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Pessoal, leiam e depois respondam as questões. Me enviem apenas as respostas.

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Academic year: 2021

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Professora Maria Alice –

maria-amarco@educar.rs.gov.br

Pessoal, leiam e depois respondam as questões. Me enviem apenas as respostas.

Atvidade para semana de 20/07 a 24/07 Alunos que enviarem as respostas por email, informar a turma.

O Barroco Português

A partir da terceira década do século XVI, a Reforma liderada por Lutero desfez a unidade religiosa europeia e abalou o poder da Igreja Católica. A reação da Contra Reforma, a partir do Concílio de Trento (1545-1563), acentuou um embate ideológico que se estendeu por todo o século XVII, avançando, em alguns países, pelo século XVIII.

Assim, ao mesmo tempo que assistimos à vitória do capitalismo mercantil em países como Holanda, Inglaterra e França, em outros, Espanha e Portugal, vemos a ação da Igreja Católica buscando um retorno à religiosidade medieval.

Os conflitos e contradições entre ideais antropocêntricos e teocêntricos podem, segundo alguns, explicar o surgimento do estilo barroco na Itália e em Portugal. O Barroco seria, portanto, a expressão, nas artes, da profunda crise ideológica e da multiplicidade de estados de espírito do homem seiscentista, dividido entre a razão e a fé, entre a mentalidade em expansão e os valores medievais defendidos pelo clero e pela nobreza.

Características do Barroco

• Pessimismo

• Desequilíbrio entre a razão e a emoção • Dualidade, contradição

• Tendência à ilusão (fuga à realidade objetiva, subjetividade) • Tendência à alusão (descrição indireta)

• Predomínio de figuras como a metáfora, a antítese, o paradoxo, a hipérbole, o hipérbato.

Tendências do Barroco Literário

São duas as tendências básicas do Barroco: cultismo e conceptismo. Embora constituam estilos diferentes, podem coexistir num mesmo autor ou até numa mesma obra. Há casos em que a distinção entre eles é muito difícil, se não impossível.

•Cultismo: Graças ao poeta espanhol D. Luís de Góngora, seu maior representante, este estilo também costuma ser chamado Gongorismo. Consiste na hipertrofia da dimensão sensorial (sonoridade e imagens) da obra literária. O autor cultista recorre exageradamente a metáforas, sinestesias de toda ordem, aliterações, hipérbatos, antíteses, trocadilhos, neologismos estranhos... enfim, a um descritivismo rebuscado, tão rico quanto tortuoso. A obra cultista oferece-se como um espetáculo para os sentidos, chegando, muitas vezes a obscurecer o entendimento (Hermetismo).

•Conceptismo: Consiste na hipertrofia da dimensão conceitual da obra literária. Utilizando-se mais da razão que dos sentidos, o autor conceptista cria raciocínios engenhosos, num refinado jogo intelectual de paradoxos e sutilezas lógicas. Enquanto o cultismo é essencialmente descritivo, o conceptismo é analítico. Considera-se o espanhol D. Francisco de Quevedo o mais representativo e influente autor deste estilo.

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Momento Histórico do Barroco em Portugal

Depois de um breve momento de esplendor, Portugal entra em acelerada decadência. Em1580, após dois anos de disputas pela sucessão de D. Sebastião, desaparecido na Batalha de Alcácer Quibir, o rei da Espanha, Filipe II, realiza a integração de Portugal ao império espanhol. Durante os sessenta anos seguintes assiste-se ao declínio comercial e naval do Reino, apesar das significativas exportações do açúcar brasileiro. Portugal chega a perder para a Holanda muitas de suas colônias orientais e até parte do território brasileiro.

A maior expressão do desalento do povo português é o surgimento do mito sebastianista, segundo o qual D. Sebastião voltaria para redimir Portugal. O mito sobreviveria por muito tempo, como expressão do anseio popular pelo aparecimento de um redentor.

A restauração da Coroa e da independência portuguesa só se inicia em 1640, com o conflito militar que levou ao trono o primeiro rei da dinastia de Bragança: D. João IV.

Com a descoberta do outo em Minas Gerais, no final do século XVII, Portugal vive um novo período de riqueza, esbanjada, durante o longo reinado de D. João V (1707-1750), no luxo da corte, na suntuosidade religiosa e na construção de palácios e templos monumentais.

Espanha e Portugal tornaram-se, do final do século XVI até meados do século XVIII, os baluartes da Contra Reforma, o que explica, em parte, a longa vigência do estilo barroco nos dois países.

