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Álvaro de Campos - resumo Português - 12º Ano

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Academic year: 2021

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ÁLVARO DE CAMPOS

Álvaro de Campos surge quando Fernando Pessoa sente “um impulso para escrever”. O próprio Pessoa considera que Campos se encontra no «extremo oposto, inteiramente oposto, a Ricardo Reis”, apesar de ser como este um discípulo de Caeiro.

Campos é o “filho indisciplinado da sensação e para ele a sensação é tudo. O sensacionismo faz da sensação a realidade da vida e a base da arte. O eu do poeta tenta integrar e unificar tudo o que tem ou teve existência ou possibilidade de existir.

Este heterónimo aprende de Caeiro a urgência de sentir, mas não lhe basta a «sensação das coisas como são»: procura a totalização das sensações e das perceções conforme as sente, ou como ele próprio afirma “sentir tudo de todas as maneiras”.

Engenheiro naval e viajante, Álvaro de Campos é figurado “biograficamente” por Pessoa como vanguardista e cosmopolita, espelhando-se este seu perfil particularmente nos poemas em que exalta, em tom futurista, a civilização moderna e os valores do progresso.

Cantor do mundo moderno, o poeta procura incessantemente “sentir tudo de todas as maneiras”, seja a força explosiva dos mecanismos, seja a velocidade, seja o próprio desejo de partir. “Poeta da modernidade”, Campos tanto celebra, em poemas de estilo torrencial, amplo, delirante e até violento, a civilização industrial e mecânica, como expressa o desencanto do quotidiano citadino, adotando sempre o ponto de vista do homem da cidade.

O percurso de Álvaro de Campos evoluiu em três fases distintas.

A primeira, decadentista é marcada por um certo tédio face à arte do passado considerado inconsciente e cuja principal fonte inspiradora era a Natureza. Tratava-se de uma arte em que a verdade era deturpada.

Campos rompe então com o passado e busca novas sensações, saúde e infração a todas as regras: as da vida e as do verso. A sua vitalidade transbordante, o seu amor ao ar livre a ao belo feroz, a descoberta do futurismo e sensacionismo de Whitmas, levam Campos a defender a ideia da força, a exaltar a violência e o excesso, a fazer a apologia da civilização industrial.

A liberdade formal da sua poesia, o primado do nome, a explosão da técnica, a exploração do movimento, a irreverência e a provocação marcam fortemente toda a segunda fase deste poeta, todo o virado para o exterior tenta banir o vício de pensar e acolhe todas as sensações: “Eu sinto tudo, de todas as maneiras. O exemplo de que  

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acabo de referir são as “Ode triunfal” e “Ode Marítima”, cujo estilo torrencial e desleixado, associado à irregularidade métrica, estrófica e rimática evidenciam a ideia de força e agressividade neste Álvaro de Campos indisciplinado.

Porém, o poeta ressente-se do seu pretenso dinamismo e insatisfeito perante toda a realidade mergulha numa profunda ansiedade, numa confusão emocional motivada pela sua incapacidade de realização.

Campos sente tédio pela vida, é um poeta abatido, descontente consigo e com os outros. Deprimido, busca a solidão e o reconforto na infância perdida. É este o Campos intimista, o da terceira fase, em poeta cansado, perdido no labirinto do seu “eu” como constatemos nos poemas “O que há em mim é sobretudo cansaço” e “Lisboa revisited”.

-

1ª FASE DE ÁLVARO DE CAMPOS – DECADENTISMO (“Opiário”,

somente)

- abulia, tédio de viver - procura de sensações novas - busca de evasão

2ª FASE DE ÁLVARO DE CAMPOS

 Futurismo

- elogio da civilização industrial e da técnica (“Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r eterno!”, Ode Triunfal)

- rutura com o subjetivismo da lírica tradicional

- atitude escandalosa: transgressão da moral estabelecida  Sensacionismo

- vivência em excesso das sensações (“Sentir tudo de todas as maneiras” – afastamento de Caeiro)

- sadismo e masoquismo (“Rasgar-me todo, abrir-me completamente,/ tornar-me passento/ A todos os perfumes de óleos e calores e carvões...”, Ode Triunfal) - cantor lúcido do mundo moderno

3ª FASE DE ÁLVARO DE CAMPOS – PESSIMISMO

- dissolução do “eu”

“E afinal o que quero é fé, é calma/ E não ter estas  sensações confusas.” 

