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NOTA TÉCNICA Nº 66/2015/CGEXT/DENOP/SEGEP/MP Assunto: Devolução ao erário de remunerações pagas no período de auxílio-doença.

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MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO Secretaria de Gestão Pública

Departamento de Normas e Procedimentos Judiciais de Pessoal Coordenação Geral de Extintos Territórios Empregados Públicos e Militares

NOTA TÉCNICA Nº 66/2015/CGEXT/DENOP/SEGEP/MP

Assunto: Devolução ao erário de remunerações pagas no período de auxílio-doença.

SUMÁRIO EXECUTIVO

1. Os autos tratam de questionamentos advindos da Coordenação-Geral de Gestão de Pessoas do Ministério dos Transportes – COGEP/MT a respeito da legalidade de suspender a remuneração do empregado público XXXXXXXXXXX, oriundo da Caixa Econômica Federal e cedido para ocupar cargo comissionado técnico na Agência Nacional de Transportes Terrestres - ANTT, estando este no gozo de auxílio-doença previdenciário e, ainda, se é juridicamente adequado exigir a reposição ao erário de que trata a Orientação Normativa n° 5, de 2013, em face de remuneração recebida indevidamente.

2. Os arts. 59 e 60 da Lei nº 8.213/91 estabelecem aos vinculados do Regime Geral de Previdência Social - RGPS, que a partir do 16º dia de afastamento do labor por motivo de doença, o INSS garante o auxílio-doença, sendo que somente nos primeiros 15 dias da licença cabe ao empregador pagar a remuneração e a cessionária arcar com seu ônus.

3. Na hipótese de o empregado vir a receber, cumulativamente, auxílio-doença e remuneração, esta última parcela deve ser devolvida ao erário, nos termos, por analogia, da Orientação Normativa (SEGEP) nº 5, de 21/02/2013.

ANÁLISE

4. A Gerência de Gestão de Pessoas da Agência Nacional de Transportes Terrestres – GEPES/ANTT, por meio do Ofício nº 371/2014/SUDEG-GEPES (fl. 2) e Nota Técnica nº 11/2014/GEPES/SUDEG (fl.26) solicita a devolução da remuneração paga a título de Cargo Comissionado Técnico - CCT-V para empregado público proveniente da Caixa Econômica Federal - CEF, cedido com ônus à ANTT, durante o período em que esteve sob auxílio-doença.

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5. Conforme atestatos médicos (fls. 7/11), entre 21/03/2014 a 04/09/2014, o empregado da empresa pública esteve afastado por motivo de doença, sendo que a partir do 16º dia de licença, qual seja, 26/03/2014, tornou-se beneficiário do auxílio-doença previdenciário.

6. A GEPES/ANTT, por meio do Despacho nº 432/2014/GEPES/SUDEG (fl. 23) informa que somente no dia 29/07/2014, a CEF enviou as informações da licença em voga, necessárias para a atualização dos dados cadastrais do empregado, momento em que foi possível incluir no SIAPE a licença para tratamento de saúde, pelo RGPS, ao mesmo tempo que excluiu o pagamento da CCT-V, conforme extratos (fl. 5 e 17). Na sequência, tendo em vista que a licença do empregado fez cessar os efeitos de pagamento para a ANTT, acabou por inviabilizar a cobrança dos valores pagos indevidamente na folha de pagamento. Destarte, foi encaminhada ao referido empregado a Guia de Recolhimento da União - GRU, de maneira que fizesse o ressarcimento da remuneração que lhe foi paga cumulativamente com auxílio-doença, no importe de R$ 11.206,50, com prazo de sessenta dias, contados do recebimento da correspondência.

7. A Procuradoria Federal junto à ANTT, por meio da Nota nº 3.866/2014/PF-ANTT/PGF/AGU (fl. 25), dispôs que o detentor de cargo comissionado sujeita-se ao RGPS, nos termos do art. 1º, da Lei nº 8.647/93 vejamos:

Lei 8.647/93 - Art. 1º O servidor público civil ocupante de cargo em comissão, sem vínculo efetivo com a União, Autarquias, inclusive em regime especial, e Fundações Públicas Federais, vincula-se obrigatoriamente ao Regime Geral de Previdência Social de que trata a Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991.

8. Ademais, opinou pela aplicabilidade ao caso em exame da Nota Técnica nº 514/2010/COGES/DENOP/SRH/MP, cujo entendimento é no sentido que o servidor comissionado sem vinculo com a administração, durante o período em que estiver sob auxílio-doença, não faz jus à remuneração de seu cargo.

