Orações Subordinadas Substantivas
Quando o modo como as orações se relacionam cria uma idéia de subordinação, em que uma das orações claramente depende estruturalmente da outra, temos os períodos compostos por subordinação. Dependendo do tipo de correlação existente entre essas orações, teremos, por exemplo, as orações subordinadas substantivas, adjetivas ou adverbiais.
Vejamos:
Sei que a moça irá à praia. Temos aqui duas orações: Sei – oração principal
que a moça irá à praia – oração subordinada.
A segunda oração funciona como se fosse um objeto direto da primeira, portanto um complemento verbal. É como se tivéssemos algo como “Sei a lição”. Portanto, é uma oração que funciona como se fosse um substantivo, com função sintática de objeto direto, em relação à oração “Sei”.
É muito importante que não tenhamos a intenção de “decorar” nada, mas de compreender. Assim, teremos, na segunda oração em questão, uma oração (uma vez que temos um núcleo verbal ─ “irá” ─ subordinada (uma vez que se subordina a uma oração principal) substantiva (porque funciona como se assim o fosse) objetiva direta (que é o papel sintático que ela exerce em relação à oração principal). A conjunção que inicia uma oração subordinada substantiva chama-se Conjunção Integrante. Ainda falaremos bastante dela mais tarde. Vamos, agora, estudar cada uma das orações subordinadas substantivas:
1. Subjetivas
São orações subordinadas substantivas que funcionam como se fossem sujeitos da oração principal. Vejamos:
Exemplo 1:
É melhor que você fique.
Nesse exemplo, temos um período composto por duas orações: É melhor – Oração principal
e
que você fique – Oração Subordinada Substantiva Subjetiva que = conjunção integrante.
É como se tivéssemos, por exemplo, “É melhor o livro”, ou seja, “O livro é melhor” (sujeito = o livro) Exemplo 2:
Seria melhor que você ficasse aqui. Seria melhor = oração principal
que você ficasse aqui. = oração subordinada substantiva subjetiva que = conjunção integrante
Exemplo 3:
Parece que você ficou nervoso durante a reunião. Parece = oração principal
que você ficou nervoso durante a reunião. = oração subordinada substantiva subjetiva. que = conjunção integrante
2. Objetivas Diretas
Temos uma oração subordinada substantiva objetiva direta quando temos uma oração que funciona como objeto direto da oração principal. Vejamos:
Compreendo que você ainda tenha algumas dúvidas. Compreendo: oração principal
que você ainda tenha algumas dúvidas. = oração subordinada substantiva objetiva direta. que = conjunção integrante
Exemplo 2:
Maria descobriu que Xexéu vai à praia. Maria descobriu = oração principal
que Xexéu vai à praia. = oração subordinada substantiva objetiva direta. que = conjunção integrante
Exemplo 3:
Juracilda sabe que não sabe. Juracilda sabe = oração principal
que não sabe = oração subordinada substantiva objetiva direta que – conjunção integrante
3. Objetivas Indiretas
Temos uma oração subordinada substantiva objetiva indireta quando esta exerce a função de objeto indireto em relação à oração principal.
Exemplo 1:
Lembre-se de que Marivaldinha virá à festa. Lembre-se = oração principal
de que Marivaldinha virá à festa. = oração subordinada substantiva objetiva indireta. que = conjunção integrante
Exemplo 2:
Não me oponho a que você viaje. Não me oponho = oração principal
a que você viaje. = oração subordinada substantiva objetiva indireta que = conjunção integrante
Exemplo 3:
Juca aconselha-me a que fique em Curitiba por mais tempo. Juca aconselha-me = oração principal
a que fique em Curitiba por mais tempo. = oração subordinada substantiva objetiva indireta que = conjunção integrante
4. Completivas Nominais
São aquelas que funcionam como complementos nominais de algum elemento da oração principal. Exemplo 1:
Tinha certeza de que Maria viria. Tinha certeza = oração principal
de que Maria viria. = oração subordinada substantiva completiva nominal Exemplo 2:
Juca era favorável a que prendessem Joaquim. Juca era favorável = oração principal
a que prendessem Joaquim. = oração subordinada substantiva completiva nominal Exemplo 3:
Estava convencido de que Juracildinha chegaria mais cedo hoje. Estava convencido = oração principal
de que Juracildinha chegaria mais cedo hoje = oração subordinada substantiva completiva nominal 5. Predicativas
São orações que exercem a função de um predicativo do sujeito do sujeito da oração principal. Normalmente se caracteriza por vir precedida do verbo de ligação “ser”.
