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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO UNIFESP ESCOLA PAULISTA DE POLÍTICA, ECONOMIA E NEGÓCIOS EPPEN PROGRAMA DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS ATUARIAIS

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO – UNIFESP

ESCOLA PAULISTA DE POLÍTICA, ECONOMIA E NEGÓCIOS – EPPEN PROGRAMA DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS ATUARIAIS

BEATRIZ BRAVO BRAILE

OS IMPACTOS DA CRISE DA COVID-19 NO MERCADO SEGURADOR BRASILEIRO EM 2020: UMA BREVE ANÁLISE NOS SEGMENTOS DE SAÚDE

SUPLEMENTAR E DANOS & RESPONSABILIDADES

Osasco, SP 2021

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BEATRIZ BRAVO BRAILE

OS IMPACTOS DA CRISE DA COVID-19 NO MERCADO SEGURADOR BRASILEIRO EM 2020: UMA BREVE ANÁLISE NOS SEGMENTOS DE SAÚDE

SUPLEMENTAR E DANOS & RESPONSABILIDADES

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Ciências Atuariais da Universidade Federal de São Paulo, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Bacharel em Ciências Atuariais

Orientador: Prof. Me. Humberto Gallucci

Osasco, SP 2021

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RESUMO

O objetivo deste estudo foi compreender os impactos decorrentes da crise da Covid-19 nas arrecadações de prêmio no mercado segurador brasileiro no ano de 2020, em especial, nos segmentos de Saúde Suplementar e Danos & Responsabilidades.

A estratégia utilizada foi analisar o comportamento passado, isto é, antes do ano pandêmico, para depois comparar o comportamento da variável durante o ano de 2020, e, assim, notar resultados expressivos que nos tragam conclusões sobre o desempenho deste mercado.

Foi coletado dados de arrecadação de prêmios divulgados pela CNSeg (Confederação Nacional das Seguradoras), entre o período de 2015 e 2020. Primeiramente, foi analisado o desempenho dos anos de 2015 a 2019. Após, foi analisado o ano de 2020 separadamente para fins comparativos de desempenho. Para este estudo foram selecionados apenas os segmentos de Saúde Suplementar e Danos & Responsabilidades. Foram coletados também dados divulgados pelo SES (Sistema de Estatísticas da SUSEP) e pela ANS (Agência Nacional de Saúde) a fim de complementar as análises.

Após análises feitas, é possível concluir que o mercado segurador se apresentou resiliente em 2020. Mesmo em um período adverso, o mercado arrecadou cerca de R$ 550,9 bilhões em prêmios, 3% a mais do que arrecadado no ano anterior.

A luz do segmento de Saúde Suplementar, o setor teve o duplo trabalho em 2020 de continuar o atendimento de urgências médico-hospitalares, bem como o atendimento de complicações médicas dadas pelo agravamento da Covid-19 no estado de saúde de pacientes. O crescimento de 5% na arrecadação total do ano, cerca de R$ 227,2 bilhões em prêmios no ano de 2020, é avaliado de forma positiva pela Autora.

O segmento de Danos & Responsabilidades arrecadou cerca de R$ 78,3 bilhões em 2020, um aumento de 6% do total arrecadado no ano anterior. Comparando com as projeções feitas pela CNSeg ao final de 2019, o segmento cresceu as expectativas do mercado. Englobando diferentes ramos e, portanto, diferentes setores da economia brasileira, é possível notar uma espécie de balanço entre as altas e baixas arrecadações dentro do segmento. Foi abordado análises de desempenho individuais dos ramos de Automóveis, Marítimos e Aeronáuticos, Garantia Estendida, Cyber Risks, e “Outros”.

Palavras-chave: Mercado Segurador, Seguros, Covid-19, Pandemia, Saúde Suplementar, Danos & Responsabilidades, Automóveis, Marítimos e Aeronáuticos, Garantia Estendida, Cyber Risks, Riscos de Petróleo.

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ABSTRACT

The objective of this research was to understand the impacts resulting from the Covid-19 crisis on premium collections in the Brazilian insurance market in 2020, especially in the Supplementary Health and Damages & Liabilities segments.

The strategy used was to analyze past behavior, that is, before the pandemic year, and then compare the behavior of the variable during 2020, and thus note expressive results that bring us conclusions about the performance of this market.

Premium collection data published by CNSeg (National Confederation of Insurers) between the period 2015 and 2020 was collected. First, the performance of the years 2015 to 2019 was analyzed. Afterwards, the year 2020 was analyzed separately for comparative purposes of performance. For this study, only the Supplementary Health and Damages & Liabilities segments were selected. Data released by the SES (SUSEP Statistics System) and by the ANS (National Health Agency) were also collected to complement the analyses.

After analysis, it is possible to conclude that the insurance market was resilient in 2020. Even in an adverse period, the market collected around R$ 550.9 billion in premiums, 3% more than collected in the previous year.

In the light of the Supplementary Health segment, the sector had the double task in 2020 of continuing the care of medical-hospital emergencies, as well as the care of medical complications caused by the deterioration of Covid-19 in the health status of patients. The 5% growth in total collection for the year, around R$227.2 billion in premiums in 2020, is positively evaluated by the Author.

The Damages & Liabilities segment collected around R$78.3 billion in 2020, an increase of 6% of the total collected in the previous year. Comparing with the projections made by CNSeg at the end of 2019, the segment increased market expectations. Encompassing different branches and, therefore, different sectors of the Brazilian economy, it is possible to notice a kind of balance between the high and low incomes within the segment. Individual performance analyzes of the Automobile, Maritime and Aeronautical, Extended Warranty, Cyber Risks, and “Others” branches were addressed.

Keywords: Insurance Market, Insurance, Covid-19, Pandemic, Supplementary Health, Damages & Liabilities, Automobile, Maritime and Aeronautical, Extended Warranty, Cyber Risks, Oil Risk.

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Evolução anual da arrecadação de prêmios no mercado segurador entre 2015 e 2020, em bilhões de reais ... 22 Gráfico 2 – Evolução anual da participação na arrecadação de prêmios de cada segmento no mercado segurador entre 2015 e 2020 ... 22 Gráfico 3 – Evolução anual da arrecadação de prêmios do segmento Saúde Suplementar entre 2015 e 2020, em bilhões de reais ... 23 Gráfico 4 – Evolução trimestral de prêmios arrecadados no segmento de Saúde Suplementar entre 2015 e 2020, em bilhões de reais ... 24 Gráfico 5 – Evolução anual da arrecadação de prêmios por ramo do segmento de Saúde Suplementar entre 2015 e 2020, em bilhões de reais ... 25 Gráfico 6 - Evolução anual da arrecadação de prêmios do segmento de Danos & Responsabilidades entre 2015 e 2020, em bilhões de reais ... 28 Gráfico 7 - Evolução anual da participação dos ramos na arrecadação de prêmios do segmento de Danos & Responsabilidades, entre 2015 e 2020... 29 Gráfico 8 – Evolução trimestral da arrecadação de prêmios do ramo de Automóvel entre 2019 e 2020, em bilhões de reais ... 30 Gráfico 9 - Evolução trimestral da arrecadação de prêmios do ramo de Marítimos e Aeronáuticos entre 2019 e 2020, em milhões de reais ... 32 Gráfico 10 – Evolução anual da arrecadação de prêmios do ramo de “Outros” entre 2015 e 2020, em milhões de reais. ... 33 Gráfico 11 - Evolução anual da arrecadação de prêmios do seguro de “Riscos de Petróleo” entre 2015 e 2020, em milhões de reais... 34 Gráfico 12 - Evolução trimestral da arrecadação de prêmios do ramo de Garantia Estendida entre 2019 e 2020, em milhões de reais... 36

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ... 8

2. REVISÃO DE LITERATURA ... 9

3. METODOLOGIA ... 13

3.1. Questionário para análise do total arrecadado no mercado segurador brasileiro ... 14

3.2. Questionário para análise do total arrecadado no segmento de Saúde Suplementar . 15 3.3. Questionário para análise do total arrecadado no segmento de Danos & Responsabilidade ... 17

4. ANÁLISE DE RESULTADOS ... 21

4.1. O mercado segurador brasileiro ... 21

4.2. O segmento de Saúde Suplementar ... 23

4.3. O segmento de Danos & Responsabilidades ... 27

5. CONCLUSÃO ... 38

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1. INTRODUÇÃO

Não há dúvidas que o ano de 2020 foi marcado pelo novo coronavírus, a Covid-19. Este foi marcado não somente pela manifestação do vírus em todo o globo, mas principalmente, pelo seu comportamento e como este impactou as relações humanas.