“E eu vou buscar o ópio que consola ”                              

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- cansaço, tédio, abulia - angústia existencial - solidão

- nostalgia da infância irremediavelmente perdida (“Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!”, Aniversário)

TRAÇOS ESTILÍSTICOS

٠ Verso livre, em geral muito longo ٠ Mistura de níveis de língua

٠ Construções nominais, infinitivas e gerundivas ٠ Assonâncias, onomatopeias, aliterações

٠ Enumerações excessivas, exclamações, interjeições, pontuação emotiva ٠ Metáforas ousadas, oxímoros, personificações, hipérboles, ironia ٠ Estrangeirismos, neologismos

٠ Estética não aristotélica na fase futurista – a ideia de beleza assenta na ideia de força

٠ Desvios sintáticos (“fera para a beleza de tudo isto”; “de todos os nervos dissecados fora”)

 O Futurista – 2ª fase Ode Triunfal

٠ Vaidade e orgulho por poder conviver com aquilo que os antigos não conseguiram – poeta extasiado

٠ A fúria do exterior reflete-se dentro de si e espalha-se por todas as suas sensações – é o que lhe permite escrever

٠ Humanização das máquinas (“Grandes trópicos humanos de ferro e fogo e força”) ٠ O presente é a concentração de todos os tempos: o presente existe porque houve

passado e é o presente que permite que haja futuro

٠ Desejo de materialização, de funcionar como uma máquina pois elas funcionam sem sofrer, sem pensar

                             

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٠ Denúncia dos aspetos negativos da sociedade da civilização moderna: ócio, inutilidade, riqueza, luxo (dos que não trabalham), superficialidade e falta de sinceridade e isenção da imprensa, corrupção (política)

٠ Prazer obtido através das máquinas

٠ Agora devem ser exaltadas outras coisas que são tão belas como a natureza (“Um orçamento é tão natural como uma árvore”)

٠ Alucinação provocada por todo o movimento das máquinas

٠ Quebra abrupta no ritmo acelerado: ele para para pensar, recordar a infância e constata a efemeridade da vida e as próprias mudanças que se operaram nele – infância é a idade da felicidade

٠ Termina com um grito de Sensacionismo  anulação do eu  viver tudo de todas as maneiras, por toda a gente e em toda a parte

٠ Novo conceito de homem – insensível, livre e amoral

٠ Irregularidade estrófica, métrica e rítmica; utilização de palavras agressivas; linguagem técnica; realidades antilíricas; muitas onomatopeias, apóstrofes e interjeições, enumerações, discurso caótico – recursos estilísticos em excesso

O pessimista – 3ª fase

Lisbon revisited (1923) – campo disfórico, cansado, rejeitando até as ciências e a civilização moderna (oposição à ode triunfal); reclama o direito à solidão e à indiferença; evocação da infância como momento de felicidade que antecede a dor de pensar e a consciência – felicidade perdida; agressividade e incompatibilidade entre o eu e os outros (sente-se marginalizado, incompreendido, não há aceitação em relação aquilo que ele é); valorização de certos elementos através de maiúsculas, tal como Ricardo Reis; oxímoro; paganismo

“Aniversário”, “Dactilografia”, “Esta velha angústia”.

Linhas Temáticas Expressividade da linguagem

 O canto do Ópio;  O desejo dum Além;

 O canto da civilização moderna;  O desejo de sentir em excesso;

Nível fónico

a) Poemas muito extensos e poemas

curtos;

Versos brancos e versos rimados;                              

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 O sadomasoquismo;  O pessimismo;

 A inadaptação à realidade; A angústia, o tédio, o cansaço;  A nostalgia da infância;  A dor de pensar.

nos poemas pessimistas

Nível morfossintático

a) Na fase futurista, excesso de

expressão: enumerações exageradas, exclamações, interjeições variadas, versos formados apenas com verbos, mistura de níveis de língua,

estrangeirismos, neologismos, desvios sintáticos;

b) Na fase intimista, modera o nível de

expressão, mas não abandona a tendência para o exagero. Nível semântico

a) apóstrofes, anáforas, personificações,

hipérboles, oximoros, metáforas ousadas, polissíndetos.                              

Referências

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