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Abortamento x direitos do nascituro: Concepções de profissionais de saúde atuantes em Maternidade

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Academic year: 2021

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Abbreviation x rights of the nascituro:

conceptions of health professionals working in maternity

Abortamento x direitos do nascituro: concepções de profissionais de saúde atuantes em

maternidade

Abortación x derechos del nacimiento: concepciones de profesionales de la salud que actúan

en maternidad

ABSTRACT

Objective: To analyze the conceptions of health professionals working in a public maternity center about the dichotomy between abortion and the rights of the unborn child. Methodology: This is an exploratory, evaluative study with a qualitative approach, carried out with 73 health professionals from the Carmosina Coutinho Maternity Unit (MCC) in the city of Caxias. Results: Most participants are against abortion, considering as a crime, inhuman, a sin and a disrespect to life. And they consider as rights of the unborn, the right to life, health, adequate accompaniment and quality during the birth. Conclusion: The challenge of health professionals when confronting abortion is evident, since this theme involves moral and religious values, and despite their conceptions, they must maintain a qualified care, free of judgments, and offer a careful care in humanization.

RESUMO

Objetivo: Analisar as concepções de profissionais de saúde atuantes em uma maternidade pública acerca da dicotomia existente entre o abortamento e os direitos do nascituro. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa exploratória, avaliativa, com abordagem qualiquantitativa, realizado com 73 profissionais de saúde da Maternidade Carmosina Coutinho (MCC) no município de Caxias. Resultados: A maioria dos participantes é contra o aborto, considerando como crime, desumano, um pecado e um desrespeito à vida. E consideram como direitos do nascituro, o direito a vida, a saúde, acompanhamento adequado e qualidade durante o nascimento. Conclusão: Fica evidente o desafio dos profissionais de saúde ao se depararem com o tema aborto, pois tal temática envolver valores morais e religiosos, e apesar das suas concepções devem manter uma assistência qualificada, livre de julgamentos, e oferecer um cuidado pautado na humanização. RESUMEN

Objetivo: Analizar las concepciones de profesionales de la salud que actúan en una maternidad pública acerca de la dicotomía existente entre el aborto y los derechos del no nacido. Metodología: Se trata de una investigación exploratoria, evaluativa, con abordaje cualiquantitativo, realizado con 73 profesionales de salud de la Maternidad Carmosina Coutinho (MCC) en el municipio de Caxias. Resultados: La mayoría de los participantes están en contra del aborto, considerando como crimen, inhumano, un pecado y una falta de respeto a la vida. Y consideran como derechos del no nacido, el derecho a la vida, la salud, el seguimiento adecuado y la calidad durante el nacimiento. Conclusión: Es evidente el desafío de los profesionales de la salud al encontrarse con el tema aborto, pues tal temática involucra valores morales y religiosos, ya pesar de sus concepciones deben mantener una asistencia calificada, libre de juicios, y ofrecer un cuidado pautado en la humanización.

Francidalma Soares Sousa Carvalho Filha¹

Laiane Sousa da Costa²

Elane de Matos Sousa²

Raimunda de Paula de Castro²

Giorge Andre Lando³

Descriptors Abortion. Right. Unborn.

Descritores Aborto. Direito. Nascituro. Descriptores Aborto. Derecho. Nacimiento.

Sources of funding: No Conflict of interest: No

Date of first submission: 2017-03-12 Accepted: 2017-05-19

Publishing: 2017-06-25

Corresponding Address

Francidalma Soares Sousa Carvalho Filha

Rua Aarão Reis, nº 1000 CEP: 65606-020. Caxias – MA Fone: 99.98161-6959

ORIGINAL / ORIGINAL ARTICLE / ORIGINALE

¹Enfermeira. Doutora em Saúde. Docente da Faculdade de Ciências e Tecnologia do Maranhão e da Universidade Estadual do Maranhão, Caxias francidalmafilha@gmail.com