A pandemia trouxe consigo mudanças cruciais na geopolítica, nas economias globais, seja as de longa data, seja aquelas ainda em desenvolvimento, nas relações sociais de trabalho, consumo e convívio. Transformações que impactaram os diversos ramos de atividade na economia do país. Não obstante, o mercado de seguros, representando cerca de 6,7% da economia brasileira atualmente, apresentou resultados importantes que valem ser analisados e discutidos.

Esta pesquisa teve como objetivo compreender os impactos, positivos e negativos, decorrentes da crise econômica-social-política instaurada pela pandemia da Covid-19 nas arrecadações de prêmio no mercado segurador brasileiro no ano de 2020, em especial, nos segmentos de Saúde Suplementar e Danos & Responsabilidades.

Tendo ciência da característica deste mercado em assegurar o patrimônio de seus segurados de eventuais perdas, parciais ou totais, a hipótese inicial foi presumir que, no mínimo, o mercado segurador brasileiro se apresentou resiliente perante a crise causada pela pandemia da Covid-19.

De início, se acreditou que os ramos associados a saúde e mobilidade teriam sido os mais afetados devido, primeiro, as graves complicações que o vírus causa no quadro de saúde de pacientes infectados, e segundo, as medidas restritivas de circulação de pessoas impostas pelos planos de quarentena nas populações.

Adiante, será apresentado a revisão de literatura, no qual transcreve o cenário e os principais acontecimentos ocorridos no mundo e no país no início de 2020, antes da declaração da pandemia, nos meses entre março e junho, meses iniciais e mais críticos da pandemia, e o cenário no segundo semestre do ano. A revisão da literatura consta também os principais resultados econômicos do fechamento do ano de 2020.

Em seguida, é apresentada toda a metodologia utilizada para a construção da pesquisa, bem como os questionários de investigação criados. Por fim, é discorrido análises de resultados do volume total da arrecadação de prêmios de todo o mercado segurador, bem como um maior aprofundamento de análises nos segmentos de Saúde Suplementar e Danos & Responsabilidades, e todos os ramos que os compõe.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

A crise provocada pela pandemia do novo coronavírus em 2020 gerou mudanças cruciais na geopolítica, na atuação das economias mundiais, e nos comportamentos de consumo das sociedades. Mudanças que afetam todos os mercados, e seus stakeholders. Os acontecimentos nas principais economias do mundo desencadeiam consequências nas economias emergentes, como o Brasil. As consequências deste movimento direcionam políticas fiscais por parte do governo, influenciando nas relações de consumo e demanda no País. E o mercado de seguros não sai ileso deste cenário.

Segundo Kugler e Ofoghi (2005), a conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) de 1964 em Genebra (a primeira realizada), revelou o impacto do seguro e resseguro nas economias, sendo reconhecido sua importância para o crescimento e desenvolvimento econômico dos países.

É possível afirmar que as atividades desempenhadas pelo mercado de seguros, tanto como intermediário financeiro, quanto provedor de transferência de risco e indenização proporcionam o crescimento econômico ao gerenciar os riscos de maneira mais eficiente (ARENA, 2006).

Podemos destacar também que, de acordo com FEYEN, LESTER E ROCHA (2011), o mercado segurador, ao reduzir a incerteza e o impacto de grandes perdas, encoraja novos investimentos, inovação e concorrência.

Portanto, analisar o cenário econômico é essencial para compreender o comportamento dos stakeholders no mercado de seguros, e assim, compreender com maior veracidade e robustez o desempenho deste mercado no período de crise da Covid-19.

Primeiramente, não é cabível comparar esta crise com crises anteriores, como a de 2008 por exemplo. De acordo com Ángela Talavera, chefe de análise da Ofxord Economics na Europa, diferente da crise de 2008, uma crise que enfrentou o colapso do setor bancário hipertrofiado e pouco regulado, afetando o consumo das populações, a crise da Covid-19 é uma crise híbrida. Isto é, esta crise apresenta choques tanto na demanda, quanto na oferta de bens e serviços, afetando, em suma, todos os países do globo. Não só isso, mas também a possibilidade, hoje já comprovada, de vários ciclos e ondas de contaminação, prolongando ainda mais o tempo de incerteza e possível recuperação para um novo período de estabilidade política-econômica-social.

Antes lembremos do cenário no início de 2020. A política e a economia estavam voltadas para os avanços nas negociações entre Estados Unidos e China após longa data de “guerra comercial”, bem como a redução de atritos causados pelo Brexit com a expectativa de

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líderes conservadores britânicos realizarem a saída do Reino Unido da União Europeia com menor danos à economia do continente. Não só isso, mas também um possível conflito armado após ataque norte-americano a Bagdá, no Irã, levando a morte do general iraniano Qasem Soleimani, importante líder do país, aumentando a tensão geopolítica no Oriente Médio e, consequentemente, aumentando os preços do petróleo.

Neste mesmo período, já havia relatos sobre uma epidemia em Wuhan, capital e maior província em Hubei, na China, causada por um novo coronavírus, a Covid-19. Devido ao pouco conhecimento sobre a doença, houve um menosprezo quanto a gravidade que este vírus poderia desencadear por parte dos governos, em especial, o governo chinês.

Enquanto isso, o Brasil vinha passando por reformas estruturais nos últimos anos, levando um ambiente mais favorável para os mercados. Em destaque, a aprovação das reformas trabalhista e previdenciária, e a emenda do teto de gastos do governo federal, levaram otimismo nos mercados com redução na inflação e redução na taxa real de juros, aumentando a busca por investimentos com maior retorno e, portanto, maiores riscos. Importante mencionar a redução gradual do desemprego, levando uma maior ocupação, sobretudo, informal devido ao crescimento da “economia de aplicativos”, com a intermediação de transporte urbano, entregas e outros.

Analisando o cenário político brasileiro, este vinha com grandes expectativas para andamento das reformas e maiores articulações entre Executivo e Legislativo. Entre as reformas ainda pendentes se encontravam a reforma tributária, a PEC da emergência fiscal e do pacto federativo. Porém, estas reformas não vinham caminhando na velocidade e direção adequadas, transparecendo um menor senso de urgência pelo governo. Havia também expectativas para as eleições municipais e suas influências futuras nas eleições presidenciais de 2022. O governo federal investiu em medidas a curto prazo, criando incertezas de um crescimento sustentável da economia do País.

No dia 8 de março de 2020, a aversão ao risco tomou contornos de pânico com um conflito entre dois dos maiores produtores de petróleo do mundo, a Arábia Saudita e a Rússia, levando o preço do barril, que já estava baixo por conta dos temores do efeito do coronavírus sobre a demanda mundial, cair cerca de 20%. Em resposta à ausência de acordo entre Moscou e a OPEP, Organização dos Países Produtores de Petróleo, para diminuir a produção e segurar os preços, a Arábia Saudita, aproveitando a oportunidade, anunciou que iria acelerar a produção e vender seus estoques com desconto, afetando a economia americana, cuja produção de petróleo vinha ganhando espaço no mercado nos últimos anos. Com isso, bolsas do mundo inteiro começam a desabar, e os “circuit breakers”, isto é, gatilhos acionados para que as quedas

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não excedam determinado patamar, se tornaram quase rotina. Tal acontecimento refletiu no desempenho de arrecadações de prêmios no seguro “Riscos de Petróleo”, como será abordado mais adiante.

No dia 11 de março, Tedros Adhanom, diretor geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), declarou pandemia do novo coronavírus devido a rápida disseminação geográfica e, até então, não se tinha conhecimento da gravidade da doença. A fim de amenizar este cenário de crise, governos de todo o globo declararam estado de emergência e começaram a publicar diversas medidas provisórias a fim de levar liquidez por meio de crédito a empresas e famílias. A partir de então, os direcionamentos da geopolítica tinham como premissa as medidas restritivas de mobilidade urbana e pacote de medidas econômicas por parte de governos, o desempenho das equipes médicas no tratamento de casos graves que o vírus causava, e o desenvolvimento de vacinas para imunização do novo coronavírus.

