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(...) 4. Floripes serviu-lhe o jantar, deixou tudo arrumado, e retirou-se para dormir no barraco da filha. 2

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QUESTÕES DE SALA

01. (FGV) Leia o seguinte texto.

A existência de todo grupo social pressupõe a obtenção de um equilíbrio relativo entre as suas necessidades e os recursos do meio físico, requerendo, da parte do grupo, soluções mais ou menos adequadas e completas, das quais depende a eficácia e a própria natureza daquele equilíbrio. As soluções, por sua vez, dependem da quantidade e qualidade das necessidades a serem satisfeitas. São estas, portanto, o verdadeiro ponto de partida, todas as vezes que o sociólogo aborda o problema das relações do grupo com o meio físico.

Com efeito, as necessidades têm um duplo caráter natural e social, pois se a sua manifestação primária são impulsos orgânicos, a satisfação destes se dá por meio de iniciativas humanas que vão-se complicando cada vez mais, e dependem do grupo para se configurar. Daí as próprias necessidades se complicarem e perderem em parte o caráter estritamente natural, para se tornarem produtos da sociedade. De tal modo a podermos dizer que as sociedades se caracterizam, antes de mais nada, pela natureza das necessidades de seus grupos, e os recursos de que dispõem para satisfazê-las.

O equilíbrio social depende em grande parte da correlação entre as necessidades e sua satisfação. E sob este ponto de vista, as situações de crise aparecem como dificuldade, ou impossibilidade de correlacioná-las.

Antonio Candido, “Os parceiros do Rio Bonito”. a) Segundo o texto, as necessidades dos grupos sociais têm um “duplo caráter”. O que distingue um caráter do outro?

b) Atenda ao que se pede:

b1) O referente dos pronomes sublinhados em “satisfazê-las” e “correlacioná-las” é o mesmo? Explique.

b2) Reescreva a frase “todas as vezes que o sociólogo aborda o problema das relações do grupo com o meio físico”, pondo o verbo na voz passiva.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: TEXTO I

1Durante mais de trinta anos, o bondezinho das dez e quinze, que

descia do Silvestre, parava como burro ensinado em frente à casinha de José Maria, e ali encontrava, almoçado e pontual, o velho funcionário.

Um dia, porém, José Maria faltou. O motorneiro batia a sirene. Os passageiros se impacientavam. Floripes correu aflita a avisar o patrão. Achou-o de pijama, estirado na poltrona, querendo rir. – Seu José Maria, o senhor hoje perdeu a hora! Há muito tempo o motorneiro está a dar sinal.

– Diga-lhe que não preciso mais. A velha portuguesa não compreendeu.

– Vá, diga que não vou... Que de hoje em diante não irei mais. A criada chegou à janela, gritou o recado. E o bondezinho desceu sem o seu mais antigo passageiro.

Floripes voltou ao patrão. Interroga-o com o olhar. – Não sabes que estou aposentado?

(...)

Interrompera da noite para o dia o hábito de esperar o bondezinho, comprar o jornal da manhã, bebericar o café na Avenida, e instalar-se à mesa do Ministério, sisudo e calado, até às dezessete horas.

Que fazer agora?

Não mais informar processos, não mais preocupar-se com o nome e a cara do futuro Ministro.

Pela primeira vez fartava a vista no cenário de águas e montanhas que a bruma fundia.

(...)

4Floripes serviu-lhe o jantar, deixou tudo arrumado, e retirou-se

para dormir no barraco da filha.

2Mais do que nunca, sentiu José Maria naquela noite a solidão da

casa. Não tinha amigos, não tinha mulher nem amante. E já lera todos os jornais. Havia o telefone, é verdade. Mas ninguém chamava. Lembrava-se que certa vez, há uns quinze anos, aquela fria coisa, pendurada e morta, se aquecera à voz de uma mulher desconhecida. A máquina que apenas servia para recados ao armazém e informações do Ministério transformara-se então em instrumento de música: adquirira alma, cantava quase. De repente, sem motivo, a voz emudecera. E o aparelho voltou a ser na parede do corredor a aranha de metal, 3sempre calada. O

sussurro da vida, o sangue de suas paixões passavam longe do telefone de Zé Maria...

Como vencer a noite que mal começava? (...)

O telefone toca. Quem será? (...)

Era engano! Antes não o fosse. A quem estaria destinada aquela voz carregada de ternura? Preferia que dissesse desaforos, que o xingasse.

(...)

Atirou-se de bruços na cama. E sonhou. Sonhou que conversava ao telefone e era a voz da mulher de há quinze anos... Foi andando para o passado... Abriu-se-lhe uma cidade de montanha, pontilhada de igrejas. E sempre para trás – tinha então dezesseis anos –, ressurgiu-lhe a cidadezinha onde encontrara Duília. Aí parou. E Duília lhe repetiu calmamente aquele gesto, o mais louco e gratuito, com que uma moça pode iluminar para sempre a vida de um homem tímido.

Acordou com raiva de ter acordado, fechou os olhos para dormir de novo e reatar o fio de sonho que trouxe Duília. Mas a imagem esquiva lhe escapou, Duília desapareceu no tempo.

(...)

Toda vez que pensava nela, o longo e inexpressivo interregno* do Ministério que chegava a confundir-se com a duração definitiva de sua própria vida apagava-se-lhe de repente da memória. O tempo contraía-se.

Duília!

Reviu-se na cidade natal com apenas dezesseis anos de idade, a acompanhar a procissão que ela seguia cantando. Foi nessa festa da Igreja, num fim de tarde, que tivera a grande revelação. Passou a praticar com mais assiduidade a janela. Quanto mais o fazia, mais as colinas da outra margem lhe recordavam a presença corporal da moça. Às vezes chegava a dormir com a sensação de ter deixado a cabeça pousada no colo dela. As colinas se transformavam em seios de Duília. Espantava-se da metamorfose, mas se comprazia na evocação.

(...)

Era o afloramento súbito da namorada (...).

ANÍBAL MACHADO A morte da porta-estandarte e Tati, a garota e outras histórias. Rio de Janeiro: José Olympio, 1976. * Interregno: intervalo

02. (UERJ) No trecho transcrito a seguir há quatro orações, cujos limites estão assinalados por uma barra:

Floripes serviu-lhe o jantar, / deixou tudo arrumado, / e retirou-se / para dormir no barraco da

filha. (ref. 4)

Reescreva esse trecho, passando a primeira oração para a voz passiva e convertendo a segunda em oração adjetiva introduzida por pronome.

Em seguida, indique a classificação sintática e semântica da última oração.

(2)

2 TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

A China detonou uma bomba e pouca gente percebeu o estrago que ela causou. Assim que abriu as portas para as multinacionais oferecendo mão de obra e custos muito baratos, o país enfraqueceu as relações de trabalho no mundo. Em uma recente análise, a revista inglesa The Economist mostra que a entrada da China, da Índia e da ex-União Soviética na economia mundial dobrou a força de trabalho. Com isso, o poder de barganha de sindicatos do mundo inteiro teria se esfacelado. Provavelmente por isso, diz a revista, salários e benefícios tenham crescido apenas 11% desde 2001 nas empresas privadas dos Estados Unidos, ante 17% nos cinco anos anteriores.

(Você s/a, setembro de 2005) 03. (FGV) Considere o seguinte trecho do texto:

Em uma recente análise, a revista inglesa "The Economist" mostra que a entrada da China, da Índia e da ex-União Soviética na economia mundial dobrou a força de trabalho.

Redija duas novas versões desse trecho, adotando a voz passiva, a) com agente da passiva expresso em todo o trecho;

b) empregando pronome apassivador, somente na passagem - Em uma recente análise, a revista inglesa "The Economist" mostra.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

Estamos comemorando a entrega de mais de mil imóveis. São mais de 1000 sonhos realizados. Mais de oito imóveis são entregues todo dia. Quer ser o próximo? Então vem para a X Consórcios. Entre você também para o consórcio que o Brasil inteiro confia.

(Texto de anúncio publicitário, editado.) 04. (FGV) Reescreva a frase - Estamos comemorando a entrega de mais de mil imóveis - na voz passiva, com agente expresso.

