• Nenhum resultado encontrado

A ação civil pública e sua eficácia na proteção do meio ambiente

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "A ação civil pública e sua eficácia na proteção do meio ambiente"

Copied!
86
0
0

Texto

(1)

A AÇÃO CI VI L PÚBLI CA E SUA EFI CÁCI A NA PROTEÇÃO DO MEI O AMBI ENTE

Fl orianópolis 2016

(2)

A AÇÃO CI VI L PÚBLI CA E SUA EFI CÁCI A NA PROTEÇÃO DO MEI O AMBI ENTE

Tr abal ho de Concl usão de Curso apresent ado ao Curso de Gr aduação e m Di reit o, da Uni versi dade do Sul de Sant a Cat ari na, co mo requisit o parci al para obt enção do tít ul o de Bacharel e m Direit o.

Ori ent ador: Prof. Jeferson Puel, MSc.

Fl orianópolis 2016

(3)
(4)
(5)

À Deus, pel a oport uni dade de concl uir o Curso de Ci ênci as Jurí di cas, de ma neira a ser sel ado pel a apresent ação do present e trabal ho, e m pr ol da col ação de gr au e m u ma Instit ui ção de Ensi no referênci a no mei o acadê mi co naci onal.

A mi nha fa mília, e m especi al, ao meu pai, Héli o, mi nha mãe, Mart a e meu i r mão, André, os quais de f or ma des medi da me auxiliara m na concl usão do Curso de Di reit o, por mei o da de monstração de cari nho e at enção em t odos os mo ment os ao l ongo da vi da, mor ment e, no perí odo de for mação acadê mi ca.

Às a mi zades culti vadas ao l ongo dos anos de Acade mi a, que pr oporcionara m muit as al egri as e conheci ment os co mpartil hados e m busca da mel hor f ormação pr ofissi onal, os quais per manecerão na le mbrança por anos a fio.

Aos mestres docent es dest a excepci onal Uni versidade, que a partir das bases de conheci ment o soubera m t rans miti-l os aos acadêmi cos de maneira i nequí voca e i mpecável, revel ando-se el os f undame nt ais na trans missão dos ensi na ment os durant e a ca mi nhada acadê mi ca.

Ao meu ori ent ador, Professor Jeferson Puel, pr ofissi onal dedi cado, corret o e solícit o, que co m maestria, e mpenho e dedi cação direci onou- me r u mo aos obj eti vos traçados, não medi ndo esforços para a pl ena e satisfat ória confecção do trabal ho, de modo a t or nar-se í mpar e i ndispensável para est e que est e proj et o se t ornasse reali dade.

(6)

A pr esent e monografia t em por obj eti vo est udar a Ação Ci vil Públi ca co mo mecani s mo efi caz de pr ot eção ao mei o ambi ent e, no â mbit o do or dena ment o j urí di co brasileiro. Edifi cada a partir do mét odo deduti vo e por mei o de pesquisa bi bli ográfica qualitati va, t raz à t ona a t ut el a j urisdi ci onal do Est ado no que concer ne à prot eção do mei o a mbi ente, dest acando seus el e ment os constit uti vos, conceit os e caract erísticas peculi ares. Apresent a a ori ge m e os aspect os pr ocessuais da acti o, al é m de suas f ont es e f unda ment os trazi dos pel a Cart a Magna, be m co mo as t écni cas e pr ocedi ment os que faz uso e m pr ol da t utela dos i nt eresses transi ndi vi duais. A Ação Ci vil Públi ca f oi origi nada a partir da pr omul gação da Lei nº 7. 347/ 85 e est abel eceu o obj eti vo de apurar a responsabili dade por danos causados ao mei o a mbi ent e, al é m de outros bens e i nt eresses t utel ados. Ao di scorrer sobre a rel ação entre Di reit o Ambi ent al e Ação Ci vil Públi ca, el encam- se os pri ncí pi os gerais que e mbasa m a pr oposit ura da de manda pel os ent es l egiti mados, co m a post eri or compet ênci a para o pr ocessa ment o e j ul ga ment o do feit o. No t ocant e à efi cáci a da de manda, est á coadunada co m os pri ncí pi os constit ucionais de manut enção da quali dade do mei o ambi ent e, essenci al à quali dade de vi da, no i ntuit o de dei xá-l o co mo l egado às f ut uras gerações. Co mo r esult ado da present e pesquisa, denota-se que ao l ongo de três décadas, a utilização da Ação Ci vil Públi ca é efi caz no que t ange às medi das e ações que pr oporci onara m a defesa do patri môni o a mbi ent al e m t errit óri o brasileiro, e sua utilização se pr ol ongará ao l ongo dos anos, a partir das i novações j urí di cas que maj ore m ai nda mai s a sua rel evânci a no âmbit o da pr ot eção a mbi ent al.

Pal avras-chave: Ação Ci vil Públi ca. Tut el a j urisdici onal do Est ado. Prot eção do mei o

(7)

ACP – Ação Ci vil Pública

AI A – Avali ação do I mpact o Ambi ent al AP – Ação Popul ar

CDC- Códi go de Defesa do Consu mi dor

CONAMA – Consel ho Naci onal do Mei o Ambi ente CPC – Códi go Pr ocesso Penal

CS MP – Consel ho Superi or do Minist éri o Públi co EI A – Est udo de I mpact o Ambi ent al

I BAMA – Instit ut o Brasileiro do Mei o Ambi ent e e dos Recursos Nat urais Renováveis LACP – Lei da Ação Ci vil Pública

MMA – Minist éri o do Mei o Ambi ent e OAB – Or de m dos Advogados do Brasil PNMA – Política Naci onal do Mei o Ambi ent e

PNUMA – Pr ogra ma das Nações Uni das para o Mei o Ambi ent e RI MA – Rel at óri o de I mpact o Ambi ent al

SI SNAMA – Sist e ma Naci onal do Mei o Ambi ente STF – Supre mo Tri bunal Federal

STJ – Superi or Tri bunal de Justiça

(8)

2. 1 HI STÓRI A . . . 11

2. 2 CONCEI TO . . . 15

2. 3 PRI NCÍ PI OS GERAI S DO DI REI TO AMBI ENTAL . . . 18

2. 3. 1 Da Prevenção . . . 18

2. 3. 2 Da Precaução . . . 19

2. 3. 3 Di gni dade da pessoa hu mana . . . 21

2. 3. 4 Pol ui dor- Pagador . . . 22

2. 3. 5 Objeto da t utel a ambi ent al: mei o a mbi ente . . . 23

2. 3. 6 Dano a mbi ent al . . . 26

3 AÇÃO CI VI L PÚBLI CA . . . 30

3. 1 CONCEI TO . . . 30

3. 2 NATUREZA J URÍ DI CA . . . 33

3. 3 OBJ ETO DA AÇÃO CI VI L PÚBLI CA . . . 36

3. 3. 1 Interesses col eti vos . . . 36

3. 3. 2 Interesses dif usos . . . 38

3. 3. 3 Interesses i ndi vi duai s ho mogêneos . . . 39

3. 4 LEGI TI MI DADE PARA PROP OR A AÇÃO . . . 41

3. 5 COMPETÊNCI A PARA PROCESSAR OU JULGAR A DE MANDA . . . 45

4 A AÇÃO CI VI L PÚBLI CA E A EFI CAZ PROTEÇÃO DO MEI O AMBI ENTE . . . 48

4. 1 POLÍ TI CA NACI ONAL DO MEI O AMBI ENTE . . . 48

4. 2 PODER DE POLÍ CI A AMBI ENTAL . . . 52

4. 3 I MPACTO AMBI ENTAL . . . 55

4. 3. 1 Rel atóri o de I mpact o Ambi ent al . . . 56

4. 3. 2 Est udo de I mpacto Ambi ent al . . . 58

4. 3. 3 Ter mo de Aj ustame nt o de Condut a . . . 60

4. 4 A AÇÃO CI VI L PÚBLI CA E A PROTEÇÃO DO MEI O AMBI ENTE . . . 62

4. 5 COTEJ O DE DECI SÕES J UDI CI AI S . . . 68

4. 5. 1 Recurso Especi al nº 1. 381. 341 – MS (2013/ 0117399- 8) . . . 68

4. 5. 2 Recurso Especi al nº 1. 150. 392 - SC (2009/0142023- 8) . . . 71

4. 5. 3 Agravo de Instrume nt o nº 0152606- 48. 2015. 8. 24. 0000, de Braço do Norte . . . 74

(9)
(10)

1 I NTRODUÇÃO

Co m o present e trabal ho o aut or al mej a, a mparado na literat ura perti nent e à te máti ca a mbi ent al, de monstrar a utilização da Ação Ci vil Públi ca de modo efi caz na pr ot eção do mei o a mbi ent e, a partir da i dentificação dos aspect os pr ocessuais que l he são peculi ares. Ist o post o, o pesqui sador t eve o i nt eresse despertado e m virt ude da preponderânci a das Aç ões Ci vi s Públi cas sob o encar go do parquet, quando da at uação na seara a mbi ent al, moti vo que j ustifica a defi ni ção do obj et o de pesqui sa com o r el evant e auxíli o do nobre pr ofessor ori ent ador.

A i mport ânci a do t e ma resi de na possi bili dade de al cançar a ef eti va t ut el a j urí di ca do Est ado, no i nt uit o de diri mir possí veis lití gi os e m t er mos a mbi ent ais, de maneira que est a de manda se constit ui no pri nci pal mecanis mo l egal de pr ot eção do mei o ambi ent e. Di ant e da pr oliferação de danos a mbi ent ais e m t errit ório naci onal, maj ora-se a rel evânci a dest e i nstrument o pr ocessual na busca efeti va da t ut el a a mbi ent al, de modo a satisfazer os ansei os da soci edade, est abel ecidos por i nt er médi o do constit ui nt e ori gi nári o, quant o à defesa e preservação dest e be m de uso comu m do povo para as present es e fut uras gerações.