Como sabemos, houve uma lenta evolução do Renascimento para o Barroco, transitando pelo Maneirismo. Por isso, o ano de 1580, quando Portugal se submeteu ao domínio espanhol, é o marco apenas convencional do início da nova escola.

O Barroco português nunca atingiu o mesmo brilho e a mesma riqueza do Barroco espanhol, apesar de ter sido diretamente influenciado por ele. Predominam, em prosa, os escritos morais, doutrinais e religiosos, destacando-se os sermões, em poesia, as produções das academias.

Pe. Antônio Vieira

Um papa do século XVII, Clemente X (1670-76), disse a respeito de Vieira: “Devemos dar muitas graças a Deus por fazer este homem católico, porque se o não fosse poderia dar muito cuidado à Igreja de Deus”.

Essa era a fama de Vieira em sua época: “monstruo de los ingenios y príncipe de nustros oradores” (Pe. Isla, citado por Antônio José Saraiva. O discurso engenhoso. São Paulo, perspectiva,1980). E, sem dúvida, é o maior orador sacro em língua portuguesa e nosso principal autor barroco.

As principais obras de Vieira são os sermões (perto de 200, organizados em 16 volumes) e as cartas (cerca de 500, publicadas em 3 volumes). Mas foram publicadas também, postumamente, duas obras de cunho profético-messiânico sobre o futuro de Portugal: Historia do futuro e Esperanças de Portugal (teria escrito uma terceira obra, Clavis prophetarum, inédita e desaparecida).

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Obras de Vieira

•Sermões •Cartas

•História do futuro •Esperanças de Portugal

Estilo de Vieira e estrutura dos sermões

Embora utilizando muitas vezes os procedimentos estilísticos do cultismo, Vieira é um autor conceptista. Tem sido considerado, durante estes três séculos, um gênio da língua. Impressiona sua capacidade de obter efeitos extraordinários, sem lançar mão de exagero sintáticos ou de rebuscamentos metafóricos. Seu discurso é extremamente “engenhoso” (no sentido seiscentista: extremamente inventivo e original), sem, contudo, ser pedante e obscuro.

Como autor conceptista, Vieira dá grande importância à ordenação discursiva, seguindo rigorosamente a estrutura clássica.

Pe. Vieira – V - fragmento do Sermão do bom ladrão

Suponho finalmente que os ladrões de que falo não são aqueles miseráveis, a quem a pobreza e vileza de sua fortuna condenou a este gênero de vida, porque a mesma sua miséria, ou escusa, ou alivia o seu pecado, como diz Salomão: Non grandis est culpa, cum quis furatus fuerit: furatur enim ut esurientem impleat animam. (10).O ladrão que furta para comer, não vai, nem leva ao inferno; os que não só vão, mas levam, de que eu trato, são outros ladrões, de maior calibre e de mais alta esfera, os quais debaixo do mesmo nome e do mesmo predicamento, distingue muito bem S. Basílio Magno: Non est intelligendum fures esse solum bursarum incisores, vel latrocinantes in balneis; sed et qui duces legionum statuti, vel qui commisso sibi regimine civitatum, aut gentium, hoc quidem furtim tollunt, hoc vero vi et publice exigunt: Não são só ladrões, diz o santo, os que cortam bolsas ou espreitam os que se vão banhar, para lhes colher a roupa: os ladrões que mais própria e dignamente merecem este título são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e legiões, ou o governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais já com manha, já com força, roubam e despojam os povos. — Os outros ladrões roubam um homem: estes roubam cidades e reinos; os outros furtam debaixo do seu risco: estes sem temor, nem perigo; os outros, se furtam, são enforcados: estes furtam e enforcam. Diógenes, que tudo via com mais aguda vista que os outros homens, viu que uma grande tropa de varas e ministros de justiça levavam a enforcar uns ladrões, e começou a bradar: — Lá vão os ladrões grandes a enforcar os pequenos. — Ditosa Grécia, que tinha tal pregador! E mais ditosas as outras nações, se nelas não padecera a justiça as mesmas afrontas! Quantas vezes se viu Roma ir a enforcar um ladrão, por ter furtado um carneiro, e no mesmo dia ser levado em triunfo um cônsul, ou ditador, por ter roubado uma província. E quantos ladrões teriam enforcado estes mesmos ladrões triunfantes? De um, chamado Seronato, disse com discreta contraposição Sidônio Apolinar: Nou cessat simul furta, vel punire, vel facere: Seronato está sempre ocupado em duas coisas: em castigar furtos, e em os fazer. — Isto não era zelo de justiça, senão inveja. Queria tirar os ladrões do mundo, para roubar ele só.