9. A Procuradoria Federal junto à ANTT embora entenda a princípio aplicar o entendimento da Nota Tecnica supra, destacou que o caso ora em análise é diferente, por se tratar de empregado comissionado cujo vínculo original é celetista, portanto, considerou necessária consulta à Secretaria de Gestão Pública do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão – SEGEP/MP, no que tange à continuidade ou não do pagamento dos valores referentes à percepção da CCT-V durante o período de licença para tratamento de saúde.

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10. A Coordenação-Geral de Gestão de Pessoas do Ministério dos Transportes - COGEP/MT, mediante Nota Técnica nº 46/2014-DINOR/COTEC (fl. 29) corroborou pela suspensão da remuneração do empregado enquanto estiver sob auxílio-doença previdenciário. Ademais, entendeu pela aplicação do procedimento de reposição ao erário constante da Orientação Normativa nº 5, de 21/02/2013, ao empregado público, utilizando como base o item 22 do Parecer PGFN/CJU/COJPN nº 2053/2013. Por fim, delimitou sua consulta para este órgão central, nos seguintes termos:

“a) Deve-se suspender a remuneração de empregado público de Empresa Pública (CEF), cedido com ônus para Autarquia Especial do Poder Executivo (ANTT) para exercício de cargo em comissão, em virtude de afastamento de suas atividades por mais de quinze dias consecutivos por motivo de doença, em obediência ao disposto nos artigos 59 a 63 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, que trata de auxílio-doença, benefício do Regime Geral de Previdência Social?”

“b) Aplica-se o procedimento previsto na Orientação Normativa SEGEP/MP nº 5, de 21 de fevereiro de 2013, à reposição ao erário de valores indevidamente recebidos por empregado público?”

11. No concernente à primeira questão, a resposta é positiva. Primeiramente, o art. 40, § 13º da CF/88 estabelece que o servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão, cargo temporário ou emprego público está vinculado ao RGPS, in verbis:

CF/88 - Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo. § 13 - Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração bem como de outro cargo temporário ou de emprego público, aplica-se o regime geral de previdência social.

12. Para o vinculado ao RGPS, os arts. 59 e 60 da Lei nº 8.213/91 estabelecem que a partir do 16º dia de afastamento do trabalho por motivo de doença o INSS lhe garante o auxílio-doença, sendo que o § 3° do art. 60 delimita que somente nos primeiros 15 dias de afastamento o empregador deve arcar com a remuneração, vejamos:

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Lei nº 8.213/91 - Art. 59. O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido nesta lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.

Parágrafo único. Não será devido auxílio-doença ao segurado que se filiar ao Regime Geral de Previdência Social já portador da doença ou da lesão invocada como causa para o benefício, salvo quando a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou agravamento dessa doença ou lesão.

Art. 60. O auxílio-doença será devido ao segurado empregado a contar do décimo sexto dia do afastamento da atividade, e, no caso dos demais segurados, a contar da data do início da incapacidade e enquanto ele permanecer incapaz.

§ 1º Quando requerido por segurado afastado da atividade por mais de 30 (trinta) dias, o auxílio-doença será devido a contar da data da entrada do requerimento.

§ 3o Durante os primeiros quinze dias consecutivos ao do afastamento da atividade por motivo de doença, incumbirá à empresa pagar ao segurado empregado o seu salário integral.

§ 4º A empresa que dispuser de serviço médico, próprio ou em convênio, terá a seu cargo o exame médico e o abono das faltas correpondentes ao período referido no § 3º, somente devendo encaminhar o segurado à perícia médica da Previdência Social quando a incapacidade ultrapassar 15 (quinze) dias.

13. Cumpre dispor que o Superior Tribunal de Justiça e o Conselho Superior da Justiça do Trabalho manifestaram-se no sentido de que àquele vinculado ao RGPS, quando percebe auxílio-doença, não é cabível o recebimento cumulativo com a remuneração, a seguir:

ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL. CARGO DE EM COMISSÃO.EXONERAÇÃO DURANTE LICENÇA-SAÚDE. POSSIBILIDADE. ART. 37, II, DA CF. COMPLEMENTAÇÃO ATÉ O VALOR DA REMUNERAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. ART. 40, § 13º, DA CF. AUSÊNCIA DE DIREITO LÍQUIDO E CERTO. 1. Cuida-se de recurso ordinário interposto contra acórdão que denegou a ordem em writ, no qual se postulava a ilegalidade da exoneração de cargo em comissão no curso de licença-saúde, bem como a retribuição pelo erário estadual de complementação do auxílio-doença de modo a atingir a remuneração do cargo antes ocupado. 2. A nomeação para os cargos em comissão, consignados como de livre provimento por força do art. 37, II, da Constituição Federal, em via de regra, não confere estabilidade - sequer relativa - a seus ocupantes; portanto, infere-se que a exoneração é também despida de tais restrições. Precedente: RMS 25.138/MG, Rel. Ministro Felix Fischer, Quinta Turma, DJe 30.6.2008.3. Por força do art. 40, § 13, da

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Constituição Federal, incluído pela Emenda Constitucional n. 20/98, os ocupantes de cargos em comissão estão vinculados ao Regime Geral de Previdência Social; logo, a licença-saúde será fruída somente sob a percepção de auxílio-doença, não existindo amparo legal para a complementação pretendida. Precedente: RMS 18.134/PB, Rel. Ministro Paulo Medina, Sexta Turma, DJ 21.11.2005, p. 298.Recurso ordinário improvido. (STJ, Relator: Ministro HUMBERTO MARTINS, Data de Julgamento: 03/11/2011, T2 - SEGUNDA TURMA) RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA Nº 33.859 - RS (2011/0033231-0).

“Resta claro, assim, que o ocupante de cargo em comissão, sem vínculo com a administração, está sujeito ao Regime Geral da Previdência Social. No caso de afastamento por mais de 15 dias, os segurados do Regime Geral da Previdência Social passam a fazer jus ao pagamento do auxílio-doença, não mais sendo remunerados pelo órgão a partir do 16º dia de afastamento, nos termos dos arts. 59 e 60 da Lei nº 8.213/91” (Conselho Superior da Justiça do Trabalho processo nº 199.559/2008-000-00-00.6).

14. No tocante ao segundo questionamento, para procedimento de devolução da remuneração recebida indevidamente, para empregado público ou detentor de cargo em comissão, deve-se aplicar, por analogia, o rito estabelecido pela ON nº 5, de 21/02/2013, naquilo que couber, eis que o sentido desta norma é a vedação do enriquecimento ilícito, independente do regime jurídico, entendimento conforme o item 22 do Parecer PGFN/CJU/COJPN nº 2053/2013.

CONCLUSÃO

15. A partir do momento em que o empregado de empresa pública, cedido para ocupar cargo comissionado, se torna detentor do auxílio-doença previdenciário, não é cabível perceber, cumulativamente, a remuneração enquanto perdurar este afastamento. No caso do empregado público ou detentor de cargo em comissão que recebeu cumulativamente auxílio-doença com remuneração, esta parcela deve ser devolvida ao erário, conforme os procedimentos da Orientação Normativa nº 5, de 21/02/2013.

16. Diante do exposto, sugere-se a submissão do presente processo ao Senhor Diretor do Departamento de Normas e Procedimentos Judiciais de Pessoal, para que, se estiver de acordo, aprove e os encaminhe os autos à Coordenação-Geral de Gestão de Pessoas do Ministério dos Transportes, para as providências de sua competência.

À consideração superior.

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Analista da Divisão de Empregados Públicos

MARIANA CORREA MALDI E SOUZA Chefe da Divisão de Empregados Públicos

De acordo.Ao Senhor Diretor para apreciação.

PAULO ROBERTO PEREIRA DAS NEVES BORGES

Coordenador-Geral de Extintos Territórios Empregados Públicos e Militares

Aprovo. Encaminhem-se os autos à Coordenação-Geral de Gestão de Pessoas do Ministério dos Transportes, conforme proposto.

ROGÉRIO XAVIER ROCHA

Diretor do Departamento de Normas e Procedimentos Judiciais de Pessoal.

Documento assinado eletronicamente por FELIPE SANTIAGO RIBEIRO FARIAS, Analista, em 26/11/2015, às 16:47.

Documento assinado eletronicamente por MARIANA CORREA MALDI E SOUZA, Chefe de Divisão, em 26/11/2015, às 16:47.

Documento assinado eletronicamente por PAULO ROBERTO PEREIRA DAS NEVES BORGES, Coordenador-Geral, em 26/11/2015, às 16:54.

Documento assinado eletronicamente por ROGERIO XAVIER ROCHA, Diretor de Departamento, em 26/11/2015, às 17:20.

A autenticidade do documento pode ser conferida no site [https://seimp.planejamento.gov.br/conferir], informando o código verificador 0200809 e o código CRC 41CE80DA.

Referências

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