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XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental

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Academic year: 2021

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II-045 - REDE DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA: PORQUÊ NÃO A OPERAMOS?

Cláudio Buzeti(1)

Graduado em estudos Sociais pela Universidade Estadual de Londrina - UEL, Diretor do Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto - SAMAE de Ibiporã - PR.

Alexandre Pansardi Casagrande

Técnico em Agropecuária, Encarregado da E.T.A. e E.T.E. SAMAE de Ibiporã - PR.

Mário Augusto Bággio

Sócio Gerente da Hoperações Consultoria em Gerenciamento de Empresas de Saneamento. Consultor da Organização Pan-americana da Saúde para a América Latina e Caribe. Coordenador da Fundação Nacional de Saúde/Regional Paraná - Ministério da Saúde.

Ex-Diretor Técnico e de Operações da Companhia de Saneamento do Paraná. Ex-Docente da Universidade Estadual de Londrina. Pós-Graduado em Engenharia Hidráulica pela Faculdade Politécnica da Universidade de São Paulo e Graduado Em Engenharia Civil pela Universidade Estadual de Londrina.

Endereço(1): Av. Santos Dumont, 565 Tel./Fax (43) 2581295 Centro Ibiporã PR CEP: 86200000

-e-mail: claudio@samaeibi.com.br

RESUMO

O presente trabalho evidencia os resultados alcançados em termos de redução de perdas de água, melhoria da qualidade do produto final, redução dos índices de satisfação dos consumidores, entre outros, conseguidos através da Implantação de Modelo de Gerenciamento da Rotina do Trabalho do Dia-a-Dia na Operação da Rede de Distribuição do Sistema de Abastecimento de Água da cidade de Ibiporã/PR, operada pelo Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto - SAMAE, que passou a adotar um método extremamente simples e econômico de controle da qualidade operacional de distribuição de água.

“Palavras - chave”: 1. Operação de Sistemas de Água, 2. Controle da Qualidade Total, 3. Distribuição de Água, 4. Gestão por Processos, 5. Gerenciamento da Rotina.

PALAVRAS-CHAVE: Rede de Distribuição de Água, Abastecimento de Água.

INTRODUÇÃO

A imensa maioria dos sistemas de abastecimento de água brasileiros ainda é operado pelo sintoma falta d’ água, onde o consumidor sempre assume papel substantivo, de cuja ativez depende a qualidade do abastecimento de água.

Às empresas de prestação de serviços de saneamento básico fica o papel restrito e passivo de intervir na operação do sistema sempre que o consumidor desejar, este último com o papel de “gerente”, a quem equivocadamente tem ficado o papel de controle operacional do sistema.

Tal realidade é sintomática de uma despreocupação com a operação dos sistemas a jusante das estações de tratamento de água, esquecendo-se que o que o consumidor vê e sente é a água distribuída pelas redes de distribuição, onde suas ligações domiciliares estão conectadas.

A falta de modelos de gerenciamento da rotina do dia-a-dia das redes de distribuição - consideradas um dos mais importantes e caros processos de sistemas de abastecimento de água, tão comuns nas indústrias contemporâneas onde a qualidade e a produtividade são preocupação diária das funções de supervisores, gerentes e dirigentes - é a preocupação abordada no presente trabalho, através da introdução de um aspecto filosófico na operação do sistema, assegurando-lhe um nível de controle tal que salvaguarde os interesses e necessidades do principal ator de uma empresa de saneamento: seus consumidores.

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OBJETIVO DO TRABALHO

Considerando que, via de regra, não se operam as redes de distribuição de água no Brasil, o presente tem por objetivo demonstrar porque e como o Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto - SAMAE de Ibiporã/PR iniciou a operação do processo distribuição de água potável, compreendendo 220.000m de rede e 13.000 ligações, bem como os resultados advindos do gerenciamento da rotina diária implantada para controle da qualidade total da água distribuída à população ibiporaense.

METODOLOGIA ADOTADA

POR QUE OPERAR A DISTRIBUIÇÃO?