Os dois meses seguintes foram marcados pela incerteza. As medidas mais rígidas de lockdown foram aplicadas em todo o globo, no qual apenas serviços essenciais poderiam estar abertos, por um determinado período do dia. Rapidamente o vírus se propagou chegando às capitais e para o interior do país. Assim, o governo brasileiro atuou com diversas medidas fiscais para auxílio da população e de organizações, como o apoio temporário à renda das famílias vulneráveis, a ampliação do programa Bolsa Família com a inclusão de mais de 1 milhão de beneficiários, as transferências de renda para trabalhadores informais e desempregados, e a redução de impostos e taxas de importação para suprimentos médicos essenciais. Destas, podemos destacar o Auxílio Emergencial, o qual beneficiou mais cerca de 67,9 milhões de brasileiros no ano, cerca de 1/3 da população do país. Foi desembolsado pelo governo cerca de R$ 294 milhões, com efeito mais significativo nas famílias de estados do Norte e Nordeste, de acordo com o IPEA.

O segundo semestre de 2020 apresentou maior otimismo em relação aos primeiros meses de pandemia, porém ainda com incertezas. Após abertura de economias, notou-se uma segunda onda de contágio em países europeus e os Estados Unidos. Houve também um crescimento da doença em países emergentes, como a Índia, países latino-americanos, e o próprio Brasil, no qual estabilizou em patamares altos tanto o número de casos, quanto o número de mortes em razão do novo coronavírus. Contudo, houve avanços no desenvolvimento de projetos de pesquisa sobre vacinas, levando governos planejarem a produção e distribuição em massa mesmo sem comprovação da eficácia das próprias vacinas. Não só isso, mas também os profissionais da saúde ganharam maior experiência no tratamento e atuação com a doença do que nos primórdios da epidemia.

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Em relação aos resultados fechados em 2020, o PIB do país registrou uma queda de 4,1% em 2020 em relação ao ano anterior. Em valores correntes, o PIB atingiu os 7,4 trilhões de reais, resultado que terminou em linha com a expectativa de mercado. Destes, 86% são decorrentes do VA (Valor Adicionado) a preços básicos, enquanto os restantes 14% são de Impostos sobre Produtos Líquidos de Subsídios.

De acordo com o IBGE, o PIB per capita decresceu 4,8% em termos reais (já descontada a inflação) em 2020, alcançando R$ 35.172. Já a taxa de investimento atingiu 16,4% do PIB, acima do observado em 2019, no qual estava em 15,4%. A taxa de poupança alcançou os 15,0%, em comparação com os 12,5% observados em 2019.

Dentre as atividades econômicas, a agropecuária foi a única que apresentou crescimento (+2,0%) em relação a 2019, resultado que levou uma maior participação do PIB, de 5,1% em 2019 para 6,8% no ano de 2020. Segundo o IBGE, essa alta ocorreu pelo crescimento e ganho de produtividade das lavouras, com destaque para a soja (7,1%) e o café (24,4%), que alcançaram produções recordes na série histórica.

Já o setor mais representativo no PIB (70%), o setor de serviços (no qual inclui o setor de comércio), teve queda acumulada de 4,5%, consequência direta do descontrole da pandemia da Covid-19, que impossibilitou o retorno à normalidade de atividades que demandam a presença física dos consumidores. O caráter único da pandemia do coronavírus foi o impacto desigual sobre o PIB como um todo. A queda do comércio e indústria foram menores que o esperado por conta dos novos hábitos de consumo do brasileiro, além da necessidade de ficar em casa fez o gasto com serviços ser substituído pela compra de bens.

Na mesma linha do setor de serviços, o setor industrial teve uma queda de 3,5%, muito impulsionada pelos veículos automotores, reboques e carrocerias, nos quais apresentaram recuo de 28,1% em relação a 2019. Outras contribuições negativas importantes vieram dos ramos de confecção de artigos do vestuário e acessórios (-23,7%), indústrias extrativas (-3,4%) e metalurgia (-7,2%). Destaque para produtos alimentícios, um dos únicos que apresentaram crescimento dentro deste setor (+4,2%).

A economia brasileira já avançava em ritmo relativamente lento antes do impacto da pandemia. O início de 2021 foi marcado por um cenário fiscal delicado, juros futuros elevados, mercado de trabalho fragilizado e um cenário ainda incerto em relação à dinâmica da pandemia, apesar das boas notícias em relação aos programas de vacinação. Mesmo neste contexto, é necessário reconhecer a decisiva contribuição setorial de seguros em 2020 para a proteção de rendas e patrimônios ameaçados pela queda do rendimento médio do trabalho, pelo desemprego em níveis altos e pela estagnação do produto de amplos segmentos produtivos.

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3. METODOLOGIA

Para compreender os impactos da crise da Covid-19 no mercado segurador brasileiro em 2020, foram coletados dados de arrecadação de prêmios disponíveis no site da Confederação Nacional das Seguradoras, a CNSeg, que apresenta dados do setor classificados em 4 principais segmentos: Saúde Suplementar, Cobertura de Pessoas, Danos & Responsabilidades, e Capitalização. Para este estudo foram selecionados os segmentos de Saúde Suplementar e Danos & Responsabilidades. Esta base de dados tem como referência o Sistema de Estatísticas da SUSEP, o SES, e a Agência Nacional de Saúde Suplementar, a ANS. Foram também coletados dados nestas últimas fontes mencionadas para complementação de análises. Importante frisar que os dados divulgados pela CNSeg não consideram os prêmios arrecadados do seguro DPVAT, e, portanto, não foram considerados nesta pesquisa.

A estratégia utilizada foi analisar o comportamento passado, isto é, antes do ano pandêmico, para depois analisar e comparar o comportamento da variável durante o ano de 2020, e, assim, notar resultados expressivos que nos levem a conclusões de desempenho dentro deste setor.

Foi analisado o comportamento dos segmentos de Saúde Suplementar e Danos & Responsabilidades, em sua totalidade e por ramo dos últimos 5 anos antes do ano pandêmico, entre 2015 e 2019, bem como separadamente o ano de 2020. Para análise dos últimos 5 anos, foi utilizado o CAGR (em inglês, Compound Annual Growth Rate), indicador no qual calcula a taxa de crescimento anual composta. A fórmula de cálculo do CAGR se encontra abaixo, no qual “VF” é o Valor Final, “VI” é o Valor Inicial e “n” é o total do período analisado, na mesma unidade de tempo.

Nesta pesquisa, “VF” seria o montante de prêmios arrecadados em 2019, “VI” seria o montante de prêmios arrecadados em 2015, e “n” seria 5 meses.

A CNSeg publicou em novembro de 2019 projeções feitas para o mercado de seguros total e abrindo em alguns grupos e ramos. Estas também foram consideradas na pesquisa, mas não utilizadas como forma de avaliação de desempenho sobre tal segmento, ou ramo. Isto porque as projeções feitas pela equipe técnica da CNSeg não levaram em consideração a possibilidade de uma pandemia no ano em questão. Estas projeções foram apenas consideradas para compreender as expectativas do mercado no final de 2019 quanto ao possível desempenho no ano de 2020, sendo assim uma percepção da CNSeg e, portanto, dos stakeholders deste

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mercado. Vale mencionar que a CNSeg não realizou projeções em 2020 após esta última publicada, e utilizada na pesquisa, devido ao momento de crise decorrente da pandemia, no qual a equipe técnica declarou não estar em posição segura para prever comportamentos do mercado em meio à incertezas e instabilidades na economia brasileira influenciando o próprio setor.

Sabendo que cada segmento no mercado de seguros possui suas particularidades e comportamento, foram criados questionários para cada um destes segmentos analisados neste estudo, além de um questionário analisando o mercado de seguros total. De acordo com Gil (1999, p.128), o questionário pode ser definido “como a técnica de investigação composta por um número mais ou menos elevado de questões apresentadas por escrito às pessoas, tendo por objetivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas, situações vivenciadas etc.”. Assim, os questionários construídos pela Autora auxiliaram a embasar as análises em uma linearidade de tempo, e compreender o comportamento da variável “prêmio arrecadado” desde os resultados totais, ao mais particular de cada segmento. Abaixo segue os questionários criados.

3.1.Questionário para análise do total arrecadado no mercado segurador brasileiro

3.1.1. Em relação ao todo arrecadado:

3.1.1.1.Qual foi a variação na arrecadação de prêmios nos últimos 5 anos, antes de 2020? Isto é, quanto este segmento vinha crescendo nos últimos 5 anos, antes do ano pandêmico?

3.1.1.2.Qual era a expectativa de crescimento deste segmento em 2020 de acordo com projeções feitas pela CNSeg no final de 2019?

3.1.1.3.Quanto este segmento arrecadou em prêmios, em 2020?