05. (FUVEST) Décadas atrás, vozes bem afinadas cantavam no rádio esta singela quadrinha de propaganda:

As rosas desabrocham Com a luz do sol, E a beleza das mulheres Com o creme Rugol.

Os versos nunca fizeram inveja a Camões, mas eram bonitinhos. E sabe-se lá quantas senhoras não foram atrás do creme Rugol para se sentirem novinhas em folha, rosas resplandecentes. (Quintino Miranda)

a) Reescreva o primeiro parágrafo do texto, substituindo "Décadas atrás" por "Ainda hoje" e transpondo a forma verbal para a voz passiva. Faça as adaptações necessárias.

b) Que expressões da quadrinha justificam o emprego de NOVINHAS EM FOLHA e de RESPLANDECENTES, no comentário feito pelo autor do texto?

06. (UFAL) A sala ficou vazia. Todos os homens se dirigiram para o curral. As mulheres foram depois. Os vaqueiros decidiram, como já era um pouco tarde, que os animais fossem montados de dois em dois.

Transcreva do texto: 1. uma oração sem sujeito. 2. uma oração na voz passiva.

TEXTOS PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: TEXTO I

SOBRE O TÚMULO DO MARECHAL LABATUT ... Foi ele neste campo o mestre e o guia De uma raça de heróis em cujas veias Fervia com o sangue o amor da Pátria! Aqui, por sobre as fronteiras inimigas Passando como um raio

Que ao mesmo tempo espalha luz e morte, Os servos fulminando,

Sua espada de bravo a um bravo povo Aqui viu esse povo

...

(RABELO, Laurindo. POESIAS COMPLETAS. Rio de Janeiro, INL, 1963.) TEXTO II

OS SERTÕES

1 Preso o jagunço válido e capaz de aguentar o peso da espingarda, não havia malbaratar-se um segundo em consulta inútil. Degolava-se; estripava-se. Um ou outro comandante se dava o trabalho de um gesto expressivo. Era uma redundância capaz de surpreender.

2 Dispensava-a o soldado atreito à tarefa.

3 Esta era, como vimos, simples. Enlear ao pescoço da vítima uma tira de couro, num cabresto ou numa ponta de chiqueirador; impeli-la por diante, atravessar entre as barracas, sem que ninguém se surpreendesse; e sem temer que se escapasse a presa, porque ao mínimo sinal de resistência ou fuga um puxão para trás faria que o laço se antecipasse à faca e o estrangulamento à degola. Avançar até à primeira covanca profunda, o que era um requinte de formalismo; e, ali chegados, esfaqueá-la. Nesse momento, conforme o humor dos carrascos, surgiam ligeiras variantes. Como se sabia, o supremo pavor dos sertanejos era morrer a ferro frio, não pelo temor da morte senão pelas suas consequências, porque acreditavam que, por tal forma, não se lhes salvaria a alma.

4 (...) Pronto. Sobre a tragédia anônima, obscura, desenrolando-se no cenário pobre e tristonho das encostas eriçadas de cactos e pedras, cascalhavam rinchavelhadas lúgubres, e os matadores volviam para o acampamento. Nem lhes inquiriam pelos incidentes da empresa. O fato descambara lastimavelmente à vulgaridade completa. Os próprios jagunços, ao serem prisioneiros, conheciam a sorte que os aguardava. Sabia-se no arraial daquele processo sumaríssimo e isto, em grande parte, contribuiu para a resistência doida que patentearam. Render-se-iam, certo, atenuando os estragos e o aspecto odioso da campanha, a outros adversários. Diante dos que lá estavam, porém, lutariam até à morte.

(CUNHA, Euclides da. OS SERTÕES. Rio de Janeiro, Ediouro, s/d.) VOCABULÁRIO: malbaratar-se = desperdiçar atreito = acostumado rinchavelhadas = gargalhadas TEXTO III CANÇÃO DO SOLDADO Eu sou a guarda da pátria. Sou amado pela pátria. Mas não correspondo não. Tenho um rabicho febril Pela bandeira auriverde. Se as cores desta bandeira Não fossem tão bonitinhas Eu não teria coragem. O meu kaki é bem feitinho; No alto do meu bonet A glória se empoleirou, Não há meio de sair. Eu quero paz e mais paz.

(3)

Quero acertar na centena, Me espalhar no carnaval. Não quero fazer exercício, Senão o estrangeiro pensa Que a gente está ameaçando, Declara guerra ao Brasil. Quero paz a vida inteira, A guerra produz a dor, Dor de barriga e outras mais. Quero paz e quero amor. Chega dia de parada Já estou caindo de sono No fim de duzentos metros: Fico olhando pras mulatas, Esqueci, saí da linha, Felizmente não faz mal, O major também saiu. Se algum dia a pátria amada Precisar de meus serviços, Trepo lá em cima do morro Carregando os meus valores - A minha boa espingarda E um vidro de parati Ou me escondo na floresta; O estrangeiro não descobre, Desanimou, foi-se embora. E a paz reinou outra vez Em nosso gentil Brasil

Que Deus tenha sempre em paz.

(MENDES, Murilo. POESIA COMPLETA & PROSA. Rio de Janeiro, Nova Aguiar, 1994.) 07. (UERJ) Observe o emprego dos verbos CONHECER e AGUARDAR no trecho:

"Os próprios jagunços conheciam a sorte que os aguardava." (40. parágrafo)

Reescreva duas vezes (ambas integralmente) o período anterior, fazendo, em cada uma das modificações pedidas, apenas as adaptações necessárias.

a) Transponha a oração principal para a voz passiva.

b) Substitua o verbo AGUARDAR pela expressão ESTAR RESERVADO.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

PROJETO AJUDA A INTERROMPER CICLO DE VIOLÊNCIA CONTRA MULHERES

Em Sergipe, um projeto tem ajudado a interromper o ciclo de violência contra mulheres. Foram 16 anos sofridos em silêncio até que ela resolveu dar um basta. “Quando eu saí de casa, fui para a casa de minha mãe. Ele me ligou, esculhambou de tudo, falou que estava indo para a casa da minha mãe para me bater, para quebrar meus dentes, para fazer o que ele queria. Foi nessa hora que resolvi ir para a delegacia e prestei queixa”, disse a mulher. A queixa virou um acordo entre o casal. Ao invés de responder a um inquérito, uma vez por semana, o ex-marido frequenta um grupo só para homens. Antes do primeiro empurrão, do tapa, geralmente existe a agressão verbal seguida de ameaça. Os homens que foram denunciados por esse tipo de agressão estão no grupo para aprender a enxergar a mulher com outros olhos, com respeito. Uma mudança de comportamento que fez romper o ciclo da violência doméstica.

“A ideia do grupo é uma mudança de atitude, de comportamento, mesmo que você não concorde. Está na lei”, diz a psicóloga aos homens. Sandra Aiaish Menta, doutora em psicologia da Universidade Federal de Sergipe, tem um papel fundamental. “Quando eles chegam ao grupo, a gente tem que sensibilizá-los de que aquilo que eles fizeram é algo que é uma agressão ao outro”, disse.

A cada encontro, novas descobertas. Um homem que sequer admitia que era agressor está na sexta reunião e já mudou de atitude. “Reconheço sim, reconheço que errei com ela. O grupo ajudou muito, graças a Deus”, disse. Mas se ele voltar a ser violento, não tem acordo.

“A gente vai trabalhando numa escalada: para os crimes mais simples, oferecendo a mediação. Houve descumprimento, a gente vai para investigação com medida protetiva. Se ele descumprir, a gente pede a prisão”, disse a delegada Ana Carolina Machado Jorge.

O projeto é uma parceria da Universidade Federal de Sergipe com a prefeitura e delegacia da cidade de Lagarto. Começou há seis anos e, nesse tempo, foi registrado apenas um caso de feminicídio na cidade. Pelo grupo já passaram mais de 300 homens e muitas foram as lições. “Estou aprendendo várias coisas. Se eu pudesse não errar, voltava para trás”, disse o homem.