²Acadêmica de Enfermagem. Faculdade de Ciências e Tecnologia do Maranhão,

laianesousa309@gmail.com; paulinhacx1@hotmail.com

³Pós-Doutor em Direito – UNIME/Itália. Doutor em Direito - FADISP. Faculdade de Ciências e Tecnologia do Maranhão – Facema. Caxias, Maranhão. Universidade de Pernambuco – UPE. Recife, Pernambuco, Brasil, giorlandolando@hotmail.com

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INTRODUÇÃO

O aborto é uma temática considerada polêmica na sociedade, e tem sido importante causa de discussão e debate sobre quando deve ser permitido ou não. Há pessoas que defendem o direito de autonomia corporal da mulher e aquelas que lutam pelo direito à vida do nascituro, baseados por valores morais e religiosos ou por questões profissionais ou outras quaisquer (1).

Alecrim, Silva e Araújo (2) destacam que alguns

grupos ligados ao movimento feminista lutam pela legalização do aborto em qualquer hipótese, alegando que este é um direito da mulher, pois pertence à sua esfera individual, na qual o Estado não pode interferir, sendo um direito do seu corpo. Tal luta dá-se não apenas no Brasil, mas em muitos outros países.

Em defesa à vida, vale citar a Constituição Federal da República, a chamada constituição cidadã, que trata do direito à vida como um dos direitos fundamentais estando expressamente protegido no caput do Art. 5º citado primariamente e, na sequência, a liberdade, a igualdade, a segurança e a propriedade. Isso se deve ao fato de os demais direitos somente poderem ser exercidos em decorrência da efetividade do primeiro (3).

Além da responsabilidade da gestante pela integridade do nascituro Silva e Miranda (4), destacam

também a importância do Estado, afirmando que o mesmo deverá prover recursos para que o nascituro se desenvolva de

maneira saudável, para que não tenha nenhuma deficiência mental ou física, causadas pela falta de acompanhamento médico ou nutricional.

Portanto, o objetivo deste artigo foi analisar as concepções de profissionais de saúde atuantes em uma maternidade pública acerca da dicotomia existente entre o abortamento e os direitos do nascituro, mesmo em épocas de intensa luta por legalização do aborto e liberdade sexual e reprodutiva.

METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa exploratória, avaliativa, com abordagem qualiquantitativa. O cenário desta investigação foi o Município de Caxias-MA, sendo

utilizado como campo de pesquisa a Maternidade Carmosina Coutinho (MCC).

A população do estudo foi composta por profissionais de saúde, atuantes na referida instituição, que mais diretamente prestam assistência às mulheres atendidas. Assim, foram convidados a compor o estudo 139 participantes, os quais: 21 médicos, 5 assistentes sociais, 29 enfermeiros, 41 técnicos de enfermagem, 36 auxiliares de enfermagem, 1 nutricionista, 5 fisioterapeutas e 1 psicólogo. Entretanto, aceitaram compor a pesquisa 73 participantes.

Os critérios de inclusão foram: ser profissional de saúde atuante na MCC, prestar assistência direta à mulher gestante ou puérpera, em qualquer situação clínica e aceitar de livre e espontânea vontade participar da pesquisa. Foram excluídos do estudo os profissionais que não compunham a equipe da Maternidade e/ou que não aceitaram participar da pesquisa.

A coleta de dados ocorreu mediante a aplicação de um questionário e realização de uma entrevista. As informações qualitativas foram categorizadas e analisadas à luz da análise de Conteúdo proposta por Bardin (5),

optando-se pela análise temática.

Os dados quantitativos compuseram um banco de dados, a partir da digitação de informações no software Statistical Package for the Social Sciences – SPSS (versão 20,0), posteriormente, foram consolidados por meio das técnicas de estatísticas descritivas (frequências absoluta e relativa). Procedeu-se a discussão dos achados com base na literatura produzida sobre o tema.

O projeto de pesquisa foi submetido à Plataforma Brasil, e, em seguida, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) com o número de Certificado de

Apresentação para Apreciação Ética

57230116.9.0000.8007 e parecer 1.623.559.