O pr obl e ma de pesquisa consiste no est udo dos aspect os e pressupost os peculi ares à de manda quando relaci onados co m a possibili dade de t ut el a j urí dica a mbi ent al, por i nt er médi o dos l egiti mados est abel eci dos pel a Lei nº 7. 347/ 85, conferi ndo efi cáci a na aplicação do direit o mat erial por mei o dest a acti o e mi nent e ment e processual.

No pr opósit o de diri mir sobre a pr obl e máti ca pr opost a, a pesqui sa é paut ada pel o obj eti vo precí puo consistent e na de monstração da maneira pel a qual a Ação Ci vil Públi ca pode ser utilizada para pr oporci onar efi cáci a na pr ot eção do mei o ambi ent e, a partir da apresent ação dos el e ment os e condi ções ati nent es à de manda. Ade mai s, o trabal ho é volt ado para a descrição dos pri nci pais aspect os no â mbit o do Di reit o Ambi ental, de maneira a i dentificar a perti nênci a da acti o dentro dest e ca mpo de at uação j urí di ca.

A fi m de al cançar os obj eti vos pr opost os na present e pesquisa, faz-se i mpret erí vel a cl areza na trans missão de conheci ment os ati nentes ao Di reit o Ambi ent al. Para t ant o, utiliza-se na pesqui sa o mét odo de abor dage m deduti vo, a partir de u ma pre missa geral, ou utiliza-sej a, de u m model o a mpl o e genérico, enca mi nhando-se para u ma pre missa especifica, que co mpor-se-á na efi cáci a j urí di ca na pr ot eção do Mei o Ambi ent e, medi ant e a pr oposit ura da Ação Ci vil Públi ca. O pr ocedi ment o e m uso é o monográfico, e m que são e mpr egadas as t écni cas de pesqui sa bi bli ográfica, por mei o da utilização de li vros e doutri nas referentes à t e máti ca, be m co mo docu ment al, medi ant e consultas a legisl ações e j urisprudênci a sobre o assunt o.

(11)

No i nt uit o de el uci dar as quest ões pr opost as, o present e trabal ho est á di vidi do e m ci nco capít ul os, sendo o pri meiro referent e a esta i ntrodução e, subsequent e, três capít ul os teóricos que trarão o boj o da pesquisa, de modo a cul mi nar na concl usão.

O segundo capít ul o apresent a ao l eit or aspect os rel aci onados ao Di reit o Ambi ent al, naquil o que concer ne à hi st ória deste ra mo j urí di co, be m como a conceit uação legal e os pri ncí pi os gerais que o e mbasa m no or dena ment o j urí di co pátri o. Ao fi nal do capít ul o há a abor dage m do obj et o da t ut el a a mbient al, qual sej a, o mei o a mbi ent e; al é m de di scorrer sobre a caract erização legal e doutri nária de dano a mbi ent al.

No t erceiro capít ul o é trazi do à bail a o i nstit ut o da Ação Ci vil Públi ca, de ma neira a ser est udado seu conceit o, nat ureza j urí di ca e i nt eresses pr opost os. Ade mai s, apresent a os pressupost os de l egiti midade para a pr oposit ura da de manda, al é m da co mpet ênci a para o pr ocessa ment o e j ul ga ment o do feit o.

O quart o capít ul o faz a rel ação entre a Ação Ci vil Públi ca e a efi caz pr ot eção do mei o a mbi ent e, no pr opósit o de apresent ar as bases l egais que f unda ment a m a efeti vação dest a acti o na or de m j urí di ca. Assi m, a ori ge m da de manda possui relação diret a co m o Si st e ma Naci onal de Me i o Ambi ent e. Al é m di st o, o capít ul o traz a conceit uação de Poder de Polí ci a Ambi ent al, I mpact o Ambi ent al e seus mecanis mos de controle. Ao fi nal dest e capít ul o, encontra-se o suprassumo da pesqui sa, caract erizado pel a tit ulação do trabal ho, sendo corroborado por mei o das decisões j udi ci ais prol at adas no â mbit o do Poder Judi ci ári o.

Encerra-se a monografia co m a concl usão per meada pel o pesqui sador, que vi sa el uci dar os pri nci pais pont os no t ocant e à efi caz pr ot eção do mei o a mbi ent e por mei o da pr oposit ura da Ação Ci vil Públi ca Ambi ent al, relaci onando-a co m a r ealidade j urí di ca- fáti ca que se desenvol ve na seara a mbi ent al. Assi m, maj ora-se a rel evânci a dest e di pl oma l egal, sendo o pri nci pal i nstrume nt o na pr ot eção dest e be m de uso co mu m do povo e essenci al à quali dade de vi da.

(12)

2 DI REI TO AMBI ENTAL

O Di reit o Ambi ent al é u ma r ecent e vert ent e do Di reit o moder no, caracteri zado co mo u m r a mo aut ônomo e e m const ant e aperfei çoa ment o, de f or ma que a i nserção de conceit os e pri ncí pi os nos di pl omas l egais possui co mo fi nali dade precí pua direci onar a adequada utilização dos recursos di sponí veis no a mbi ent e. Por mei o do est abel eci ment o de mét odos, critéri os, pr oi bições e per missões, é possí vel defi nir quais bens a mbi ent ais pode m ser desti nados à apr opriação econô mi ca, e quais são vet ados. Tendo e m vi st a que as ati vi dades econô mi cas utiliza m r ecursos nat urais, co mu ment e sob a f or ma de ener gi a el étri ca, faz co m que a preocupação co m o mei o a mbi ent e sej a maj orada na or de m j urí di ca das nações.1

É co mpost o por u m conj unt o de pri ncí pi os e normas cogent es est abel eci das co m o pr opósit o de regul ar as ati vi dades hu manas que possa m i mpact ar na est abilidade do a mbi ent e, de modo a pr o mover a garantia de u m mei o a mbi ent e equili brado para as present es e f ut uras gerações. Dest a feita, a sadi a quali dade de vi da sofre i nfl uênci a diret a do ambi ent e co m que se rel aci ona. O conheci ment o j urí di co, paut ado na éti ca e a mparado pela ci ênci a, ve m ao encontro da consci ênci a de pr ot eção ao mei o ambi ent e, e despont a como núcl eo ati vo na resol ução da probl e máti ca a mbi ent al.2

O pr esent e capít ul o abordará u m br eve hi st órico da evol ução do Di reit o ambi ent al brasileiro, desde a out or ga da Constit ui ção Imperi al de 1824, sucedi da pel o Perí odo Republi cano at é a Constit ui ção da Repúbli ca Federati va do Br asil, pr o mul gada e m 1988. Em segui da, serão abor dados o conceit o dest a especi ali dade j urí di ca, be m co mo os pri ncí pi os gerais que l he são i nerentes, dentre os quais se especifica m aquel es rel evant es para e mbasar a pr oposit ura de ações pr oteti vas e rei nt egrat órias do mei o a mbi ent e, a dest acar os pri ncí pi os da prevenção, da precaução, da di gni dade da pessoa hu mana e do pol ui dor pagador.

Ao fi nal do capít ul o trat ar-se-á sobre o obj et o da t ut el a a mbi ent al - mei o ambi ent e – verificado sob os que l he são peculi ares, al é m do dano a mbi ent al dentro das perspecti vas rel ati vas aos prej uí zos causados ao a mbi ent e.

1 ANTUNES, Paul o de Bessa. Di reito a mbi ent al. 14. ed. São Paul o: Atl as, 2012. p. 3.

(13)

2. 1 HI STÓRI A

O pr ogresso sust ent ou a moder ni zação e o cresci ment o econô mi co observado a partir do sécul o XI X, quando coli di u co m pre missas bási cas de preservação do mei o a mbi ent e. O pensa ment o à época era volt ado para o desenvol vi ment o i ndustri al co m i nvesti ment o e m máqui nas que pudesse m at ender às de mandas das fábricas. Nesse passo, o ser hu mano fez uso dos recursos nat urais de ma neira des medi da, consi derando- os f ont es i nesgot áveis, al hei o às preocupações co m as gerações que l he sucederi a m e arcari a m co m os prej uí zos de outrora. A nat ureza arcou com as degradações parti das de condut as i nconsci ent es.3

Desde ent ão, a soci edade passou a sentir as consequênci as da utilização irraci onal dos recursos nat urais, trans miti da à nat ureza por mei o de u m pr ocesso de desequilí bri o a mbi ent al. Dentro dessa perspecti va, houve a co mpr eensão de que se fazi a necessári o equili brar as rel ações i nterati vas entre ho me m e nat ureza, no pr opósit o de utilizar os r ecursos a mbi ent ais co m r esponsabili dade e parci môni a. As alt erações no ambi ent e vi sava m à mel hori a da quali dade de vi da do ser hu mano, nada obst ant e o desenvol vime nt o econô mi co e tecnol ógi co, que deveri am est ar har moni zados com o uso ponderado das font es nat urais.4

No Br asil, dest aca m-se, co m enf oque no Di reito Ambi ent al, os or dename nt os legais que vi gorara m desde a chegada e m sol o pátri o da Cort e Portuguesa, e m 1808, per meando-se o Perí odo Republi cano at é a Cart a Ma gna de 1988.

A Constit ui ção I mperi al de 1824 - pri meiro di pl oma j urí di co no Br asil - não f ez qual quer referênci a aos recursos nat urais. É i nt eressant e observar que à época o paí s era mer o export ador de pr odut os pri mári os não manufat urados. Em virt ude di sso, havi a grande dependênci a dos recursos nat urais de seu t errit óri o, a exe mpl o do que j á vi nha sendo prati cado durant e o Perí odo Col oni al co m commodities co mo pau- brasil e a cana- de-açúcar. Dest a for ma, não f ora m pr evist os mecanis mos efeti vos capazes de pr oporcionare m garanti a à sust ent abili dade dos recursos nat urais, o que denot ou a níti da prática expl orat ória vi gent e durant e o I mpéri o.5

A pr ocl a mação da República e m 1889 transfor mou as anti gas pr oví nci as imperi ais e m Est ados federados. Co m a pr o mul gação da Constit ui ção da Repúbli ca de 1891 f oi atri buí do det er mi nado grau de aut ono mi a l egisl ati va aos ent es federados, possi bili dade

3 THOMÉ, Ro meu. Manual de di reito a mbi ent al. Bahi a: JusPODI VM, 2011. p. 31.

4 MAGALHÃES, Juraci Perez. A evol ução do di reito a mbi ent al no Brasil. São Paul o: Juarez de Oli veira,

2002. p. 1.