Adaptado de: g1.globo.com 08. (UEL) Acerca do último parágrafo “O projeto é uma parceria da Universidade Federal de Sergipe com a prefeitura e delegacia da cidade de Lagarto. Começou há seis anos e, nesse tempo, foi registrado apenas um caso de feminicídio na cidade. Pelo grupo já passaram mais de 300 homens e muitas foram as lições. ‘Estou aprendendo várias coisas. Se eu pudesse não errar, voltava para trás’, disse o homem”, considere as afirmativas a seguir.

I. O trecho “um caso de feminicídio” é complemento verbal nesse período.

II. O sujeito do verbo “começou” foi citado anteriormente: “projeto”. III. O verbo “passaram” concorda com o sujeito “mais de 300 homens”.

IV. A expressão “as lições” é sujeito do verbo “foram”. Assinale a alternativa correta.

a) Somente as afirmativas I e II são corretas. b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: FAMÍLIAS EM TRANSFORMAÇÃO

Rosely Sayão* O projeto de lei que cria o Estatuto da Família colocou na pauta do dia a discussão a respeito do conceito de família. Afinal, o que é família hoje? Alguém aí tem uma definição, para a atualidade, que consiga 1acolher todos os grupos existentes que vivem em

contextos familiares?

A Câmara dos Deputados tem a resposta que considera a certa: “Família é a união entre homem e mulher, por meio de casamento ou de união estável, ou a comunidade formada por qualquer um dos pais junto com os filhos”.

Essa é a definição aprovada pela Câmara para o projeto cuja finalidade é orientar as políticas públicas quanto aos direitos das famílias – essas que se encaixam na definição proposta −, principalmente nas áreas de segurança, saúde e educação. Vou deixar de lado a discussão a respeito das injustiças, preconceitos e exclusões que tal definição comporta, para conversar a respeito das famílias da atualidade.

Desde o início da segunda metade do século passado, o conceito de família entrou em crise, e uso a palavra “crise” no sentido mais positivo do termo: o que aponta para renovação e transição; mudança, enfim. Até 2então, 3tínhamos, 4na modernidade, uma

configuração social hegemônica de família, que 5era pautada por

um tipo de aliança – entre um homem e uma mulher – e por relações de consanguinidade. As mudanças 6ocorridas no mundo

determinaram 7inúmeras alterações nas famílias, 8não apenas em

seu desenho, mas, principalmente, em suas dinâmicas.

E é importante aceitar 9esta questão10: não foram as famílias que 11provocaram mudanças na sociedade; esta é que determinou

(4)

4 muitas mudanças nas famílias. Só assim 12vamos conseguir

enxergar que a família não é um agente de perturbação da sociedade. É a sociedade que 13tem perturbado, e muito, o

funcionamento familiar.

14Um exemplo? Algumas mulheres 15renunciam ao direito de ficar

com o filho recém-nascido durante todo 16o período da

licença-maternidade determinado por lei, 17porque 18isso pode atrapalhar

sua carreira profissional19. Em outras palavras: elas entenderam

que a sociedade prioriza o trabalho em detrimento da dedicação à família. É assim ou não é?

Se pudéssemos levantar um único quesito que seria fundamental para caracterizar 20a transformação de um agrupamento de

pessoas em família, eu diria que é o vínculo, tanto horizontal quanto vertical. E, hoje, todo mundo conhece grupos de pessoas que vivem sob o mesmo teto ou que têm relação de parentesco

21e que não se constituem verdadeiramente em família, 22por

absoluta falta de vínculo entre seus integrantes.

Os novos valores sociais têm norteado as pessoas para 23esse

caminho. Vamos nos lembrar de valores decisivos para nossa sociedade: o consumo, que valoriza o trabalho exagerado, a ambição desmedida e o sucesso a qualquer custo24; a juventude,

que leva adultos, independentemente da idade, a adotarem um estilo de vida juvenil, que dá pouco espaço para o compromisso que os vínculos exigem25; 26a busca da felicidade, identificada com

satisfação imediata, que leva a trocas sucessivas nos relacionamentos amorosos, como amizades e par afetivo, só para citar alguns exemplos.

O vínculo afetivo tem relação com a vida pessoal27. O vínculo

social28, com a cidadania. 29Ambos estão bem frágeis, não é?

* Psicóloga e consultora educacional.

Texto publicado na Folha de São Paulo, em 29 set. 2015. Disponível em

http://www1.folha.uol.com.br/colunas/roselysayao/2015/09/1687809-familias-em-transformacao.shtml. Acesso em 01 out. 2015. Adaptação. 09. (UNISINOS) Considerando as regras de regência e de concordância da variante linguística culta, assinale V nas afirmações verdadeiras e F nas falsas.

(__) A substituição do verbo “acolher” (referência 1) por “abrigar” seria adequada semanticamente e não exigiria mudança na relação entre o verbo e seu complemento.

(__) A palavra “ocorridas” (referência 6) poderia ser substituída por “que houveram”, sem prejuízo ao sentido nem infração às regras de concordância.

(__) A substituição do verbo “provocaram” (referência 11) por “acarretaram” seria adequada semântica e sintaticamente. (__) Se o verbo “renunciam” (referência 15) fosse substituído por “recusam”, o complemento verbal não sofreria nenhuma alteração. A sequência correta, de cima para baixo, é

a) F – V – V – V. b) V – F – V – F. c) V – V – F – F. d) V – F – F – V. e) F – F – V – F.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

Fotografar a si mesmo vira febre, não importa o lugar O correto seria “o” selfie ou “a” selfie? O termo não foi dicionarizado em português, mas o uso popular consagrou a inflexão feminina: a selfie. Em 2013, o dicionário Oxford considerou o termo, literalmente “tirar fotos de si próprio”, como “a palavra do ano”. Mas foi em 2014 que as selfies tomaram o mundo e viraram verdadeira febre entre anônimos e celebridades. Com certo exagero, inclusive.

Tirar fotos de si mesmo com o smartphone tornou-se uma mania que não respeita desastres naturais, despenhadeiros ou funerais. Vale tudo pela pose nas redes sociais, sempre na busca sôfrega pelo melhor ângulo, pois, reza a lenda, ninguém jamais sai feio na selfie. Postar fotos em shows agora é mais importante do que

assisti-los. Idem para a pose ao lado de uma porção de comida no restaurante da moda.

Surgiu até um instrumento para que caiba todo mundo na foto e ao mesmo tempo a paisagem do local ao fundo: o bastão de selfie ou “pau de selfie”, à venda nos melhores camelôs por 50 reais. O paradoxo é quando alguém pede a outrem: “Pode fazer uma selfie minha?” Só comparável ao “me inclua fora desta”.

Adaptado de: http://www.cartacapital.com.br. Acesso em 03/03/2015. 10. (UEPG) Na expressão “tirar fotos de si próprio”, há um complemento verbal – objeto direto, composto por um substantivo e um adjunto adnominal. Identifique onde se encontra o mesmo tipo de construção e assinale o que for correto.

01) ...busca sôfrega pelo melhor ângulo... 02) ...tomaram o mundo...

04) ...consagrou a inflexão feminina... 08) ...Postar fotos em shows... 16) ...Tirar fotos de si mesmo...

11. (ESPCEX) Assinale a alternativa que contém um complemento verbal pleonástico.

a) Assistimos à missa e à festa.

b) As moedas, ele as trazia no fundo do bolso. c) Deste modo, prejudicas-te e a ela.

d) Atentou contra a própria vida e dos passageiros. e) Técnica e habilidade sobram-lhe e aos adversários.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: REFORMA NA CORRUPÇÃO

Como previsto, já 19arrefece o mais recente debate sobre

corrupção. Ainda se discute, sem muito entusiasmo, a absolvição de uma deputada que foi filmada recebendo um 3dinheirinho

suspeito, mas isso aconteceu antes de ela ser deputada, de maneira que não vale. Além da forte tendência de os parlamentares não punirem os seus pares, havia o risco do precedente. Não somente o voto é indecentemente secreto nesses casos, como o precedente poderia 5expor os pescoços de

vários outros deputados. 15O que o deputado faz enquanto não é

deputado não tem importância, mesmo que ele seja tesoureiro dos ladrões de Ali Babá.

