• Nenhum resultado encontrado

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA PARAÍBA TRIBUNAL DE JUSTIÇA GAB. DES. ROMERO MARCELO DA FONSECA OLIVEIRA

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA PARAÍBA TRIBUNAL DE JUSTIÇA GAB. DES. ROMERO MARCELO DA FONSECA OLIVEIRA"

Copied!
6
0
0

Texto

(1)

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA PARAÍBA TRIBUNAL DE JUSTIÇA

GAB. DES. ROMERO MARCELO DA FONSECA OLIVEIRA ACÓRDÃO

APELAÇÃO CÍVEL N.° 290.2007.747686-5/001 ORIGEM : 3' Vara Cível da Comarca da Capital. RELATOR : Des. Romero Marcelo da Fonseca Oliveira.

APELANTE : GOL Linhas Aéreas Inteligentes S.A. e VRG Linhas Aéreas S.A. ADVOGADO : Adilson de Queiroz Coutinho Filho.

APELADO : Dalliane Menezes de Oliveira e outra. ADVOGADO : Andre D'Albuquerque Torreao.

EMENTA: DANO MORAL. TRANSPORTE AÉREO. ATRASO DEMASIADO NO

VOO DE IDA. OVERBOOKING NO VOO DE VOLTA. FORNECIMENTO DE ESTADIA, ALIMENTAÇÃO E TRANSPORTE.. DANO MORAL CARACTERIZADO. APELAÇÃO. QUANTUM INDENIZATÓRIO MINORADO. RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. PROVIMENTO PARCIAL.

A responsabilidade civil do transportador aéreo é objetiva (art. 14 do CDC e arts. 21, XII, "c", e 37, § 6°, da CF), devendo reparar eventuais danos sofridos pelo consumidor, em virtude da má prestação do serviço oferecido.

O quantum indenizatório deve se adequar às circunstâncias do caso concreto e atender aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade.

VISTO, relatado e discutido o presente procedimento referente à Apelação

Cível n.° 200.2007.747686-5/001, na Ação de Indenização por Danos Morais, em que figuram como partes Dalliane Menezes de Oliveira, Elenice Menezes de Oliveira, GOL Linhas Aéreas Inteligentes S.A. e VRG Linhas Aéreas S.A.

ACORDAM os eminentes Desembargadores integrantes da Egrégia Quarta

Câmara Cível do Tribunal de Justiça da Paraíba, à unanimidade, acompanhando o voto do relator, dar provimento parcial à Apelação.

VOTO.

Dalliane Menezes de Oliveira e Elenice Menezes de Oliveira ajuizaram,

perante o Juízo da 3' Vara Cível da Comarca da Capital, Ação de Indenização por Danos Morais, processo n° 200.2007.747686-5/001, em face da GOL Linhas Aéreas

Inteligentes S.A.

Alegaram (1) que para realizar tratamento de saúde, em 30 de março de 2007, partiram de João Pessoa, à 16h3Omin, no voo 1819 da GOL, tendo desembarcado no Recife para a realizaçãe, d4 conexão, voo 1875, com saída marcada para 19h2Omin e previsão de chegada em BrasíIia às 21h55min, f. 17/ 31, mas o voo não saiu no horário

(2)

esperado; (2) que em virtude do atraso no embarque, dirigiram-se ao balcão de informações da Empresa Ré, tendo sido informadas somente de que o voo estava atrasado, motivo pelo qual a Segunda Promovente tentou obter junto à preposta da Promovida um ambiente mais calmo para permanência da Primeira Promovente, que além de ser menor, é portadora de necessidades especiais, f. 33, mas não obteve êxito; (3) que não houve o fornecimento de alimentação no Aeroporto; (4) que somente na madrugada do dia 31 de março, às 01h3Omin foram encaminhadas a um hotel custeado pela Ré, sendo fornecido apenas café da manhã, e informadas de que às 11h um táxi iria busca-las para levá-las ao aeroporto, o que também não aconteceu; (5) que por sua conta voltou ao aeroporto e finalmente às 15h1Omin, embarcaram com destino à Brasília; (6) que na viagem de volta, passaram pelo transtorno do overbooking, tendo sido informadas que teriam que pagar uma taxa extra pela remarcação das passagens, entretanto, depois de várias tentativas, foram liberadas do pagamento, porém, a passagem fornecida pela GOL tinha como destino o Recife e não João Pessoa, como nas passagens originais; (7) que apesar de terem sido informadas que seriam ressarcidas em R$ 400,00 pelo trecho Recife/João Pessoa, a Empresa Ré se recusou a efetuar o reembolso, quando procurada.

Pediu pela procedência do pedido, para que fosse a Ré condenada ao pagamento de indenização à título de danos morais e ao pagamento da quantia de R$ 400,00 referente ao reembolso do trecho Recife/João Pessoa.

