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A História Militar de Portugal na minha Terra Mortágua

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Academic year: 2021

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Sítio web http://www.aemrt.pt E-mail aemortagua@aemrt.pt

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A História Militar de Portugal na minha Terra

Mortágua

Joana Maria Neves Martins Miranda

Concurso História Militar e Juventude

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Índice

Introdução 1

Mortágua- A história militar da minha terra 2

Conclusão 7

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Mortágua- A história militar da minha terra

Com base no livro “Contributos para a monografia do concelho de Mortágua” a presença humana no concelho de Mortágua remonta ao período do Paleolítico, tal como comprovam as pinturas rupestres encontradas, nas imediações da aldeia de Mortazel. Estas terras foram também local de passagem de muitos generais romanos nas suas deslocações pela região da Beira Alta, o que torna muito possível que os romanos tenham passado por Mortágua. Existe, inclusive, uma lenda que tem sido transmitida de geração em geração intitulada de “A Lenda do Lago”. Supostamente, é desta lenda que remonta o topónimo Mortágua. Diz a lenda que até à chegada dos mouros as terras onde se situa a Vila de Mortágua e povoados à volta permaneciam imersas. Após a conquista destas terras pelos mouros, estes decidiram drenar a água e assim, as terras enxugaram e puderam ser habitadas e cultivadas. Este sítio era assim de água morta, o que originou o nome do nosso concelho Mortágua. A nossa vila sempre teve uma grande importância estratégica! O nosso primeiro foral foi outorgado pela rainha D. Dulce, esposa e representante do rei D. Sancho I, em 1192.

Após estas notas introdutórias, passo agora a desenvolver o trabalho ressaltando a importância que Mortágua teve na célebre Batalha do Bussaco. Para desenvolver este tema, fiz uma pesquisa no “Centro de Interpretação: Mortágua na batalha do Bussaco” (ao qual agradeço todo o cuidado e informação prestada) e utilizei o livro “Andaram por aqui os franceses...” de João Paulo Gaspar de Almeida e Sousa, que me ajudou muito na recolha de dados mais precisos.

Estávamos em pleno século XIX, um período marcado pela Revolução Francesa e pelos ideais de Igualdade, Liberdade e Fraternidade. Após o período revolucionário que marcou os primeiros anos da Revolução, os últimos anos do século XVIII e os inícios do século XIX são marcados pela chegada ao poder de Napoleão Bonaparte. Apesar da estabilidade que Napoleão trouxe para França, esta nação permanecia em guerra com outras potências europeias, graças à sua ambição de “dominar” a Europa. O que ditou o fim deste governo napoleónico foi uma esmagadora derrota contra a Inglaterra, em 1805. Como consequência desta derrota, Napoleão decreta o Bloqueio Continental em que nenhum país da Europa podia importar produtos ingleses. Mas, como Portugal era já um velho aliado de Inglaterra hesitou em a cumprir o Bloqueio Continental e por isso, França declara guerra a Portugal. Era o início das Invasões Francesas.

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Este mapa, ilustra o trajeto percorrido pelos franceses durante as três invasões. A primeira invasão foi comandada pelo general Junot, que entrou com as suas tropas pela Beira Baixa (Castelo Branco), em direção à capital. A segunda invasão, comandada por Soult, entram pelo Norte de Portugal, avançando sobre o Porto, mas mais uma vez, sem sucesso. Por fim, a terceira Invasão Francesa, comandada por Massena (Massena tinha sido nomeado pelo próprio Napoleão, apesar de não reunir muita simpatia no interior das suas tropas ser). Nesta invasão os franceses entram por Almeida, região pertencente à Beira Alta, a 28 de agosto de 1810. Esta região resistia fortemente aos franceses, mas teve que se render após um rebentamento do paiol, que os fez ficar sem pólvora, sem armas, sem muralha...

Após a primeira invasão francesa, o exército ficara devastado e mal-armado. Por isso, dadas as circunstâncias, o general Arthur Wellesley, 1º duque de Wellington, (figura de extrema importância no combate aos franceses durante as invasões) faz toda uma remodelação passando aos soldados tática e disciplina, valores fundamentais para derrotar os invasores.

O objetivo desta invasão, não podemos esquecer, era ocupar Lisboa de modo a dominar o comércio marítimo e Mortágua era importante estrategicamente por constituir um nó entre as comunicações das Beiras para Coimbra e para o Norte. Podemos dizer que a Batalha do Bussaco decorreu toda em território mortaguense (as tropas francesas permanecem entre 23 e 28 de setembro no nosso território).