Os pesquisadores comprometeram-se com as normas preconizadas pela Resolução do CNS 466/12 e suas complementares assegurando que nenhum participante foi submetido aos instrumentos de coleta de dados sem receber as devidas orientações e sem assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

Na Tabela 1 foram dispostos os resultados da caracterização profissional dos participantes quanto à categoria profissional, o local de formação e o tempo de conclusão do curso, formação complementar e o tempo de atuação profissional.

Tabela 1 – Dados relativos às características profissionais de trabalhadores em saúde atuantes na MCC. Caxias-MA, 2017. VARIÁVEIS N % Categoria Profissional Médico 9 12,3 Enfermeiro 22 30,1 Técnico de enfermagem 27 37,0 Outras 15 20,5 Local de formação Instituição Pública 37 50,7 Instituição Privada 36 49,3 Tempo de formação < 10 anos 45 61,6 > 10 anos 28 38,4 Especialização, mestrado ou doutorado Sim 43 58,9 Não 30 41,1 Se sim, qual Especialização 38 52,1 Mestrado 3 4,1 Não se aplica 29 39,7 Ignorado 3 4,1 Tempo de trabalho em Maternidade < 5anos 33 45,2 > 5 anos 40 54,8

Fonte: Pesquisa Direta. Caxias – MA, 2017.

A categoria profissional predominante é a Enfermagem, sendo 27 (37,0%) técnicos de enfermagem e 22 (30,1%) enfermeiros. Quanto ao local de formação 37 (50,7%) tiveram formação em instituição pública. Em relação ao tempo de formação prevalece a variável maior que 10 anos correspondendo a 45 (61,6%) participantes. No tocante à formação complementar 43 (58,9) afirmaram possuir, sendo que destes, 38 (52,1%) mencionaram a especialização.

Em termos comparativos, um estudo realizado por Rocha, Silva, Leite e Cunha (6), no Hospital Materno

Infantil de Brasília com 177 profissionais de saúde, sendo 2 ginecologistas/obstetras (18,1%), 3 clínicos (1,7%), 5 assistentes sociais (2,8%), 9 psicólogos (5,1%), 8 farmacêuticos/bioquímicos (4,5%), 68 enfermeiros (38,4%) e 52 técnicos de enfermagem (29,4%).

Percebe-se que a categoria profissional que predomina é a enfermagem, assumindo um papel de relevância na equipe de saúde, pois são eles que lidam diretamente com o paciente, e reconhecem como nenhum outro profissional dentro do hospital, quais são os problemas que estes apresentam, e desenvolvem ações por meio do cuidado, garantindo conforto, acolhimento e bem estar do paciente.

Em se tratando da distribuição dos participantes por local de formação, o resultado apontado por Faria e Cavalcanti (7) demostra que a maioria dos profissionais

estudou em instituição pública. Quanto ao tempo de formado, observa-se que 70,8% dos entrevistados tinham entre11 e 25 anos de formação.

No que diz respeito à formação acadêmica, na pesquisa desenvolvida por Rocha, Silva, Leite e Cunha (6),

identificou que 96 (54,2%) profissionais tinham especialização. Em relação à variável tempo de trabalho em maternidade, no estudo desenvolvido por Gesteira, Diniz e Oliveira (8), em uma maternidade da rede pública

estadual na cidade de Salvador, o resultado variou entre 2 e 22 anos para as enfermeiras e entre 16 e 29 para as auxiliares de enfermagem.

Nesse sentido, convém salientar que os dados profissionais dos participantes representam dados importantes sobre a qualidade do cuidado. Quanto maior o tempo de formado e atuação na área, maior é a experiência no desenvolvimento das atividades, o que leva a cometer menos erros durante a assistência prestada ao paciente e o profissional ter pensamento crítico. Categorização

O entendimento dos profissionais de saúde acerca do abortamento e dos direitos do nascituro, foi categorizado por meio da exposição das falas mais importantes, conforme o objeto de estudo. Para facilitar a compreensão das informações, os dados foram descritos e, em seguida, cada participante responsável pelas mesmas apresentadas no texto com iniciais referentes à categoria profissional, seguidas do número correspondente à realização da entrevista (MEDI1, ENFER1, TECN1, ASSIS1 - representando Médico 1,

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Enfermeiro 1, Técnico de Enfermagem 1, Assistente Social 1).