Na Contestação, f 71/97, a Ré aduziu (1) que não houve descaso por parte de seus funcionários para com as Autoras, tendo sido fornecida alimentação e acomodação necessárias; (2) que não houve comprovação de qualquer dano Moral sofrido; (3) que os transtornos supostamente sofridos não alteraram o estado de saúde da menor, já que somente ocorreu um singelo atraso no voo por motivos de força maior; (4) que com relação ao voo de retorno, os passageiros tem que estar no local de embarque com antecedência mínima de 01 hora, mas as Promoventes chegaram somente com 30 minutos de antecedência.

Na Sentença, f. 244/252, o Juízo a quo, considerando que houve um atraso demasiado do voo, caracterizando a falha na prestação de serviço prestado pela Ré, configurando o dano moral, julgou procedente o pedido, condenando-a ao pagamento de R$ 400,00 a título de danos materiais e R$ 15.000,00 a título de danos morais, com correção monetária, a contar do arbitramento, na forma determinada pela Súmula 362 do STJ, juros de mora de 1% ao mês, a partir da citação, além das custas, despesas processuais e honorários advocatícios, na razão de 15% sobre o valor da condenação.

GOL Linhas Aéreas Inteligentes S.A. e VRG Linhas Aéreas S.A.

interpuseram Apelação, f. 253/262, argumentando (1) que não houve a comprovação de qualquer ato ilegal de sua parte capaz de gerar dano moral; (2) que foram disponibilizadas estadia e alimentação às Apeladas para que pudessem aguardar o voo que sairia na manha do dia 31 de março; (3) que no voo de volta não houve

overbooking, mas sim uma realocação de passageiros que estavam aguardando vaga, já que as Recorridas não estavam no aeroporto com a antecedência de 01 hora necessária, procedimento este padrão paça as companhias aéreas; (4) que o valor fixado a título de dano moral encontra-se em total dissonância com a doutrina, a jurisprudência e os

(3)

princípios da razoabilidade e proporcionalidade.

Pugnou pela reforma da Sentença, para que fosse julgado improcedente o pedido, ou, caso este não seja o entendimento, que fosse reduzida a verba reparatória.

Nas Contrarrazões, f. 279/283, as Apeladas asseveraram (1) que ficou comprovada a má prestação do serviço, com o atraso de mais de 15 horas, o que lhes acarretou dor e abalos financeiros e psicológicos; (2) que passaram por diversos constrangimentos, como falta de alimentação por diversas horas, enfatizando que uma das Apeladas é menor e portadora de necessidades especiais; (3) que quanto a alegação de overbooking, as Apelantes limitaram-se a sustentar que os passageiros deveriam chegar com 01 hora de antecedência; (4) que as passagens de volta, remarcadas, tinham como destino o Recife e não João Pessoa, como nas originais, acarretando um gasto adicional pelo trajeto terrestre, que deveria ter sido reembolsado, como prometido pelas Recorrentes.

Desnecessária a intervenção Ministerial no feito, por não configurarem quaisquer das hipóteses do art. 82, I a III, do CPC.

É o relatório.

Presentes os requisitos de admissibilidade, conheço do Recurso.

No que tange à responsabilidade da Apelante como transportadora, no caso vertente, com o advento da legislação consumerista, leciona Sérgio Cavalieri Filho:

"(...) no que diz respeito à responsabilidade contratual do transportador, o Código de Defesa do Consumidor quase nada mudou, pois, como vimos, essa responsabilidade já era objetiva desde 1912. O que o Código fez - e isso me parece importante - foi mudar o fundamento dessa responsabilidade, que agora não é mais o contrato de transporte mas sim a relação de consumo, contratual ou não. Mudou também o seu fato gerador, deslocando-o do descumprimento da cláusula de incolumidade para o vicio ou defeito do serviço, consoante art.14 do Código de Defesa do Consumidor." (in Programa de Responsabilidade Civil,

r

ed., Ed. Atlas, p. 290).

Dessa forma, é de rigor a aplicação do art. 14, do Código de Defesa do Consumidor, verbis:

"O fornecedor de serviço responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos".

Assim, como a alegação de caso fortuito não restou comprovada, manifesta-se incontroversa a má prestação do serviço pela Apelante.

Em havendo a má prestação do serviço, consubstanciada por uma espera de mais de quinze horas no voo de fida das Apeladas, e overbooking no de volta, ficou caracterizado o dano moral, e consequentemente, a obrigação de indenizar, diante da deficiência do serviço e pel Idesrespeito ao consumidor, uma vez que o fato

(4)

transcendeu ao mero dissabor, embora a Apelante tenha prestado alguma assistência às Apeladas, porquanto restou comprovado haverem elas, sendo uma portadora de necessidade especiais e menor, aguardado mais seis horas no aeroporto sem fornecimento de alimentação e somente encaminhadas a um hotel pela madrugada.