O exército napoleónico entrou em Mortágua pelo rio Criz, que teve que reconstruir essa ponte, destruída anteriormente pelas tropas anglo-lusas, para que o inimigo não passasse. Estas tropas passaram o rio e acamparam numa aldeia perto de Mortágua: o Barril. No dia 24 de setembro, as tropas de Massena (VI corpo do

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exército), que pretendiam ultrapassar a Serra do Bussaco, avançam pela estrada de Moura, onde acabam por se estabelecer e tomar o moinho de Moura, posto de comando de Massena. A dia 25 o II corpo do exército comandado pelo General Reynier seguem pela chamada estrada real atravessando e devastando várias povoações de Mortágua: Vale de Açores, Cortegaça, Benfeita, Freirigo, Serra da Bugia, Alcordal. Já na Serra do Meiral, dá-se um combate, conhecido como combate do Meiral, em que o regimento de caçadores nº4, faz muitas baixas às tropas francesas! No dia 25 de setembro, o VIII corpo do exército francês vindo de Santa Comba Dão, dirigido pelo general Junot, toma posição junto à povoação de Algido, onde fica a aguardar instruções de Massena.

Assim, antes da Batalha, Massena tinha as tropas distribuídas da seguinte forma: Em Moura, mais especificamente no moinho de Moura (que podemos observar na figura ao lado, assim como a placa, mais em pormenor, fixada no moinho), ficou o quartel general de Massena, e era aí que estavam as tropas de combate; E, em Alcordal (freguesia de Cercosa), estavam os serviços de saúde do

II corpo do exército.

Os franceses desvalorizaram imenso o terreno de Mortágua, pensaram talvez que os caminhos fossem fáceis de percorrer. Pois bem... enganaram-se! Apesar de na altura a vegetação ser rasteira e não haver tanta florestação como atualmente, os acessos eram horríveis, e isto dificultou, por exemplo, o transporte da artilharia. Por causa deste e de outros entraves muitos generais franceses não queriam combater no dia 26 de setembro, pois achavam que estavam em desvantagem. Mesmo assim, na manhã de nevoeiro de 27 de setembro de 1810, Massena ordena o combate.

O combate decorre entre o moinho de Moura (apresentado acima) posto de comando de Massena (como referi anteriormente), e o moinho de Sula posto de

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comando de Crauford, nesse terreno conhecido hoje por Mata do Bussaco. Como havia uma grande visibilidade do moinho de Sula para o outro lado da serra, os portugueses venceram facilmente os franceses e também porque as tropas anglo-lusas tinham homens específicos que conheciam bem aqueles terrenos, o mesmo não acontecia com as tropas francesas.

No dia 28 de setembro dá-se a retirada das tropas francesas, que ao contrário do que a cultura popular assegura, foi bastante ordeira e coordenada.

Depois desta descrição de todo o desenvolvimento da Batalha do Bussaco, aqui no concelho de Mortágua eu quero destacar o sofrimento vivido pelas populações. Foi um período de verdadeiro terror. Várias aldeias ficaram devastadas e destruídas não só por causa das tropas francesas, mas também graças às tropas portuguesas que destruíam aldeias inteiras para que os franceses não tivessem onde ir buscar recursos. Mortágua é o expoente máximo do arrasamento das aldeias, temos 4 aldeias que ficaram totalmente destruídas e não se voltaram a recompor: Freirigo, Cadima, Póvoa da Catraia, Algido. Depois temos outras que também foram fortemente atingidas, mas conseguiram recuperar: Lourinha de Baixo e Vale da Carvalha.

Decorrente desta luta contra a obtenção de recursos por parte dos franceses conta-se que a população mortaguense estrategicamente envenenou as águas. Como era necessário cozinhar a carne (na altura de ovelha porque Mortágua tinha muitos rebanhos de ovelhas de lã, que virá dar origem ao nome Lampantana), recorreu-se ao vinho. Da aliança destes dois ingredientes, a carne e o vinho, nasce este tão famoso prato da nossa região a Lampantana.

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Conclusão

Concluo, o meu trabalho reforçando a importância de Mortágua na Batalha do Bussaco. O nosso concelho teve e tem muito a oferecer estrategicamente, enquanto história militar este é o episódio mais marcante. Apesar da terceira invasão ter abrangido mais concelhos da zona centro para além de Mortágua, o nosso concelho foi talvez o que mais sofreu as consequências da invasão e como eu já disse anteriormente, ficou com várias aldeias arrasadas que nunca mais voltaram a ser reconstruídas.

Assim, acho que o objetivo do meu trabalho de realçar a história do meu concelho foi conseguido!

Bibliografia

• SOUSA, João, Andaram por aqui os franceses... (A 3ª Invasão Francesa em

Mortágua), Viseu, Quartzo

• SÁ, António, Contributos para a monografia do concelho de Mortágua, Mortágua, Câmara Municipal, 1ª edição, 2001

• Revista com mapa suplemento da National Geograpfic de agosto de 2020.

Referências

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