(14)

conferi da aos Est ados- me mbr os no t ocant e à compet ênci a para l egislar sobre mi nas e t erras que não pert encesse m à Uni ão. Não houve concret ude na apli cação prática desses di spositi vos legais, u ma vez que a Uni ão manti nha para si os pri nci pais poderes e co mpet ênci as para legislar. No Perí odo Republi cano, f oi previst a aut orização para a Uni ão l egisl ar sobre pr ot eção aos monu ment os e paisagens nat urais.6

A pr o mul gação do Códi go Ci vil de 1916 previ u a pr ot eção ao a mbi ent e co mo be m pri vado, sob a óti ca do direit o de pr opri edade, a exe mpl o das nor mas que r egul ava m o direit o de vi zi nhança.7 Os bens a mbi ent ais era m volt ados para os i nt eresses utilitaristas e econô mi cos, li gada a i dei a de oferta e essenci ali dade.8 A partir desse di pl oma l egal decorrera m outras l eis que f ora m volt adas para a especificação de regras atinent es a el e ment os a mbi ent ais, merecendo dest aque as segui nt es: Lei nº 4. 771/ 65 - Códi go Fl orest al9 e a Lei nº 5. 197/ 67 - Prot eção à Fauna.1 0

Por mei o da Lei nº 4. 717/ 65 f oi i nstit uí da a Ação Popul ar ( AP) que permi ti u a qual quer ci dadão pl eitear a anul ação ou a decl aração de nuli dade de qual quer at o l esi vo ao patri môni o públi co. A AP possi bilit ou a pr ot eção do mei o a mbi ent e cult ural, vist o sob a óti ca dos bens e direit os que represent asse m val ores econô mi cos, artístico, estético, hi st óri co ou t urístico. Ade mai s, trat ou-se de mecani s mo pr ocessual que possi bilit ou ao i ndi ví duo tit ul ar de direit os políticos a l egitimi dade aut ôno ma para pleitear, e m no me pr ópri o, u m direit o que não é apenas i ndi vi dual, mas de t oda a col eti vi dade, paut ado pel o i nt eresse público.1 1

Di ant e de repercussões gl obais acerca dos graves danos a mbi ent ais ocorridos e m l ocais co m mar cant e i ndustrialização, ocorreu no ano de 1972, na ci dade de Est ocol mo - Suéci a, a Conferênci a das Nações Uni das sobre o Mei o Ambi ent e Hu mano, cuj o pr opósit o seri a a di scussão dos princi pais pr obl e mas a mbi ent ais que ecoava m no mundo. I nseri dos e m u ma di mensão gl obal, os aspect os soci oeconô mi cos f ora m r essaltados durant e o encontro, sobret udo a pressão ocasi onada pel o cresci ment o de mográfico e m detrime nt o dos recursos nat urais, observada co m vee mênci a nos países do t erceiro- mundo. Os pri nci pais result ados

6 HORTA, Raul Machado. Direito constit uci onal. 3. ed. Belo Hori zont e: Del Rey, 2002. p. 271.

7 BRASI L. Lei nº 3. 071, de 1º de janei ro de 1916. Códi go Ci vil dos Est ados Uni dos do Brasil. Ri o de Janeiro,

1916. Disponí vel e m: <htt p://www. pl analt o. gov. br/cci vil _03/leis/ L3071. ht m>. Acesso em: 07 j ul. 2016.

8 RODRI GUES, Marcel o Abelha. Direito a mbi ent al esquemati zado. 1. ed. São Paul o: Sarai va, 2013. p. 54. 9 BRASI L. Decret o n. 4. 771, de 15 de sete mbro de 1965. Instit ui o novo Códi go Fl orest al. Brasília, 1965.

Di sponí vel e m: <htt p:// www. planalt o. gov. br/cci vil _03/leis/ L4771. ht m>. Acesso e m: 07 j ul. 2016.

1 0BRASI L. Lei n. 5. 197, de 3 de janei ro de 1967. Dispõe sobre a prot eção à fauna e dá outras provi dênci as.

Br asília, 1967. Disponí vel e m: <htt p:// www. pl analt o. gov. br/cci vil _03/leis/ L5197. ht m>. Acesso e m: 07 j ul. 2016.

1 1 FI GUEI REDO, Guil her me José Pur vi n de. Curso de di reito a mbi ent al. 5. ed. São Paul o: Revista dos

(15)

col hi dos f ora m a cri ação do Pr ogra ma das Nações Uni das para o Mei o Ambient e ( PNUMA) e a aprovação da Decl aração sobre o Mei o Ambi ente Hu mano.1 2

Co mo consequênci a da nova reali dade pr oporcionada pel a Conf erênci a, f ora m i nstit uí dos no Br asil rel evant es di pl o mas l egais de cunho pr ot eti vo do mei o a mbi ent e. A partir da década de 80 as l egisl ações sobre o assunt o se desenvol vera m de maneira consi st ent e e cél ere, ganhando not oriedade perant e u ma soci edade que despert ava para os efeit os positi vos da consci entização a mbient al. Concebi do sob fort e i nfl uênci a i nt ernaci onal, o pri meiro di pl oma l egal aut ôno mo que regul ou o mei o ambi ent e f oi a Política Naci onal do Mei o Ambi ent e ( PNMA), i nstit uí da por mei o da Lei nº 6. 938/ 81. Os obj eti vos est abel eci dos pel a PNMA aj ust ara m preservação, mel hori a e recuperação a mbi ent al pr opí cia à vi da, no i nt uit o de assegurar condi ções ao desenvol vi ment o soci oeconô mi co, aos i nt eresses da segurança naci onal e à di gni dade da pessoa humana.1 3

A r eferi da l ei i nstit ui u novo trat a ment o nor mat i vo par a o mei o a mbi ent e, de ma neira a est abel ecer u ma política paut ada e m princí pi os, diretrizes, i nstrume nt os e conceit os gerais sobre a t e máti ca. Houve alt eração do trata ment o esparso e m di versos or dena ment os para u ma t ut el a j urí di ca aut ôno ma, at ent a à i deia de be m úni co, i mat erial e i ndi visí vel. A PNMA adot ou u ma vi são holística, e m que o ser hu mano passava a ser consi derado co mo part e i nt egrant e do mei o a mbi ent e, al é m de i nstit uir co mo obj eti vo pri mári o das nor mas a mbi ent ais a preservação de t odas as f or mas de vi da. Assi m, a concepção passa a ser bi ocêntrica1 4, de modo a prot eger t odo o ent orno gl obal que envol ve o mei o ambi ent e.1 5

Al guns anos após a i nstit ui ção da PNMA s obrevei o a Lei nº 7. 347/ 85 – Lei da Ação Ci vil Públi ca ( LACP), que i nstit ui u e regul ou a ação col eti va em defesa do mei o a mbi ent e nat ural e artifici al. A LACP f oi utilizada co mo i nstrument o para recl a mar responsabili dades pel os danos causados ao mei o a mbi ent e, ao consu mi dor, e, a exe mpl o da LAP, aos bens e direit os artístico, est ético, hi st órico e pai sagístico. Por out ro vi és, i ntroduzi u

1 2 MILARÉ, Édis. Direito do ambi ente. 9. ed. rev., at ual. e ampl. São Paul o: Revista dos Tri bunais, 2014. p.

240- 243.

1 3 FI GUEI REDO, Guil her me José Pur vi n de. Curso de di reito a mbi ent al. 5. ed. São Paul o: Revista dos

Tri bunais, 2012. p. 173.

1 4 “[...] a transpiração bi ocêntrica te m passado co mo u m sopr o renovador, apesar de restrit o. Os est udos da

moder na Cos mol ogi a passaram a exi gir muit o mais por que o Cos mos – no caso o pl anet a Terra – passou a ser o centro de uma visão holística e de uma abor dage m sistê mica, para encarar a sua t ot ali dade e a sua co mpl exi dade. Chegou, ent ão, a hora dos seres i nani mados que, apesar de sua condi ção i nor gâni ca, tê m função vital no

or ganis mo de Gai a. Abri a-se, assi m, a era ecocêntrica na qual vi ve mos e evol uí mos. ” In: MI LARÉ, Édis. Direito

do a mbi ente. 9. ed. rev., at ual. e a mpl. São Paul o: Revista dos Tri bunais, 2014. p. 108- 109.