3.1.1.4.Este valor é menor, igual, ou maior em relação ao arrecadado em 2019? 3.1.1.5.Qual foi sua variação em relação ao arrecadado em 2019? Isto é, quanto este

segmento cresceu em 2020, em relação a 2019?

3.1.1.6.Este segmento decresceu, cresceu ou se manteve igual no ano de 2020 em relação a variação calculada nos últimos 5 anos, antes do ano pandêmico? Isto é, este segmento acompanhou o crescimento dos últimos 5 anos, antes de 2020?

3.1.2. Em relação a participação de cada segmento:

3.1.2.1.Qual foi a participação de cada segmento no total de prêmios arrecadado entre 2015 e 2019 no mercado segurador?

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3.1.2.2.Qual foi a participação de cada segmento no total arrecadado de prêmios em 2020 no mercado segurador?

3.1.2.3.Este cenário acompanha o resultado dos últimos 5 anos? Isto é, houve alterações significantes na participação dos segmentos no mercado segurador?

3.2.Questionário para análise do total arrecadado no segmento de Saúde Suplementar

3.2.1. Em relação ao todo arrecadado:

3.2.1.1.Qual foi a variação na arrecadação de prêmios nos últimos 5 anos, antes de 2020? Isto é, quanto este segmento vinha crescendo nos últimos 5 anos, antes do ano pandêmico?

3.2.1.2.Qual era a expectativa de crescimento deste segmento em 2020 de acordo com projeções feitas pela CNSeg no final de 2019?

3.2.1.3.Quanto este segmento arrecadou em prêmios, em 2020?

3.2.1.4.Este valor é menor, igual, ou maior em relação ao arrecadado em 2019? 3.2.1.5.Qual foi sua variação em relação ao arrecadado em 2019? Isto é, quanto este

segmento cresceu em 2020, em relação a 2019?

3.2.1.6.Este segmento decresceu, cresceu ou se manteve igual no ano de 2020 em relação a variação calculada nos últimos 5 anos, antes do ano pandêmico? Isto é, este segmento acompanhou o crescimento dos últimos 5 anos, antes de 2020?

3.2.2. Em relação ao arrecadado por trimestre:

3.2.2.1.Qual foi o trimestre com maior volume de arrecadações de prêmio em 2019, neste segmento?

3.2.2.2.Qual foi o trimestre com maior volume de arrecadações de prêmio em 2020, neste segmento?

3.2.2.3.O trimestre com maior volume de arrecadações em 2020 é o mesmo no ano de 2019? Isto é, este último resultado acompanha o ocorrido em 2019? 3.2.2.4.Qual foi a variação deste último trimestre em relação a 2019?

3.2.2.5.Qual foi o trimestre com menor volume de arrecadações de prêmio em 2019, neste segmento?

3.2.2.6.Qual foi o trimestre com menor volume de arrecadações de prêmio em 2020, neste segmento?

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3.2.2.7.O trimestre com menor volume de arrecadações em 2020 é o mesmo no ano de 2019? Isto é, este último resultado acompanha o ocorrido em 2019? 3.2.2.8.Qual foi a variação deste último trimestre em relação a 2019?

3.2.3. Em relação aos beneficiários registrados:

3.2.3.1.Qual foi a variação de beneficiários registrados nos planos de saúde privados nos últimos 5 anos, antes de 2020? Isto é, qual foi a média anual de crescimento de beneficiários registrados nos últimos 5 anos, antes do ano pandêmico?

3.2.3.2.Quantos beneficiários foram registrados em planos de saúde privados em 2019?

3.2.3.3.Quantos beneficiários foram registrados em planos de saúde privados em 2020?

3.2.3.4.O volume de beneficiários registrados em 2020 é menor, igual ou maior em relação a 2019?

3.2.3.5.Qual foi sua variação em relação aos beneficiários registrados em 2019? 3.2.3.6.O volume de beneficiários registrados decresceu, cresceu ou se manteve

igual em relação a variação deste nos últimos 5 anos, antes de 2020? 3.2.4. Em relação a cada ramo:

3.2.4.1.Qual foi a variação na arrecadação de prêmios deste ramo nos últimos 5 anos, antes de 2020?

3.2.4.2.Quanto este ramo arrecadou em prêmios no ano de 2020?

3.2.4.3.Qual foi a variação na arrecadação de prêmios deste último ramo no ano de 2020 em relação ao arrecadado em 2019?

3.2.4.4.O volume arrecadado decresceu, cresceu ou se manteve igual em relação a variação deste nos últimos 5 anos, antes do ano pandêmico? Isto é, este ramo acompanhou o crescimento dos últimos 5 anos, antes de 2020?

3.2.5. Em relação ao prêmio médio per capita:

3.2.5.1.Qual foi a variação prêmios médio arrecadados, isto é, o volume médio de prêmios arrecadados por total de beneficiários registrados, nos últimos 5 anos, antes do ano pandêmico? Isto é, qual foi crescimento do prêmio médio per capita entre 2015 e 2019?

3.2.5.2.Qual foi a proporção de volume médio de prêmios arrecadados por total de beneficiários registrados em 2019? Isto é, qual foi o prêmio médio per capita em 2019?

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3.2.5.3.Qual foi a proporção de volume médio de prêmios arrecadado por total de beneficiários registrados em 2020? Isto é, qual foi o prêmio médio per capita em 2020?

3.2.5.4.Qual foi a variação desta proporção calculada no ano de 2020 em relação ao arrecadado em 2019? Isto é, quanto o prêmio médio per capita de 2020 variou em relação ao calculado em 2019?

3.2.5.5.O prêmio médio per capita decresceu, cresceu ou se manteve igual em relação a variação deste nos últimos 5 anos, antes do ano pandêmico? Isto é, o prêmio médio per capita acompanhou o crescimento dos últimos 5 anos, antes de 2020?

3.3.Questionário para análise do total arrecadado no segmento de Danos & Responsabilidade

3.3.1. Em relação ao todo arrecadado:

3.3.1.1.Qual foi a variação na arrecadação de prêmios nos últimos 5 anos, antes de 2020? Isto é, quanto este segmento vinha crescendo nos últimos 5 anos, antes do ano pandêmico?

3.3.1.2.Qual era a expectativa de crescimento deste segmento em 2020 de acordo com projeções feitas pela CNSeg no final de 2019?

3.3.1.3.Quanto este segmento arrecadou em prêmios, em 2020?

3.3.1.4.Este valor é menor, igual, ou maior em relação ao arrecadado em 2019? 3.3.1.5.Qual foi sua variação em relação ao arrecadado em 2019? Isto é, quanto este

segmento cresceu em 2020, em relação a 2019?

3.3.1.6.Este segmento decresceu, cresceu ou se manteve igual no ano de 2020 em relação a variação calculada nos últimos 5 anos, antes do ano pandêmico? Isto é, este segmento acompanhou o crescimento dos últimos 5 anos, antes de 2020?

3.3.2. Em relação ao prêmio médio arrecadado mensal:

3.3.2.1.Qual era o prêmio médio arrecadado mensal deste segmento nos últimos 3 anos, antes do ano pandêmico?

3.3.2.2.Qual foi o prêmio médio arrecadado mensal deste segmento durante o ano de 2020?

3.3.2.3.O valor médio arrecadado mensal em 2020 foi menor, igual, ou maior em relação ao arrecadado nos últimos 3 anos, antes de 2020?

(18)

3.3.2.4.Qual foi a variação do prêmio médio arrecadado mensal deste segmento entre estes dois períodos?

3.3.3. Em relação aos meses do período:

3.3.3.1.Qual mês houve o maior volume de arrecadações de prêmio deste segmento em 2019?

3.3.3.2.Qual mês houve o maior volume de arrecadações de prêmio deste segmento em 2020?

3.3.3.3.O mês com maior volume de arrecadações de prêmio em 2020 é o mesmo que em 2019? Isto é, o resultado de 2020 acompanha o de 2019?

3.3.3.4.Qual mês houve o menor volume de arrecadações de prêmio deste segmento em 2019?

3.3.3.5.Qual mês houve o menor volume de arrecadações de prêmio deste segmento em 2020?

3.3.3.6.O mês com menor volume de arrecadações de prêmio em 2020 é o mesmo que em 2019? Isto é, o resultado de 2020 acompanha o de 2019?

3.3.4. Em relação a participação dos ramos:

3.3.4.1.Qual foi a participação de cada ramo no total arrecadado entre 2015 e 2019 no mercado segurador?

3.3.4.2.Qual foi a participação de cada ramo no total arrecadado em 2020 no mercado segurador?