4Aliás, me antecipando um pouco ao que pretendo propor, me veio

logo uma ideia prática para acertar de vez esse negócio de deputado cometendo crimes durante o exercício do mandato. Às vezes - 6e lembro que errar é humano - o sujeito comete 16esses 2crimezinhos distraído. Esquece, em perfeita boa-fé, que exerce

um mandato parlamentar e aí perpetra a falcatrua. Fica muito chato para ele, se ele for flagrado, e seus atos podem sempre vir à tona, expostos pela imprensa impatriótica. Não é justo submeter o deputado a essa tensão permanente, afinal de contas, ele é gente como nós.

Minha ideia, 10como, modéstia à parte, costumam ser as grandes

ideias, é muito simples: os deputados usariam uniforme. Não daria muito trabalho 20contratar (com dispensa de licitação, dada a

urgência do projeto), um estúdio de alta-costura francês ou italiano, ou ambos, para desenhar esse uniforme. Imagino que seriam mais de um: o de trabalho, usado só excepcionalmente, o de gala, o de visitar eleitores e assim por diante. Enquanto estiver de uniforme, o deputado é responsabilizado pelos seus atos ilícitos ou indecorosos. Mas, se estiver à paisana, não se encontra no exercício do mandato e, portanto, pode fazer o que quiser. (...) Mas isso é um mero detalhe, uma providência que melhor seria avaliada no conjunto de uma reforma séria, que levasse em conta nossas características culturais e nossas tradições. (...)

O que cola mesmo 7aqui são os ensinamentos de líderes como o

ex-presidente (1gozado, o "ex" enganchou aqui no teclado, quase

não sai), que, em várias ocasiões, torceu o nariz para denúncias de corrupção e disse que 8aqui era assim mesmo, sempre tinha

(5)

sido feito assim e não ia mudar a troco de nada. E assumia posturas coerentes com esse ponto de vista. (...)

Contudo, quando se descobre mais um caso de 11corrupção, a

vida republicana fica bagunçada, as coisas não andam, perde-se trabalho em investigações, gasta-se tempo prendendo e soltando gente e a imprensa, 13que só serve para atrapalhar, fica cobrando

explicações, embora já saibamos que explicações serão: primeiro desmentidos e em seguida promessas de pronta e cabal investigação, com a consequente punição dos culpados. Não acontece nada e perdura essa situação 12monótona, que às vezes

paralisa o País.

A realidade se exibe diante de nós e não 17a vemos. Em lugar de

querer suprimir nossas práticas seculares, que hoje tanto prosperam, por que não 18aproveitá-las em nosso favor? (...) O 14brasileiro preocupado com o assunto já pode sonhar com uma

corrupção moderna, dinâmica e geradora de empregos e renda. E não pensem que esqueci as famosas classes menos favorecidas, como se dizia antigamente. O mínimo que antevejo é o programa Fraude Fácil, em que qualquer um poderá habilitar-se ao exercício da boa corrupção, em seu campo de ação favorito. Acho que dá certo, é só testar. E ficar de olho, para não deixar que algum

9corrupto corrupto passe a mão no fundo todo, assim também não

vale.

João Ubaldo Ribeiro, O Estado de São Paulo. Disponível em:

http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,reforma-na-corrupcao,768238,0.htm. Acesso em: 04-9-2011. 12. (UPF) A única alternativa em que o elemento em destaque não corresponde ao complemento verbal, no contexto em que aparece, é:

a) comete esses crimezinhos (ref. 16) b) a vemos (ref.17)

c) aproveitá-las (ref. 18)

d) arrefece o mais recente debate (ref. 19) e) contratar um estúdio de alta-costura (ref. 20)

13. (IBMEC-SP) Da leitura da tira é possível depreender que:

a) Considerando-se a regência do verbo "combater", pode-se constatar que, na verdade, não é possível empregar a crase. b) Há, na última fala, a clara intenção de apresentar um jogo de palavras, fazendo um trocadilho com as palavras "crase" e "crise". c) Não ocorrerá crase apenas se o verbo "combater" for empregado como intransitivo, ou seja, se ele não exigir complemento verbal.

d) Haverá crase se a "sombra" representar o modo como será combatido, isto é, com função de adjunto adverbial.

e) A última fala é uma explicação de que, nesse caso, a crase é facultativa, preservando-se o mesmo sentido.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: VORACIDADE

Estávamos num cinema nos Estados Unidos. Na nossa frente sentou-se um americano imenso decidido a não passar fome antes do filme acabar. 2Trouxera do saguão um balde -

literalmente um balde - de pipocas, sobre as quais 12eles

derramam um líquido amarelo que pode até ser manteiga, e um pacote de M&M, uma espécie de pastilha envolta em chocolate.

9Intercalava pipocas, pastilhas de chocolates e goles de sua

"small" Coke, que era gigantesca, e parecia feliz. 7Fiquei

pensando em como 13tudo naquela sociedade é feito para saciar

apetites infantis, que se caracterizam por serem simples mas vorazes. 5As nossas poltronas eram ótimas, a projeção do filme

era perfeita, 10o filme era um exemplar impecável de

engenhosidade técnica e agradável imbecilidade. 1Essa

competência é o melhor subproduto da voracidade americana por prazeres simples. 16O que atrai nos Estados Unidos é justamente

a oportunidade de sermos infantis sem parecermos débeis mentais, ou pelo menos sem destoarmos da mentalidade à nossa volta, e de termos ao nosso alcance a realização de todos os nossos sonhos de criança, quando ninguém tinha senso crítico ou remorso.

Mas o infantilismo dominante tem seu lado assustador. 3Nenhum

carro de polícia ou de socorro do mundo é tão espalhafatoso quanto os americanos. 17Numa sociedade de brinquedos caros,

quanto mais luzes e sirenas mais divertido, mas o espalhafato também parece criar uma necessidade infantil de catástrofes cada vez maiores. 18O caminho natural do apetite sem restrições é para

o caldeirão de pipocas, para a Mega Coke e para a chacina. Existe realização infantil mais atraente do que poder entrar numa loja e comprar não um brinquedo igualzinho a uma arma de verdade mas a própria arma? Nos Estados Unidos pode. 15De vez em

quando uma daquelas crianças grandes resolve sair matando todo mundo, como no cinema, 4mas a maioria dos que compram as

armas e as munições só quer ter os brinquedos em casa.

6Vivemos nas bordas dessa voracidade ao mesmo tempo ingênua

e terrível, mas ela não parece entrar nas nossas equações econômicas ou no cálculo dos nossos interesses. 14Somos cada

vez mais fascinados e menos críticos 11diante do grande apetite

americano e de um projeto de hegemonia chauvinista e prepotente como sempre, agora camuflado pelos mitos de "globalização".

8Quando a prudência ensina que se deve olhar os americanos do

ponto de vista das pipocas.

(VERÍSSIMO, Luís Fernando. A mesa voadora. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. p. 63-64.) 14. (CFTMG) O complemento verbal em destaque foi corretamente substituído por um pronome em:

a) "Intercalava PIPOCAS, PASTILHAS DE CHOCOLATES E GOLES DE SUA "SMALL" COKE, (...)"

- INTERCALAVA-AS.

b) "(...) mas a maioria dos que compram AS ARMAS E AS MUNIÇÕES (...)"

- MAS A MAIORIA DOS QUE COMPRAM-NAS.

c) "(...) mas a maioria (...) só quer ter OS BRINQUEDOS em casa." - MAS A MAIORIA (...) SÓ QUER TÊ-LOS EM CASA.

d) "Quando a prudência ensina que se deve olhar OS AMERICANOS do ponto de vista das pipocas."

- QUANDO A PRUDÊNCIA ENSINA QUE SE DEVE OLHAR-LHES DO PONTO DE VISTA DAS PIPOCAS.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

Para responder às questões a seguir, leia o trecho extraído de Gabriela, cravo e canela, obra de Jorge Amado.

