QUEIMADURAS
Fisiologia da pele
Principais funções da pele
Proteção
Regulação da temperatura corporal
Excreção
Percepção das sensações táteis de pressão,
dor e temperatura
Síntese de vitamina D
Queimaduras
Queimadura é uma lesão causada por agentes térmicos,
químicos, elétricos ou radioativos que agem no tecido de
revestimento do corpo humano, podendo destruir parcial ou
totalmente a pele e seus anexos e até atingir camadas mais
profundas, como músculos, tendões e ossos e, nos casos
mais complexos, comprometer outros revestimentos
corpóreos como o tubo digestivo, a árvore respiratória e o
sistema urogenital (MENEZES e SILVA, 1988).
Epidemiologia das queimaduras
As queimaduras constituem-se em relevante causa de
morbimortalidade na população mundial
No Brasil, estima-se que ocorrem um milhão de acidentes com
queimaduras por ano, destes 100.000 pacientes necessitarão
de atendimento hospitalar e cerca de 2.500 irão falecer em
conseqüência das lesões (MACIEL e SERRA, 2006)
2/3 dos acidentes ocorrem dentro do ambiente domiciliar
Aproximadamente
20%
de todas as vítimas de queimaduras
são
crianças
, e 20% dessas crianças são vítimas de lesão
intencional ou abuso infantil (PHTLS, 2007)
Epidemiologia das queimaduras
Segundo a Sociedade Brasileira de Queimados (2006), o
tratamento das vítimas de queimaduras no país dura em
média três meses e custa cerca de R$ 1.200,00 a 1.500,00 por
dia (SUS), sem considerar a reabilitação, incapacidade para o
trabalho e ausência durante o período escolar.
No nordeste, as queimaduras ocupam o 3º. Lugar dentre os
Aumento da permeabilidade vascular
Lesão endotelial direta - Liberação de substâncias vasoativas
Extravasamento de plasma para o espaço intersticial
Com grande intensidade, nas primeiras horas após a queimadura
Formação de edema
Proporcional à intensidade da lesão, atingindo o máximo nas 1as. 24-36 horas
O edema estende-se para os tecidos não lesados
Ação de substâncias vasoativas - área queimada > 20-30%
Queimaduras
Fisiopatologia das queimaduras - alterações sistêmicas
Manifestações cardiovasculares e eletrolíticas
Aumento da Permeabilidade capilar + Edema + Perda de líquidos
1º. Risco
Fisiopatologia das queimaduras -
alterações sistêmicas
Manifestações renais
Diminuição do volume urinário
Hemoglobinúria
Necrose tubular e insuficiência renal aguda
Manifestações gastrintestinais
Fisiopatologia das queimaduras - alterações
sistêmicas
Manifestações imunológicas
Perda da Barreira Mecânica
Alterações no Sist. Imune
Alterações no Sist. Imune
Diminuição da ação Fagocítica e da Diminuição da ação Fagocítica e da
atividade Bactericida dos Neutrófilosatividade Bactericida dos Neutrófilos
Diminuição das Ig Diminuição das Ig
Aumento do número de cel. TsAumento do número de cel. Ts
Invasão de Bactérias
Invasão de Bactérias
3º Risco Sepse – Choque Séptico
3º Risco Sepse – Choque Séptico
Temperatura (varia); taquicardia sinusal (40-170) Pressão arterial diminuída; Íleo paralítico; Petéquias; Sangramento franco de feridas; Desorientação.
Fisiopatologia das queimaduras -
alterações sistêmicas
Manifestações respiratórias
a)Hipóxia
b)Lesões pulmonares:
Lesão de vias aéreas superiores:Lesão de vias aéreas superiores:
Resulta do calor direto ou edema;
Manifesta-se através de obstrução mecânica da VAS
Lesão inalatória abaixo da glote:Lesão inalatória abaixo da glote:
Inalação de produtos da combustão incompleta ou gases nocivos
Irritação química dos tecidos pulmonares no nível alveolar
Fisiopatologia das queimaduras - alterações
sistêmicas
Lesão inalatória abaixo da glote
Lesão inalatória abaixo da glote
Indicadores
Indicadores
História indicando que a queimadura ocorreu em área
fechada
Queimaduras da face e pescoço
Pêlos nasais chamuscados
Rouquidão, alteração da voz, tosse seca, estridor, escarro
fuliginoso, escarro sanguinolento
Respiração laboriosa ou taquipnéia, hipoxemia
Eritema, formação de bolha na mucosa oral ou
orofaríngea
.Classificação das queimaduras
Quanto ao agente causal
Quanto ao agente causal
Físicos:
Físicos:
temperatura
temperatura
: vapor, objetos aquecidos, água quente,
: vapor, objetos aquecidos, água quente,
chama, etc.
chama, etc.
eletricidade
eletricidade
: corrente elétrica, raio, etc.