3.3.4.3.Houve variações significantes na participação dos ramos no total do segmento? Isto é, o resultado de 2019 acompanha o apresentado nos últimos 5 anos?

3.3.5. Em relação ao comportamento na arrecadação de prêmios de cada ramo: 3.3.5.1.Qual foi a variação na arrecadação de prêmios deste ramo nos últimos 5 anos,

antes de 2020?

3.3.5.2.Se há projeção de arrecadação deste ramo feita pela CNSeg, qual era a expectativa de crescimento deste ramo para 2020 no final do ano de 2019? 3.3.5.3.Quanto este ramo arrecadou em 2020?

3.3.5.4.Este valor é menor, igual ou maior ao arrecadado em 2019?

3.3.5.5.Qual foi a variação deste último ramo no ano de 2020 em relação ao arrecadado em 2019? Isto é, quanto de fato este último ramo cresceu?

(19)

3.3.5.6.Este ramo acompanhou o crescimento dos últimos 5 anos, antes de 2020? Isto é, ele decresceu, cresceu ou se manteve igual em relação a variação dele nos últimos 5 anos, antes de 2020?

3.3.6. Em relação a arrecadação de prêmios por ramo neste segmento: 3.3.6.1.Qual ramo teve maior arrecadações de prêmio em 2019?

3.3.6.2.Qual ramo teve maior arrecadações de prêmio em 2020?

3.3.6.3.O ramo com maior volume de arrecadações em 2020 é o mesmo que em 2019?

3.3.6.4.Qual foi a variação na arrecadação deste último ramo em relação ao arrecadado em 2019?

3.3.6.5.Qual ramo teve menor arrecadações de prêmio em 2019? 3.3.6.6.Qual ramo teve menor arrecadações de prêmio em 2020?

3.3.6.7.O ramo com menor volume de arrecadações em 2020 é o mesmo que em 2019?

3.3.6.8.Qual foi a variação na arrecadação deste último ramo em relação ao arrecadado em 2019?

3.3.7. Em relação ao crescimento dos ramos neste segmento: 3.3.7.1.Qual ramo mais cresceu em 2019?

3.3.7.2.Qual ramo mais cresceu em 2020?

3.3.7.3.O ramo que mais cresceu em 2020 é o mesmo no ano de 2019? Isto é, este resultado acompanha o ocorrido em 2019?

3.3.7.4.Qual foi a variação deste último ramo nos últimos 5 anos, antes de 2020? 3.3.7.5.Qual foi a variação deste último ramo em relação ao arrecadado em 2019?

Isto é, quanto este último ramo de fato cresceu?

3.3.7.6.Este ramo acompanhou o crescimento dos últimos 5 anos, antes de 2020? Isto é, ele decresceu, cresceu ou se manteve igual em relação a variação dele nos últimos 5 anos, antes de 2020?

3.3.7.7.Qual ramo mais decresceu em 2019? 3.3.7.8.Qual ramo mais decresceu em 2020?

3.3.7.9.O ramo que mais decresceu em 2020 é o mesmo no ano de 2019? Isto é, este resultado acompanha o ocorrido em 2019?

3.3.7.10. Qual foi a variação deste último ramo nos últimos 5 anos, antes de 2020? 3.3.7.11. Qual foi a variação deste último ramo em relação ao arrecadado em 2019?

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3.3.7.12. Este ramo acompanhou o crescimento dos últimos 5 anos, antes de 2020? Isto é, ele decresceu, cresceu ou se manteve igual em relação a variação dele nos últimos 5 anos, antes de 2020?

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4. ANÁLISE DE RESULTADOS

A pesquisa realizada analisa os 5 últimos anos antes de 2020 a fim de entender como os segmentos de Saúde Suplementar e de Danos & Responsabilidades tem se comportado no período, comparando os resultados apresentados em 2020 a fim de compreender os efeitos provocados pela crise da Covid-19, bem como cofatores influenciados por ela. Segue abaixo resultados observados.

4.1.O mercado segurador brasileiro

Em 2015, o mercado de seguros apresentava uma participação na economia do país em torno de 6,1%, em relação ao PIB nominal. A sua representatividade foi crescendo ao decorrer dos anos, chegando a 6,7% do PIB nominal em 2020.

De acordo com projeções feitas pela equipe técnica da CNSeg em novembro de 2019, a expectativa de crescimento deste mercado para 2020 era de 7%. O cenário político-econômico ao final deste ano tanto no globo, quanto no país, possibilitou projeções positivas para o ano seguinte, se alinhando com o crescimento médio dos últimos anos. Contudo, as projeções não englobaram um possível cenário de crise decorrente de uma pandemia, no qual de fato ocorreu no ano seguinte.

Mesmo em um período adverso, com instabilidades política-econômica-sociais no país, o mercado de seguros arrecadou cerca de R$ 550,9 bilhões em prêmios, excluindo o seguro DPVAT, crescendo cerca de 3% em relação a 2019. O mercado não acompanhou o crescimento médio anual dos últimos 5 anos. Entre 2015 e 2019, o mercado de seguros apresentava um crescimento médio anual de 6%. O Gráfico 1 abaixo apresenta a evolução anual da arrecadação de prêmios do mercado entre 2015 e 2020. A crise da Covid-19 impactou os diferentes ramos do mercado, tanto positiva, quanto negativamente. Estes impactos serão abordados ao decorrer das análises por segmento.

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Gráfico 1 – Evolução anual da arrecadação de prêmios no mercado segurador entre 2015 e 2020, em bilhões de reais

Fonte: Elaborado pela Autora com base nos dados da CNSeg (2021).

Analisando a arrecadação de prêmios por segmento, nota-se que a crise da Covid-19 não influenciou na participação de cada bloco no total arrecadado no mercado de seguros. O segmento de Saúde Suplementar continua dominante nas arrecadações de prêmios no mercado, seguido dos Planos de Acumulação, em principal, o VGBL, e do ramo de Automóveis, no segmento de Danos e Responsabilidades. O Gráfico 2 apresenta a evolução anual da participação de cada segmento no total de prêmios arrecadados no mercado, entre 2015 e 2020, no qual é possível visualizar este cenário.

Gráfico 2 – Evolução anual da participação na arrecadação de prêmios de cada segmento no mercado segurador entre 2015 e 2020

Fonte: Elaborado pela Autora com base nos dados da CNSeg (2021). 356,8 394,7 423,0 440,4 486,4 500,9 2015 2016 2017 2018 2019 2020 Mercado Segurador 41% 42% 43% 45% 44% 45% 36% 38% 37% 34% 35% 34% 17% 15% 15% 16% 15% 16% 6% 5% 5% 5% 5% 5% 2015 2016 2017 2018 2019 2020

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4.2.O segmento de Saúde Suplementar

O segmento de Saúde Suplementar desempenhou importante papel tanto no mercado de seguros, quanto em diversos setores da economia. A crise da Covid-19 foi, sobretudo, uma crise sanitária, no qual o setor de saúde como um todo enfrentou não só as adversidades graves de um vírus desconhecido, bem como a continuação de atendimento de demais urgências inerentes ao vírus.

Este segmento vinha em uma linha de crescimento médio anual de 8% nos últimos 5 anos. Representando cerca de 45% do total de arrecadações de prêmios no mercado de seguros, a expectativa da CNSeg ao final de 2019 era a de que o segmento de Saúde Suplementar continuasse a crescer de acordo com seu passado (8%).

Em 2020, o segmento fechou em R$ 227,2 bilhões na arrecadação de prêmios, 5% acima do total arrecadado em 2019. Isto é, Saúde Suplementar cresceu menos do que o mercado esperava para o ano pandêmico. Todavia, em meio a este contexto de adversidades decorrentes, direta ou indiretamente, do novo coronavírus, o crescimento na arrecadação de prêmios é avaliado de forma positiva para o mercado de seguros. O Gráfico 3 abaixo demonstra a evolução anual da arrecadação de prêmios entre 2015 e 2020.

Gráfico 3 – Evolução anual da arrecadação de prêmios do segmento Saúde Suplementar entre 2015 e 2020, em bilhões de reais

Fonte: Elaborado pela Autora com base nos dados da CNSeg (2021).

Analisando a periodicidade das arrecadações de prêmio, observa-se sazonalidade de maior volume de prêmios no quarto trimestre em todos os anos do período. O quarto trimestre de 2020 cresceu cerca de 4% em relação ao ano anterior.