O marinheiro sueco, um loiro de quase dois metros, entrou no bar, soltou um bafo pesado de álcool na cara de Nacib e apontou com o dedo as garrafas de "Cana de Ilhéus". Um olhar suplicante, umas palavras em língua impossível. Já cumprira Nacib, na véspera, seu dever de cidadão, servira cachaça de graça aos marinheiros. Passou o dedo indicador no polegar, a perguntar pelo dinheiro. Vasculhou os bolsos o loiro sueco, nem sinal de dinheiro. Mas descobriu um broche engraçado, uma sereia dourada. No balcão

(6)

6 colocou a nórdica mãe-d'água, Yemanjá de Estocolmo. Os olhos do árabe fitavam Gabriela a dobrar a esquina por detrás da Igreja. Mirou a sereia, seu rabo de peixe. Assim era a anca de Gabriela. Mulher tão de fogo no mundo não havia, com aquele calor, aquela ternura, aqueles suspiros, aquele langor. Quanto mais dormia com ela, mais tinha vontade. Parecia feita de canto e dança, de sol e luar, era de cravo e canela. Nunca mais lhe dera um presente, uma tolice de feira. Tomou da garrafa de cachaça, encheu um copo grosso de vidro, o marinheiro suspendeu o braço, saudou em sueco, emborcou em dois tragos, cuspiu. Nacib guardou no bolso a sereia dourada, sorrindo. Gabriela riria contente, diria a gemer: "precisava não, moço bonito..." E aqui termina a história de Nacib e Gabriela, quando renasce a chama do amor de uma brasa dormida nas cinzas do peito.

15. (UFSCAR) A oração "Vasculhou os bolsos o loiro sueco", com a substituição do complemento verbal por um pronome oblíquo, equivale a

a) Vasculhou-o os bolsos. b) Vasculhou-se o loiro sueco. c) Vasculhou-lhe os bolsos. d) Vasculhou-lhes o loiro sueco. e) Vasculhou-os o loiro sueco.

TAREFA DO DIA SEGUINTE T01. (UFU)

O último quadro da tirinha apresenta um uso pronominal bastante comum na modalidade oral do português brasileiro, independentemente do grau de escolaridade, da região ou da classe social do falante.

Assinale a alternativa que apresenta o uso pronominal equivalente à modalidade escrita e cujo registro seja formal.

a) Quais as chances de a senhora avaliar a ele com carinho e compreensão?

b) Quais as chances de a senhora avaliar-lhe com carinho e compreensão?

c) Quais as chances de a senhora lhe avaliar com carinho e compreensão?

d) Quais as chances de a senhora avaliá-lo com carinho e compreensão?

T02. (UFSC) TEXTO I

TEXTO II

Com base na leitura dos textos acima e de acordo com a variedade padrão da língua escrita, é correto afirmar que:

01) o termo “modernizar”, no título do Texto I, complementa o verbo com a ideia de finalidade.

02) o substantivo “Modernidade”, no balão do Texto II, faz alusão a um contexto histórico que denota a ideia de progresso, o que contrasta com a imagem do navio sendo movido por pessoas em trabalho análogo à escravidão.

04) o termo “modernizar”, no que se refere às leis trabalhistas (Texto I), pode ser compreendido como objeto de crítica pela charge de Laerte (Texto II).

08) os Textos I e II expressam posicionamentos convergentes em relação ao mesmo fato social: a alteração das leis trabalhistas. 16) no título do Texto I, a palavra “modernizar” pode ser substituída por “ampliar”, sem prejuízo de significado.

32) o Texto I é um exemplo de reportagem, no qual elementos constitutivos do gênero são claramente identificáveis: título, manchete e lide.

64) na expressão “A brisa da modernidade trabalhista!” (Texto II), o substantivo “brisa” é utilizado em sentido figurado, remetendo, por associação, à noção de “bons ventos”, “novidade” e “progresso”, interpretação fundamental para a charge operar o efeito de humor.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

T03. (IFPE) Observe o segundo quadrinho do texto. Oração 1 – Porque não cuida da sua vida?... Guri! Oração 2 – Estou cuidando!

Sabendo que o verbo “cuidar”, no sentido em que aparece no texto, é transitivo indireto, é CORRETO afirmar que, na oração 2, o verbo utilizado

a) também é transitivo indireto, levando em conta que uma parte da Oração 2 está oculta.

b) é intransitivo, ou seja, não necessita de complemento verbal. c) é transitivo direto, já que não exige preposição.

d) é, ao mesmo tempo, transitivo direto e indireto, pois aceita qualquer tipo de complemento verbal.

e) pode variar a transitividade dependendo da oração apresentada no 3º quadrinho.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

Pedrinho, na varanda, lia um jornal. De repente parou e disse à Emília, que andava rondando por ali:

– Vá perguntar à vovó o que quer dizer folk-lore.

– Vá? Dobre a sua língua. Eu só faço coisas quando me pedem por favor. — Pedrinho, que estava com preguiça de levantar-se, cedeu à exigência da ex-boneca.

– 1Emilinha do coração — disse ele —, faça-me o maravilhoso

favor de ir perguntar à vovó que coisa significa a palavra folk-lore, sim, teteia? — Emília foi e voltou com a resposta.

– Dona Benta disse que folk quer dizer gente, povo; e lore quer dizer sabedoria, ciência. Folclore são as coisas que o povo sabe por boca, de um contar para o outro, de pais a filhos.

Os contos, as histórias, as anedotas, as superstições, as bobagens, a sabedoria popular etc. e tal. Por que pergunta isso, Pedrinho?

O menino calou-se. Estava pensativo, com os olhos lá longe. Depois disse: — Uma ideia que eu tive. 2Tia Nastácia é o povo.

Tudo que o povo sabe e vai contando de um para outro, ela deve saber. Estou com o plano de espremer Tia Nastácia para tirar o leite do folclore que há nela.

Emília arregalou os olhos. – Não está má a ideia, não, Pedrinho!

3Às vezes, a gente tem uma coisa muito interessante em casa e

nem percebe.

(7)

T04. (IFCE) A função sintática da expressão contida no trecho “Emilinha do coração” (referência 1) é

a) adjunto adnominal. b) objeto direto. c) aposto. d) vocativo.

e) complemento nominal.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: PRECISAMOS FALAR SOBRE FAKE NEWS

Minha mãe tem 74 anos e, como milhões de pessoas no mundo, faz uso frequente do celular. É com ele que, conversando por voz ou por vídeo, diariamente, vence a distância e a saudade dos netos e netas.

Mas, para ela, assim como para milhares e milhares de pessoas, o celular pode ser também uma fonte de engano. De vez em quando, por acreditar no que chega por meio de amigos no seu WhatsApp, me envia uma ou outra mensagem contendo uma fake news. A última foi sobre um suposto problema com a vacina da gripe que, por um momento, diferente de anos anteriores, a fez desistir de se vacinar.

Eu e minha mãe, como boa parte dos brasileiros, não nascemos na era digital. Nesta sociedade somos os chamados migrantes e, como tais, a tecnologia nos gera um certo estranhamento (e até constrangimento), embora nos fascine e facilite a vida.

Sejamos sinceros. Nada nem ninguém nos preparou para essas mudanças que revolucionaram a comunicação. Pior: é difícil destrinchar o que é verdade em tempo de fake news.

Um dos maiores estudos sobre a disseminação de notícias falsas na internet, publicado ano passado na revista "Science", foi realizado pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês), dos Estados Unidos, e concluiu que as notícias falsas se espalham 70% mais rápido que as verdadeiras e alcançam muito mais gente.

Isso porque as fake news se valem de textos alarmistas, polêmicos, sensacionalistas, com destaque para notícias atreladas a temas de saúde, seguidas de informações mentirosas sobre tudo. Até pouco tempo atrás, a imprensa era a detentora do que chamamos de produção de notícias. E os fatos obedeciam, a critérios de apuração e checagem.

O problema é que hoje mantemos essa mesma crença, quase que religiosa, junto a mensagens das quais não Identificamos sequer a origem, boa parte delas disseminada em redes sociais. Confia-se a ponto de compartilhar, Confia-sem questionar.

O impacto disso é preocupante. Partindo de pesquisas que mostram que notícias e seus enquadramentos influenciam opiniões e constroem leituras da realidade, a disseminação das notícias falsas tem criado versões alternativas do mundo, da História, das Ciências "ao gosto do cliente", como dizem por aí. Os problemas gerados estão em todos os campos. No âmbito familiar, por exemplo, vai de pais que deixam de vacinar seus filhos a ponto de criar um grave problema de saúde pública de impacto mundial. E passa por jovens vítimas de violência virtual e física.