Categoria 1 – Concepções dos profissionais acerca do abortamento

Na categoria 1 serão discutidos a concepção dos profissionais sobre o abortamento, como se verificam nas falas:

Somente deve ser realizado por médico experiente, em locais estruturados e com critérios clínicos determinados. (MEDI 9) É um absurdo, porque todos têm direito à vida. (ENFER 1)

Não sou a favor, porém em algumas situações tento entender os reais motivos para que possa aconselhar e orientar meios de evitar novo aborto. (ENFER 4)

Não concordo com a prática do aborto, quanto este acontece por motivo banal. Porém entendo que existem exceções quando, por exemplo, tem risco de vida, tanto da mãe quanto o próprio feto. (ENFER 9)

Contra, pois desde o momento que existe fecundação já existe um ser vivo. (ENFER 10) Sou contra, porque tem outros meios que poderia está evitando. (ENFER 13)

Prática desrespeitosa à natureza fisiológica da mulher. (ENFER 16)

Continua sendo crime. A prevenção através de programas do governo existem, agora as mulheres precisam se conscientizarem, afinal ninguém pede para nascer. (ASSIS 1)

Aborto para mim não deve ser legalizado, pois tem que ser penalizado pessoas que submetem a isso. (TECN 9)

É pecado, é desumano. (TECN 14)

Na análise dessas interlocuções pode-se perceber que a maioria dos participantes é contra o aborto, considerando como crime, desumano, um pecado e um desrespeito à vida, porém alguns referiram ser a favor nos casos permitido por lei, em que a gestação implica risco de vida para a mulher, um dos discursos destaca que o aborto deve ser realizado por um médico experiente, em um local com estrutura adequada e a partir de critérios clínicos determinados. Verificou-se também a postura acolhedora na fala de um dos participantes em tentar

compreender os motivos que a levaram a cometer o aborto e orientar para se evitar abortamento subsequente.

O estudo realizado por Lemos e Russo (9), com 11

profissionais de saúde, revelou uma predominância dos profissionais contrários ao aborto. No trabalho de De Zordo

(10), com ginecologistas-obstetras, em dois

hospitais-maternidades de Salvador (BA), os profissionais mostraram-se favoráveis à decisão do aborto nas circunstâncias já previstas em Lei, como em caso de estupro e malformação fetal grave.

Os resultados de uma pesquisa realizada por Wiese e Saldanha (11), apontaram que as narrativas dos

profissionais contrários à descriminalização do aborto, estava em torno da sacralidade da vida, permeado por crenças religiosas, da consideração do feto como pessoa, do aborto como homicídio e crime, e pela responsabilização da mulher pelos seus atos. Silva e Araújo (12) consideram que a questão religiosa é um fator

que pode influenciar um indivíduo na sua postura diante de determinado assunto, assim os profissionais se deixam influenciar por questões pessoais na prática assistencial.

Mota (13), pesquisando sobre relação interpessoal

entre profissionais de saúde e mulheres em processo de abortamento, constatou que a relação é iminentemente técnica, na qual os profissionais têm atitudes preconceituosas e julgamentos negativos acerca da mulher sob seus cuidados. Nesse caso percebe-se necessidade do profissional prestar uma assistência humanizada à mulher, assumindo um posicionamento em que, além dos aspectos biológicos, sejam levados em conta os elementos de ordem psicossocial.

