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DIFERENCIAÇÕES TERRITORIAIS DO SUDOESTE GOIANO: O CONTEXTO DE UM TERRITÓRIO MODERNO

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Academic year: 2021

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DIFERENCIAÇÕES TERRITORIAIS DO SUDOESTE GOIANO: O CONTEXTO DE UM TERRITÓRIO “MODERNO”

Pesquisa de mestrado concluida

Franciane Araújo de Oliveira Doutoranda: Universidade Federal de Goiás - UFG

francyjatai@yahoo.com.br

Eguimar Felicio Chaveiro Prof. Associado: Universidade Federal de Goiás - UFG

eguimar@hotmail.com

Paulo Sérgio do Carmo Prof. Substituto: Instituto Federal de Goiás – IFG/Câmpus Jataí

psergioc1@gmail.com

Introdução

O Cerrado não pode ser analisado apenas pelos grandes índices dos negócios agrícolas. Deve-se observar também a dinâmica demográfica e as atividades socioculturais e econômicas de cada região.

Em trabalhos anteriores utilizou-se uma síntese: houve um período em que o Cerrado era representado como um bioma pobre e rude, inclusive apresentado dessa maneira nos antigos livros didáticos de geografia, nas partes que concerniam às regiões

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brasileiras. Mesmo os primeiros estudiosos da geografia de Goiás, como Alcide Celso da Silveira Ramos Jubé em Chorographia Goyana, no princípio do século XX e Ofélia Sócrates do Nascimento Monteiro em Goyaz, Coração do Brasil, nos anos de 1930, também destacavam o Cerrado como “pobre”.

Essa representação era originada de uma visão economicista, específica de uma época. Hoje, o Cerrado possui uma representação positiva, mas a sua vegetação é destruída porque é concebida pelo mesmo viés economicista. E as riquezas de sua terra: água, solo, clima são apropriadas por atores que controlam a territorialização do capital. Em meio à territorialização do capital no Cerrado, encontra-se a região Sudoeste Goiano. Esta região, tem sido amplamente analisada, essas análises, geralmente, sintetizam algumas imagens, tais como a região “moderna” de Goiás; a região da “moderna” agricultura; região de potencial produtivo e de transformação de energia.

Este trabalho visa apontar as diferenciações territoriais da região Sudoeste Goiano, relacionando-a dinâmica demográfica, com as principais atividades socioculturais e econômicas e com a disputa pelo controle do território. Para tal, utiliza-se estudos coletivos feitos em obras de Haesbaert (2004), Raffestin (1993) e Saquet (2007); analisa- se tabelas de fontes oficiais como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Instituto Mauro Borges de Estatística e Estudos Socioeconômicos (IMB), Secretaria de Gestão e Planejamento de Goiás (SEGPLAN) e dados primários de pesquisa em âmbito de mestrado, realizado no Instituto de Estudos Socioambientais da Universidade Federal de Goiás, (IESA/UFG) em 2010.

Realidade Territorial do Sudoeste Goiano

Uma pergunta a fazer é: o Sudoeste que geralmente sofre uma representação de Goiás “moderno” é homogêneo?

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Proceder uma análise que dê conta de avaliar as sugestões advinda dessa questão, ainda que sinteticamente, leva a apresentar alguns dados e informações dessa realidade espacial.

A região do Sudoeste Goiano, representada na figura 1, tem sido amplamente analisada. Essas análises, geralmente, sintetizam algumas imagens, tais como a região “moderna” de Goiás; a região da “moderna” agricultura; a região que possui maiores vínculos econômicos com o capitalismo globalizado; a que é determinada pelo meio técnico-científico informacional.

Figura 1 – Estado de Goiás: regiões de planejamento, Região Sudoeste Goiano, 2012.

Fonte: : IMB - Instituto Mauro Borges de estatística e estudos socioeconômicos / SEGPLAN - GO Um modo teórico de analisar uma região e compará-la a outras regiões. A análise do Estado de Goiás deve basear-se no princípio do desenvolvimento desigual e combinado. Este tipo de desenvolvimento demonstra que o modo de produção não ocorre da mesma maneira em todos os lugares.

A diferenciação de sua territorialização decorre de inúmeras variáveis, desde as históricas, o que se pode denominar “espaço herdado”, as demográficas, as investidas

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das políticas territoriais ou públicas, as ações dos atores locais, a posição territorial, a importância dos aspectos físicos, etc.

Em se tratando da região Sudoeste Goiano; além de sua diferenciação em comparação a outras do Estado de Goiás, os seus municípios, os seus lugares e as suas paisagens também possuem uma diferenciação interna.