Exemplo 1:
O receio de Maria era que chovesse. O receio de Maria era = oração principal
que chovesse = oração subordinada substantiva predicativa que = conjunção integrante
Exemplo 2:
O problema é que você não percebe o erro. O problema é = oração principal
que você não percebe o erro. = oração subordinada substantiva predicativa que = conjunção integrante
Exemplo 3:
A verdade era que ele queria o livro. A verdade era = oração principal
que ele queria o livro = oração subordinada substantiva predicativa 6. Apositivas
São aquelas em que a oração funciona como um aposto de um dos termos da oração principal. Exemplo 1:
Sei isto: que você irá à festa. Sei isto = oração principal
que você irá à festa. = oração subordinada substantiva apositiva. Exemplo 2:
Ela lhe confessou a verdade: que era uma mulher acima de qualquer suspeita. Ela lhe confessou a verdade: = oração principal
que era uma mulher acima de qualquer suspeita. = oração subordinada substantiva apositiva Exemplo 3:
Hermenegildo só sabia uma coisa: que iria à biblioteca. Hermenegildo só sabia uma coisa: = oração principal
que iria à biblioteca. = oração subordinada substantiva apositiva
Orações Subordinadas Adverbiais
Relacionam-se à principal por meio de conjugações específicas e dependendo do sentido dessa relação, podem exprimir nove diferentes circunstâncias:
Oração Subordinada Adverbial Causal
Sentido: enuncia uma causa, o motivo de ocorrência do fato expresso na oração principal.
Conjunções: porque, pois que, uma vez que, visto que, já que, porquanto, desde que.
Valor da oração principal: valor de conseqüência.
Desistimos da viagem uma vez que as passagens estavam caras. Como não conseguiu emprego, Eduardo voltou para sua casa. Oração Subordinada Adverbial Consecutiva
Sentido: indicam a conseqüência resultante de um fato expresso na oração principal.
Conjunções: que, (tão)...que, (tanto)...que, tal...que, tamanho...que, de forma que, de modo que, de sorte que, tanto que.
Valor da oração principal: valor de causa
As passagens estavam tão caras que desistimos da viagem.
Lembrando que toda causa provoca uma conseqüência e inversamente toda conseqüência é gerada por uma causa.
Causa: o chão estava molhado Conseqüência: Helena caiu
Helena caiu porque o chão estava molhado (O.Sub.Adv.Causal) O chão estava tão molhado que Helena caiu (O.Sub.Adv.Consecutiva) Períodos classificados de modo diferente, mas com mesmo valor. Oração Subordinada Adverbial Condicional
Sentido: apresenta uma condição imposta para que ocorra o fato expresso na oração principal (indicam a situação necessária para que ocorra ou não) Conjunções: se, caso, exceto se, desde que, contanto que, sem que, a menos que, a não ser que.
Eu irei a praia se fizer bom tempo.
Se ele terminar o trabalho, receberá o dinheiro. Oração Subordinada Adverbial Comparativa
Sentido: estabelecem uma comparação entre o fato expresso pela oração subordinada e o expresso pela principal.
Conjunções: tão...(do) que, tanto...(do) que, mais/menos...(do) que, melhor/pior...(do) que, maior/menor...(do) que, como assim, assim como, tão...quanto.
OBS: quase sempre não há verbo na subordinada, é o mesmo verbo da principal, mas de modo implícito. Se a conjunção não apresenta o do, ela está na forma reduzida.
Ele trabalhava o dia inteiro como um escravo.
Ele era tão grande quanto qualquer outro jogador de basquete. Oração Subordinada Adverbial Temporal
Sentido: localiza no tempo o momento de ocorrência do fato expresso na oração principal.
Conjunções: quando, enquanto, assim que, logo que, até que, depois que, desde que, apenas, mal, sempre que, cada vez que, antes que.
Passou a beber depois que foi traído pela namorada.
Eles, desde que nos mudamos para cá, nunca nos visitaram. Oração Subordinada Adverbial Final
Sentido: exprime finalidade, o objetivo do fato contido na oração principal. Conjunções: para que, que (= para que), a fim de que, porque (=para que). O texto foi fixado no mural a fim de que os alunos lessem.
Solange fingia chorar a fim de (que) comover o namorado. (Oração Reduzida) OBS: nas finais, é mais comum utiliza a forma reduzida com parte da
conjunção e verbo no infinitivo.