Farias e Cavalcanti (7), explicam que os

profissionais de saúde devem usar uma abordagem sensível, evitando julgamentos, ter conhecimento das necessidades e preocupações da mulher, sendo acessível para falar sobre a gravidez, aborto inseguro e saúde reprodutiva, além de informar as mulheres sobre os procedimentos que serão realizados e oferecer a elas métodos de contracepção para evitar outra gravidez indesejada.

Diante dessas discussões, é importante ressaltar que a mulher em processo de abortamento, seja espontâneo ou provocado, tem direito a uma assistência humanizada e qualificada, sem julgamentos e

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preconceitos, além de ter acesso fácil e imediato aos serviços de planejamento familiar.

Segundo Nery, Luz e Crizóstomo (14), a falta do

planejamento familiar e a inexistência outros programas de saúde para a prevenção do aborto contribui para aumento do número de abortos no Brasil. Sendo tais serviços de saúde importante para a promoção de informação e prevenção do aborto, tornando necessário o Estado e a sociedade no geral contribuir de forma efetiva para esse problema de saúde pública.

Em uma pesquisa realizada por Loureiro e Vieira

(15), sobre o conhecimento e opinião de médicos dos

serviços de emergência de Ribeirão Preto-SP acerca dos aspectos éticos e legais do aborto, observaram que grande porcentagem dos profissionais apresentou baixo conhecimento (31,5%) da legislação sobre o aborto. Dessa maneira faz-se necessária uma melhora no ensino médico na área de direitos reprodutivos como direitos humanos e de acesso à saúde.

Assim, vale ressaltar a necessidade de maior capacitação da equipe e dos profissionais de saúde quanto à ampliação do conhecimento sobre o tema, que além dos saberes técnico-científicos básicos, devem estar preparados para realizar ações ligadas ao aspecto emocional, que ocorrem em meio à prática, envolvendo também o paciente. Para isto, é necessário que a formação não se restrinja à condição acadêmica, mas seja contínua e permanente, sobretudo durante a vida profissional propriamente dita. Pois sem o conhecimento sobre o assunto é impossível prestar uma assistência adequada.

Categoria 2 – Direitos do nascituro

A categoria 2 discute o conhecimento dos profissionais acerca dos direitos do nascituro, como é relatado nas falas dos participante:

Acompanhamento adequado desde a gestação até o nascimento. (MEDI 7)

Tem direito a vida. (ENFER 4)

Primeiro o direito de nascer com vida, o direito de viver até o momento em que Deus permitir. Já é uma pessoa desde a concepção, então tem todos os direitos assegurados, etc. (ENFER 6)

É o direito de nascer, pois houve uma fecundação planejada ou não, mas esse nascituro tem o direito à vida. (ENFER 17) O direito a vida, deve ser respeitado a qualquer individuo, desde sua concepção, pois tem que ser considerado como pessoa. Deveria ser respeitado e assegurado. (ENFER 19)

Tem direito a vida, qualidade durante seu nascimento. (TECN 8)

Perante a justiça o nascituro tem

personalidade jurídica, sendo assegurados a estes os mesmos direito fundamentais de uma pessoa nascida: direito a vida, saúde, educação, lazer, esporte, amor, e de ser protegido pela família, sociedade, direito a alimentação, etc. (TECN 27)

Conforme pode se observar os direitos do nascituro incluem, o direito a vida, a saúde, acompanhamento adequado e qualidade durante o nascimento. Dessa maneira, assegurar direitos desde o da vida intrauterina, pressupõe concluir pela proteção primordial do direito à vida do não nascido, já que é a partir desse que os demais serão usufruídos.

O ordenamento jurídico, ao proibir qualquer prática contra a vida do nascituro, criminaliza o aborto, resguardando o respeito a sua integridade física e moral

(16). No trabalho realizado por Wiese e Saldanha (11), entre

os profissionais entrevistados prevaleceram o argumento que o feto é outro ser, independente da mãe, logo, tem seus direitos de vida assegurados.