(16)

a possi bili dade de condenação dos responsáveis, suj eit os a reparare m o i nteresse l esado, por mei o de obri gações de fazer, não fazer ou pagar em di nheiro.1 6

Em 1988, co m a pr o mul gação da Constit ui ção da Repúbli ca Federati va do Br asil, o mei o a mbi ent e passou a ser trat ado co mo el e ment o i ndispensável para uma sadi a quali dade de vi da, de f or ma a positivá-l o co mo u m be m de uso co mu m do povo. A Carta Magna vi gent e cria u ma cat egori a j urí dica capaz de i mpor ao Poder Públi co e à col eti vi dade o dever de zel o para co m o mei o a mbi ente, no pr opósit o de defesa e garanti a às present es e f ut uras gerações. A Lei Funda ment al estabel ece mecani s mos que est ej a m volt ados para o mei o a mbi ent e ecol ogi ca ment e equili brado dentro da perspecti va da utilização racional dos recursos a mbi ent ais, a exe mpl o da pr omoção de educação a mbi ent al e m t odos os ní veis de ensi no, al é m da consci enti zação públi ca e m pr ol da preservação do mei o a mbi ent e.1 7

No ano de 1992, para f ome nt ar o desenvol vi ment o sust ent ável, ocorreu na ci dade do Ri o de Janeiro a Conferênci a das Nações Uni das para o Mei o Ambi ent e e o Desenvol vi ment o ( Ri o/ 92). O obj eti vo precí puo era est abel ecer u ma ali ança mundi al a fi m de har moni zar o desenvol vime nt o econô mi co-soci al co m a preservação do ambi ent e, medi ant e a criação de ní veis de cooperação entre os Est ados e os de mai s set ores da sociedade. No event o doi s docu ment os f ora m apr ovados a fi m de garantir a pr ot eção efi caz ao mei o a mbi ent e. Um del es f oi a Decl aração do Ri o, que endossou o conceit o f unda ment al de desenvol vi ment o sust ent ável. O outro f oi a Agenda 21, que constit ui u ações pr ogra máti cas que conciliara m mét odos de prot eção a mbi ent al, j ustiça soci al e eficiênci a econô mi ca.1 8

Dez anos após a Ri o/92, no ano de 2002, foi realizada a Cúpul a s obre Desenvol vi ment o Sust entável, na ci dade de Joanesbur go – Áfri ca do Sul, co m o obj eti vo de avali ar a i mpl e ment ação da Agenda 21 e dos demai s acor dos fir mados durant e a j or nada da Ri o 92. Houve dest aque para a Decl aração de Joanesbur go e para o Pl ano de I mpl e ment ação ( PI). A pri meira reafir mou os pri ncí pi os e acor dos associ ados ao desenvol vi ment o sust ent ável defi ni dos na Conferência de Est ocol mo e na Ri o 92; ao passo que o segundo i nstrument o i dentificou met as precisas, a exe mpl o da erradi cação da pobreza, a modificação do padrão de consumo e de pr odução, al é m de a mpli ar a pr ot eção dos recursos nat urais.1 9 Esse fat o denot a a i mport ânci a de reuni ões envol vendo países no t ocant e à prevenção de prej uí zos ao mei o, be m co mo na resol ução de probl e mas sóci o- a mbi ent ais.

1 6 FI ORI LLO, Celso Ant ôni o Pacheco. Curso de di reito a mbi ent al. 13. ed. rev., at ual. e ampl. São Paul o:

Sarai va, 2012. p. 706- 707.

1 7 ANTUNES, Paul o de Bessa. Di reito a mbi ent al. 14. ed. São Paul o: Atl as, 2012. p. 70.

1 8 MILARÉ, Édis. Direito do ambi ente. 9. ed. rev., at ual. e ampl. São Paul o: Revista dos Tri bunais, 2014. p.

91-94.

(17)

2. 2 CONCEI TO

Para mel hor co mpr eender o conceit o al usi vo ao Di reit o Ambi ent al, é necessári o de monstrar as diferent es abor dagens a respeit o das l ocuções que o desi gnam, al é m de expli car o senti do específico de cada t er mo. Ade mai s, convé m sali ent ar a maneira co mo se deu a i nserção da di sci pli na na esfera j urí di ca e sua rel ação co m outros ra mos do Di reit o. Por consegui nt e, é váli do menci onar o ca mpo de at uação e para que m são desti nadas as nor mas que compõe m a te máti ca.

A mai ori a das doutri nas moder nas brasileiras tê m opt ado pel a utilização dos ter mos Direit o Ambi ental2 0 2 1 2 2 e Direit o do Ambiente2 3, que encerra m nomencl at uras gra mati cais e j urí di cas condi zent es co m a defini ção de mei o a mbi ent e, cuj a opção r evel a particul ari dades aut orais. A pri meira expressão di z respeit o ao conj unt o de nor mas e pri ncí pi os edit ados co m o obj eti vo de manut enção do equilí bri o nas rel ações entre o ser hu mano e o mei o a mbi ent e, dentro de u ma vi são a mpl a desse vocábulo. Por sua vez, a segunda reflet e o co mpl exo de pri ncí pi os e normas coerciti vas, regul adoras das ati vi dades hu manas que, de f or ma diret a ou i ndiret a, possa m afet ar a sani dade do a mbi ent e e m s ua di mensão gl obal, visando a sust ent abili dade para as present es e fut uras gerações.2 4

Cert as ati vi dades pr oporci onara m excessi va utilização de recursos nat urai s, de for ma a pr oduzir consequênci as degradant es advindas do cresci ment o i ndustrial e econô mi co desor denado. Dest a f orma, houve repercussão no or dena ment o j urídi co, medi ant e o est abel eci ment o de novos co mandos e regras que conferisse m, de maneira sist e máti ca e or gâni ca, u m model o adequado à utilização responsável dos recursos nat urais, assi m co mo no trat a ment o do fenô meno de det eri oração do mei o a mbi ent e.2 5

Consi derado ra mo moderno dentro da esfera j urídi ca, possui i nt erdi sci plinari dade co m diferent es set ores clássi cos do Di reit o, que o dera m guari da para a crescent e escal a de i mport ânci a na t ut el a do be m j urí di co col eti vo, o mei o a mbi ent e. A partir da const ant e adapt ação das nor mas de pr ot eção a mbi ent al, a matéria gradati va ment e ganhou cor po e f or ma,

2 0 MACHADO, Paul o Aff onso Le me. Direito a mbi ent al brasileiro. 22. ed. rev., at ual. e ampl. São Paul o:

Mal heiros, 2014.

2 1 MUKAI, Toshi o. Direito a mbi ent al siste mati zado. 6. ed. Ri o de Janeiro: Forense Uni versitária, 2007. 2 2 ANTUNES, Paul o de Bessa. Di reito a mbi ent al. 16. ed. Rio de Janeiro: Atlas, 2014.

2 3 MILARÉ, Édis. Direito do ambi ente. 9. ed. ver., at ual. e ampl. São Paul o: Edit ora Revista dos Tri bunais,

2014.

2 4 MILARÉ, Édis. Direito do ambi ente. 9. ed. rev., at ual. e ampl. São Paul o: Revista dos Tri bunais, 2014. p.

257.

(18)

vi ndo a co mpor u m ca mpo j urí di co dot ado de princí pi os e diretrizes peculiares à di sci pli na da te máti ca, paut ados no escopo f unda ment al de orient ar o desenvol vi ment o e a apli cação de políticas a mbi ent ais.2 6

Pode ser encarado co mo u m Di reit o sist e mati zador, a partir de u ma vi são a mpl a que faz conexão entre l egi sl ação, doutri na e j urispr udênci a concer nent es aos el e ment os que co mpõe m o a mbi ent e. Dest a f or ma, busca evit ar o i sol a ment o dos t e mas a mbi ent ais, não se fechando e m si mes mo al hei o à ga ma j urí di ca, de maneira a i nt erli gar-se co m i nstrument os j urí di cos que corresponda m co m a prevenção, reparação, i nfor mação, control e e partici pação. Tende a se i nserir e m t odos os sist e mas j urí di cos exi st ent es, no i nt uit o de direci onar as condut as para um senti do a mbi ent alista, voltado para a prevenção e reparação.2 7

Devi do à marcant e presença do Poder Público no control e das condi ções adequadas do mei o a mbi ent e, u ma vez que a quali dade de vi da é concebi da co mo u ma f or ma de direit o f unda ment al da pessoa hu mana, o Di reit o Ambi ent al é decl arado co mo sendo u m ra mo do Di reit o Públi co. Pode ser vi st o sob enfoque obj eti vo, consistente na di sposi ção de nor mas j urí di cas cogentes que pr oporci one m a preservação do mei o ambi ent e, do mes mo modo t a mbé m pode ser ent endi do co mo ci ênci a, que pr ocura o conhecime nt o sist ê mico dos pri ncí pi os nort eadores da quali dade do mei o a mbi ent e.2 8

O ser hu mano é o pri nci pal desti nat ári o do Di reit o Ambi ent al, est endi do à vi da e m t odas as vari adas f or mas, na medi da e m que a exi st ênci a corrobore co m a garantia da sadi a quali dade de vi da da pessoa. Tendo e m vi st a a raci onali dade do i ndi ví duo perant e os de mai s or ganis mos vi vos, i ncu mbe-l he a mi ssão de pri mar pel a preservação das espéci es, i ncl usi ve a pr ópri a, de maneira a i nstit uir mecanis mos compatí veis co m a manut enção de t odos os or ganis mos vi vos, e não apenas daquel es que l he sej a possí vel retirar proveit os.2 9

Out ro aspect o a ser ressaltado dentro do Di reit o Ambi ent al concer ne à apr opri ação dos bens a mbi ent ais dentro de u ma perspecti va econô mi ca, de maneira que sej a l evado e m cont a a sust ent abili dade dos recursos e o desenvol vi ment o soci al. Na medi da e m que afast a det er minados bens da apropriação diret a pel a ativi dade econô mi ca, est abel ece diretri zes que l hes garant a m l egiti midade na manut enção das condi ções de vi da. Assi m, pr opi ci a cert o

2 6 THOMÉ, Ro meu. Manual de di reito a mbi ent al. Bahi a: JusPODI VM, 2011. p. 57.

2 7 MACHADO, Paul o Aff onso Le me. Direito a mbi ent al brasileiro. 22. ed. rev., at ual. e ampl. São Paul o:

Mal heiros, 2014. p. 59.