Duas informações, são fundamentais ao analisar a tabela 01 a região Sudoeste apresenta municípios com níveis da população urbana altíssimos, com média bem maior que a do Estado de Goiás; e há municípios que apresentam população rural equivalente a da urbana. Vê-se que há uma diferenciação muito grande na estrutura demográfica dos municípios que compõem a região.

Ao analisar o quadro 1, percebe-se que há munípios que polarizam outros dentro da própria região. Isto é, há municípios, tal como Rio Verde, Jataí e Mineiros que polarizam outros, recriando, interiormente, a divisão regional do trabalho na escala dos municípios.

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Quadro1 - Números de municípios do Sudoeste Goiano, segundo as classes de população 2010.

Classes de população Quantidade de municípios

< 10.000 15

10.000 a 20.000 5

Municípios

População residente

Total (1) Sexo Situação do domicílio

Homens Mulheres Urbana Rural

Acreúna 20.279 10.379 9.900 17.696 2.583

Aparecida do Rio Doce 2.427 1241 1186 1.950 477

Aporé 3.803 2.005 1.798 2.541 1.262 Cachoeira Alta 10.553 5.749 4.804 8.382 2.171 Caçu 13.283 7.031 6.252 10.735 2.548 Castelândia 3.638 1.918 1.720 3.344 294 Chapadão do Céu 7.001 3.664 3.337 5.878 1.123 Gouvelândia 4.949 2.569 2.380 3.895 1.054 Itajá 5.062 2.508 2.554 3.740 1.322 Itarumã 6.300 3.318 2.982 4.078 2.222 Jataí 88.006 43.961 44.045 81.010 6.996 Lagoa Santa 1.254 643 611 776 478 Maurilândia 11.521 6022 5499 11120 401 Mineiros 52.935 27.140 25.795 48.286 4.649 Montividiu 10.572 5.499 5.073 8.584 1.988 Paranaiguara 9.100 4.588 4.512 8.388 712 Perolândia 2.950 1.570 1.380 1.859 1.091 Portelândia 3.839 1.986 1.853 3.110 729 Quirinópolis 43.220 21.934 21.286 38.163 2.774 Rio Verde 176.424 90.030 86.394 163.540 12.884 Santa Helena de Goiás 36.469 18.317 18.152 18.152 1.654 Santa Rita do Araguaia 6.924 3.545 3.379 6.159 765 Santo Antônio da Barra 4.423 2.346 2.077 3.372 1.051 São Simão 17.088 8.866 8.222 16.309 779 Serranópolis 7.481 3.970 3511 5.534 1.947 Turvelândia 4.399 2.338 2.061 3.138 1261 TOTAL DA REGIÃO 553.900 283.137 270.763 496.402 57.498 TOTAL DO ESTADO 6.003.788 2.981.627 3.022.161 5.420.714 583.074 REGIÃO/ESTADO (%) 9,23 9,50 8,96 9,16 9,86 Fonte: IBGE. Censo Demográfico – 2010.

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20.000 a 50.000 3

> 50.000 3

Fonte: IBGE Censo Demográfico - 2010.

Tal ocorrência demonstra que o dinamismo interno, além de ser diferenciado, cria uma diversidade de situações territoriais. As informações do balanço migrátório dos municípios indicam que:

Apesar do índice de crescimento da polulação manter de 1991, 2000 - 2009, relativamente estável, há cinco municipios que perderam população. Pode se dizer que, especialmente municípios, classificados como pequenos (<20000 habitantes), são compatíveis com outros municípios pequenos de outras regiões do território goiano. De acordo com a classificação (IBGE) consideram-se pequenos os municípios com menos de 20.000 habitantes.

Tabela 02 – Emprego formal por setor de atividade, Região Sudoeste Goiano – 2011.

Municípios Total Agropecuária Indústria Construção civil Comércio Serviços

Acreúna 3.064 906 329 35 635 1.159

Aparecida do Rio Doce 800 247 9 - 34 510

Aporé 1.070 337 253 2 52 426 Cachoeira Alta 1.414 336 60 8 259 751 Caçu 3.680 345 2.195 30 424 686 Castelândia 361 20 1 - 45 295 Chapadão do Céu 3.734 921 1.769 39 256 749 Gouvelândia 548 124 26 - 57 341 Itajá 798 284 8 - 99 407 Itarumã 1.037 425 25 38 114 435 Jataí 19.503 2.393 4.067 612 5.417 7.014 Lagoa Santa 230 33 5 - 15 177 Maurilândia 1.445 815 41 26 116 447 Mineiros 14.442 3.504 2.992 515 3.150 4.281 Montividiu 2.287 841 413 64 235 734 Paranaiguara 993 138 128 20 219 488 Perolândia 1.743 1.395 39 - 28 281 Portelândia 670 127 41 10 148 344 Quirinópolis 10.971 1.413 4.916 80 1.929 2.633 Rio Verde 51.808 6.309 14.036 2.461 11.141 17.861