O controle operacional adotado na imensa maioria dos sistemas de abastecimento de água brasileiros tem sido exercido até nas estações de tratamento de água, a partir deles apenas havendo, via de regra, rotinas de manutenção.

As conseqüências de tais procedimentos é que o fornecedor exerce o controle da produção, delegando inconscientemente o controle da distribuição à “majestade” o consumidor que, ativamente se incumbe de identificar faltas d’água e incidências de má qualidade do produto, cabendo ao fornecedor o gerenciamento passivo, sempre tardio, ineficaz e dependente.

Função da passividade também constatada no SAMAE de Ibiporã/PR, em 01/99 iniciou-se a Implantação do Modelo de Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia da Operação da Distribuição, denominado Modelo PCQO (Planejamento e Controle da Qualidade da Operação), culminando com sua conclusão em10/99.

O QUE OPERAR NA DISTRIBUIÇÃO?

À luz dos princípios da Gestão pela Qualidade Total - GQT, onde a busca da garantia da qualidade dos produtos é o fator mais relevante para se assegurar que se agreguem resultados para o consumidor, estabeleceu-se que os seguintes itens de controle seriam controlados nas diversas zonas de pressão da distribuição, classificados por dimensões da qualidade, quais sejam:

• Dimensão Qualidade Intrínseca:

o Qualitativamente: turbidez da água distribuída, cor da água distribuída, cloro residual da água distribuída, além dos parâmetros bacteriológicos estabelecidos pela Portaria 36 do Ministério da Saúde;

o Quantitativamente: pressão em pontos estratégicos (dinâmicas mínimas e estáticas máximas);

• Dimensão Custo: custos operacionais (horas extras, combustível, etc.) relativos à equipe de monitoramento da rede de distribuição, constituído de Operadores Volantes;

• Dimensão Entrega: vazões e volumes de entrada nas zonas de pressão;

• Dimensão Segurança: número de condições inseguras e número de atos inseguros;

• Dimensão Moral (motivação): índice de “turn over”, índice de absenteísmo, número de sugestões, número de horas de treinamento ministrado à equipe de Operadores, entre outros.

COMO E ONDE OPERAR A DISTRIBUIÇÃO?

Cada zona de pressão (processo distribuição de água potável) foi identificada (no cadastro técnico e “in loco”) e, para cada uma delas, foram definidas as rotinas diárias de controle através de Procedimentos Operacionais Padrão - POP’s, compreendendo:

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• Medição de pressão: 04 vezes ao dia;

• Medição de cloro residual: 02 vezes ao dia;

• Medição de cor: 02 vezes ao dia;

• Medição de turbidez: 02 vezes ao dia;

• Inspeção de válvulas redutoras de pressão e caixas de quebra-pressão: 01 vez ao dia;

• Inspeção de boosters e elevatórias de água tratada: 02 vez ao dia;

• Coleta de amostra de água para fins de análises físico-químicas e bacteriológicas, seguindo a freqüência estabelecida pela Portaria do Ministério da Saúde (rotina já há muito implantada);

• Inspeção de reservatórios de distribuição: 01 vez ao dia.

Tendo em vista a necessidade de medição de parâmetros hidráulicos, físico-químicos e bacteriológicos surgiu a seguinte pergunta: onde medi-los, considerando os 220.000 m de rede existente?

Criavam-se, no intuito de contestar à interrogação anteriormente colocada, os PCQ’s - Pontos de Controle da Qualidade, que se constituíram em ligações à rede de distribuição, padronizadas conforme Padrão SAMAE (vide Anexo 01), por onde Operadores Volantes (Operadores que trabalham em veículos leves, providos de rádio VHF, Boletins de Coleta de Dados e Procedimentos Operacionais Padrão - POP’s) coletam dados (pressão, cor, turbidez, cloro residual) e observam fatos (características organolépticas ou outro fato relevante).

Assim ficou implantado uma rotina diária através de Operadores Volantes que se incumbiram de exercer o controle operacional da rede através do acompanhamento de fatos e dados de 10 PCQ’s, 07 reservatórios de distribuição, 08 válvulas redutoras de pressão, 01 booster e 03 elevatórias de água tratada.