2 8 SI LVA, José Af onso da. Direito a mbi ent al constit uci onal. 9. ed. at ual. São Paul o: Mal heiros, 2011. p. 41. 2 9 FI ORI LLO, Celso Ant ôni o Pacheco. Curso de di reito a mbi ent al. 13. ed. rev., at ual. e ampl. São Paul o:

(19)

equilí bri o na co mpeti ção do mercado pel os bens a mbi ent ais, assi nal ando o ní vel de val or cult ural que det er minado be m possui para a soci edade.3 0

O pr odut o de novas rei vi ndi cações f unda ment ais do ser hu mano, denot ado pel a ênfase conferi da à pr ot eção do mei o a mbi ent e, est abel ece u m Est ado de Di reit o Ambi ent al, cuj o conceit o t eóri co- abstrat o abrange el e ment os j urí di cos, políticos e sociais na persecução de condi ção a mbi ent al que satisfaça a di gni dade para al é m da pessoa, sendo t a mbé m capaz de har moni zar os ecossistemas. O desenvol vi ment o de u m conceit o de Di reit o Ambi ent al i nt egrati vo gera rel evantes modificações na f or ma co mo os i nstrument os j urí di cos são defi ni dos e i mpl e ment ados pel o Est ado, al é m do que pr oduz senso de responsabili dade ecol ógi ca no senti do de sal vaguar dar o mei o a mbi ent e a partir de suport e constit uci onal.3 1

A partir da i ntrodução da Política Naci onal do Mei o Ambi ent e ( Lei nº 6. 938/ 81), o Di reit o Ambi ent al brasileiro refleti u mai or preocupação co m a política ambi ent al e m t or no de di pl omas l egais que conferisse m aut ono mi a na pr ot eção, por mei o do est abel eci ment o de pri ncí pi os, diretrizes e conceit os gerais sobre o mei o a mbi ent e. Houve um novo trat a ment o nor mati vo para a di sci pli na que alt erou a vi são antropocêntrica para u m ol har ecocêntrico,3 2 no senti do de consi derar os co mponent es bi óticos e abi óticos,3 3 co mpreendi dos dentro da perspecti va defensora de t odas as for mas de vi da.3 4

Acerca da efeti vi dade, o Di reit o Ambi ent al reflete a preocupação éti ca co m a pr ópri a necessi dade de sobrevi vênci a dos seres hu manos no trat o do a mbi ent e co m o qual se rel aci ona, assi m co mo na manut enção das qualidades sadi as do mei o de f or ma a preser var t udo aquil o que é essencial para a vi da, a exe mpl o das águas, do sol o, das fl orestas e do ar.3 5 Dest arte, a mi ssão dest a di sci pli na gira e m t or no da conservação da vit alidade, di versi dade e capaci dade de suport e do pl anet a Terra, para que a utilização dest e be m de uso col eti vo possa ser dei xado de legado às fut uras gerações.3 6

Di ant e do que f oi exposto, i nfere-se que o Di reit o Ambi ent al, ra mo j urí di co j ove m e e m desenvol vi ment o, est á i nt er-rel aci onado com as de mai s especi ali dades do Di reit o e m

3 0ANTUNES, Paul o de Bessa. Di reito a mbi ent al. 14. ed. São Paul o: Atl as, 2012. p. 19.

3 1 CANOTI LHO, José Joaqui m Go mes; LEI TE, José Rubens Mor at o ( Or gs.). Direito constituci onal a mbi ent al brasileiro. 5. ed. São Paul o: Sarai va, 2014. p. 8.

3 2 Consi derado co mo sendo a prot eção do ent or no gl obal.

3 3 “Lei n. 6. 938/ 81; Art 3º Para os fi ns previst os nest a Lei, entende-se por: I – mei o a mbi ente, o conj unt o de

condi ções, leis, infl uênci as e int erações de or de m física, quími ca e bi ol ógi ca, que per mit e, abri ga e rege a vi da e m t odas as suas for mas; [...].” BRASI L. Lei nº 6. 938, de 31 de agost o de 1981. Dispõe sobre a Política Naci onal do Mei o Ambi ent e, seus fi ns e mecanis mos de formul ação e aplicação, e dá outras provi dênci as. Di sponí vel e m: <htt p:// www. planalt o. gov. br/cci vil _03/leis/ L6938. ht m>. Acesso e m: 20 set. 2016.

3 4 RODRI GUES, Marcel o Abelha. Direito a mbi ent al esquemati zado. 1. ed. São Paul o: Sarai va, 2013. p. 55-57. 3 5 ANTUNES, Paul o de Bessa. Di reito a mbi ent al. 14. ed. São Paul o: Atl as, 2012. p. 5.

3 6 MILARÉ, Édis. Direito do ambi ente. 9. ed. rev., at ual. e ampl. São Paul o: Revista dos Tri bunais, 2014. p.

(20)

pr ol da t ut el a efi caz na pr ot eção do mei o a mbi ent e. Mecani s mos pr ópri os e aut ôno mos são est abel eci dos por mei o de pri ncí pi os e nor mas que assegure m a preservação da sadi a quali dade de vi da da pessoa, est endendo o dever de pr ot eção a t odas as for mas vi vas, ai nda que e m detri ment o do desenvol vi ment o soci al ou econô mi co.

2. 3 PRI NCÍ PI OS GERAI S DO DI REI TO AMBI ENTAL

Os pri ncí pi os e diretrizes na or de m a mbi ent al visa m f acilitar o rel aci ona ment o har moni oso e equili brado entre i ndi ví duo e nat ureza, regul ando e control ando qual quer co mport a ment o hu mano que venha a causar impact o na sani dade do a mbi ent e nas mai s vari adas di mensões, de ma neira a prevenir danos e sanci onar condut as que cause m l esão ou a meaça a direit os. Os pri ncí pi os caract erizadores do Di reit o Ambi ent al possue m o escopo funda ment al de ori ent ar o desenvol vi ment o e a apli cabili dade de políticas a mbi ent ais coerent es com a prot eção ao mei o a mbi ent e e do desenvol vi ment o equili brado e sust ent ável.

2. 3. 1 Da Prevenção

A partir da verificação se mânti ca do vocábul o prevenção, que est á li gado à i dei a de caut el a, de cui dado, de u m conj unt o de medi das ou preparação ant eci pada que vi sa afast ar u m mal,3 7 medi ant e u ma condut a est abel eci da para evitar que u m dano ambi ent al possa ser concretizado. Nessa t oada, o pri ncí pi o da prevenção se t or na u m dos mai s rel evant es axi omas do Di reit o Ambi ent al, alicerçado pel a Cart a Ma gna e de mai s di pl omas l egais vi gent es3 8 3 9quant o à preservação do mei o a mbi ent e.

O bo m senso garant e que, ao i nvés de enu merar os danos causados e t ent ar repará-l os após a degradação ambi ent arepará-l, é mai s sábi a a ant eci pação das consequênci as que poderão advir da ati vi dade a fi m de evit ar a ocorrênci a dos prej uí zos. Ade mai s, por razões de j usti ça a mbi ent al, i mpõe-se evitar a exti nção de qual quer espéci e ani mal ou ambi ent al. A si mpl es

3 7 HOUAI SS, Ant ôni o; VI LLAR, Maur o de Salles. Dici onário Houai ss da lí ngua port uguesa. 1. ed. Ri o de

Janeiro: Obj eti va, 2009. p. 1549.

3 8 BRASI L. Lei nº 12. 651, de 25 de mai o de 2012. Dispõe sobre a prot eção da veget ação nati va; altera as Leis

nos 6. 938, de 31 de agost o de 1981, 9. 393, de 19 de deze mbro de 1996, e 11. 428, de 22 de deze mbr o de 2006; revoga as Leis nºs 4. 771, de 15 de set e mbr o de 1965, e 7. 754, de 14 de abril de 1989, e a Me di da Pr ovisória nº 2. 166- 67, de 24 de agost o de 2001; e dá outras provi dênci as. Di sponí vel e m:

<htt p:// www. pl analt o. gov. br/cci vil _03/ _at o2011- 2014/ 2012/lei/l 12651. ht m>. Acesso e m: 20 set. 2016.

3 9 BRASI L. Lei nº 9. 605, de 12 de feverei ro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e admi ni strati vas

deri vadas de condut as e ati vi dades lesi vas ao mei o a mbi ent e, e dá outras pr ovi dênci as. Disponí vel e m: <htt p:// www. pl analt o. gov. br/cci vil _03/leis/ L9605. ht m>. Acesso e m: 20 set. 2016.

(21)

raci onali dade econô mi ca, traduzi da pel o cust o das medi das preventi vas que evit e m o at o pol ui dor, são i nferi ores ao val or despendi do para a restit ui ção do mei o a mbi ent e às caract erísticas nat urais.4 0

O pri ncí pi o da prevenção encontra-se expresso no t ext o constit uci onal no caput do arti go 225, co m o coma ndo à col eti vi dade e ao Poder Públi co para o dever de pr ot eger e preservar o equilí bri o ecol ógi co, li gado à conservação da quali dade de vi da. O pri ncí pi o e m quest ão re met e ao ent endi ment o de que, u ma vez que se possua exati dão sobre os riscos de danos a mbi ent ais pr oporci onados por certa ati vidade, essa poderá ser pret eri da e m pr ol da ma nut enção das condi ções do mei o a mbi ent e. Caso haj a ocorrênci a de qual quer prej uí zo ao a mbi ent e e m virt ude da ati vi dade desenvol vi da, a r eparação aos padr ões nat urais t or na-se lent a e dispendi osa.4 1

Acerca das tarefas preventi vas do Est ado, dest aca Canotil ho apud Leite e Ayal a: 4 2 Quant o à política do a mbi ent e – est a deve ser conf ormada de modo a evit ar agressões a mbi ent ais, i mpondo-se: 1) a adoção de medi das r epressi vo- medi adoras; 2) o control e da pol ui ção na f ont e, ou sej a, na ori ge m ( espaci al e t e mporal). Quant o à polí cia do a mbi ent e, est a deve ser exerci da no senti do de obri gar o pol ui dor a corri gir e recuperar o a mbi ente.

Sali ent a-se que a t arefa de at uar preventi va ment e deve ser co mpartil hada entre t odos os set ores da soci edade, i ncu mbi do ao Est ado o dever de cri ar i nstrume nt os nor mati vos deli neados por uma política a mbi ent al preventi va.