146,3 164,1 181,7 199,4 216,2 227,2 2015 2016 2017 2018 2019 2020 Saúde Suplementar

(24)

Todavia, ao analisar o trimestre com menor volume de arrecadações, observa-se desvio na sazonalidade característica dos últimos 5 anos em 2020. Enquanto o primeiro trimestre em todo o período é constatado o menor volume de arrecadação de prêmios, em 2020 observa-se que o segundo trimestre apresenta esta característica. É possível observar a influência dos meses iniciais, e mais críticos, da pandemia marcado pela incerteza quanto ao combate contra o novo coronavírus, bem como no futuro da economia.

Importante destacar que ainda influenciado pelas fases da pandemia, o segmento de Saúde Suplementar apresentou aumento nas arrecadações em todos os trimestres em 2020 comparado aos últimos 5 anos. O segundo trimestre de 2020, por exemplo, trimestre no qual menos se arrecadou, cresceu 5% em relação ao mesmo período em 2019. O Gráfico 4 apresenta estas constatações.

Gráfico 4 – Evolução trimestral de prêmios arrecadados no segmento de Saúde Suplementar entre 2015 e 2020, em bilhões de reais

Fonte: Elaborado pela Autora com base nos dados da CNSeg (2021).

Não há como analisar o segmente de Saúde Suplementar sem considerar as vidas que nele são administradas. Assim, foi analisado o comportamento de beneficiários registrados pela ANS. A agência publica dados fechados do ano separado em duas categorias: beneficiários registrados em planos de Assistência Médica com ou sem Odontologia, e beneficiários registrados apenas em planos Odontológicos. Como estamos analisando o total de prêmios arrecadados do segmento, foi adotada a mesma metodologia para os beneficiários, analisando assim as duas categorias em conjunto.

Observa-se que os últimos 5 anos apresentaram em um crescimento médio anual de 1% no registro de beneficiários registrados, no qual os planos exclusivamente Odontológicos

34,7 38,9 43,5 46,6 51,5 55,9 35,7 40,3 44,4 50,3 52,7 55,5 37,3 41,8 45,9 50,7 55,5 56,8 38,7 43,1 48,0 51,9 56,5 59,0 2015 2016 2017 2018 2019 2020 T1 T2 T3 T4

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aumentaram, em média, cerca de 4% a.a. O total de beneficiários registrados em 2020 foi cerca de 74,6 milhões de vidas, 2% maior em relação ao total registrado em 2019, estando acima do crescimento médio anual dos últimos 5 anos. Observa-se também que o tipo de contratação Coletivos Empresariais continua dominando em ambas categorias.

Analisando o total arrecadado em prêmios por ramo, é possível perceber que ambos apresentavam um crescimento médio anual de 8% entre 2015 e 2019. O ramo Médico-Hospitalar cresceu 5% em relação a 2019, arrecadando cerca de R$ 221,4 bilhões. Já o ramo Odontológico cresceu 2% no total arrecadado em relação a 2019, gerando cerca de R$ 5,8 bilhões de prêmios ao segmento. Ambos, cresceram em média menos do que observado nos últimos 5 anos. Vale ressaltar que devido ao volume pequeno de arrecadação de prêmios, não foram analisados os dados do ramo Não-Segregável. O Gráfico 5 apresenta estas constatações.

Gráfico 5 – Evolução anual da arrecadação de prêmios por ramo do segmento de Saúde Suplementar entre 2015 e 2020, em bilhões de reais

Fonte: Elaborado pela Autora com base nos dados da CNSeg (2021).

Foi analisado também o prêmio médio mensal do segmento, no qual foi calculado a divisão entre o prêmio total arrecadado e o total de beneficiários registrados, dividido novamente por 12 meses.

Importante mencionar que o volume de arrecadações é segregado em categorias diferentes da distribuição dos beneficiários registrados pela ANS. Enquanto o volume de arrecadação segrega entre as categorias de Assistência Médico-Hospitalar e Odontológico, os beneficiários são categorizados em planos de Assistência Médico-Hospitalar, com ou sem Odontologia, e planos exclusivamente Odontológicos. Assim, não foi possível analisar o prêmio médio mensal por ramo deste segmento, apenas na sua totalidade.

142,4 159,8 177,0 194,1 210,5 221,4 3,9 4,3 4,7 5,3 5,7 5,8 2015 2016 2017 2018 2019 2020 Médico-Hospitalar Odontológico

(26)

O prêmio médio mensal arrecadado apresentava um crescimento médio anual de 7%, chegando a R$ 247,23 em 2019. O prêmio médio mensal arrecadado em 2020 foi de R$ 254,69, 3% acima do apresentado no ano anterior. É necessário considerar que o prêmio comercializado no mercado muito depende do tipo de contratação, da operadora de saúde contratada, da região no qual é comercializada, da rede de prestadores oferecida, do próprio estado de saúde da população usuária dos atendimentos nestes planos de saúde, entre outras variáveis as quais não couberam abordar nesta pesquisa.

Avaliando em geral os resultados apresentados neste segmento, é possível afirmar que, em meio ao cenário árduo e incerto para toda área de saúde no país, o setor apresenta bons resultados no volume arrecadado de prêmios.

No início da pandemia, era esperado uma queda nas arrecadações neste segmento devido à alta taxa de desocupação no país, no qual chegou a 14,1% ao final de 2020. A alta no desemprego seria o reflexo da crise econômica na saúde financeira das empresas do setor privado, levando ao desligamento em massa de funcionários e, portanto, elevada perda de beneficiários em planos de saúde e odontológico, uma vez que o tipo de contratação Coletivo Empresarial domina neste segmento, representando cerca de 70% do total de beneficiários registrados.

Não é possível afirmar que o número de beneficiários não foi impactado pela crise da Covid-19. Até porque o volume de beneficiários registrados estava crescendo anualmente, em média 8%, e no ano pandêmico, este crescimento caiu para 1%. Mas pode-se afirmar que a perda de beneficiários neste segmento não provocou queda no volume total de vidas registradas. Com a perda, mas não significativa, de beneficiários registrados neste segmento, e um aumento no total de prêmios arrecadados, é possível afirmar também que o ticket médio dos planos de saúde e odontológico encareceram no ano pandêmico. Em agosto de 2020, a ANS tomou a medida de suspensão e adiamento de reajustes nos contratos de benefício saúde e odontológico. Os índices de VCMH (Variação de Custos Médicos Hospitalares) e de VCO (Variação de Custos Odontológicos) foram suspendidos a fim dar “alívio financeiro” ao consumidor sem gerar quebra de contratos em massa. Mesmo com a medida observa-se aumento no ticket médio mensal entre 2020 e os últimos 5 anos do período de pesquisa, presumindo um encarecimento do prêmio médio mensal com maior relevância no ano de 2021. Podemos ainda destacar o bom desempenho que este segmento apresentou graças ao apoio, antes complementar, hoje necessário, das telessessões. Como alternativa às consultas presenciais, as telessessões foram o meio mais rápido e seguro adotado pelas operadoras de saúde para fornecer atendimento aos beneficiários no início da pandemia. Ainda é cedo para

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avaliar a efetividade da utilização do teleatendimento devido a fatores como a mudança de cultura dos usuários em preferência às telessessões, bem como a adaptação dos próprios profissionais da saúde em relação a distância do paciente sem prejudicar o atendimento individual e especializado. Porém, se espera que este tipo de atendimento venha a ser recorrente nos próximos anos pela sua facilidade no atendimento não presencial, evitando o deslocamento de pacientes, bem como sua economia no custo total de consultas.

Por último, o setor de saúde como um todo já vinha apresentando custos elevados de atendimento decorrentes do alto volume de usuários dos serviços de saúde. Com a pandemia, este setor necessitou redobrar toda sua estrutura para atender não só atendimentos de emergência, mas também as complicações dadas pelo novo coronavírus, as quais ainda eram pouco conhecidas no início da pandemia. É necessário reconhecer o trabalho realizado neste ano de 2020 por todos que compõem este setor, o qual já no segundo semestre do ano apresentou resultados de melhor conduta no tratamento de casos graves provocados pela Covid-19, bem como a criação e comercialização de diversas vacinas ao final do ano pandêmico. Tais resultados geram custos elevados.

Ainda é cedo para avaliar o total de custo adicional gasto decorrente das complicações do novo coronavírus. Tanto as operadoras de saúde, quanto os consumidores (empresas ou particulares), devem levar em consideração nas próximas negociações de reajuste de contratos.

