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A questão suscitada pelo consulente é polêmica quer doutrinária, quer judicialmente.

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Academic year: 2021

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Nome: Lilian Evangelista Timo E-mail: ajuridico@votoprev.sp.gov.br Telefone: (15) 3247-7773

Entidade/Empresa: Fundação da Seguridade Social dos Funcionários Públicos do Município de Votorantim

CNPJ: 01.644.118/0001-15

Dúvida: A/C

Departamento Jurídico

Assunto: Esclarecimentos ? Pensão por morte ? filho inválido ? após o falecimento do genitor

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Apresenta-se para parecer os autos do processo administrativo, que versa sobre a concessão de pensão por morte, requerida pela filha inválida.

O pedido fora realizado pela filha, representado por sua genitora e tutora, no qual é beneficiária da Pensão por morte do ex-esposo, que faleceu em 27/08/2008.

A filha que hoje é maior de idade, fora interditada em 15/05/2014, autos

transitado em julgado em 03/07/2014, a genitora/tutora alega que anterior ao falecimento do genitor (ex-servidor público), a filha já era totalmente dependente dos mesmos, porém, com agravamento da situação a genitora requereu a sua interdição.

Ao dispor sobre os dependentes dos segurados do regime próprio de Previdência dos Servidores Públicos do Município de Votorantim, assim estabelece o artigo 6º da lei 1830/05, que ?São beneficiários da Fundação de Seguridade Social do Município de Votorantim, para fins de Saúde, Previdência e Assistência Social, na qualidade de dependentes dos

participantes, exclusivamente: I. o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho, ou equiparado, não emancipado, menor de 21 (vinte e um) anos, ou inválido?.

Diante do exposto, é a presente para requerer esclarecimentos sobre o deferimento ou não sobre a concessão de pensão por morte ao filho inválido após o falecimento do servidor público.

Resposta

A questão suscitada pelo consulente é polêmica quer doutrinária, quer judicialmente.

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Com efeito, há duas linhas de entendimento sobre a matéria: a 1ª que defende a tese de que somente cabe a concessão de pensão ao filho inválido quando a invalidez o acometer antes da maioridade, antes do óbito do segurado e viva sob sua dependência. A 2ª corrente entende que é desnecessário que o filho seja acometido de invalidez antes dos 21 anos, mas que ela tenha ocorrido antes do falecimento do segurado.

A lei previdenciária do consulente parece não ter trazido nenhum elemento que discipline a questão a não ser a possibilidade de o filho inválido obter a pensão do pai.

Invocando-se, por analogia, a disciplina imprimida à matéria pelo INSS, na IN 77/2015, aos segurados do RGPS, tem-se que para o RGPS dois são os requisitos para a concessão da pensão ao filho ou irmão inválidos: a invalidez seja anterior à maioridade previdenciária (21 anos) e ser reconhecida por perícia médica a continuidade da invalidez até a data do óbito do segurado. Confira-se:

Art. 367. A pensão por morte somente será devida ao filho e ao irmão cuja invalidez seja anterior à ocorrência das hipóteses do inciso III

do art. 1311 e desde que reconhecida ou comprovada, pela perícia médica do INSS, a continuidade da invalidez até a data do óbito do segurado.

Parágrafo único. Para óbito ocorrido a partir de 1 de setembro de 2011, data da publicação da Lei nº 12.470, de 31 de agosto de 2011, não será necessária a realização de perícia médica se os dependentes mencionados no caput, que tenham deficiência intelectual ou mental que os tornem absoluta ou relativamente incapazes, assim declarados judicialmente, apresentarem termo de curatela ou cópia da sentença de interdição, desde que esta:

I - seja anterior à eventual ocorrência da emancipação ou à data em que completou vinte e um anos; e

II - mantenha-se inalterada até o preenchimento de todos os requisitos necessários para o reconhecimento do direito.

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Art. 131. A perda da qualidade de dependente ocorrerá:

...III - para o filho, a pessoa a ele equiparada, ou o irmão, de qualquer condição, ao completarem 21 (vinte e um) anos de idade, exceto se tiverem deficiência intelectual ou mental que os tornem absoluta ou relativamente incapazes, assim declarados judicialmente, ou inválidos, desde que a invalidez ou a deficiência intelectual ou mental tenha ocorrido antes:

a) de completarem 21 (vinte e um) anos de idade; b) do casamento;

c) do início do exercício de emprego público efetivo;

d) da constituição de estabelecimento civil ou comercial ou da existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria; ou

e) da concessão de emancipação, pelos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;

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No tocante à jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, alinha-se ela à corrente de que é irrelevante o surgimento da invalidez após os 21 anos, mas é indispensável que ela tenha ocorrido antes do falecimento do segurado.