2. 3. 2 Da Precaução

A f alta de co mpr ovação ci entífica f oi u m ar gu ment o utilizado para ret ardar ações de preservação do mei o ambi ent e, de modo a t or nar necessária a i ncl usão de u m pri ncí pi o que i mpusesse grava mes l egais rel aci onados quant o aos event os que pendi a m de co mpr ovação da certeza ci entífica. Dentro dessa perspecti va sur ge, no t eor do Pri ncí pi o 15 da Decl aração do Ri o da Conferênci a das Nações Uni das sobre o Mei o Ambi ent e, e m 1992, o pri ncí pi o da

4 0 CANOTI LHO, José Joaqui m Go mes; LEI TE, José Rubens Mor at o ( Or gs.). Direito constituci onal a mbi ent al brasileiro. 5. ed. São Paul o: Sarai va, 2014. p. 44- 45.

4 1 FI ORI LLO, Celso Ant ôni o Pacheco. Curso de di reito a mbi ent al. 13. ed. rev., at ual. e ampl. São Paul o:

Sarai va, 2012. p. 129.

4 2 CANOTI LHO, 1995. p. 40 apud LEI TE, José Rubens Mor ato; AYALA, Patryck de Araújo. Dano a mbi ent al:

do i ndi vi dual ao col eti vo extrapatri moni al. 4. ed. rev., at ual., a mpl. São Paul o: Revista dos Tri bunais, 2011. p. 55.

(22)

precaução, que mes mo diant e da ausênci a de certeza ci entífica absol ut a, preconi zou a adoção de medi das efeti vas a fi m de evitar a degradação do mei o a mbi ent e.4 3

O pri ncí pi o da precaução traz, i ni ci al ment e, a exi gênci a de cál cul o prévi o dos pot enci ais peri gos para a saúde ou para a ati vidade a ser desenvol vi da, quando o ri sco essenci al não f oi compr ovado devi do à i ncerteza.4 4 4 5 Co m efeit o, a precaução obj eti va afastar i medi at a ment e a suspeita de prej uí zo, a fi m de garantir sufi ci ent e mar ge m de segurança prévi a à manifest ação do dano a mbi ent al. A dúvi da científica, expressa a partir de ar gu ment os pl ausí veis e razoáveis, não presci nde da aplicação do pri ncí pi o da precaução.4 6

A diferença basilar entre o pri ncí pi o da precaução e o da prevenção r esi de nas co mpr ovações ci entíficas acerca dos danos. Neste, há co mpr ovação por mei o da ci ênci a de que det er mi nada conduta poderá acarret ar prej uízo ao a mbi ent e, de modo que os peri gos co mpr ovados sej a m eli mi nados. Naquel e, a ausênci a da evi dênci a ci entífica milita e m f avor do mei o a mbi ent e, preteri ndo qual quer ati vi dade que pr oporci one risco a mbi ent al de consequênci as i mprevisíveis, a fi m de eli minar possí veis i mpact os a mbi ent ais ant es do est abel eci ment o de um nexo causal compr obat ório do dano a mbi ent al.4 7

A partir da consi deração de que o desenvol vi ment o ci entífico na área dos mei os de pr odução é sensi velme nt e mai s rápi do que na área de t écni cas de pr ot eção do mei o a mbi ent e, a t endênci a é a adoção, co m mai or frequênci a, do post ul ado da precaução, haj a vi st a se t ornar mai s difícil apurar, co m grau de cert eza, se det er minada ati vi dade poderá causar degradação da quali dade do a mbi ent e. Ao r est are m dúvi das sobre os possí veis danos que poderão advir, o pri ncí pi o da precaução ordena que a ati vi dade não se desenvol va.4 8 Dest a or de m, a fi nali dade precí pua da apli cação do r eferi do pri ncí pi o é paut ada na pr ot eção do mei o a mbi ent e contra a ocorrênci a de um i nesperado risco fut ur o.

4 3 Pri ncí pi o 15: “Co m o fi m de pr ot eger o mei o a mbi ent e, o pri ncí pi o da precaução deverá ser a mpl a ment e

obser vado pel os Est ados, de acor do co m suas capaci dades. Quando houver a meaça de danos graves ou irreversí veis, a ausênci a de certeza científica absol ut a não será utilizada co mo razão para o adi a ment o de medi das eficazes e econo mi cament e vi áveis para prevenir a degradação a mbi ent al ”. In: MACHADO, Paul o Aff onso Le me. Direito a mbi ent al brasileiro. 22. ed. rev., atual. e a mpl. São Paul o: Mal heiros, 2014. p. 96.

4 4 GODART, Oli vi er. O pri ncí pi o da precaução frent e ao dilema das traduções j urí di cas das de mandas soci ais:

lições de mét odo decorrent es do caso da vaca l ouca. In: VARELLA, Mar cel o Dias; PLATI AU, Ana Fl ávi a Barr os ( Or gs.). Pri ncí pi o da precaução. Bel o Hori zont e: Del Rey, 2004, p. 164.

4 5 MACHADO, Paul o Aff onso Le me. Direito a mbi ent al brasileiro. 22. ed. rev., at ual. e ampl. São Paul o:

Mal heiros, 2014. p. 96.

4 6 LEI TE, José Rubens Mor at o; AYALA, Patryck de Ar aúj o. Dano a mbi ent al: do i ndi vi dual ao col eti vo

extrapatri moni al. 4. ed. rev., at ual., a mpl. São Paul o: Revista dos Tri bunais, 2011. p. 55.

4 7 ARAGÃO, 1997. p. 68 apud MACHADO, Paul o Aff onso Le me. Direito a mbi ent al brasileiro. 22. ed. rev.,

at ual. e a mpl. São Paul o: Mal heiros, 2014. p. 95.

4 8 RODRI GUES, Marcel o Abelha. Direito a mbi ent al esquemati zado. 1. ed. São Paul o: Sarai va, 2013. p.

(23)

2. 3. 3 Di gni dade da pessoa hu mana

Di ant e do pr ogressi vo panora ma de degradação observado no mundo, o mei o a mbi ent e ascendeu ao stat us de val or supre mo das soci edades cont e mporâneas, co mpondo o rol de direit os f unda ment ais el encados nas constitui ções dos Est ados De mocráticos de Di reit o, t ornando-se mecanis mo de expressão i nat o, est ável e i mprescrití vel. Desta feita, o direit o a u m mei o a mbi ent e ecol ogi ca ment e equili brado se uni versalizou co mo u ma ext ensão do direit o à vi da, vi st o t ant o sob a óti ca da saúde dos seres hu manos, co mo pel a quali dade de vi da pr oporci onada por um ambi ent e sadi o.4 9

O pri ncí pi o da di gni dade da pessoa hu mana se r el aci ona diret a ment e co m as condi ções adequadas de vi da na Terra, moti vo pel o qual seu reconhecime nt o i nt ernaci onal encontrou guari da nos pri ncí pi os 1 e 2 da Decl aração de Est ocol mo, pr ocla mada e m 19725 0, reafir mado post eri or mente pel o pri ncí pi o 15 1 da Decl aração do Ri o, pr ol atada na Conferênci a das Nações Uni das sobre Mei o Ambi ent e e Desenvol vi ment o, Ri o 92. O ser hu mano, de acor do co m o est abel eci do na Constit ui ção e na Decl aração do Ri o, é a razão de exi st ênci a do pri ncí pi o e m quest ão, e m pr ol de u ma vi da mai s saudável quando do cont at o co m o a mbi ent e.5 2

A pr ot eção e mel hora do mei o a mbi ent e é quest ão f unda ment al que afet a o be m-est ar da raça hu mana, de f or ma a trat ar o t e ma com a devi da seriedade por t odos os ci dadãos. Dest a maneira, t orna-se i mpret erí vel a necessi dade de cooperação entre o Poder Públi co e a soci edade no i nt uit o de envi dar esforços para preservar e mel horar a quali dade do mei o a mbi ent e e m benefí ci o do i ndi ví duo e das f ut uras gerações, a fi m de pr oporci onar condi ções di gnas à exist ênci a da vida no pl anet a Terra.

4 9 MILARÉ, Édis. Direito do ambi ente. 9. ed. rev., at ual. e ampl. São Paul o: Revista dos Tri bunais, 2014. p.

260.

5 0 Pri ncí pi o 1 – “O ho me m t e m o direit o funda ment al à li berdade, à i gual dade e ao desfrute de condi ções de vi da

adequadas, e m u m mei o a mbi ent e de quali dade tal que l he per mit a levar uma vi da di gna, gozar de be m- est ar; e é port ador sol ene de obri gação de mel horar o mei o a mbi ent e para as gerações present es e fut uras [...]” Pri ncí pi o 2 – “ Os recursos nat urais da Terra, incl uí dos o ar, a água, o solo, a fl ora e a fauna e, especi alment e, parcel as represent ati vas dos ecossiste mas nat urais, deve m ser preser vados e m benefíci o das gerações at uais e fut uras [...]”.

5 1 Pri ncí pi o 1 – Os seres hu manos constit ue m o centro das preocupações relaci onadas co m o desenvol vi ment o

sust ent ável. Tê m direit o a uma vi da saudável e pr oduti va em har moni a co m o mei o a mbi ent e”.

(24)

2. 3. 4 Pol ui dor- Pagador

O pri ncí pi o do pol ui dor-pagador pode ser co mpreendi do co mo u m i nstru ment o que exi ge do pol ui dor co mpensação econô mi ca pel os prej uí zos causados ao mei o a mbi ent e, que deve suport ar as despesas de prevenção, reparação e repressão dos danos pr ovocados. Os cust os i nerent es aos pr ocessos pr oduti vos, result ant es da pol ui ção, deve m ser assumi dos pel os e mpr eendedores de ati vidades pot enci al ment e polui doras, fazendo co m que o pol ui dor suport e os val ores econô mi cos necessári os à mi ni mização, eli minação ou neutralização do dano a mbi ent al provocado pela ati vi dade.5 3

Dentro desse enfoque, doutri na Cristiane Derani apud Mil aré5 4 que:

[...] durant e o pr ocesso pr oduti vo, al é m do pr odut o a ser co mer ci alizado, são pr oduzi das ‘ ext ernali dades negati vas’. São cha madas ext ernali dades por que, e mbor a resultant e da pr odução, são r ecebi das pel a col eti vi dade, ao contrári o do l ucr o, que é percebi do pel o pr odut or privado. Daí a expressão “privatização de l ucr os e soci alização de per das”, quando i dentificadas as ext ernalidades negati vas. Co m a aplicação do pri ncí pi o do pol ui dor-pagador, pr ocura-se corri gir est e cust o adi ci onado à s oci edade, i mpondo-se sua i nt ernalização. Por i sso, est e pri ncí pi o ta mbé m é conheci do co mo o pri ncí pi o da responsabili dade.