: corrente elétrica, raio, etc.
radiação
radiação
: sol, aparelhos de raios X, raios ultra-violetas,
: sol, aparelhos de raios X, raios ultra-violetas,
nucleares, etc.
nucleares, etc.
Químicos:
Químicos:
produtos químicos
produtos químicos
: ácidos, bases, álcool, gasolina, etc.
: ácidos, bases, álcool, gasolina, etc.
Biológicos:
Biológicos:
animais
animais
: lagarta-de-fogo, água-viva, medusa, etc.
: lagarta-de-fogo, água-viva, medusa, etc.
vegetais
Quanto a profundidade da lesão
(PHTLS)
1º Grau – Espessura superficial
Atinge a epiderme
Não sangra , geralmente seca
Rosa, hiperemia (Vermelhidão)
Quente
Dolorosa
Quanto a profundidade da lesão (PHTLS)
2º Grau – Espessura parcial
(superficiais e profundas)
Atinge a epiderme e a derme
(parcial ou total)
Presença de Flictenas(Bolhas) Úmida, leito da ferida brilhante Rosa, Hiperemia(Vermelhidão) Dolorosa
Cura espontânea mais lenta,
com possibilidade de formação de cicatriz
Quanto a profundidade da lesão
Quanto a profundidade da lesão
(PHTLS)(PHTLS)3º Grau – Espessura total
3º Grau – Espessura total
Atinge todos os apêndices da pele,
Atinge todos os apêndices da pele,
Pouca ou nenhuma dor
Pouca ou nenhuma dor
Aspecto de couro
Aspecto de couro
Branca a carbonizada
Branca a carbonizada
Não cicatriza espontaneamente,
Não cicatriza espontaneamente,
necessita de excisão cirúrgica e
necessita de excisão cirúrgica e
reabilitação em UTQ
reabilitação em UTQ
Classificação das queimaduras
Quanto a profundidade da lesão
(PHTLS)
4º Grau
Atinge toda a pele,
tecido adiposo, músculos,
Ossos, nervos, vasos, órgãos
Internos subjacentes
Necrose Total
Carbonização
Tecido negro
Classificação das queimaduras
Quanto a extensão da queimadura:
Tem por base a avaliação da percentagem da área de
superfície corporal (ASC) afetada
Leves ou pequeno queimado: área queimada < 10%;
Leves ou pequeno queimado
Médias ou médio queimado: área queimada de 10 a 20%;
Médias ou médio queimado
Graves ou grande queimado: mais de 20% da área
Graves ou grande queimado
Calculando a área queimada
Calculando a área queimada
MÉTODO LUND
BROWDER
O mais avançado
O mais avançado
método de cálculo
método de cálculo
de área queimada
de área queimada
Leva em
Leva em
consideração as
consideração as
várias faixas de
várias faixas de
idade com precisão
O TRATAMENTO DO PACIENTE QUEIMADO
Cuidados iniciais no local do acidente
Extinguir as chamas: apagar com água e/ou abafadas com um
cobertor; rolar a vítima pelo chão;
Parar o processo de queimadura
Irrigar queimaduras por substâncias químicas: remover toda a
roupa e lavar a ferida com água abundante; produto químico em forma de pó, retirar o excesso com espanador seguindo de lavagem com água.
Queimadura elétrica: a energia elétrica deve ser desligada Remover jóias e objetos restritivos
O TRATAMENTO DO PACIENTE QUEIMADO
Exame primário e reanimação - ABCDE
Manutenção da Via aérea com proteção da coluna cervical
Manutenção da Via aérea com proteção da coluna cervical
Preservar permeabilidade das vias aéreas
Intubação endotraqueal
Respiração e ventilação
Respiração e ventilação
Avaliar a respiração e a ventilação: ausculta, freqüência e
profundidade respiratória
Escarotomia da parede torácica nos casos de queimaduras
circunferenciais
O TRATAMENTO DO PACIENTE QUEIMADO
Exame primário e reanimação - ABCDE
Circulação
Circulação
PA se possível
Freqüência cardíaca
Avaliar queimaduras circunferenciais
SCQ > 20% obter, no mínimo, dois acessos venosos em veias
periféricas com cateteres calibrosos (14 ou 16), na impossibilidade uma linha central.