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Santa Helena de Goiás 7.201 884 1.887 493 1.235 2.702

Santa Rita do Araguaia 786 170 33 1 239 343

Santo Antônio da Barra 882 523 13 - 36 310

São Simão 2.965 105 904 79 569 1.308 Serranópolis 1.584 417 485 2 137 543 Turvelândia 1.604 485 717 - 19 383 TOTAL DA REGIÃO 135.620 23.497 35.392 4.515 26.608 45.608 TOTAL DO ESTADO 1.385.230 83.887 242.141 81.848 265.320 712.034 REGIÃO / ESTADO (%) 9,79 28,01 14,62 5,52 10,03 6,41

Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego / RAIS

Elaboração: IMB - Instituto Mauro Borges de estatística e estudos socioeconômicos / SEGPLAN – GO Tabela 03 - Número de escolas, salas de aula, alunos matriculados e taxa de analfabetismo (população de 10 anos ou mais de idade) - 2011, 2011 -2013, Região Sudoeste Goiano

Municípios

Nº de escolas Salas de aula Alunos matriculados analfabetismo Taxa de

da população de 10 anos ou mais de idade (%) - 2010 2012 2013 2012 2013 2011 2012 2013 Acreúna 16 16 148 137 5.253 5.313 5.121 13,38 Aparecida do Rio Doce 2 3 17 25 750 758 727 11,75 Aporé 4 4 35 34 946 929 930 11,74 Cachoeira Alta 8 8 91 56 2.003 2.006 2.233 10,17 Caçu 12 12 75 83 2.579 2.664 2.647 8,22 Castelândia 4 4 22 23 826 823 771 23,17 Chapadão do Céu 7 8 70 78 1.959 2.143 2.217 4,18 Gouvelândia 4 6 35 44 1.162 1.157 1.093 16,38 Itajá 5 5 41 42 1.080 1.074 1.030 9,99 Itarumã 4 5 40 42 1.301 1.414 1.393 11,23 Jataí 65 65 693 669 22.279 22.153 21.820 6,54 Lagoa Santa 3 3 18 18 388 359 372 6,16 Maurilândia 8 8 80 74 2.908 3.060 3.037 13,51 Mineiros 46 48 322 348 12.771 13.441 13.840 6,97 Montividiu 12 11 102 91 2.818 2.746 2.867 8,69 Paranaiguara 5 5 57 56 1.927 1.957 2.000 12,68 Perolândia 4 4 27 27 934 916 939 11,91 Portelândia 3 3 20 21 963 978 974 12,42 Quirinópolis 30 29 362 343 9.469 9.465 9.583 9,13 Rio Verde 114 119 1.046 1.114 42.705 42.730 42.892 5,96 Santa Helena de Goiás 23 23 192 186 8.381 8.228 8.202 11,39 Santa Rita do Araguaia 5 5 39 35 1.392 1.437 1.357 9,12

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Os altos índices de crescimento de municípios como Quirinópolis, Santa Helena de Goiás, Jatai, Rio Verde, Acreúna favorecem o testemunho que, ao capturarem o dinamismo da região, desenvolvem diferentes modalidades que atraem direto – e indiretamente – atores de outros municípios. Ocorre, também, do nível de atração ser interregional.

Ao analisar a tabela 02, averigua-se que apesar do Sudoeste Goiano ser uma região de economia agropecuária, o que mais gera emprego direto é o serviço e indústria. Resulta dessa condição a seguinte situação: a diferenciação dos municípios e dos lugares da região Sudoeste não é apenas quantitativa, mas de caráter do conteúdo qualitativo e social do espaço.

Esse conteúdo diferenciado recai também no modo desigual da inserção dos atores no espaço, do modo de vida, dos usos da propriedade, da capacidade de informação, dos recursos simbólicos para angariar subsídios, organizar a demanda, etc. E também da força política dos municípios em relação às decisões do Estado de Goiás. Essa dimensão qualitativa pode ser atestada na interpretação da tabela 03; que indica os índices de analfabetismo dos municípios que compõem a região.