Oração Subordinada Adverbial Proporcional
Sentido: estabelecer uma relação de proporção (aumento ou diminuição equivalente) entre o fato expresso pela subordinada e o expresso pela principal.
Conjunções: à medida que, à proporção que, ao passo que, quanto mais...mais/menos, quanto menos...mais/menos.
OBS: são ações concomitantes, ao mesmo tempo, ou que avançam de maneira inversamente proporcional.
Quanto mais ele treinava, mais confiança tinha em si mesmo. A praça vai lotando à medida que as pessoas chegam. Oração Subordinada Adverbial Conformativa
Sentido: estabelece uma forma, critério, um modelo de acordo com o qual se desenvolve o fato expresso na oração principal. Geralmente há um acordo prévio, e a ação será feita de acordo com o previsto.
Conjunções: conforme, como (=conforme), consoante, segundo. Os fiscais agiram com rigor, como determinou o prefeito.
Segundo o professor Gerson, pedra não existe.
Oração Subordinada Adverbial Concessiva
Sentido: exprime um fato que, em princípio, poderia impedir/mudar a ocorrência do fato expresso na principal, mas não impede.
Conjunções: embora, ainda que, posto que, a menos que, se bem que, conquanto, mesmo que, nem que, apesar de que, por mais que.
Embora fizesse 4 horas de caminhada diária, continuava acima do peso. OBS: essas orações geralmente trazem duas informações explícitas (uma na OP e outra na O.Sub.Adv.Concessiva) e uma informação implícita, que é uma generalização (o que normalmente se espera)
Apesar de ser domingo, ele trabalhou o dia todo. Explícito: era domingo
Ele trabalhou o dia todo
Implícito: normalmente não se trabalha aos domingos Uso da vírgula
Obrigatório se a oração subordinada aparecer antes da principal – inversão da ordem sintática natural.
Opcional se aparecer depois da principal. Formas
Desenvolvida iniciada por conjunção subordinativa completa e verbo conjugado. Reduzida: sem conjunção ou parcialmente completa e verbo no gerúndio, particípio, ou infinitivo.
Retornando a minha cidade natal, visitei alguns velhos amigos. (O.Sub.Adv.Causal Reduzida de Gerúndio)
Orações Subordinadas Adjetivas
As Orações Subordinadas Adjetivas funcionam como se fossem adjetivos de um dos elementos da oração principal. Elas podem ser Restritivas ou Explicativas.
Veja os exemplos a seguir:
I. As crianças que jogam bola saíram. II. As crianças, que jogam bola, saíram.
Observe que, em I, a oração “que jogam bola” adjetiva as crianças, o que também acontece em II, mas a ausência de vírgulas no período I determina um tipo de leitura que não se permite no período II. Em I, a oração “que jogam bola” restringe o tipo de crianças, mostrando-nos que, no mundo ao qual esse período pertence, há mais de um tipo de crianças, além das que jogam bola. Observe-se que, se
perguntássemos, em relação ao período I, quem saiu, obteríamos naturalmente a resposta “As que crianças que jogam bola” enquanto no período II, à mesma pergunta, responderíamos apenas “As crianças”. Isso significa que, em II, a expressão “que jogam bola” não serve para especificar de que tipo de crianças falamos, pois essa oração subordinada adjetiva apenas adiciona uma informação a respeito dessas crianças, explicando melhor, traduzindo quem são as crianças. Em II, não se pressupõe a existência de outro tipo de crianças além daquelas que jogam bola, ou seja, todas saíram, pois não há outras. Em I, não: só saíram as que jogam bola.
É preciso observar que é a vírgula que me permite diferenciar uma restritiva (que nunca tem vírgula) de uma explicativa (que sempre apresenta vírgula).
Vamos a outro exemplo:
III. As cobras que têm a cabeça triangular são venenosas. IV. As cascavéis, que têm a cabeça triangular, são venenosas. Qual a diferença entre elas?
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Você pontuaria as frases a seguir?
1. O homem que é mortal tem alma imortal. 2. O homem que é bom não se preocupa com isso. 3. O homem que é ser racional também se emociona.
4. Machado de Assis que escreveu D. Casmurro é também o autor de Helena.
5. O Machado de Assis que escreveu D. Casmurro não se parece com o autor de Helena. 6. Os alunos que fazem uma boa prova passam no vestibular.
Testes
1. (UFPR) Leia o texto abaixo:
Os petroleiros, que resistem às pressões do governo, fizeram um apelo aos sindicatos que os apóiam para que se convoque uma reunião, na qual se buscariam alternativas para o impasse.
