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O IMPACTO DA TRANSIÇÃO DO ENSINO MÉDIO PARA O CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS SOCIAIS

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O IMPACTO DA TRANSIÇÃO DO ENSINO MÉDIO PARA O

CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS SOCIAIS

Edison Cabral de Leão1 Larissa dos Santos Elias2 Nicoly Alves Cordel3 Roberta Suero4 Kelem Ghellere Rosso5

RESUMO

Este artigo trará um estudo sobre o impacto na transição do ensino médio (ensino público), para o ingresso ao curso de Licenciatura em Ciências Sociais, no IFPR – Campus Paranaguá. Serão analisados os fatores que geram tais dificuldades presentes na vida dos estudantes da Turma de 2016. Através de um questionario quantitativo, foi-se levantado dados para encontrar de que forma os estudantes percebem esse impacto que transita durante todo curso, um possível perfil dos alunos atingidos por esse processo, tentando relacionar com o número de evasão. Portanto pretende-se analisar, até que ponto temos um ensino público que dê condições de acesso ao ensino superior, quais fatores interferem no ensino e geram desigualdades para com o entendimento e a permanência no Ensino Superior. Com este estudo, quer-se mostrar que na educação há desigualdades de desempenho escolar dos indivíduos e que é determinado pelas diferenças de classes.

Palavras-chave: Educação Pública. Desigualdades. Evasão. Classe Social.

1,2,3,4,5Instituto Federal do

Paraná Campus Paranaguá. ¹e-mail: juniorsk8leao@gmail.com ²e-mail: 03lissa.elias@gmail.com ³e-mail: nicolyalves2011@outlook.com 4e-mail: Roberta.suero@ifpr.edu.br 5 e-mail: kelem.rosso@ifpr.edu.br

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1. INTRODUÇÃO

O presente artigo pretende mostrar o percurso de um estudante de escola pública e suas dificuldades na transição para o Ensino Superior. Este estudante recebe um ensino debilitado, ao qual não é instigado para uma prática de aprendizagem. Pretendendo analisar essa transição, levando em consideração algumas características do perfil dos alunos que vieram de escolas públicas ou privadas e suas dificuldades se utilizou de um questionário quantitativo, aplicado no IFPR – Campus Paranaguá com a Turma do ano de 2016. O instrumento de pesquisa constituiu-se de um questionário com perguntas fechadas, aplicado para dezenove alunos do Curso de Licenciatura em Ciências Sociais, cujos resultados configuram-se como pano de fundo para as reflexões acerca da temática. Diante de tantas complexidades dos alunos ao ingressarem no Ensino Superior, algumas pautas como: Carga horária, Conteúdos, Didática do professor, Tempo das aulas, entre outros elementos que permitem identificar as dificuldades dos alunos, refletindo assim a realidade de uma educação pública elitizada.

2. DESENVOLVIMENTO

Analisando o contexto histórico brasileiro, podemos identificar que a educação pública vem passando por diversos projetos políticos. Neste sentido, “a educação escolar brasileira é herdeira direta do sistema discriminatório da sociedade escravagista sob dominação imperial. Mesmo tendo deixado de existir, o escravagismo deixou marcas persistentes na escola atual (...)” (CUNHA,2009. P. 31). Ainda segundo o autor, mesmo passando por alguns avanços, a educação no Brasil ainda está a serviço dos detentores do poder, seja ele econômico ou político.

Ainda na história da educação no Brasil, vemos uma grande elitização do processo educacional como um todo, ou seja, o ensino destinado às elites e um ensino débil as massas destinado a mão de obra, como bem escreve Cunha:

(...)a educação escolar se organizava em dois pólos opostos que definiam dois mundos escolares: de um lado, o ensino superior destinado as elites, em função ao qual existia o ensino secundário e, em função deste, um tipo de ensino primário; de outro lado o ensino profissional ministrado nas escolas agrícolas e nas escolas de aprendizes-artífices, destinado à formação da força de trabalho a partir de crianças órfãs, abandonadas ou simplesmente miseráveis (...). (CUNHA, 2009. P. 31)

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14 Sendo a educação do interesse de todos, a discussão sobre a mesma não passa dos

espaços fechados, que desconsidera a opinião da maioria, o que gera desigualdade, pois prevalece a imposição de políticas débeis e de interesses da elite. “(...) a débil autonomia do campo educacional no Brasil, está sujeito a interferências mercadológicas, seguindo duas vertentes, uma econômica, outra ideológica. (...)”. (CUNHA, 2011). Com a propagação da ideologia do mercado, a educação vem sendo alvo de cortes, de mecanismos que visualizam apenas a rápida produção de conhecimento para a manutenção do mercado de trabalho, esse processo atinge toda a população brasileira.