O TRATAMENTO DO PACIENTE QUEIMADO
Exame primário e reanimação - ABCDE
Incapacidade, Estado neurológico
Avaliar outras lesões, déficits sensitivos ou motores
Identificar e imobilizar fraturas de ossos longos
Imobilizar coluna na suspeita de lesão
Exposição/ambiente
Expor e examinar totalmente o paciente
Remover roupas e jóias
Preservar a temperatura corporal
Aplicar cobertores
O TRATAMENTO DO PACIENTE QUEIMADO
Exame secundário
História e exame físico detalhado do paciente tentando identificar outras lesões
ou condições clínicas
História completa sobre o acidente Exame neurológico detalhado
Exames radiográficos e laboratoriais Gasometria arterial
ECG
Monitorização cardíaca Reanimação líquida Sondagem nasogástrica Inserção de sonda vesical
Investigar imunização prévia – vacina antitetânica
Aplicar água fria esterilizada ou soro fisiológico sobre a queimadura; Proteger contra a hipotermia.
Critérios para transferência para um Centro de
Queimados
1. Lesão por
inalação
2. Queimaduras de espessura parcial
> 10% da SCT
3. Queimaduras de espessura total
(3º. Grau)
em qualquer grupo etário
4. Queimaduras em
face, mãos, pés, genitais, períneo ou nas principais
articulações
5. Queimaduras
elétrica
(incluindo relâmpagos)
6. Queimaduras
químicas
7. Queimaduras em pacientes com
problemas clínicos preexistentes
8. Queimadura
com trauma concomitante
9. Crianças queimadas que estão em
hospital sem equipamentos ou
profissionais qualificados
para o atendimento a crianças
10.Queimaduras em pacientes que precisam de suporte especial social,
emocional ou de reabilitação, por período prolongado
O
TRATAMENTO DO PACIENTE QUEIMADO
Reanimação volêmica
Reanimação volêmica
Objetivos:
Corrigir as deficiências líquidas, eletrolíticas e protéicas
Evitar a excessiva formação de edemas;
Manter um débito urinário em adultos em torno de 30 a 70ml/h.
4ml de Ringer-lactato x Kg x % de SCT queimada
Fórmula de Parkland
Fórmula de Parkland
Primeiras 8 horas: 50%
Indicador a ser monitorizado
Reposição adequada de líquidos
Pressão arterial
Faixa normal a elevada
Freqüência do pulso
< 120 bpm
PVC
< 12 cm H
2O
Débito urinário
o início da diurese espontânea é uma
marca indicando o fim da reanimação
Pulmões
Sons pulmonares claros
Tubo gastrintestinal
Ausência de náuseas e íleo paralítico
O TRATAMENTO DO PACIENTE QUEIMADO
TRATAMENTO DA QUEIMADURA
FASE DE REPARAÇÃO
Objetivos: promover a cicatrização, controlar a infecção e
ajudar aliviar a dor.
Cuidados com a ferida
Hidroterapia diária
Uso de agentes antimicrobianos tópicos
Desbridamento mecânico e cirúrgico
Auto-enxerto
Curativos sintéticos: Biobrane e fitas de poliuretano
Profilaxia da hipotermia
Manutenção de uma nutrição adequada, em alguns casos é necessária a alimentação parenteral.
TRATAMENTO DA QUEIMADURA
FASE DE REPARAÇÃO
Controle da dor
Narcóticos por via EV
Ansiolíticos
FASE DE REABILITAÇÃO
Reabilitação física
Promover a nutrição adequada
Promover a nutrição adequada: :
Dieta hiperprotéica
Calorias ajustadas para satisfazer as exigências calóricas normais durante o processo de cicatrização.
Profilaxia de fibrose e contraturas
Profilaxia de fibrose e contraturas::
Posicionamento do corpo mantendo as extremidades estendidas associados aos exercícios articulares
Após a cicatrização é indicado o uso de vestimentas compressivas especiais - evita a fibrose hipertrófica
Reabilitação psicológica:
A equipe deve estar familiarizada com as necessidades do paciente
A família deve ser incorporada ao plano total de cuidados
Deve-se estimular a terapêutica diversional (leitura, música, televisão) o mais cedo possível
Para resolver:
Considere um senhor de 80 Kg que sofreu queimadura de terceiro grau em 30% da SC e você chega ao local logo depois da lesão. Responda:
Qual o volume a ser infundido nas primeiras 24 horas? Qual a sua distribuição neste período?
Diagnósticos de enfermagem no paciente
queimado
Comprometimento da troca gasosa relacionado a lesão
inalatória;
Diminuição do débito cardíaco relacionado ao
deslocamento de líquidos e choque hipovolêmico;
Comprometimento da integridade cutânea relacionada a
queimadura e intervenções cirúrgicas;
Risco para infecção relacionado a perda da barreira cutânea e resposta imune alterada;
Comprometimento da mobilidade física relacionado ao edema, contraturas cutâneas e articulares;
Nutrição alterada:menor que os requisitos corporais
relacionada à resposta hipermetabólica à queimadura;
Distúrbio da imagem corporal relacionado a sequelas