Concomitantemente, o governo busca adesões no Congresso para as medidas que está tomando em relação à greve.
Em relação a esse trecho, é correto afirmar:
I. Todos os sindicatos apóiam os petroleiros e querem uma saída para o impasse.
II. Apenas alguns petroleiros resistem às pressões do governo. São esses que pedem a convocação de uma reunião.
III. A ação do governo de buscar adesões no Congresso é simultânea à ação dos petroleiros.
IV. Alguns sindicatos apóiam a greve dos petroleiros e é a eles que é solicitada a convocação de uma reunião para buscar saídas para a situação difícil em que se encontram os petroleiros.
V. Antes que os petroleiros falassem em fazer reunião, o governo já buscava a aprovação do Congresso para as suas medidas em relação à greve.
VI. Resistindo às pressões do governo, os petroleiros querem, através de uma reunião com alguns sindicatos, achar uma saída para vencer os empecilhos.
Estão corretas: a) somente I, II e V b) somente II, III e IV c) somente III, V e VI d) somente I, III, IV e VI e) somente III, IV e VI.
2. (UFPR) Os promotores públicos que não se intimidam com as ameaças do poder procuram apurar provas contra os donos das empreiteiras, que têm obtido vantagens nas negociações com os órgãos
públicos. Por esses motivos, a sociedade manifesta em relação a eles sentimentos de apoio e repúdio, respectivamente.
A partir das afirmações acima deduz-se que:
I. ( )A sociedade manifesta sentimentos de apoio e repúdio em relação aos promotores públicos. II. ( )Todos os promotores públicos procuram apurar provas contra os donos das empreiteiras. III. ( ) Todos os donos das empreiteiras têm obtido vantagens nas negociações com os órgãos
públicos.
IV. ( )Alguns promotores públicos não se intimidam com as ameaças do poder.
V. ( ) Em relação às negociatas com os donos das empreiteiras, a sociedade manifesta repúdio. VI. ( ) Alguns donos de empreiteiras têm obtido vantagens nas negociações com os órgãos públicos
e apenas esses têm sido objeto de investigação por parte dos promotores públicos. Estão corretas:
a) somente I, II e V. b) somente II, III e VI. c) somente III, IV e V. d) somente IV, V e VI. e) somente I, III e V. 3. (UFPR)
Os brasileiros, que acreditam na possibilidade de um governo sério, exigem medidas imediatas contra os políticos corruptos.
Que alternativa(s) conserva(m) exatamente a mesma informação contida na frase acima?
I. Aqueles brasileiros que acreditam na possibilidade de um governo sério exigem medidas imediatas contra os políticos corruptos.
II. Os brasileiros acreditam na possibilidade de um governo sério e exigem medidas imediatas contra os políticos corruptos.
III. Medidas imediatas contra os políticos corruptos são exigidas pelos brasileiros que acreditam na possibilidade de um governo sério.
IV. A possibilidade de um governo sério é uma exigência daqueles brasileiros que querem medidas imediatas contra os políticos corruptos.
V. Medidas imediatas contra os políticos corruptos são uma exigência dos brasileiros, os quais acreditam na possibilidade de um governo sério.
VI. A possibilidade de um governo sério é uma crença daqueles brasileiros que exigem medidas imediatas contra políticos corruptos.
Estão corretas: a) somente II e V. b) somente I, II, III e VI c) somente III, IV e V d) somente I, II e V e) somente II, III e V
4. Que conclusões você retiraria dos períodos a seguir?
I. As pessoas que lêem Albert Camus costumam gostar também de Sartre.
II. Os leitores brasileiros, que se deliciaram com Albert Camus, provavelmente lerão Ismail Kadaré. III. Os leitores de Platão que conhecem “O mito da caverna” leram A República, de onde esse mito foi retirado.
IV. Os leitores de Platão, que leram O Banquete, já leram também A República. É possível afirmar, a partir desses períodos, que
A. No período II, todos os leitores brasileiros se deliciaram com Albert Camus e provavelmente lerão Ismail Kadaré.
B. No período III, somente alguns leitores de Platão leram A República. C. No período IV, só os que leram O Banquete leram também A República. D. No período III, todos os leitores de Platão conhecem “O mito da caverna”. E. No período I, nem todos costumam gostar de Sartre.
F. No período IV, é possível pressupor a existência de leitores de Platão que não leram O Banquete. Estão corretas: a) apenas A, C, D e F. b) apenas A, B e E. c) apenas C, D e E. d) apenas B, C e F. e) apenas B, D e F.