A co mpr eensão de exter nali dade negati va está rel aci onada co m os recursos nat urais, fi nit os e li mitados, que at enda m às necessi dades hu manas.5 5 Nas ati vi dades econô mi cas que afet e m a quali dade do a mbi ent e, a soci edade se apoi a na i nt ervenção est at al, por mei o de políticas públicas que corrobore m com o co mport a ment o responsável dos agent es econô mi cos, al é m da adoção de i ncenti vos e mecani s mos que conduza m o pol ui dor a evit ar a degradação à nat ureza.5 6

O r esponsável pel a ocorrênci a pol ui dora possui o dever de arcar co m o prej uí zo pr ovocado ao mei o a mbi ent e da maneira mai s a mpl a possí vel, co m preval ênci a pel a reparação i nt egral. No caso de não ser possí vel a reco mposição às caract erísticas ori gi nais do mei o, o pol ui dor ressarcirá os danos e m espéci e, sendo esse val or depositado no fundo para o mei o a mbi ent e. O r essarci ment o pel o i nci dent e danoso é a mparado pel a responsabili dade obj eti va, e m que é sufi ci ent e a co mpr ovação do dano, aut oria e nexo causal, alhei o à exi st ênci a de cul pa. É váli do menci onar que o r essarci ment o possui carát er pedagógi co, de f or ma a evit ar a

5 3 THOMÉ, Ro meu. Manual de di reito a mbi ent al. Bahi a: JusPODI VM, 2011. p. 73.

5 4 DERANI, 2008 apud MI LARÉ, Édis. Direito do a mbi ente. 9. ed. rev., at ual. e a mpl. São Paul o: Revista dos

Tri bunais, 2014. p. 270.

5 5 GASTALDI, 1990 apud THOMÉ, Ro meu. Manual de di reito a mbi ent al. Bahi a: JusPODI VM, 2011. p. 73. 5 6 LEI TE, José Rubens Mor at o; AYALA, Patryck de Ar aúj o. Dano a mbi ent al: do i ndi vi dual ao col eti vo

(25)

rei nci dênci a do i ndi ví duo na condut a danosa ao a mbi ent e.5 7 Dest a feita, a sanção possui ta mbé m o cunho de consci enti zação públi ca para a prot eção do mei o a mbi ent e.

2. 3. 5 Objeto da t utel a ambi ent al: mei o a mbi ente

Para i ni ci ar o est udo do obj et o da t ut el a ambi ent al é i mport ant e defi nir o si gnificado dos vocábul os que co mpõe m o mei o ambi ent e. Dest a f or ma, defi ne-se “a mbi ent e” co mo sendo t udo aquil o que r odei a ou envol ve os seres vi vos e/ ou as coi sas; reci nt o, espaço, â mbit o e m que se est á ou se vi ve; conj unt o de condi ções mat eriais, cult urais, psi col ógi cas e mor ais que envol ve m uma ou mai s pessoas.5 8 O conceit o de “ mei o” est á atrelado à i dei a do conj unt o de el e ment os mat eriais e circunst anci ais que i nfl uenci a m u m organi s mo vi vo. Ao agl uti nar os t er mos sur ge a concepção de mei o a mbi ent e que re met e ao conj unt o de f at ores físicos, bi ol ógi cos e quími cos que cerca os seres vi vos.5 9

A pr obl e máti ca da t ut el a j urí di ca do mei o a mbi ent e passou a ser manifestada no mo ment o e m que a degradação passou a a meaçar tant o o be m- est ar co mo a quali dade da vi da hu mana, aliás a pr ópri a sobrevi vênci a. A necessidade de regul ar o fenô meno i nfl uenci ou no regra ment o de condut as paut adas na pr ot eção do a mbi ent e.6 0 Dentro desse enfoque, surgi u a vi são pr ot eci onist a a cont ar da Conferênci a de Est ocol mo que exerceu i nfl uênci a nos or dena ment os j urí di cos de di versos países.6 1

Verificada co m f oco na perspecti va j urí di ca brasileira, a expressão conceit uada pel o art. 3º, i nciso I, da Lei nº 6. 938/ 81,6 2 que dispõe sobre a Política Naci onal do Mei o Ambi ent e, refl et e o conj unt o de rel ações entre os fat ores vi vos ( bi óticos) e não vi vos (abi óticos) que co mpõe m o espaço físico co mu m. Por esse vi és, a pr ot eção do mei o a mbi ent e abrange a t ut el a de u m mei o bi ótico e outro abióti co que se i nt er-rel aci ona m, result ando na pr ot eção, abri go e regência de t odas as for mas vi vas.6 3

5 7 SI RVI NSKAS, Luís Paul o. Ma nual de di reito a mbi ent al. 14. ed. São Paul o: Sarai va, 2016. p. 150. 5 8 AMBI ENTE. In: HOUAI SS, Ant ôni o; VI LLAR, Maur o de Sall es. Dici onári o Houai ss da lí ngua port uguesa. 1. ed. Ri o de Janeiro: Obj eti va, 2009. p. 112.

5 9 MEI O. In: HOUAI SS, Ant ônio; VI LLAR, Maur o de Salles. Di ci onári o Houaiss da lí ngua port uguesa. 1. ed.

Ri o de Janeiro: Obj eti va, 2009. p. 1267.

6 0 SI LVA, José Af onso da. Direito a mbi ent al constit uci onal. 9. ed. at ual. São Paul o: Mal heiros, 2011. p. 18. 6 1 THOMÉ, Ro meu. Manual de di reito a mbi ent al. Bahi a: JusPODI VM, 2011. p. 110.

6 2 “Art. 3º Para os fi ns previst os nest a Lei, ent ende-se por:

I - mei o a mbi ent e, o conj unt o de condi ções, leis, i nfl uênci as e i nt erações de or de m física, quí mica e bi ol ógi ca, que per mit e, abri ga e rege a vida e m t odas as suas for mas; [...]”. BRASI L. Lei nº 6. 938, de 31 de agost o de

1981. Dispõe sobre a Política Naci onal do Mei o Ambi ent e, seus fi ns e mecanis mos de formul ação e aplicação, e

dá outras provi dênci as. Disponí vel e m: <htt p:// www. pl analto. gov. br/cci vil _03/leis/ L6938. ht m>. Acesso e m: 20 set. 2016.

(26)

A defi ni ção trazi da pela l ei e m quest ão depreende que o espaço geográfi co corresponde a u m co mplexo de fat ores múlti pl os e di nâ mi cos que envolve u m conj unt o de condi ções, l eis ci entíficas, i nfl uênci as e i nt erações sob os aspect os físicos, quí mi cos e bi ol ógi cos. A tít ul o de exe mpl o, dentro da or de m físi ca pode m ser encontrados a consi st ênci a do sol o, a t e mperat ura, a quali dade do ar e a u mi dade rel ati va, pressão atmosférica, radi ação sol ar, r uí dos, dentre outros. Nu ma pr ospecção quí mica, pode m ser citados el e ment os co mo a co mposi ção do sol o, das águas, do ar at mosférico, al é m dos casuais pol uent es que possa m i nfl uenci á-l os. Fat ores biol ógi cos re met e m às cadei as ecol ógi cas present es nos mai s vari ados habit ats, be m como condições sanitárias present es nos di versos mei os.6 4

À part e aos conceit os jurí di cos e bi ol ógi cos, import ant e registrar a defi ni ção expost a e m u m cont ext o que consi dera as i nt erferênci as da soci edade hu mana co m aquil o que a cerca. Dest a f or ma, defi ne-se mei o a mbi ent e co mo o conj unt o de el eme nt os bi óti cos e abi óticos, present es e m di versos ecossiste mas nat urais e soci ais nos quais est á i nseri do o i ndi ví duo, de maneira a favorecer u m pr ocesso i nt erati vo que acol ha o desenvol vi ment o das ati vi dades hu manas, em correspondênci a com a preservação dos recursos nat urais. A ma nut enção dos padr ões essenci ais ao a mbi ent e é paut ada e m l eis nat urais e mét odos de quali dade defi ni dos.6 5

Após a i nserção i nfraconstit uci onal do conceit o pel a Lei nº 6. 938/ 81, co m a pr omul gação da Constitui ção da Repúbli ca Federati va do Br asil, e m 1988, o mei o a mbi ent e foi el evado ao st at us constit uci onal, trat ado co mo u m direit o de t odos e be m de uso co mu m do povo, maj orando a relevânci a do obj et o j urí di co t ut el ado, no i nt uit o de preservá-l o para as present es e f ut uras gerações. Sur gira m duas sit uações: a pri meira ati nent e a evit ar a degradação; a segunda rel aci onada a pr omover a r ecuperação das áreas j á degradadas. A Lei Mai or pri orizou a conservação, i nt erpret ada de maneira di nâ mi ca, capaz de i mpor a obri gação de zel o para com o mei o a mbi ent e.6 6

A partir da i nt erpret ação do art. 225, caput,6 7 da Cart a Magna, foi acent uado o carát er patri moni al do mei o a mbi ent e, f unda ment ando- o co mo aspect o i mpresci ndí vel para o equilí bri o ecol ógi co e a sadi a quali dade de vi da. Os el e ment os bi óticos e abi óti cos e sua respecti va i nt eração f ora m pr ot egi dos de f orma a pr oporci onar um mei o a mbi ent e

6 4 FI GUEI REDO, Guil her me José Pur vi n de. Curso de di reito a mbi ent al. 5. ed. São Paul o: Revista dos

Tri bunais, 2012. p. 59.