Assim, tem-se a decisão cuja ementa porta o seguinte:

PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. DEFICIÊNCIA NA FUNDAMENTAÇÃO. SÚMULA 284/STF. PENSÃO POR MORTE. IRMÃO MAIOR E INVÁLIDO. INVALIDEZ SUPERVENIENTE À MAIORIDADE. IRRELEVÂNCIA. DEPENDÊNCIA ECONÔMICA COMPROVADA.

1. Não se conhece do Recurso Especial em relação à ofensa ao art.535 do CPC quando a parte não aponta, de forma clara, o vício em que teria incorrido o acórdão impugnado. Aplicação, por analogia, da súmula 284/STF.

2. É irrelevante o fato de a invalidez ter sido após a maioridade do postulante, uma vez que, nos termos do artigo 16, III c/c parágrafo 4º. da Lei 8.213/91, é devida a pensão por morte, comprovada a dependência econômica, ao irmão inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o torne absolutamente ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente.

3. Alinhado a esse entendimento, há precedentes do STJ no sentido de que, em se tratando de dependente maior inválido, basta

a comprovação de que a invalidez é anterior ao óbito do segurado.

Nesse sentido: AgRg no AREsp 551.951/SP, Rel. Ministra Assusete Magalhães, Segunda Turma, DJe 24/4/2015, e AgRg no Ag 1.427.186/PE, Rel. Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, Primeira Turma, DJe 14/9/2012.

4. In casu, a instituidora do benefício faleceu em 3.8.2005, a invalidez anterior à data do óbito (1961) e a dependência econômica do irmão foram reconhecidas pelo acórdão recorrido. Portanto, encontram-se preenchidos os requisitos legais para concessão do benefício pleiteado.

5. Recurso Especial parcialmente conhecido e, nessa parte, desprovido.(REsp 1618157/SP, Rel.Min. Herman Benjamin, T2, p. 12.09.2016).

Nesse mesmo diapasão, temos a seguinte decisão ementada:

PROCESSUAL CIVIL. PREVIDENCIÁRIO. MILITAR. PENSÃO POR MORTE. FILHO MAIOR INVÁLIDO. PORTADOR DE TRANSTORNO MENTAL. DATA DO INÍCIO DA INCAPACIDADE. DATA DO ÓBITO. REEXAME DO ACERVO FÁTICO-PROBATÓRIO. SÚMULA 7/STJ. OFENSA AO ART. 535 DO CPC NÃO CONFIGURADA. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA. ALÍNEA "C". NÃO

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DEMONSTRAÇÃO DA DIVERGÊNCIA. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO.

1. Cuida-se, na origem, de Ação Ordinária proposta por Euclides Fonseca Filho, ora recorrente, contra a União, ora recorrida, objetivando a concessão de uma pensão por morte para filho maior inválido, pelo falecimento do genitor do autor, ex-combatente da Força Expedicionária Brasileira - FEB.

2. O Juiz de 1º Grau julgou improcedente o pedido.

3. O parecer do Parquet Federal exarado pelo Subprocurador-Geral da República Dr. Wagner Natal Batista, bem analisou a questão: "Outrossim, conforme bem assentado na decisão agravada, as instâncias ordinárias negaram o benefício pleiteado com base no acervo fático probatório dos autos, de modo que a pretensão recursal demanda por inevitável reexame de fatos e provas, o que é vedado em sede de recurso especial nos termos da súmula nº 7 do STJ." (fls. 547-554, grifo acrescentado).

4. O Tribunal de origem foi categórico em afirmar que embora "constem documentos nos autos dando conta que o demandante foi interditado judicialmente em 22-03-2005 (evento 1 - anexos da petição 5), inexiste comprovação acerca de invalidez preexistente ao óbito do instituidor do benefício vindicado. Portanto, tenho que não há provas cabais acerca da invalidez da parte autora na época do óbito do instituidor da pensão, e não somente eventual preexistência da enfermidade. (grifos no original)." (fls. 527-528, grifo acrescentado). 5. Modificar a conclusão a que chegou a Corte de origem, de modo a acolher a tese da recorrente, demanda reexame do acervo fático-probatório dos autos, o que é inviável em Recurso Especial, sob pena de violação da Súmula 7 do STJ.

6. No mais, constata-se que não se configura a ofensa ao art. 535 do Código de Processo Civil/1973, uma vez que o Tribunal de origem julgou integralmente a lide e solucionou a controvérsia, tal como lhe foi apresentada.