QUEM OPERAR A DISTRIBUIÇÃO?

Um Operador Volante por Turno foi preparado para que, seguindo a padronização da rotina estabelecida pelos POP’s, executassem as tarefas diárias, cumprindo um roteiro diário de segunda a domingo, POP’s estes estabeleceram para cada tarefa de cada Operador:

• Material necessário;

• EPI’s e EPC’s necessários;

• Equipamentos necessários;

• Como utilizar os materiais e equipamentos;

• Atividades críticas executadas (passo-a-passo);

• Resultados esperados;

• O que fazer em casos de emergências.

Assim, vários Operadores foram recrutados levando-se em consideração o mínimo de instrução de 1º grau, para cada um sendo ministrado cerca de 40 horas/aula de treinamentos (técnicos, comportamentais e de relacionamento), conforme previsto pela Matriz e Plano de Capacitação previamente definida quando do início da Implantação de Modelo de Gerenciamento da Rotina da Operação.

QUANDO OPERAR A DISTRIBUIÇÃO?

Na rotina diária os Operadores Volantes, seguindo roteiro preestabelecido (para o período da manhã, da tarde e da noite), procedem à coleta de dados, comparando-os com metas-padrão (pressão-padrão para cada PCQ, cloro-padrão para cada PCQ, cor-padrão e turbidez - padrão segundo Portaria), anotando-os em formulários padronizados (Boletins de Coleta de Dados BCD’s) e reportandoos à Central de Controle de Processos -CCP, todo final de turno para “input” no software de gerenciamento GN Operação (especialmente desenvolvido para controle estatístico da operação de processos de sistemas) ou sempre que os dados observados estejam acima ou abaixo das metas-padrão, a fim de receber orientações da CCP; é a essência do

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QUANTO CUSTA OPERAR A DISTRIBUIÇÃO?

Desprezando-se o aspecto de quanto custa o consumidor controlar a operação da distribuição, o que era praxe no sistema, alocaram-se dois (02) Operadores Volantes, remanejados de outras funções ligadas a Processos de Apoio (funções não ligadas a Processos Críticos - Negócio), para que viessem a exercer o controle diário da rede de distribuição.

Para equipar os Operadores Volantes os seguintes materiais foram a eles destinados, importando um investimento de aproximadamente R$ 7.000,00 (Sete mil reais):

• Conjunto de manômetros de baixa, média e alta capacidade;

• Medidor de cloro residual;

• Medidor de turbidez (aproveitaram-se os instrumentos do Laboratório Central);

• Medidor de cor (aproveitaram-se os instrumentos do Laboratório Central);

• Veículo tipo “pick up”;

• Reagentes;

• Vidraria;

• Etc.,

RESULTADOS ALCANÇADOS

Sistematizado o gerenciamento da rotina, apoiado por um Sistema de Informações Operacionais (processamento exercido através do software GN Operação), os seguintes resultados puderam ser observados:

• Aumento na satisfação do consumidor, agora desobrigado do “controle” da distribuição, tendo-se delegado tal tarefa a uma equipe SAMAE de Operadores Volantes que estão diretamente se antecipando aos problemas;

• Clareza na identificação do que é problema, ou seja, são as metas-padrão não alcançadas;

• Identificação de vazamentos através da observação de repentinas quedas de pressão;

• Identificação de situações potenciais de vazamentos através da observação de repentinas elevações de pressão, decorrentes de manobras equivocadas ou setorização inadequada;

• Identificação de necessidades de otimização de rede, haja vista o descumprimento dos limites de pressão admissíveis por Norma Brasileira (ABNT) ou por limite de resistência de materiais das tubulações;

• Redução das perdas de água na distribuição de 38% para 28% (IPD - índice nacional de cálculo de perda na distribuição);

• Redução de número de paradas desnecessárias dos equipamentos de boosters e estações elevatórias de água tratada;