6 5 COI MBRA, 2002 apud MI LARÉ, Édis. Direito do a mbi ent e. 9. ed. rev., at ual. e a mpl. São Paul o: Revista

dos Tri bunais, 2014. p. 138.

6 6 ANTUNES, Paul o de Bessa. Di reito a mbi ent al. 14. ed. São Paul o: Atl as, 2012. p. 70.

6 7 “Art. 225. Todos tê m direit o ao mei o a mbi ent e ecol ogi ca ment e equili brado, be m de uso co mu m do povo e

essenci al à sadi a quali dade de vi da, i mpondo-se ao Poder Público e à col eti vi dade o dever de defendê-l o e preservá-l o para as present es e fut uras gerações”.

(27)

ecol ogi ca ment e equili brado, haj a vi st a ser o responsável pel a conservação de t odas as f or mas de vi da. Det é m i mport ânci a f unda ment al a manut enção do equilí bri o ecol ógi co encarado co mo be m aut ôno mo e pr ot egi do no senti do j urí di co para ser obj et o de frui ção co mu m. Qual quer agressão sofri da pel o a mbi ent e rever bera no desequilí bri o, sendo i mpresci ndí vel a reparação para o reest abeleci ment o do equilí bri o ecol ógi co.6 8

O mes mo di spositi vo constit uci onal, quando faz uso do pr ono me i ndefi ni do “t odos” est ende a abrangênci a da nor ma j urí di ca, de modo a evit ar a particul arização do direit o ao mei o a mbi ente a det er mi nados i ndi ví duos. Por outra vert ent e, é de cada pessoa o poder de usufruir de f orma i ndi vi dual do obj et o t ut el ado, ao mes mo t empo ext ensi va aos de mai s i ndi ví duos. A l ocução “t odos t ê m direit o” pr oduz u m direit o subj eti vo, que mer ece a qualificação co mo u ma prerrogati va f unda ment al da pessoa hu mana, sendo que a conser vação é um fat o que pertence à i nt eira col eti vi dade.6 9

No que concer ne aos aspect os do mei o a mbi ente, são encontrados o nat ural, o artificial, o cult ural e o l aboral. Nat ural ou físi co di z respeit o ao espaço constit uí do pel o sol o, água, ar at mosféri co, fl ora, e t udo o que possa i nt eragir co m os seres vi vos e o mei o. Artifici al re met e àquil o que possui pr odução hu mana, consubst anci ado pel os espaços construí dos, a exe mpl o do a mbi ent e urbano, be m co mo r ural. Cult ural é i nt egrado pel o patri môni o hi st óri co, artístico, ar queol ógi co, paisagístico, t urístico, que al é m de ser artificial, difere pel o senti do de val or especi al que o caract erizou ou que se i nfiltrou. Laboral é ati nent e às condi ções que afet a m o trabal hador no exercí ci o de ati vi dades funci onais.7 0

A pr esença dos quatro aspect os supracitados expõe u ma vi são j urí di ca de se suj eitare m a r egi mes j urí di cos diferenci ados, dentro daquil o que é caract erística i nerent e a cada u m. Há u ma i nt eração entre os di versos aspect os, o que não os t or na est anques, al é m de fazer co m que a preval ênci a de u m aspect o perante os outros sej a feita de ma neira ponderada. O obj et o mai or da t ut el a do mei o a mbi ent e é a vi da saudável, de f or ma que a di sti nção e m aspect os apenas i dentifi que quais os val ores que se sobressaíra m e m det ermi nado espaço.7 1

Incumbe ao Poder Público o dever de t ut el ar sobre o mei o a mbi ent e, na posi ção de gest or do be m de uso co mu m do povo, a fi m de ad mi ni strar bens que pert ença m a t odos que co mpõe m a col eti vi dade. Dest a f or ma, o i nt uit o é a mpli ar a partici pação da soci edade na

6 8 MILARÉ, Édis. Direito do ambi ente. 9. ed. rev., at ual. e ampl. São Paul o: Revista dos Tri bunais, 2014. p.

140.

6 9 MACHADO, Paul o Aff onso Le me. Direito a mbi ent al brasileiro. 22. ed. rev., at ual. e ampl. São Paul o:

Mal heiros, 2014. p. 148- 149.

7 0 SI LVA, José Af onso da. Direito a mbi ent al constit uci onal. 9. ed. at ual. São Paul o: Mal heiros, 2011. p. 19. 7 1 FI ORI LLO, Celso Ant ôni o Pacheco. Curso de di reito a mbi ent al. 13. ed. rev., at ual. e ampl. São Paul o:

(28)

gerênci a dos bens a mbi ent ais, co m o pr opósit o de concretizar o direit o a u m mei o a mbi ent e sadi o. A quali dade de vi da co mpõe u m r equi sit o fi nalista do Poder Públi co, e m que se ali a m a felici dade do i ndi ví duo ao be m co mu m.7 2 Vi st o sob est a perspecti va, constit ui-se direit o i nerent e ao i ndi ví duo pleitear, j unt o aos ór gãos públi cos, a efeti vi dade de políticas que pr ot ej a m e regul e m a responsável utilização do mei o a mbi ent e co m vi st as aos benefí ci os soci et ári os.

2. 3. 6 Dano a mbi ent al

Dano é conceit uado co mo t oda l esão a bens ou i nt eresses pr ot egi dos pel a or de m j urí di ca, conf or me a t eoria do i nt eresse.7 3 Abr ange qual quer f or ma de di minuir ou alterar um be m desti nado à satisfação do i nt eresse i ndi vi dual, difuso ou col eti vo. Dano é u m el e ment o essenci al na articul ação da obri gação de reparar, se m o qual não há mar gem para a pret ensão da i ndeni zação. Em r egra, as reparações pelos danos causados deve m ser i nt egrais, co mpr eendi dos os prej uízos patri moni ais e extrapatri moni ais.7 4

Por sua vez, dano a mbient al pode ser traduzi do co mo qual quer conduta que extrapol e os li mit es do r azoável, de maneira a causar l esão ao mei o a mbi ent e e, e m consequênci a, desequilí bri o ecol ógi co.7 5 Tr at a-se de ação ou o missão que venha a prej udi car “o conj unt o de condi ções, l eis, i nfl uênci as e i nt erações de or de m físi ca, quí mica e bi ol ógi ca que per mit e, abri ga e rege a vi da e m t odas as suas f or mas”.7 6 Dest a feita, é u m conceit o abstrat o que engl oba o be m j urí di co mei o a mbi ente sob a óti ca de t odos os co mponent es que deri va m da i nt egração dos el e ment os que o compõe m.7 7

O dano a mbi ent al pode ser observado de maneira a mbi val ent e, vi st o s ob o enf oque das alterações i ndesej áveis e noci vas aos el e ment os que co mpõem o mei o a mbi ent e, co mu m à col eti vi dade, a exe mpl o da pol ui ção at mosférica. Sob outro vi és, refere-se ao dano -

7 2 LÓPEZ RAMÓN, 1994 apud MACHADO, Paul o Aff onso Le me. Direito a mbi ent al brasileiro. 22. ed. rev.,

at ual. e a mpl. São Paul o: Mal heiros, 2014. p. 65.

7 3 SEVERO, 1996 apud CARVALHO, Délt on Wint er de. Dano a mbi ent al fut uro: a responsabilização ci vil pel o

risco a mbi ent al. Ri o de Janeiro: Forense Uni versitária, 2008. p. 80.

7 4 LEI TE, José Rubens Mor at o; AYALA, Patryck de Ar aúj o. Dano a mbi ent al: do i ndi vi dual ao col eti vo

extrapatri moni al. 4. ed. rev., at ual., a mpl. São Paul o: Revista dos Tri bunais, 2011. p. 93- 94.

7 5 VENOS A, Síl vi o de Sal vo. Direito ci vil: responsabili dade ci vil. 12. ed. v. 4. São Paul o: Atlas, 2012. p. 221. 7 6 Art 2º, I. BRASI L. Lei nº 6. 938, de 31 de agost o de 1981. Di spõe sobre a Política Naci onal do Mei o

Ambi ent e, seus fi ns e mecanismos de for mul ação e aplicação, e dá outras provi dênci as. Disponí vel e m: <htt p:// www. pl analt o. gov. br/cci vil _03/leis/ L6938. ht m>. Acesso e m: 20 set. 2016.

Referências

Documentos relacionados

5 “A Teoria Pura do Direito é uma teoria do Direito positivo – do Direito positivo em geral, não de uma ordem jurídica especial” (KELSEN, Teoria pura do direito, p..

Os resultados são apresentados de acordo com as categorias que compõem cada um dos questionários utilizados para o estudo. Constatou-se que dos oito estudantes, seis

No entanto, maiores lucros com publicidade e um crescimento no uso da plataforma em smartphones e tablets não serão suficientes para o mercado se a maior rede social do mundo

Em virtude do grande impacto socioeconômico dessa doença, objetivamos realizar um levantamento epidemiológico dos pa- cientes vítimas de TRM no hospital público de Sergipe (HUSE),

Os roedores (Rattus norvergicus, Rattus rattus e Mus musculus) são os principais responsáveis pela contaminação do ambiente por leptospiras, pois são portadores

Declaro meu voto contrário ao Parecer referente à Base Nacional Comum Curricular (BNCC) apresentado pelos Conselheiros Relatores da Comissão Bicameral da BNCC,

libras ou pedagogia com especialização e proficiência em libras 40h 3 Imediato 0821FLET03 FLET Curso de Letras - Língua e Literatura Portuguesa. Estudos literários

Este estágio despertou-nos para a realidade profissional e a importância do papel do farmacêutico como profissional de saúde, contribuindo, não só para a