7. Por fim, não fez o recorrente o devido cotejo analítico, e assim não demonstrou as circunstâncias que identificam ou assemelham os casos confrontados, com indicação da similitude fática e jurídica entre eles. 8. Agravo Regimental não provido. (AgR no REsp 1545651/PR, T2, rel. Min. Herman Benjamin, DJe 31/05/2016).

Localizam-se alguns julgados do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, no mesmo sentido, a saber:

SERVIDOR PÚBLICO – RESTABELECIMENTO DE PENSÃO POR MORTE – FILHO INCAPAZ – Comprovação da existência da incapacidade

antes do falecimento do pai, servidor público estadual – Autor que

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180/78. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA. Inaplicabilidade da lei federal 11.960/09, inconstitucionalidade declarada pelo STF nas ADIS 4357 e 4425, constante do § 12 do artigo 100 da Constituição Federal, e por arrastamento do artigo 5º da Lei nº 11.960/09. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. Valor fixado na sentença que se mostra razoável. Não onera em demasia o erário e remunera adequadamente o trabalho do patrono. Recurso não provido (Ap. 003923-61.2013.8.26.0266, 8ª Câmara de Direito Público, Rel. Des. Ponte Neto, j.05.10.2016)

PREVIDENCIÁRIO – SERVIDOR PÚBLICO – MILITAR - PENSÃO POR MORTE – BENEFICIÁRIO – FILHO INCAPAZ – DEPENDÊNCIA ECONÔMICA – DEMONSTRAÇÃO – BENEFÍCIO DEVIDO. 1. São dependentes do militar, para fins de recebimento de pensão por morte, os filhos, de qualquer condição ou sexo, de idade igual à prevista na legislação do regime geral da previdência social e não emancipados, bem como os inválidos para o trabalho e os incapazes civilmente, esses dois últimos desde que

comprovadamente vivam sob dependência econômica (art. 8º, II,

da LC nº 452/74, na redação dada pela LC nº 1.013/07). 2. Dependência econômica comprovada por prova documental e testemunhal. Pensão por morte devida. Pedido procedente. 3. Falecimento do militar na vigência da Lei nº 1.103/07. Benefício que deverá se sujeitar à incidência do redutor estabelecido pela nova redação do art. 26 da LC nº 452/74. Reexame necessário acolhido, em parte. Recurso desprovido.(Ap. 1014337-61-2013.8.26.0053, 9ª Câmara de Direito Público, Des. Décio Notarangelli, j. 21.09.2016)

APELAÇÃO CÍVEL – Ação Previdenciária para Concessão de Pensão por Morte c.c. Tutela Antecipada – Caso de filho maior incapaz, interditado judicialmente – Alegação de que a incapacidade foi posterior ao falecimento do servidor, pai do ora apelado – Inocorrência – Provas nos autos a amparar a pretensão – Incapacidade desde o ano de 2004 – Falecimento no ano de 2007 – Perícia judicial que confirma a

incapacidade total laborativa do recorrido, sendo o mesmo portador

de Psicose SOE – Sentença de procedência que será mantida – Recurso desprovido (Ap. 0004965-89.2010.8.26.0157, 7ª Câmara de Direito Público, Rel.Des. Eduardo Gouvea, j. 09.05.2016)

PREVIDÊNCIA SOCIAL Município de Cubatão Pensão por morte a filha de servidor público municipal falecido Interdição por distúrbio mental declarada após a data do óbito. Circunstâncias fáticas agregadas à

própria natureza da doença de retardo mental, que revelam que a autora já era totalmente incapaz na data do óbito. Ademais,

dependência econômica reconhecida administrativamente, 10 anos antes da data do óbito Aplicação da Lei Municipal nº 609/65 e da Súmula nº 340 do Eg. STJ Sentença mantida, neste aspecto...” Apelação Cível nº 0004669-96.8.26.0157 - 2ª Câmara de Direito Público, Rel. Claudio Augusto Pedrassi , j. 15/07/2014. (g.n.)

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Em suma: a jurisprudência colacionada contém elementos que podem orientar o gestor previdenciário.

Assim, a nosso ver, necessário restar comprovado que a filha foi acometida de invalidez antes do falecimento do pai. Para tanto, exigir-se-á laudo pericial que será submetido ao médico perito do gestor, bem assim prova de que vivia sob a dependência econômica do pai, não é casada, não está filiada a outro regime de previdência, declaração de imposto de renda do falecido e da filha, anteriores ao falecimento e outros documentos que podem subsidiar a decisão do gestor previdenciário.

Se não houver provas suficientes para alicerçar a concessão do benefício, o pedido deverá ser indeferido.

Referências

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