4.3.O segmento de Danos & Responsabilidades

O segmento de Danos & Responsabilidades tem apresentado bons resultados nos últimos 5 anos. De R$ 60,1 bilhões em 2015 cresceu para R$ 73,9 bilhões em prêmios arrecadados no ano de 2019. Entre 2015 e 2019, resultou em um crescimento médio anual de 4%. A expectativa da CNSeg ao final de 2019 era a de que este segmento continuasse a crescer de acordo com seu passado (4%).

O total de prêmios arrecadados em 2020 foi de R$ 78,3 bilhões, 6% acima do total arrecadado no ano anterior. Isto é, os ramos de Danos & Responsabilidade cresceram acima do que o mercado esperava para o ano pandêmico. Por ser um segmento com diferentes ramos, os quais englobam diferentes setores da economia brasileira, é possível notar uma espécie de balanço entre as altas e baixas arrecadações dentro do segmento. A particularidade e a interrelação dos ramos serão abordadas mais adiante. O Gráfico 6 abaixo demonstra a evolução anual na arrecadação de prêmios entre 2015 e 2020.

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Gráfico 6 - Evolução anual da arrecadação de prêmios do segmento de Danos & Responsabilidades entre 2015 e 2020, em bilhões de reais

Fonte: Elaborado pela Autora com base nos dados da CNSeg (2021).

Em relação a sazonalidade do volume de arrecadações de prêmios, é possível notar que o mês de fevereiro em todo o período foi o mês que menos arrecadou em prêmios. Diferente do ocorrido no segmento de Saúde Suplementar, o segmento de Danos & Responsabilidades não sofreu grande perda de arrecadação nos meses iniciais da pandemia. Mesmo sendo o mês com menor volume de arrecadação, o mês de fevereiro apresenta crescimento no montante total mensal durante todo o período, em média, 5% a.a.

Já analisando o mês com maior volume de arrecadações, não é possível notar uma constância sazonal. Entre 2015 e 2017, e separadamente, em 2020, o mês de dezembro apresentou ser o mês com maior volume de arrecadação anual. Todavia, em 2018 e 2019, o mês de julho apresenta esta última característica. Ao analisar este último mês em 2018 e 2019, se observa um crescimento expressivo dos ramos de Garantia Estendida e “Outros”. Não coube analisar mais afundo explicações sobre estes eventos particulares em 2018 e 2019 nesta pesquisa.

Em relação a participação dos ramos neste segmento, observa-se que não houve mudanças bruscas de domínio, sendo o ramo de Automóveis líder deste segmento, e o ramo de Marítimos e Aeronáuticos o que menos arrecada em prêmios. Interessante observar que o ramo de Automóveis, mesmo predominando neste segmento em todo período, vem diminuindo sua participação no volume total arrecadado ano a ano e, portanto, conclui-se uma maior participação e protagonismo de outros ramos que compõe este segmento, como os ramos Patrimonial e Rural. O Gráfico 7 abaixo apresenta estas constatações.

60,1 60,9 64,9

70,1 73,9

78,3

2015 2016 2017 2018 2019 2020

(29)

Gráfico 7 - Evolução anual da participação dos ramos na arrecadação de prêmios do segmento de Danos & Responsabilidades, entre 2015 e 2020

Fonte: Elaborado pela Autora com base nos dados da CNSeg (2021).

Para análise particular dos ramos deste segmento, primeiro, foi observado o desempenho que este ramo apresentou entre 2015 a 2019. Após, foi abordado na pesquisa a expectativa de crescimento que o mercado apresentava ao final de 2019. Em seguida, foi observado o montante total arrecadado em 2020 por este ramo, e se este era menor, igual ou maior do total arrecadado no ano anterior. Por fim, foi calculado o crescimento deste ramo entre 2019 e 2020, e se este ramo acompanhou o crescimento que vinha apresentando nos últimos 5 anos. Abaixo, é apresenta tabela com os resultados destas últimas análises realizadas, por ramo.

Tabela 1 – Resultados de análises dos ramos de Danos & Responsabilidades entre 2015 e 2020

Ramos CAGR 15-19 Projeção CNSeg 19 Prêmio 20 Comparativo 19-20 ∆ 19-20 Comparativo CAGR 15-19 Automóvel 2% a.a. 2% R$ 35,2 bi Menor - 2% Decresceu Patrimonial 6% a.a. - R$ 14,6 bi Maior + 10% Cresceu Rural 10% a.a. 10% R$ 6,9 bi Maior + 30% Cresceu Crédito e Garantia 11% a.a. - R$ 5,3 bi Maior + 18% Cresceu Habitacional 6% a.a. 0,4% R$ 4,5 bi Maior + 8% Cresceu Transportes 6% a.a. - R$ 3,4 bi Menor - 0,4% Decresceu Garantia Estendida 2% a.a. - R$ 3,0 bi Menor - 6% Decresceu Responsabilidade Civil 7% a.a. - R$ 2,6 bi Maior + 23% Cresceu Marítimos e Aero. 0,4% a.a. - R$ 1,2 bi Maior + 44% Cresceu Outros 2% a.a. - R$ 1,6 bi Maior + 53% Cresceu Fonte: Elaborado pela Autora com base nos dados da CNSeg (2021).

54% 52% 52% 51% 49% 45% 16% 17% 17% 17% 18% 19% 5% 6% 6% 7% 7% 9% 5% 5% 6% 6% 6% 7% 5% 6% 6% 5% 6% 6% 14% 14% 13% 14% 14% 15% 2015 2016 2017 2018 2019 2020

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Como já abordado anteriormente, Automóvel foi o ramo que apresentou um maior volume de arrecadação de prêmios em todo o período no segmento. Vale destacar os altos e baixos que este ramo apresentou no ano de 2020. Nota-se uma queda acentuada nos meses de abril e maio quando comparado ao ano de 2019, sendo -16% e -18%, respectivamente. Tais quedas são reflexo das medidas iniciais da pandemia a fim de restringi a circulação de pessoas, impactando na mobilidade da população e, portanto, a utilização de qualquer veículo de locomoção. Em meio a este novo cenário, de acordo com a CNSeg, foi observado, ainda que em menor escala, uma ação voluntária de seguradoras em oferecer descontos nas renovações de apólices a fim de amparar a saúde financeira de seus segurados e evitar o cancelamento de contratos em massa.

É possível notar um crescimento neste ramo no segundo semestre, ainda que pequeno, com a reabertura da economia, e alta nas vendas de novos veículos. De acordo com a Fenabrave, o mês de novembro apresentou a maior alta de novos emplacamentos do ano, cerca de 177 mil novos automóveis. O Gráfico 8 abaixo apresenta a evolução trimestral da arrecadação de prêmios do ramo de Automóvel em 2019 e 2020.

Gráfico 8 – Evolução trimestral da arrecadação de prêmios do ramo de Automóvel entre 2019 e 2020, em bilhões de reais

Fonte: Elaborado pela Autora com base nos dados da CNSeg (2021).

Há expectativa de que este ramo retome patamares pré-pandemia, e venha ainda crescer o volume total arrecadado no futuro. Isso porque a pandemia trouxe incertezas quanto a escolha do transporte público como principal meio de locomoção com o receio de contrair não só a Covid-19, bem como novas doenças. Estas constatações foram divulgadas em uma pesquisa da Webmotors em parceria com a ANFAVEA (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos

8,4 8,9 9,4 9,3 8,4 7,9 9,3 9,6 T1 2019 T2 2019 T3 2019 T4 2019 T1 2020 T2 2020 T3 2020 T4 2020 Automóvel

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Automotores) em agosto de 2020, no qual 89% dos entrevistados responderam ter a intenção de comprar ou trocar de veículo no decorrer de 2020 e, dessa parcela, 66% não consideram utilizar transportes públicos no final da quarentena imposta pela pandemia do novo coronavírus. Esta é apenas uma das várias pesquisas realizadas ao longo de 2020, no qual gera a expectativa futura de alta nas vendas de novos e semi-novos veículos, impactando diretamente o desempenho do seguro auto.

Por outro lado, o ramo de Marítimos e Aeronáuticos apresenta a característica oposta do ramo de Automóvel: é o ramo com menor volume de arrecadação em prêmios do segmento. Todavia, os seguros que compõe o ramo de Marítimos e Aeronáuticos apresentam crescimento notável no ano de 2020, cerca de 44% acima do arrecadado em 2019, com maior destaque para o final do segundo semestre do ano.