• Sistematização de “feed backs” dos Operadores Volantes aos Operadores de Tratamento sobre a necessidade de aumentar ou reduzir a aplicação de cloro ou cal;

• Sistematização de “feed backs” dos Operadores Volantes aos Operadores de Tratamento sobre a necessidade de mudança de procedimentos de tratamento sempre que algum parâmetro físico-químico ou bacteriológico assim a justificarem;

• Eliminação da incidência de extravasamentos de reservatórios de distribuição;

• Identificação sistemática e pronta da necessidade de manutenções para fins de conserto de vazamentos, conserto ou revisão de válvulas redutoras de pressão, conserto ou revisão de equipamentos e acessórios de boosters ou elevatórias de água tratada e reservatórios de distribuição;

• Melhor intercâmbio entre quem opera com quem mantém e comercializa;

• Comunicação imediata à Comercialização (Atendimento ao Público) sempre que alguma anormalidade qualitativa ou quantitativa é constatada na distribuição de água potável;

• Maior integração entre as equipes de Tratamento/Laboratório e Operação da Distribuição, racionalizando-se tarefas já que todas fazem parte do Processo Operação e devem reportar-racionalizando-se ao Supervisor da CCP;

• Processo decisório integrado onde Operadores Volantes, de Tratamento e de Bombas, mantendo-se farta comunicação e adotando-se procedimentos padronizados e sistematizados com a CCP, responsável única pelo controle operacional da distribuição;

• Redução das reclamações de falta de água de 1,5 % para 1,1 %; e

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CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

A principal das conclusões advindo do gerenciamento da distribuição foi o fato de que todos os que operam o sistema (Operadores, Supervisores e Gerente de Operação) passaram a perseguir metas claras, denotando preocupação com resultados, que trazem em seu bojo a satisfação das reais necessidades dos consumidores, missão maior norteadora de empresas preocupadas com a qualidade total de seus serviços e produtos.

Recomenda-se, portanto, que ao se buscar qualidade se priorize primordialmente o controle da distribuição, condição “sine qua non” para se viabilizar a garantia da qualidade, assegurando-se melhores serviços e produtos, ao menor custo possível.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. CAMPOS, Vicente Falconi. Gerenciamento da Rotina. Belo Horizonte: Fundação Christiano Ottoni, 1994. 274 p.

2. CAMPOS, Vicente Falconi. TQC - Controle da Qualidade Total (no Estilo Japonês). Belo Horizonte: Fundação Christiano Ottoni, 1992. 229 p.

3. BÁGGIO, Mário Augusto. Operação & Manutenção. Londrina: SANEPAR, 1989. 25 p.

4. MARTINI, José Sidnei Colombo. Telemedição, Telesupervisão e Telecomando - um Sistema em Tempo Real para o controle do abastecimento de água numa Região Metropolitana. São Paulo: Universidade Estadual de São Paulo - USP, 1982. 247 p.

5. CETESB. Macromedição em Sistemas de Abastecimento de Água. São Paulo: Convênio BNH x CETESB, 1981. 788 p.

6. FILHO, Osmano Dellaretti & DRUMOND, Fátima Brant. Itens de Controle e Avaliação de Processos. Belo Horizonte: Fundação Christiano Ottoni, 1994. 151p.

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8. ERICSSON, Arvid Augusto. Controle Automático de Sistemas Urbanos de Distribuição de Água. Curitiba: SANEPAR, 1989. 21p.

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11. ERICSSON, Arvid Augusto & JÚNIOR, Ary Haro dos Anjos & FILHO, Júlio Espínola & NIELSEN, Mílton José & ESTEVES, Álvaro. Controle Operacional do Sistema de Distribuição de Água -Londrina/Cambé. Curitiba: SANEPAR, 1988. 17p.

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13. CAMPOS, Vicente Falconi. Gerenciamento pelas Diretrizes. Belo Horizonte: Fundação Christiano Ottoni, 1996. 331 p.CORREA, J. PEDRO. Case Naviraí - Resultados após um ano da Implantação. Curitiba: Relatório apresentado a SANESUL S.A., 1997. 33 p.

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