Verifica-se que o índice de analfabetismo da região, no geral, é maior que a do Estado de Goiás. E que há uma tendência: os municípios menores são os que possuem maiores índices. Mas, os maiores também possuem índices elevados, uma vez que são habitados por migrantes trabalhadores mais empobrecidos.

Santo Antônio da Barra 5 5 36 31 1.076 1.097 1.099 16,68 São Simão 11 11 123 122 3.848 4.053 3.785 10,64 Serranópolis 11 11 61 64 1.460 1.565 1.546 11,51 Turvelândia 4 4 33 30 1.164 1.271 1.202 15,58 TOTAL DA REGIÃO 416 425 3.785 3.793 132.342 133.737 133.677 11,12 TOTAL DO ESTADO 4.452 4.525 41.257 39.869 1.434.363 1.431.096 1.433.348 7,32 REGIÃO/ESTADO (%) 9,34 9,39 9,17 9,51 9,22 9,34 9,32 - Fonte: IBGE

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As informações contidas na tabela 04 demonstram que o Sudoeste, de maneira desigual, é um território de grãos, de rebanho bovino, suíno e avícola, bem como de produção de leite. Oliveira (2005) ao analisar “Os Chapadões de (s)cerrados”, analisa as duas principais atividades econômicas que incidem no Sudoeste. Relativo à pecuária, o autor diz que:

A pecuária foi, sem dúvida, o principal fator de modificação das paisagens goianas, na medida em que, ao capitalizar-se, ou seja, ao deixar de ser apenas uma atividade econômica complementar, exigiu a substituição das pastagens naturais por gramíneas cultivadas, com maior valor protético para suportar o aumento dos rebanhos e, ao mesmo tempo, levou à necessidade de ampliação do desmatamento, com a incorporação das áreas de outras fitofisionomias do Cerrado (OLIVEIRA, 2005, p. 177).

A análise do autor é importante neste trabalho, pelo fato de auxiliar a compreender que cada atividade econômica, especialmente a pecuária feita com gramíneas cultivadas, além de impactar o ambiente, gera, sem dúvida, uma pressão sobre a água. As Bacias que são cortadas por esse “território de boi”, são, consequentemente, pressionadas.

Tabela 04 - Produção de grãos, rebanho bovino, suíno, avícola e produção de leite - 2012, Sudoeste Goiano.

Municípios Produção de grãos (t) 2012 (1) Rebanho (cabeças) 2012 Produção de leite (mil litros) 2012

Bovino Suíno Avícola

Acreúna 155.774 86.000 5.500 15.100 10.700 Aparecida do Rio Doce 2.145 51.600 54.000 852.400 5.990 Aporé 9.264 183.000 2.370 13.700 3.190 Cachoeira Alta 3.584 157.200 24.000 24.500 20.000 Caçu 4.470 180.900 2.350 22.200 31.900 Castelândia 30.710 15.000 5.330 9.500 2.980 Chapadão do Céu 866.161 19.600 880 7.300 590 Gouvelândia 21.490 43.500 3.900 9.700 5.775 Itajá - 175.370 1.410 10.200 9.000 Itarumã 8.540 295.000 3.200 13.000 10.500 Jataí 2.182.273 311.920 54.280 3.216.400 141.723 Lagoa Santa - 46.900 400 2.850 2.940

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Maurilândia 28.680 29.000 4.500 91.000 6.541 Mineiros 671.523 341.000 7.700 2.004.400 60.590 Montividiu 897.704 47.000 48.170 10.000 8.550 Paranaiguara 2.669 82.810 3.010 16.500 11.700 Perolândia 398.224 27.070 970 11.200 3.700 Portelândia 193.870 23.803 1.830 98.200 13.600 Quirinópolis 115.816 285.000 10.750 379.500 47.000 Rio Verde 2.078.527 371.000 732.000 12.880.000 75.200 Santa Helena de Goiás 301.782 74.000 23.720 363.000 16.500 Santa Rita do Araguaia 27.200 62.500 1.570 12.800 5.300 Santo Antônio da Barra 34.720 31.500 33.280 1.032.000 7.950 São Simão 1.440 30.100 960 5.900 3.200 Serranópolis 258.552 199.000 3.550 136.000 10.900 Turvelândia 126.772 46.000 17.940 6.500 5.460 TOTAL DA REGIÃO 8.421.890 3.215.773 1.047.570 21.243.850 521.479 TOTAL DO ESTADO 18.259.907 22.045.776 2.016.444 59.653.837 3.546.329 REGIÃO/ESTADO (%) 46,12 14,58 51,95 35,61 14,70 Fonte: IBGE

Elaboração: IMB – Instituto Mauro Borges de Estatística e Estudos Socioeconômicos/ SEGPLAN - 2014.