O processo de ensino no Brasil divide-se em educação infantil, ensino fundamental, médio e o ensino superior. A fase do ensino médio é fundamental para o acesso dos

estudantes ao nível superior. Enquanto as instituições privadas ganham mais incentivo e formam estudantes através de bons recursos, a escola pública sofre precarizações imensas, desde a falta de estrutura e investimentos, tornando inacessível a educação de qualidade para a massa, sendo um grupo marginalizado como descreve Saviani:

(...)a marginalidade é entendida como um fenômeno inerente à própria estrutura da sociedade. Isto porque o grupo ou classe que detém maior força se converte em dominante se apropriando dos resultados da produção social tendendo, em

conseqüência, a relegar os demais à condição de marginalizados. Nesse contexto, a educação é entendida como inteiramente dependente da estrutura social geradora de marginalidade, cumprindo aí a função de reforçar a dominação e legitimar a marginalização. Nesse sentido, a educação, longe de ser um instrumento de superação da marginalidade, se converte num fator de marginalização já que sua forma específica de reproduzir a marginalidade social é a produção da marginalidade cultural e, especificamente, escolar. (SAVIANE,1997. P.5)

Hoje a população brasileira possui o acesso à educação pública, porém esse ensino ainda não foi reformulado e preparado para receber esses alunos, que são em sua maioria trabalhadores. Sobre tal situação ainda imposta entende-se que:

É provavelmente por um efeito de inércia cultural que continuamos tomando o sistema escolar como um fator de mobilidade social, segundo a ideologia da ‘escola libertadora’, quando, ao contrário, tudo tende a mostrar que ele é um dos fatores mais eficazes de conservação social, pois fornece a aparência de legitimidade às desigualdades sociais, e sanciona a herança cultural e o dom social tratado como dom natural (BOURDIEU, 2007, p. 41).

As dificuldades dos estudantes passam por todas essas instâncias colocadas sobre a educação. O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná (IFPR), nasceu do antigo Setor Escola Técnica da Universidade Federal do Paraná, tendo por base na sua criação um novo projeto político pedagógico, como apontado abaixo:

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[...]está construindo em seu projeto político pedagógico uma experiência

diferenciada cujo objetivo está em atender as demandas mais urgentes nos quadros de formação profissional, como também solidificar a construção e difusão do conhecimento científico e técnico nas mais diferenciadas frentes de atuação profissional. (INSTITUTO FEDERAL DO PARANÁ, 2017).

Com o ingresso da Turma de Ciências Sociais do ano de 2016 foi percebido grande dificuldade dos estudantes em permanecer no curso, questões ligadas à trajetória de vida escolar e estruturas do Campus foram alguns dos problemas enfrentados pelos alunos.

Percebemos a necessidade e a importância de analisar tais fatores que geram

dificuldades e evasões dentro do curso, com o questionário quantitativo analisamos o perfil desses estudantes, com base na sua renda e principais dificuldades, que vão desde questões curriculares até a falta de estrutura do Instituto Federal do Paraná – Campus Paranaguá.

3. METODOLOGIA

A presente pesquisa pretende caracterizar as dificuldades de aprendizagem na transição do ensino médio para o ensino superior. Realizado no Instituto Federal do Paraná- campus Paranaguá.

O instrumento contou com seis (6), perguntas fechadas em que cada aluno foi informado acerca de qual era o objetivo do questionário. As informações colhidas através deste questionário foram estruturadas com perguntas claras e objetivas para garantir a uniformidade de entendimento dos pesquisados.

