário do conteúdo a ser aplicado (FREIRE). De acordo com Chassot (2003), “entender a ciência nos facilita, também, contribuir para controlar e prever as transformações que ocorrem na natureza. Assim, teremos condições de fazer com que essas transformações sejam propostas, para que conduzam a uma melhor qualidade de vida”.
Neste contexto o projeto tem como objetivo a disponibilização de uma caixa contendo um kit de vidrarias e equipamentos, onde o professor do ensino médio possa desenvolver atividades práticas com seus alunos em sala de aula. Desta forma possibilita aos professores uma estratégia pedagógica para o desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem, através da integração com a Escola de Engenharia desta IES, convertendo as experiências em ações de melhoria da qualidade de vida individual e em comunidade.
2. Objetivos atingidos e não atingidos
Proporcionar aos professores e alunos do ensino médio da rede pública e privada das cercanias dos campis da UniRitter a utilização de um kit de vidrarias e equipamentos para promover um espaço de experimentação e integração desta IES com a comunidade.
3. Metodologia
Para a execução das atividades do projeto, primeiramente será necessário a preparação de um conjunto de aulas práticas abordando os conteúdos pertinentes ao ensino médio. Posteriormente será analisado a disponibilidade dos materiais nos laboratórios de química desta IES para uso nos kits.
Definido as vidrarias e equipamentos será construído uma caixa de madeira, contendo divisórias para acondicionamento de quatro kits de vidrarias e equipamentos que contemplem as práticas elaboradas. Deve-se ressaltar que a caixa conterá espaços para acondicionamento de acordo com a forma geométrica dos itens, desta forma mantendo a integridade no transporte e facilitando a verificação dos itens.
Na implantação do projeto será necessário contatar as escolas para apresentação da proposta do projeto, preferencialmente para escolas no entorno dos campi e para instituições educacionais que já mantenham parceria com a UniRitter nas ações do festival das profissões.
O professor da escola interessada deverá seguir as seguintes etapas:
1ª etapa: encaminhar os roteiros experimentais de interesse para avaliação da viabilidade com os materiais disponíveis no laboratório ou utilizar os roteiros previamente estabelecidos;
2ª etapa: confirmada a viabilidade da execução da aula prática, será realizado o agendamento para retirada e entrega da caixa da ciência.
4. Resultados
Na primeira fase do projeto os alunos bolsistas e voluntários realizaram o levantamento dos conteúdos para cada ano do ensino médio. Foi considerada a necessidade, durante o processo de ensino-aprendizagem, de atividades práticas específicas integrando a teoria com a prática que possibilitassem aos alunos relacionar o tema com seu cotidiano.
Durante as visitas de prospecção de escolas para participarem do projeto foi identificada a necessidade de promover uma aprendizagem colaborativa e cooperativa, pois estas metodologias tem o potencial de promover uma aprendizagem mais ativa por meio de estímulo ao pensamento crítico e ao desenvolvimento de capacidade de interação, tornando os alunos mais responsáveis por sua aprendizagem, levando-os a assimilar conceitos e a construir conhecimentos de uma maneira mais autônoma.
Após estas etapas, desenvolveu-se vários experimentos práticos com alunos de Engenharia Química participantes do projeto, onde foram elaborados roterios práticos e posteriormente testados em laboratório, conforme figura 1.
Figura 1 – Desenvolvimento das Atividades práticas.
No decorrer do desenvolvimento das atividades práticas os alunos constataram a dificuldade de elaborar roteiros para o conteúdo de química orgânica, sendo necessários recursos mais complexos para atender esta demanda. Para atender essa limitação, foi planejada a elaboração de um kit molecular, que foi construído em impressoras 3D. Para tanto, os alunos convidaram um estudante da graduação de Ciência da Computação, o qual foi integrado ao projeto e passou a colaborar na construção do kit molecular.
Durante o processo de preparação e desenvolvimento das atividades foram realizados seminários, onde os alunos apresentavam o andamento de suas atividades e discutiam as melhorias necessárias para implantação, conforme figura 2. Essa estratégia tinha por finalidade manter o grupo devidamente alinhado com os objetivos, manter a continuidade do trabalho e principalmente potencializar o desenvolvimento acadêmico do discente.
Figura 2 – Alunos apresentando o andamento de suas atividades.
A figura 3 demonstra as atividades que estão sendo desenvolvidas junto às escolas participantes do projeto. As aulas práticas são uma estratégia didática para potencializar o interesse dos alunos pela área da ciência e como consequência melhorar o desempenho dos estudantes do ensino médio.
Figura 3 – Atividades nas Escolas:
Em conssonância com o compromisso da UniRitter em realizar ações sociais voltadas às comunidades em que está inserida, o Projeto participou da Laureate Global Days of Service 2018, conforme figura 4. A ação que foi realizada durante a 32ª EXPOAER, evento promovido pela Força Aérea Brasileira na cidade de Canoas, despertou o interesse de diferentes faixas etárias pela ciência, promovendo a reflexão através de atividades lúdicas que permitissem aos visitantes relacionar a ciência com situações cotidianas. A atenção nas informações técnicas nos rótulos das embalagens, medicamentos e demais produtos, são exemplos cotidianos que possibilitam um olhar crítico no momento da aquisição, e principalmente na prevenção de riscos inerentes às substâncias que compõe os produtos.
5. Conclusões
Fica evidenciado que os jovens atentos às informações globalizadas de toda a ordem e com os diversos recursos tecnológicos disponíveis não aceitam a sala de aula como única estratégia pedagógica. As ações propostas pelo projeto auxiliaram efetivamente os professores na adoção de novas práticas pedagógicas, desta forma contribuindo significativamente para o desenvolvimento do processo de ensino aprendizagem.
A utilização das estratégias pedagógicas presentes nas aulas práticas induz o aluno a raciocinar, buscar entender o que está se passando no experimento e permite o melhor entendimento do assunto abordado, resultando num conhecimento concreto, pautado na relação com as condições que o estudante encontra no seu cotidiano.
6. Palavras-chave
Aulas práticas; processo de ensino aprendizagem; estratégia pedagógica.
7. Referências bibliográficas
Ceratti, M. R. N. Evasão Escolar: Causas e Consequências. Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), SEED/PR.
CHASSOT, A. Alfabetização científica: uma possibilidade para a inclusão social. Revista Brasileira de Educação, Nº 22, Jan/Fev/Mar/Abr de 2003, p. 89-100.
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997. FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1987.
ROSA, C. M. A experimentação no ensino de química nas escolas do município de Caçapava do Sul -RS. Trabalho de Conclusão de Curso, Unipampa, Caçapava do Sul, 2014.
8. Produção Acadêmica decorrente do projeto de Pesquisa/Extensão. XIV Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação – SEPesq.