No mundo corporativo, estabelecimentos comerciais fecham portas, profissionais perdem suas reputações e produtos são desacreditados como resultado de uma foto descontextualizada, uma Imagem alterada ou uma legenda falsa.

A democracia também se fragiliza. O processo democrático corre o risco de ter sua força e credibilidade afetadas por boatos. Não há um estudo capaz de mensurar os danos causados, mas iniciativas fragmentadas já sinalizam que ela está em risco. Estamos em um novo momento cultural e social, que deve ser entendido para encontrarmos um caminho seguro de convivência com as novas formas e ferramentas de comunicação.

No Congresso Nacional, tramitam várias iniciativas nesse sentido, que precisam ser amplamente debatidas, com a participação de especialistas e representantes da sociedade civil.

O problema das fake news certamente passa pelo domínio das novas tecnologias, com instrumentos de combate ao crime, mas, também, pela pedagogia do esclarecimento.

O que posso afirmar, é que, embora não saibamos ainda o antídoto que usaremos contra a disseminação de notícias falsas

em escala industrial, não passa pela cabeça de ninguém aceitar a utilização de qualquer tipo de controle que não seja democrático.

D.A., O Globo, em 10 de julho de 2019.

T05. (COL. NAVAL) Em "Um dos maiores estudos sobre a disseminação de notícias falsas na internet, publicado no ano passado na revista 'Science', foi realizado pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts [...]". (5º parágrafo), os termos destacados exercem, respectivamente, a função sintática de: a) adjunto adverbial e agente da passiva.

b) objeto indireto e complemento nominal. c) complemento nominal e objeto indireto. d) adjunto adverbial e predicativo do objeto. e) predicativo do sujeito e agente da passiva.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

FOMOS PROIBIDOS DE TE AMAR, SÃO PAULO

Herdamos o mito dos bandeirantes, e vocês transformaram Borba Gato, esse genocida, em fundador de nossa identidade. De legado, temos esta metástase em forma de desenvolvimentismo estéril, estas milhões de toneladas de concreto que hoje tentamos adornar para deixá-las suportáveis, mas que seria melhor não existissem.

Nos confinaram em bolhas de metal, em bolhas de concreto, em bolhas de vidro, como se fôssemos gado que tem por ração plástico. 1Disseram na nossa cara 2que praia de paulistano é

shopping, que Cumbica é o melhor lugar de nossa cidade, que plano de aposentadoria é pousada na Bahia. Que aqui não se cria filho, que essa terra só serve para ganhar dinheiro, como uma versão apocalíptica de Serra Pelada.

3Nos deram uma ponte hedionda como novo cartão postal,

transformaram nossa espinha dorsal em uma avenida de banqueiros, bairros inteiros em cidades-dormitório. Nos chamaram de feios, sem horizonte, sem perspectiva além da fuga.

4Que aqui não tem amor. Envenenaram nosso ar, nossa água, e

até ela nos 5usurparam.

Por identidade nos deram os bairros, que ainda assim se digladiam entre si, o excesso de trabalho e um superpoder: a capacidade de deixar o outro invisível, praticada todos os dias com pessoas e lugares, nos semáforos, quando nos deparamos com o dependente químico 6que chamamos de zumbi, metáfora usada

em tom cruel e irônico para dar nome ao 7nosso maior monstro

social, justamente porque eles não produzem como nós, os viventes.

8Nossa história e arquitetura foram deixadas às ruínas, que

ativamente permitimos que desmoronem. Nos legaram um palimpsesto de cidade, onde sobrepomos uma camada de concreto à outra, sem respeito pelo passado, planejamento ou cuidado.

Nos disseram que devemos conquistar ou ser conquistados, non ducor duco*, fomos colocados em estado permanente de guerra uns contra os outros, nos envenenaram com o medo pelas ruas e deixaram que o único elemento que nos cimentasse fosse o ódio comum e ancestral por São Paulo. Sem história, sem horizonte, perdidos. Fomos proibidos de te amar, São Paulo.

Chega. Talvez essa relação atávica de ódio nos encha os olhos de cataratas e não consigamos dar nome a essa emergência ainda, mas o faremos, com o devido distanciamento histórico.

9Ocupamos as ruas com comida, com música, com arte, com

cinema, com vida em toda a sua potência. 10Vimos no feio o belo,

deixamos de ter medo da rua, que surge como um eixo que começa a aglutinar em torno de si uma nova identidade de paulistano. Lutamos com mil unhas e dentes por um pedaço de terra que até então não era mais do 11que um estacionamento e

que chamaremos de parque. Fizemos da cicatriz causada pelo militarismo um espaço para ensinar os novos paulistanos a andarem de bicicleta. Ocupamos lugares que nunca tínhamos visto e recuperamos a avenida das mãos dos banqueiros. Faremos turismo na cidade que habitamos. Não aceitamos mais esse ódio, esse estado permanente de guerra, a necessidade de conquistar o outro diariamente.

(8)

8 seca, onde um dia dinheiro e trabalho não serão os únicos imperativos da vida social. Quando o mundo tremer, todas as cidades serão parecidas com a nossa. 12Do caos e da feiúra

emerge uma beleza que apenas nós, que rejeitamos sua ideia de belo, vemos.

Temos vontade de rua, negamos seus heróis, seus monumentos, seus carros, seus modos de vida. Nem 13que nos custem décadas,

mas faremos algo belo com os escombros que herdamos e deles faremos uma cidade, não uma abstração chamada São Paulo. Ocuparemos cada fresta, cada trinca, cada buraco da cidade cinza. Aqui se encerra esse ciclo de ódio e se abre uma possibilidade de um novo começo na relação com São Paulo. Nossa terra está em transe. Somos afortunados. Somos os novos paulistanos, e essa cidade é nosso rolê.

* expressão latina: “não sou conduzido, conduzo”

(GUERRA, Facundo. Fomos proibidos de te amar, São Paulo. Carta Capital. Caderno Sociedade. 27/08/2015. Disponível em:

https://www.cartacapital.com.br/sociedade/fomos-proibidos-de-te-amar-sao-paulo-2365.html. Acessado em 11/08/2018) T06. (COTIL) Considere a oração: “Vimos no feio o belo” (referência 10)

I. O sujeito não está explícito na oração, mas sabe-se que é simples;

II. O sujeito não está explícito, mas pode-se identificá-lo pela desinência verbal;

III. O termo “o belo” desempenha a função de objeto indireto; IV. O termo “no feio” desempenha a função de adjunto adverbial. Está correto o que se afirma em:

a) I e III b) I, II e III c) II, III e IV d) II e IV

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

Leia o fragmento, a seguir, retirado do livro Clara dos Anjos, de Lima Barreto, e responda.

Cassi Jones, sem mais percalços, se viu lançado em pleno Campo de Sant’Ana, no meio da multidão que jorrava das portas da Catedral, cheia da honesta pressa de quem vai trabalhar. A sua sensação era que estava numa cidade estranha. No subúrbio tinha os seus ódios e os seus amores; no subúrbio, tinha os seus companheiros, e a sua fama de violeiro percorria todo ele, e, em qualquer parte, era apontado; no subúrbio, enfim, ele tinha personalidade, era bem Cassi Jones de Azevedo; mas, ali, sobretudo do Campo de Sant’Ana para baixo, o que era ele? Não era nada. Onde acabavam os trilhos da Central, acabava a sua fama e o seu valimento; a sua fanfarronice evaporava-se, e representava-se a si mesmo como esmagado por aqueles “caras” todos, que nem o olhavam. [...]