Angeluci (17) defende o direito do nascituro aos

alimentos gravídicos, destinado a mulher durante a gravidez, assegurando ao nascituro um desenvolvimento saudável, tal direito não se restringe somente aos alimentos, incluem também despesas com exames, internação, medicações, parto, conforme é proposto na Lei Federal nº 11. 804 de 5 de novembro de 2008. É garantido ao nascituro o direito à curatela, sendo expresso pelo artigo 1.779 da Lei 10.406 de 10 de janeiro de 2002, o curador tem a responsabilidade de defender os direitos do nascituro, que ainda é incapaz de se defender, isso caso o pai seja falecido, e a mulher grávida, sem ter o poder familiar. A mesma lei em seu artigo 1.798 garante ao nascituro o direito de sucessão hereditária, que é um direito provisório sendo efetivado se ocorrer o nascimento com vida. O artigo 542 da referida

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Lei assegura o direito ao nascituro de receber doações, sendo aceita pelo seu representante legal (18).

O sistema jurídico brasileiro tem se comprometido em assegurar proteção ao nascituro, considerando o direito a vida o direito mais fundamental de todos, atribuindo deveres aos responsáveis, e dando punição a quem não cumprir com o que dita a lei. Para garantir o nascimento saudável faz se necessário cuidado durante a fase intrauterina.

O estatuto da criança e do adolescente em seu artigo 7º garante a criança e ao adolescente o direito à proteção, à vida e à saúde, mediante um nascimento saudável e harmonioso. No seu artigo 8º é assegurado a todas as mulheres, como um direito fundamental, o atendimento ao pré-natal, perinatal e pós-natal integra no âmbito do SUS (19).

A Rede Cegonha propõe um novo modelo que visa produzir mudança no cuidado, garantindo o acesso e melhoria na qualidade do pré-natal, com oferta de boas práticas ao parto e ao nascimento; promoção da saúde infantil e materna; prevenir a morbidade e mortalidade evitáveis; promover o protagonismo e estímulo da autonomia da mulher, com responsabilidade ética e o cuidado centrado na mulher, no bebê e na família (20).

Portanto a rede cegonha é um direito do nascituro, pois ao defender o direito a mulher ao pré-natal esta tratando do direito à vida do nascituro ou concepto e do direito de nascer saudável.

Cabe destacar a Política Nacional de Atenção Integral em Genética Clínica, que foi implantada no Brasil em 2009, com foco no aconselhamento genético. A Política considera que as enfermidades com predisposição genética têm maior prevalência nos países em desenvolvimento, refletindo na falta de medidas preventivas e terapêuticas adequadas. (21).

É importante destacar o papel da promoção e prevenção, por meio da educação em saúde, da qualificação da assistência e sensibilização dos profissionais em relação a essa questão. Por meio de tais medidas, garantir o desenvolvimento e a qualidade de vida das crianças que nascem com algum tipo de anomalia genética ou doença genética.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os profissionais a referida instituição vivência de perto o conflito do aborto, que na sua maioria são contra, argumentado que a vida tem início no momento da fecundação, sendo a vida um direito fundamental, não pode ser violado, consideram a prática do aborto como um crime, sendo a favor apenas nos casos previsto na lei.

Fica evidente o desafio dos profissionais de saúde ao se depararem com o tema aborto, pois tal temática envolver valores morais e religiosos, e apesar das suas concepções devem manter uma assistência qualificada, livre de julgamentos, e oferecer um cuidado pautado na humanização. Vale ressaltar que os profissionais de saúde trabalhem de maneira continua a promoção de informação e prevenção do aborto provocado, por meio da orientação e o planejamento familiar.

Em relação ao conhecimento dos profissionais sobre os direitos do nascituro, notamos que é limitado ao direito à vida, nascimento saudável, e integridade física, porém, o nascituro possui direitos que vão além dos citados pelos profissionais, como direito a curatela, sucessão hereditária, representação, receber doações, alimentos gravídicos. Portando, observamos uma deficiência no conhecimento dos profissionais sobre as questões indagadas, ressaltando a necessidade de formação complementar.

REFERÊNCIAS

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