Suponho finalmente que os ladrões de que falo não são aqueles miseráveis, a quem a pobreza e vileza de sua fortuna condenou a este gênero de vida, porque a mesma sua miséria, ou escusa, ou alivia o seu pecado, como diz Salomão: Non grandis est culpa, cum quis furatus fuerit: furatur enim ut esurientem impleat animam. (10).O ladrão que furta para comer, não vai, nem leva ao inferno; os que não só vão, mas levam, de que eu trato, são outros ladrões, de maior calibre e de mais alta esfera, os quais debaixo do mesmo nome e do mesmo

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predicamento, distingue muito bem S. Basílio Magno: Non est intelligendum fures esse solum bursarum incisores, vel latrocinantes in balneis; sed et qui duces legionum statuti, vel qui commisso sibi regimine civitatum, aut gentium, hoc quidem furtim tollunt, hoc vero vi et publice exigunt: Não são só ladrões, diz o santo, os que cortam bolsas ou espreitam os que se vão banhar, para lhes colher a roupa: os ladrões que mais própria e dignamente merecem este título são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e legiões, ou o governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais já com manha, já com força, roubam e despojam os povos. — Os outros ladrões roubam um homem: estes roubam cidades e reinos; os outros furtam debaixo do seu risco: estes sem temor, nem perigo; os outros, se furtam, são enforcados: estes furtam e enforcam. Diógenes, que tudo via com mais aguda vista que os outros homens, viu que uma grande tropa de varas e ministros de justiça levavam a enforcar uns ladrões, e começou a bradar: — Lá vão os ladrões grandes a enforcar os pequenos. — Ditosa Grécia, que tinha tal pregador! E mais ditosas as outras nações, se nelas não padecera a justiça as mesmas afrontas! Quantas vezes se viu Roma ir a enforcar um ladrão, por ter furtado um carneiro, e no mesmo dia ser levado em triunfo um cônsul, ou ditador, por ter roubado uma província. E quantos ladrões teriam enforcado estes mesmos ladrões triunfantes? De um, chamado Seronato, disse com discreta contraposição Sidônio Apolinar: Nou cessat simul furta, vel punire, vel facere: Seronato está sempre ocupado em duas coisas: em castigar furtos, e em os fazer. — Isto não era zelo de justiça, senão inveja. Queria tirar os ladrões do mundo, para roubar ele só.

1 - Assinale a alternativa cuja citação se aproxima tematicamente do “Sermão do bom ladrão” de Antônio Vieira.

A) “Rouba um prego, e serás enforcado como um malfeitor; rouba um reino, e tornar-te-ás duque.” (Chuang-Tzu, filósofo chinês, 369-286 a.C.)

B) “Para quem vive segundo os verdadeiros princípios, a grande riqueza seria viver serenamente com pouco: o que é pouco nunca é escasso.” (Lucrécio, poeta latino, 98-55 a.C.)

C) “O dinheiro que se possui é o instrumento da liberdade; aquele que se persegue é o instrumento da escravidão.” (Rousseau, filósofo francês, 1712-1778)

D) “Que o ladrão e a ladra tenham a mão cortada; esta será a recompensa pelo que fizeram e a punição da parte de Deus; pois Deus é poderoso e sábio.” (Alcorão, livro sagrado islâmico, século VII)

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2 - Leia o excerto do “Sermão do bom ladrão”, de Antônio Vieira (1608-1697), para responder a questão a seguir.

"Navegava Alexandre [Magno] em uma poderosa armada pelo Mar Eritreu a conquistar a Índia; e como fosse trazido à sua presença um pirata, que por ali andava roubando os pescadores, repreendeu-o muito Alexandre de andar em tão mau ofício; porém ele, que não era medroso nem lerdo, respondeu assim: “Basta, Senhor, que eu, porque roubo em uma barca, sou ladrão, e vós, porque roubais em uma armada, sois imperador?”. Assim é. O roubar pouco é culpa, o roubar muito é grandeza: o roubar com pouco poder faz os piratas, o roubar com muito, os Alexandres. Mas Sêneca, que sabia bem distinguir as qualidades, e interpretar as significações, a uns e outros, definiu com o mesmo nome: [...] Se o rei de Macedônia, ou qualquer outro, fizer o que faz o ladrão e o pirata; o ladrão, o pirata e o rei, todos têm o mesmo lugar, e merecem o mesmo nome."

No trecho, Antônio Vieira caracteriza a resposta do pirata a Alexandre Magno como a) dissimulada.

b) ousada. c) enigmática. d) servil. e) hesitante.

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