Na “cidade”, como se diz, ele percebia toda a sua inferioridade de inteligência, de educação; a sua rusticidade, diante daqueles rapazes a conversar sobre cousas de que ele não entendia e a trocar pilhérias; em face da sofreguidão com que liam os placards dos jornais, tratando de assuntos cuja importância ele não avaliava, Cassi vexava-se de não suportar a leitura; comparando o desembaraço com que os fregueses pediam bebidas variadas e esquisitas, lembrava-se que nem mesmo o nome delas sabia pronunciar; olhando aquelas senhoras e moças que lhe pareciam rainhas e princesas, tal e qual o bárbaro que viu, no Senado de Roma, só reis, sentia-se humilde; enfim, todo aquele conjunto de coisas finas, de atitudes apuradas, de hábitos de polidez e urbanidade, de franqueza no gastar, reduziam-lhe a personalidade de medíocre suburbano, de vagabundo doméstico, a quase cousa alguma.

BARRETO, Lima. Clara dos Anjos. Rio de Janeiro: Garnier, 1990. p. 130-131.

T07. (UEL) Acerca do trecho “em face da sofreguidão com que liam os placards dos jornais, tratando de assuntos cuja importância ele não avaliava”, considere as afirmativas a seguir. I. O sujeito do verbo “liam” encontra-se na oração anterior “rapazes”.

II. O termo “ele” refere-se a Cassi Jones.

III. A expressão “em face da” equivale, semanticamente, à locução “em consequência de”.

IV. O termo “cuja” pode ser substituído pela expressão “a qual”, sem alteração de sentido.

Assinale a alternativa correta.

a) Somente as afirmativas I e II são corretas. b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

“Tem uma frase boa que diz: uma língua é um dialeto com exércitos. Um idioma só morre se não tiver poder político”, explica Bruno L’Astorina, da Olimpíada Internacional de Linguística. E não dá para discordar. Basta pensar na infinidade de idiomas que existiam no Brasil (ou em toda América Latina) antes da chegada dos europeus – hoje são apenas 227 línguas vivas no país. Dominados, os índios perderam sua língua e cultura. O latim predominava na Europa até a queda do Império Romano. Sem poder, as fronteiras perderam força, os germânicos dividiram as cidades e, do latim, surgiram novos idiomas. Por outro lado, na Espanha, a poderosa região da Catalunha ainda mantém seu idioma vivo e luta contra o domínio do espanhol.

Não é à toa que esses povos insistem em cuidar de seus idiomas. Cada língua guarda os segredos e o jeito de pensar de seus falantes. “Quando um idioma morre, morre também a história. O melhor jeito de entender o sentimento de um escravo é pelas músicas deles”, diz Luana Vieira, da Olimpíada de Linguística. Veja pelo aimará, uma língua falada por mais de 2 milhões de pessoas da Cordilheira dos Andes. Nós gesticulamos para trás ao falar do passado. Esses povos fazem o contrário. “Eles acreditam que o passado precisa estar à frente, pois é algo que já não visualizamos. E o futuro, desconhecido, fica atrás, como se estivéssemos de costas para ele”, explica.

CASTRO, Carol. Blá-blá-blá sem fim. Galileu, ed. 317, dez. 2017, p. 31. T08. (UEL) Sobre a explicação para o recurso linguístico utilizado, considere as afirmativas a seguir.

I. A palavra “também”, no segundo parágrafo, denota exclusão e equivale a “apenas”.

II. A palavra “só”, no primeiro parágrafo, é um adjetivo que qualifica o substantivo que o antecede.

III. O termo “Dominados”, no primeiro parágrafo, indica noção temporal em relação ao restante do período.

IV. As duas ocorrências envolvendo a palavra “latim”, no primeiro parágrafo, apontam para uma mesma classe de palavra, porém duas funções sintáticas diferentes.

Assinale a alternativa correta.

a) Somente as afirmativas I e II são corretas. b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. T09. (MACK) "Há uma gota de sangue em cada poema."

Assinale a alternativa que contém uma observação correta sobre a sintaxe dessa frase.

a) sujeito: uma gota de sangue b) verbo intransitivo

(9)

d) complemento nominal: em cada poema e) predicado verbal: toda a oração

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: LADAINHA II

Por que o raciocínio, os músculos, os ossos? A automação, ócio dourado. O cérebro eletrônico, o músculo mecânico

mais fáceis que um sorriso. Por que o coração?

O de metal não tornará o homem mais cordial,

dando-lhe um ritmo extra-corporal? Por que levantar o braço

para colher o fruto? A máquina o fará por nós.

Por que labutar no campo, na cidade? A máquina o fará por nós.

Por que pensar, imaginar? A máquina o fará por nós. Por que fazer um poema? A máquina o fará por nós. Por que subir a escada de Jacó? A máquina o fará por nós. Ó máquina, orai por nós.

(RICARDO, Cassiano. Jeremias sem-chorar. Rio de Janeiro: José Olympio, 1964.) T10. (EPCAR) Sobre o emprego de pronomes no texto, é correto afirmar que

a) no verso “dando-lhe um ritmo extra-corporal?”, o pronome “lhe” exerce função sintática de complemento nominal.

b) no verso “A máquina o fará por nós”, o pronome “o” exerce função de objeto direto.

c) no verso “Por que levantar o braço”, o termo “que” classifica-se como pronome relativo.

d) no verso “Ó máquina, orai por nós”, a substituição pela forma “orai-nos” manteria a correção sintática e semântica.

T11. (EEAR) Marque a alternativa correta quanto à classificação sintática dos pronomes destacados.

a) Preciso de ti na execução do projeto. (objeto indireto) b) O mau exemplo incomoda a mim. (objeto indireto) c) Encontrei-o em decúbito, ao chão. (sujeito) d) Contei-lhes toda a verdade. (objeto direto)

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Salve, lindo pendão1 da esperança,

Salve, símbolo augusto2 da paz!

Tua nobre presença à lembrança A grandeza da pátria nos traz.

(trecho do Hino à Bandeira – letra de Olavo Bilac música de Francisco Braga) Glossário:

1 Pendão – bandeira, flâmula 2 Augusto – nobre

T12. (EEAR) O trecho “Tua nobre presença”, no contexto em que se insere, do ponto de vista sintático, se classifica como

a) predicativo do sujeito. b) sujeito simples. c) objeto indireto. d) aposto.

TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:

Política pública de saneamento básico: as bases do saneamento como direito de cidadania e os debates sobre novos modelos de gestão

Ana Lucia Britto Professora Associada do PROURB-FAU-UFRJ Pesquisadora do INCT Observatório das Metrópoles A Assembleia Geral da ONU reconheceu em 2010 que o acesso à água potável e ao esgotamento sanitário é indispensável para o pleno gozo do direito à vida. É preciso, para tanto, fazê-lo de modo financeiramente acessível e com qualidade para todos, sem discriminação. Também obriga os Estados a eliminarem progressivamente as desigualdades na distribuição de água e esgoto entre populações das zonas rurais ou urbanas, ricas ou pobres.

No Brasil, dados do Ministério das Cidades indicam que cerca de 35 milhões de brasileiros não são atendidos com abastecimento de água potável, mais da metade da população não tem acesso à coleta de esgoto, e apenas 39% de todo o esgoto gerado são tratados. Aproximadamente 70% da população que compõe o déficit de acesso ao abastecimento de água possuem renda domiciliar mensal de até 1/2 salário mínimo por morador, ou seja, apresentam baixa capacidade de pagamento, o que coloca em pauta o tema do saneamento financeiramente acessível.

Desde 2007, quando foi criado o Ministério das Cidades, identificam-se avanços importantes na busca de diminuir o déficit já crônico em saneamento e pode-se caminhar alguns passos em direção à garantia do acesso a esses serviços como direito social. Nesse sentido destacamos as Conferências das Cidades e a criação da Secretaria de Saneamento e do Conselho Nacional das Cidades, que deram à política urbana uma base de participação e controle social.

Houve também, até 2014, uma progressiva ampliação de recursos para o setor, sobretudo a partir do PAC 1 e PAC 2; a instituição de um marco regulatório (Lei 11.445/2007 e seu decreto de regulamentação) e de um Plano Nacional para o setor, o PLANSAB, construído com amplo debate popular, legitimado pelos Conselhos Nacionais das Cidades, de Saúde e de Meio Ambiente, e aprovado por decreto presidencial em novembro de 2013.