Nesse sentido:

TRANSPORTE AÉREO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. ILEGITIMIDADE PASSIVA. DANOS MORAIS E MATERIAIS. ATRASO DE VOO. Preliminar de ilegitimidade passiva rejeitada. Voo compartilhado entre as companhias aéreas. A responsabilidade civil do transportador aéreo é objetiva (art. 14 do CDC e arts. 21, XII, c, e 37, § 6° da CF), devendo reparar eventuais danos sofridos pelo consumidor, em virtude da má prestação do serviço oferecido. Devida indenização por danos morais, cuja quantificação deve ser feita dentro de parâmetros razoáveis e considerando a gravidade do dano no caso concreto. PRELIMINAR REJEITADA. APELAÇÃO IMPROVIDA. (Apelação Cível N° 70038188728, Décima Primeira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Bayard Ney de Freitas Barcellos, Julgado em 19/10/2011)

CONSUMIDOR. TRANSPORTE AÉREO. ATRASO DE VÔO, EM MAIS DE 6 HORAS. MÁ PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. INEXISTÊNCIA DE FORÇA MAIOR. REORGANIZAÇÃO DA MALHA AÉREA QUE NÃO RESTOU COMPROVADA. RESPONSABILIDADE. TRANSTORNOS QUE TRANSCENDEM O MERO DISSABOR DO COTIDIANO, ENSEJANDO O DANO MORAL. REDUÇÃO DO QUANTUM INDENIZATÓRIO FIXADO NA SENTENÇA. - Havendo atraso de vôo superior a quatro horas e não sendo, pela Companhia Aérea, prestada assistência devida à passageira, caracteriza-se a violação a direito de personalidade, passível de indenização por dano moral. Há desrespeito a direito de personalidade, não só à tranqüilidade psíquica, mas também às mais comezinhas necessidades de higiene, alimentação, repouso etc. que não restam atendidas pela omissão da Companhia Aérea. - Verba indenizatória (R$ 3.800,00) que comporta redução para o patamar de R$ 2.000,00, de maneira a atender às funções do instituto e adequar-se ao valor utilizado pelo Colegiado em situações análogas. DERAM PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO (Recurso Cível N° 71002365344, Primeira Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Heleno Tregnago Saraiva, Julgado em 01/07/2010)

Quanto à irresignação em relação ao quantum indenizatório, entendo que o valor da condenação ultrapassou os limites da razoabilidade e da proporcionalidade.

Desta forma, merece reforma, nesse ponto, a Sentença.

Levando em conta as circunstâncias do caso, a capacidade econômica das partes, o caráter pedagógico da condenação, a vedação ao enriquecimento ilícito e a extensão do dano, entendo razoável e suficiente reduzir o valor do dano moral para sete mil e quinhentos reais.

Posto isto, conhecido o Recurso, dou-lhe provimento parcial para minorar

a indenização por danos morais para sete mil e quinhentos reais.

É o voto.

Presidiu o julgamentp; realizado na Sessão Ordinária desta Quarta Câmara Cível do Tribunal de Justiça da Paraíba o Desembargador Romero Marcelo da Fonseca

(5)

Pessoa-PB, 25 de.abripde 2012. t' Yfr---" -1- ons e c a Oliveira

participando além deste Relator, a Dra. Vanda Elizabeth Marinho, Juíza Convocada para substituir o Des. João Alves da Silva, e a Dra. Maria das Graças de Morais Guedes, Juiza Convocada para substituir o Des. Frederico Martinho da Nóbrega Coutinho. Presente a sessão, a Exma. Sra. Dra. Jacilene Nicolau Faustino Gomes, Procuradora de Justiça •

Gabinete no TJ/PB em João

/

,// ler s. Romero mareei

Relator.

(6)

• TRIBUNAL L,L JuSTIÇP Diretoria Judiciária Regiutradoorr,9(2g-/C)

Referências

Documentos relacionados

cabo USB, ligar 70 calibrar bateria 21 carga da bateria maximizar 19 carregar baterias 18, 21 Cartão SD 77 CD inserir 44 introduzir 73 remover 48, 74 chave do produto 11 códigos

4.2.15 Estarão automaticamente desclassificados do Processo Seletivo os candidatos que não comparecerem para realizar qualquer uma das etapas acima para a qual

Nota: Todos(as) os(as) participantes que terminarem a prova depois do controlo en- cerrado serão colocados(as) na grelha da classificação por ordem de chegada como atletas

1º - O “ 1º CIRCUITO DE STAND UP PADDLE E CANOA CAIÇARA - FESTA DO REMO UBATUBA 2014”, é uma realização da PREFEITURA MUNICIPAL DE UBATUBA, através da Secretaria de Esportes

Ao participar da 8ª CORRIDA INTERNACIONAL CIDADE DE GUARULHOS, o participante assume a responsabilidade pelo fornecimento dos seus dados e aceita totalmente o Regulamento da

- sabendo ainda que 2% de fitas se estragam ao longo do ano, e um décimo do total é comprado para reposição, exiba a quantidade de fitas que a locadora terá no final

Art. A Receita Estadual, por intermédio do Auditor-Fiscal da Receita Estadual, poderá examinar informações relativas ao sujeito passivo da obrigação tributária, bem como de s

Com este guia, esperamos contribuir para que seus vídeos gravados com celular tenham cada vez mais qualidade e, assim, as informações alcancem o público da forma como você