Quanto à agricultura, outra atividade principal da região, Oliveira (2005, p. 177), assegura que:

A agricultura, por sua vez, tem um papel mais recente nesse processo, mas não menos importante, já que os campos recobertos com monoculturas comerciais são, hoje, a face mais destacada pelas mídias quando fazem referencias à região do Cerrado brasileiro. Dessa forma, a visão que se constrói no imaginário coletivo não é mais a de um bioma ou de um domínio fitogeográfico natural, mas sim de uma região econômica, tida como o grande “celeiro” do Brasil.

As palavras do pesquisador demonstram que, especialmente a monocultura possui tanta força que vai estipulando um novo imaginário no modo de identificar as regiões do Cerrado. Mas, como uma atividade econômica importante na região em estudo, ela também faz uso os componentes naturais.

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Esta análise reafirma a incompatibilidade dos interesses dos capitalistas com um desenvolvimento econômico com equidade social e equilibrio ambiental, pois ao capital só interessa o lucro a custos incalculáveis para as populações locais e para os recursos naturais: água, solo, vegetação, animais, ar e clima.

As atividades econômicas, especialmente a agricultura e a pecuária, cada vez mais vão se amparando na ciência, na tecnologia e na informação. De maneira, que além de gerar subordinação à indústria multinacional, cria uma situação contraditória em que os lugares que utilizam as vias “modernas” são dinâmicos, mas distribuem a renda de maneira desigual e criam impactos ambientais.

E os lugares que são mais afeitos às atividades tradicionais, perdem população, são depressivos, embora não geram muitos impactos ambientais.

Considerações finais

O atual modo de produção e modelo econômico motiva usos dos componentes naturais do Cerrado a partir de uma vertente economicista. Essa vertente tem como carro chefe a “modernização” que é diferenciada nas regiões do território goiano e nos lugares da região Sudoeste Goiano.

Em muitos casos, o Estado brasileiro e os governos pela subserviência ao capital se utilizam do discurso da oferta de emprego para justificar a diminuição do IPI das montadoras de veículos, que, por sua vez, passam a produzir veículos flex, de maneira a incentivar a produção da monocultura de cana-de-açúcar e promovendo uma compressão nos recursos naturais e em especial nos recursos hídricos. O modelo econômico acaba, então, por participar da rede internacional e ter uma dimensão geopolítica.

Todas estas questões remetem a pensar que tipo ou modelo de “desenvolvimento” é necessário para combinar os interesses do conjunto da população local de forma integrada, e não subordinada ao interesses do capital apenas. Pensar o desenvolvimento com responsabilidade e coletividade construindo no presente as bases

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do futuro. Este é o grande desafio contemporâneo que requer da ciência geográfica sua contribuição.

Referências

HASBAERT, R. O mito da desterritorialização: do “fim dos territórios” à multiterritorialidade. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Censo

Demográfico – 2010. Sistema IBGE de Recuperação Automática - Sidra. Disponível: http://www.sidra.ibge.gov.br/ Acesso em: 26/04/2014.

INSTITUTO MAURO BORGES DE ESTATÍSTICA E ESTUDOS

SOCIOECONÔMICOS - IMB. Regiões de Planejamento. Disponível em:

http://www.imb.go.gov.br/ Acesso em: 27/02/2014.

OLIVEIRA, F. A. de. Os usos da água sob a representação de múltiplos atores: uma abordagem territorial do médio curso da Bacia do Rio Doce no Sudoeste Goiano. Goiânia-GO: Instituto de Estudos Socioambientais. Universidade Federal de Goiás Dissertação. 2010. (Dissertação de Mestrado em Geografia).

OLIVEIRA, J. de I. Os chapadões de(s)cerrados: a vegetação, o relevo e o uso das terras em Goiás e no Distrito Federal. In: ALMEIDA, M. G. de. (Org) Tantos Cerrados. Goiânia: Ed. Vieira, 2005.

RAFFESTIN, C. Por uma geografia do poder. São Paulo: Ática, 1993.

SAQUET, M. A. Abordagens e concepções de território. 1 ed. São Paulo: Expressão Popular, 2007. (Coleção Geografia em Movimento).

SECRETARIA DE GESTÃO E PLANEJAMENTO DE GOIÁS – SEGPLAN – Disponível em: http://www.segplan.go.gov.br/ Acesso em: 13/04/2014.

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