Esse marco legal e institucional traz aspectos essenciais para que a gestão dos serviços seja pautada por uma visão de saneamento como direito de cidadania: a) articulação da política de saneamento com as políticas de desenvolvimento urbano e regional, de habitação, de combate à pobreza e de sua erradicação, de proteção ambiental, de promoção da saúde; e b) a transparência das ações, baseada em sistemas de informações e processos decisórios participativos institucionalizados.

A Lei 11.445/2007 reforça a necessidade de planejamento para o saneamento, por meio da obrigatoriedade de planos municipais de abastecimento de água, coleta e tratamento de esgotos, drenagem e manejo de águas pluviais, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos. Esses planos são obrigatórios para que possam ser estabelecidos contratos de delegação da prestação de serviços e para que possam ser acessados recursos do governo federal (OGU, FGTS e FAT), com prazo final para sua elaboração terminando em 2017. A Lei reforça também a participação e o controle social, através de diferentes mecanismos como: audiências públicas, definição de conselho municipal responsável pelo acompanhamento e fiscalização da política de saneamento, sendo que a definição desse conselho também é condição para que possam ser acessados recursos do governo federal.

O marco legal introduz também a obrigatoriedade da regulação da prestação dos serviços de saneamento, visando à garantia do cumprimento das condições e metas estabelecidas nos contratos, à prevenção e à repressão ao abuso do poder econômico, reconhecendo que os serviços de saneamento são prestados em caráter de monopólio, o que significa que os usuários estão submetidos às atividades de um único prestador.

FONTE: adaptado de http://www.assemae.org.br/artigos/item/1762-saneamento-basico-como-direito-de-cidadania

(10)

10 T13. (ESPCEX) “Desde 2007, quando foi criado o Ministério das Cidades, identificam-se avanços importantes na busca de diminuir o deficit já crônico em saneamento”.

As expressões sublinhadas acima desempenham, respectivamente, as funções sintáticas de

a) sujeito paciente e objeto direto. b) sujeito agente e sujeito paciente. c) objeto direto e sujeito paciente. d) objeto direto e objeto direto. e) sujeito paciente e sujeito paciente.

14. (ESPCEX) “Mais da metade da população não tem acesso à coleta de esgoto”.

No fragmento, é correto afirmar que há a) sujeito simples e predicado nominal. b) verbo intransitivo e predicado verbal. c) verbo transitivo e objetos direto e indireto. d) sujeito composto e objeto indireto. e) sujeito simples e complemento nominal.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Triste, louca ou má

Triste louca ou má Será qualificada Ela quem recusar Seguir receita tal A receita cultural Do marido, da família Cuida, cuida da rotina Só mesmo rejeita Bem conhecida receita Quem não sem dores Aceita que tudo deve mudar Que um homem não te define

Sua casa não te define Sua carne não te define Você é seu próprio lar Um homem não te define Sua casa não te define Sua carne não te define

Ela desatinou Desatou nós Vai viver só Ela desatinou Desatou nós Vai viver só

Eu não me vejo na palavra Fêmea: Alvo de caça Conformada vítima Prefiro queimar o mapa Traçar de novo a estrada Ver cores nas cinzas E a vida reinventar

E um homem não me define Minha casa não me define Minha carne não me define Eu sou meu próprio lar Ela desatinou

Desatou nós Vai viver só

https://www.vagalume.com.br/francisco-el-hombre/triste-louca-ou-ma.html. Acesso em: 22/08/2018. 15. (G1 - COTUCA) Sabendo que estrofe é o agrupamento de versos, assinale a alternativa que apresenta a análise sintática correta dos trechos do texto.

a) Na segunda estrofe, os termos “do marido” e “da família” são complementos nominais do termo “receita cultural”.

b) Na primeira estrofe, o termo “Triste, louca ou má” exerce a função de sujeito do verbo “será”.

c) Na primeira estrofe, o termo “quem recusar” exerce a função de sujeito do verbo “seguir”.

d) Nas estrofes 4 e 5, o pronome oblíquo “te” funciona como objeto indireto do verbo “definir”.

e) Na nona estrofe, a conjunção coordenativa aditiva “e”, que inicia o verso 31, introduz a ação final a ser realizada pelo sujeito indeterminado que fala como eu lírico da música.

MICRO-REVISÃO 1 TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: O PODER DA LITERATURA

José Castello

1Em um século dominado pelo virtual e pelo instantâneo, que

poder resta à literatura? Ao contrário das imagens, que nos jogam para fora e para as superfícies, a literatura nos joga para dentro. Ao contrário da realidade virtual, que é compartilhada e se baseia na interação, 2a literatura é um ato solitário, nos aprisiona na

introspecção. Ao contrário do mundo instantâneo em que vivemos, dominado pelo “tempo real” e pela rapidez, a literatura é lenta, é indiferente às pressões do tempo, ignora o imediato e as circunstâncias.

Vivemos em um mundo dominado pelas respostas enfáticas e poderosas, enquanto a literatura se limita a gaguejar perguntas frágeis e vagas. A literatura, portanto, parece caminhar na contramão do contemporâneo. Enquanto o mundo se expande, se reproduz e acelera, 3a literatura contrai, pedindo que paremos

para um mergulho “sem resultados” em nosso próprio interior. Sim: a literatura – no sentido prático – é inútil. 4Mas ela apenas parece

inútil.

A literatura não serve para nada – é o que se pensa. A indústria editorial tende a reduzi-la a um entretenimento para a beira de piscinas e as salas de espera dos aeroportos. De outro lado, a universidade – em uma direção oposta, mas igualmente improdutiva – transforma a literatura em uma “especialidade”, destinada apenas ao gozo dos pesquisadores e dos doutores. Vou dizer com todas as letras: são duas formas de matá-la. A primeira, por banalização. A segunda, por um esfriamento que a asfixia. Nos dois casos, a literatura perde sua potência. 5Tanto quando é vista

como “distração”, quanto quando é vista como “objeto de estudos”,

6a literatura perde o principal: seu poder de interrogar, interferir e

desestabilizar a existência. 7Contudo, desde os gregos, a literatura

conserva um poder que não é de mais ninguém. 8Ela lança o

sujeito de volta para dentro de si e o leva a encarar o horror, as crueldades, a imensa instabilidade e 9o igualmente imenso vazio

que carregamos em nosso espírito. Somos seres “normais”, como nos orgulhamos de dizer. Cultivamos nossos hábitos, manias e padrões. Emprestamos um grande valor à repetição e ao Mesmo. Acreditamos que somos donos de nós mesmos!

Mas 10leia Dostoievski, leia Kafka, leia Pessoa, leia Clarice – 11e

você verá que rombo se abre em seu espírito. Verá o quanto tudo isso é mentiroso. 12Vivemos imersos em um grande mar que

chamamos de realidade, mas que – a literatura desmascara isso – não passa de ilusão. A “realidade” é apenas um pacto que fazemos entre nós para suportar o “real”. A realidade é norma, é contrato, é repetição, ela é o conhecido e o previsível. O real, ao contrário, é instabilidade, surpresa, desassossego. O real é o estranho.

(...)

A literatura não tem o poder dos mísseis, dos exércitos e das grandes redes de informação. Seu poder é limitado: é subjetivo.

13Ao lançá-lo para dentro, e não para fora, ela se infiltra, como um

veneno, nas pequenas frestas de seu espírito. Mas, 14nele

instalada pelo ato da leitura, 15que escândalos, que estragos, 16mas também que descobertas e que surpresas ela pode

deflagrar.

Não é preciso ser um especialista para ler uma ficção. Não é preciso ostentar títulos, apresentar currículos, ou credenciais. A literatura é para todos. Dizendo melhor: é para os corajosos ou, pelo menos, para aqueles que ainda valorizam a coragem. (...)

http://blogs.oglobo.globo.com/jose-castello/post/o-poder-da-literatura-444909.html. Acesso em: 21 de fev 2017. T16. (EPCAR) Assinale a alternativa que apresenta análise sintática correta.

a) “Não é preciso ostentar títulos, apresentar currículos, ou credenciais.” – A oração apresenta sujeito composto e passivo.

b) “A literatura não serve para nada” – é o que se pensa.” – O artigo “o” introduz o sujeito da oração.

Referências

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