As categorias foram organizadas de modo a permitir a análise do perfil dos alunos, a instituição que freqüentou no ensino médio (pública ou particular), se eles perceberam diferença no ensino da IFPR, qual a dificuldade que sentiram na transição do ensino médio para o ensino superior. Nessa categoria eles teriam que classificar de 1 a 4, de acordo com a sua dificuldade sendo que 4 muito difícil; 3 difícil; 2 médio;1 fácil. As dificuldades apontadas para as análises foram: carga horária, conteúdos, didática do professor e tempo das aulas. Outra categoria foi quais as condições que prejudicavam a sua permanência no curso, também realizada com o mesmo processo descrito acima, mas ressaltando que as dificuldades

apontadas para a análise foram diferentes, sendo assim: acesso a textos e livros, mobilidade, segurança e alimentação.

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3.1 Resultados e discussão

A partir deste momento, passamos a analisar os dados da pesquisa realizada entre alunos do ensino superior, da turma de Ciências Sociais, ano 2016 do InstitutoFederal do Paraná - Campus Paranaguá

Com o ingresso da turma de 2016, foi percebida uma grande evasão de alunos. É correto verificar que nem todos evadiram por questões relacionadas ao presente assunto, ainda assim mostrou-se a grande dificuldade em se manter no curso, para mostrar que a grande maioria advém de escola pública, apesar de ainda percebermos a grande dificuldade que a população passa para manter se estudando, sob vários aspectos. Abaixo gráfico comparativo, alunos vindos de escolas públicas e de escolas particulares:

Fonte: Elaborado por Cabral, Elias e Cordel, 2017.

O gráfico 1 dá embasamento, para confirmar que a grande maioria dos entrevistados, num total de 19, somente 2 alunos vêm de escola particular, e 17 de escola pública, por mais que seja uma pequena amostra, nos remete identificar que 89,5% vieram de um ensino precário, escola pública, que não os prepara para ingresso no ensino superior, fazendo com que o impacto seja muito grande no ingresso a nova fase que é a vida acadêmica.

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Fonte: Elaborado por Cabral, Elias e Cordel, 2017.

Para tanto analisamos a percepção entre alunos de ensino público e do privado, com relação ao impacto sentido na diferença do ensino que se teve no nível médio ao que se está tendo no ensino superior. Como vemos o gráfico 2 demonstra que de 19 alunos apenas 1 não sentiu impacto no ensino, apesar de não querermos apenas analisar a diferença de ensino que se tem do privado para o público a partir da adesão no ensino superior, pois há vários outros fatores que de maneira geral influenciam nesta dificuldade, conforme gráfico 3.

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18 Entre as dificuldades de permanência no curso superior de licenciatura em Ciências Sociais - IFPR constatamos na presente pesquisa, o relato entre tantas questões, algumas condições que prejudicam sua permanência no curso, como: acesso a livros, mobilidade, segurança e alimentação dentro do campus. Como apresentado no gráfico 4.

Fonte: Elaborado por Cabral, Elias e Cordel, 2017.

Questões como falta de auxílio para todos, tempo, trabalho x faculdade, vimos em nossa pesquisa a importância da atribuição econômica que influência diretamente para a permanência no ensino, como mostra o gráfico 5.

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Fonte: Elaborado por Cabral, Elias e Cordel, 2017.

Resultado geral do questionário.

TABELA 01

QUAL DIFICULDADE VOCÊ SENTIU NA TRANSIÇÃO DO ENSINO MÉDIO PARA O ENSINO SUPERIOR

MUITO DIFÍCIL DIFÍCIL MÉDIO FÁCIL

CARGA HORÁRIA 12 3 3 1 CONTEÚDOS 2 13 4 0 DIDÁTICA DO PROFESSOR 0 7 12 0 TEMPO DAS AULAS 3 2 5 9

Fonte: Elaborado por Cabral, Elias e Cordel, 2017.

Percebe-se na tabela 01, que na categoria de carga horária 12 alunos classificaram como muito difícil o tema Conteúdo, 13 alunos a classificaram como difícil, na Didática do Professor 12 estudantes classificaram como dificuldade média, e no tempo das aulas 9 marcaram como fácil, ou seja, não sentiram tanta dificuldade. Isso nos mostra que há

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20 dificuldades ao se ingressar no IFPR, que refletem no desenvolvimento do curso. Apesar dos pontos observados, deve-se levar em consideração as características de cada aluno, o impacto com a nova realidade na qual está inserido. Outras questões que impactam na entrada ao ensino superior, e até mesmo levam a se pensar na permanência de cada aluno no curso são: acesso a textos e livros, mobilidade, segurança, alimentação dentro da IFPR, como mostra a tabela 02:

TABELA 02

QUAIS AS CONDIÇÕES QUE PREJUDICA A SUA PERMANÊNCIA NO CURSO

MUITO DIFÍCIL DIFÍCIL MÉDIO FÁCIL

ACESSO A TEXTOS E LIVROS 2 2 10 5 MOBILIDADE 9 4 4 2 SEGURANÇA 4 8 5 2 ALIMENTAÇÃO DENTRO DA IFPR. 9 4 3 3

Fonte: Elaborado por Cabral, Elias e Cordel, 2017.

Como a tabela 01 e 02 nos mostra questões relacionadas à instituição, sendo um fator a se levar em consideração para permanência do aluno dentro do Curso. Como uma grande maioria advém da classe trabalhadora, tendo uma renda familiar de em média a dois e quatro salários mínimos, como apresentado no Gráfico 5, estas questões como: Acesso a textos e livros, mobilidade, segurança e alimentação são fatores condicionantes para a sua

permanência, deve a instituição usar de instrumentos capazes de suprir essas necessidades.

4. CONCLUSÃO E/OU CONSIDERAÇÕES FINAIS

A escola é uma estrutura social que com suas dinâmicas e complexidades, tem presente questões pertinentes no que diz respeito ao como ensinar, para prover uma perspectiva de um futuro melhor para os indivíduos que estão em um meio educacional. Sendo as pessoas diferentes umas das outras trazem consigo suas particularidades, suas experiências e suas dificuldades. Na fase da vida acadêmica, somos impactados de todas as formas, abrem questões relacionadas a precarização do ensino médio público que está sobre as instâncias do Estado, porém se enfrenta a mesma situação na instância Federal, sendo que as condições de transição e permanência estão diretamente ligadas.

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21 O perfil dos estudantes de Licenciatura em Ciências Sociais da turma de 2016 é em sua maioria constituída de trabalhadores, que concluíram o ensino básico em instituições públicas, ao analisar tais fatos concluímos que na prática o Instituto Federal do Paraná – Campus Paranaguá possui dificuldades para receber esses alunos, em questões materiais como a falta de um Restaurante próprio, Segurança e a própria estrutura do campus.

O Projeto pedagógico do curso também está interligado com o grande impacto e o grande número de evasão no curso, pois é necessário pensar se o mesmo foi construído e pensado no perfil dos estudantes da região, sua cultura, ensino entre outras coisas

relacionadas. Com essa pequena análise obtivemos respostas que influenciam diretamente na aprendizagem e formação dos estudantes do Instituto Federal do Paraná – Campus Paranaguá

REFERÊNCIAS

SAVIANE, Demerval. Escola e Democracia. Ed. 41 rev. Campinas, Autores Associados, 1997. (Col. Polêmicas do nosso tempo; Vol.5) 94p.

CUNHA, Luiz Antônio. Contribuições para a análise das interferências mercadológicas

nos currículos escolares. Revista Brasileira de Educação, (Rio de Janeiro), v. 16, n. 48,

setembro/dezembro 2011.

CUNHA, Luiz Antônio. Educação, Estado e Democracia no Brasil.6, ed.São Paulo: Cortez; Niterói, RJ: Editora da Universidade Federal Fluminense; Brasília, DF: FLACSO do

Brasil,2009.

NOGUEIRA, Maria Alice. CATANI, Afrânio (Org). Escritos da Educação. 9. ed. Petrópolis: Vozes, 2007.

INSTITUTO FEDERAL DO PARANÁ. Licenciatura em Ciências Sociais. Disponível em:

Referências

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