O desempenho deste ramo muito se relaciona com o bom desempenho de todo o setor Agropecuário do país em 2020, o qual apresentou um aumento de 6% no ano. Quando analisada as exportações, os produtos soja, café e arroz ganham destaque, apresentando um crescimento em relação a 2019 de 10,5%, 10% e 90%, respectivamente. Analisando as importações dentro do setor Agropecuário, a soja e o arroz também ganham destaque, resultando em um aumento acima de 500% na soja, e cerca de 270% de crescimento nas importações do arroz.

Observando a balança comercial como um todo, mesmo com queda no total exportado e importado em 2020, o país apresentou superávit de cerca de US$ 51 bilhões no ano pandêmico. Este cenário motiva uma expectativa futura positiva para os seguros que compõe o ramo de Marítimos e Aeronáuticos.

De acordo com a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), se projeta um crescimento de 13,7% nas exportações em 2021, e um aumento de 7,3% nas importações neste mesmo ano. Espera-se que o superávit para 2021 apresente uma evolução de 33% em relação ao ano anterior, podendo resultar em um recorde histórico de US$ 69 bilhões, superando o recorde atual de US$ 67 bilhões em 2017. Três fatores contribuem para estas projeções: o forte aumento do preço da soja, o forte aumento do preço do minério e a recuperação do preço do petróleo.

Todo este cenário impacta diretamente, de forma positiva, os seguros que compõe o ramo de Marítimos e Aeronáuticos, presumindo um maior protagonismo deste ramo no segmento nos próximos anos. O Gráfico 9 abaixo apresenta a evolução trimestral das arrecadações de prêmio deste ramo entre 2019 e 2020.

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Gráfico 9 - Evolução trimestral da arrecadação de prêmios do ramo de Marítimos e Aeronáuticos entre 2019 e 2020, em milhões de reais

Fonte: Elaborado pela Autora com base nos dados da CNSeg (2021).

Até então, foi abordado o desempenho dos ramos que apresentam um maior e um menor volume de arrecadações no segmento de Danos & Responsabilidades, bem como fatores que influenciaram seu desempenho em 2020. A seguir, será discutido o desempenho dos ramos que mais e menos cresceram no ano dentro deste segmento.

Foi constatado que os seguros que compõe o ramo “Outros” foram os que mais cresceram no segmento em 2020. Cenário diferente do ano anterior no qual este mesmo ramo foi característico por ter apresentado o menor crescimento em todo o segmento. O ramo “Outros” apresentou um crescimento médio anual entre 2015 e 2019 de 2%, dando destaque para o ano de 2018, no qual apresentou um aumento de 68% em relação a 2017. Em 2020, o ramo cresceu 53% em relação ao ano anterior. Ao observar o desempenho evolutivo dos seguros que englobam o ramo “Outros”, com exclusão dos seguros de Responsabilidade Civil do Transportador, todos os seguros apresentaram um crescimento considerável. Abaixo, o Gráfico 10 apresenta a evolução anual da arrecadação de prêmios do ramo de “Outros” entre 2015 e 2020. 254,4 246,7 180,7 145,2 289,6 353,9 243,3 303,8 T1 2019 T2 2019 T3 2019 T4 2019 T1 2020 T2 2020 T3 2020 T4 2020 Marítimos e Aeronáuticos

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Gráfico 10 – Evolução anual da arrecadação de prêmios do ramo de “Outros” entre 2015 e 2020, em milhões de reais.

Fonte: Elaborado pela Autora com base nos dados da CNSeg (2021).

Em destaque, o seguro de Riscos de Petróleo, líder no total arrecadado neste ramo em todo o período, apresentou R$ 586 milhões em prêmios no ano de 2019. Esse montante aumentou para R$ 1,2 bilhões em 2020, resultando em um crescimento de 110% em relação ao ano anterior. Nos últimos cinco anos, este seguro apresentou um aumento médio anual de apenas 7%.

O seguro de Riscos de Petróleo é classificado pelo mercado segurador e ressegurador como parte dos Grandes Riscos, em especial, do grupo Energy & Builder Risks (riscos ao construtor). A contratação desse tipo de produto se destina a garantir cobertura para os riscos securitários em empresas que atuam na exploração e prospecção de petróleo e gás natural, tanto em terra (on shore), como no mar (off shore).

Esse tipo de seguro começou a ter notoriedade pública no Brasil em 2001 com o maior acidente no setor já registrado no país. O acidente culminou no naufrágio da plataforma P-36, de propriedade da Petrobrás, localizada na Bacia de Campos, no Rio de Janeiro. A perda total estimada da plataforma foi cerca de US$ 350 milhões, além de 11 vidas ceifadas no evento. Estima-se que a estatal recebeu em torno de US$ 500 milhões em indenizações. O evento trouxe bruscas mudanças no setor segurador e petrolífero, o qual elevou em mais de 450% o custo da renovação contratual dos seguros da estatal no ano seguinte, gerando um prêmio de US$ 48,8 milhões.

Segundo James Hogde, head de Energy na Willis Towers Watson, em artigo divulgado pela Revista Apólice em março de 2021, James afirma que, antes, o mercado petrolífero tinha foco no abastecimento de mercados consumidores, além de instigar a competição entre países e empresas privadas para acesso às reservas. Atualmente, este cenário mudou. As novas

918,1 962,7 669,9 1.126,1 1.019,9 1.560,3 2015 2016 2017 2018 2019 2020 Outros

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tecnologias proporcionam oportunidades para explorar formas de energia “não convencionais” que possam trazer certas vantagens, principalmente, em relação ao meio ambiente. A existência de diversos riscos na exploração do petróleo atrelados à operação gera danos ambientais aos mananciais aquíferos subterrâneos e afluentes terrestres, bem como todo o restante do ecossistema.

Este cenário também impacta nos produtos oferecidos pelo mercado segurador que são consumidos pelo mercado petrolífero, como o seguro de vida, os planos de assistência médica, o seguro de transportes, o seguro de frotas, o seguro de patrimoniais, entre outros.

O início da pandemia coincidiu no período de recuperação das indústrias de petróleo e gás, decorrentes de uma guerra comercial nos preços de petróleo, o qual contribuiu para um contínuo endurecimento das taxas além dos termos e condições que já apresentavam certas mudanças nos últimos anos.

Assim, conclui-se que a capacidade disponível se encontra cada vez mais restrita aos riscos que as seguradoras irão optar por aceitar, refletindo em aumento no prêmio, diminuição de coberturas disponíveis no mercado, aumento de franquias e eventualmente outros riscos não colocáveis. O Gráfico 11 abaixo apresenta a evolução anual da arrecadação de prêmios do seguro “Riscos de Petróleo” entre 2015 e 2020.

Gráfico 11 - Evolução anual da arrecadação de prêmios do seguro de “Riscos de Petróleo” entre 2015 e 2020, em milhões de reais.

Fonte: Elaborado pela Autora com base nos dados da CNSeg (2021).

Em relação ao ramo que menos cresceu em 2020, o ramo de Garantia Estendida apresenta um aumento médio anual de 2% nos últimos cinco anos. Em 2020, o ramo decresceu em torno de 6% em relação ao ano anterior. Quando os meses de 2019 e 2020 são comparados,

412,6 486,6 271,8 711,4 586,0 1.230,7 2015 2016 2017 2018 2019 2020 Riscos de Petróleo

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nota-se queda acentuada nas arrecadações no período inicial da pandemia, resultando em -26% em abril, e -63% em maio.

Ao avaliar o desempenho do ramo de Garantia Estendida, é necessário levar em consideração o comportamento do setor de Comércio no ano de 2020. Prejudicado pelas medidas restritivas de circulação social decorrentes da crise da Covid-19, os stakeholders do setor de Comércio tiveram suas atividades suspendidas pelas autoridades, estaduais e municipais, de forma indeterminável, isto é, sem prazo para uma reabertura da economia no qual pudesse auxiliar no planejamento de retomada das atividades dos comércios.

Com o fechamento prolongado dos estabelecimentos, a compra presencial deixou de existir, no qual o e-commerce foi a alternativa mais rápida e segura tanto para os comerciantes, quanto para os consumidores. Somado a isso, a pandemia impossibilitou o consumo de serviços, no qual se reverteu para o consumo de bens duráveis, como eletrodomésticos, apresentando alta no terceiro trimestre do ano, cerca de 12% de crescimento de acordo com o IBGE.

Todavia, a arrecadação do seguro de Garantia Estendida não acompanhou este crescimento no consumo de bens duráveis. Isso porque o seguro foi altamente prejudicado pela falta do canal de venda presencial nos estabelecimentos. Até então, a venda do seguro era feita de forma presencial, diretamente pelo vendedor o qual apresentava as vantagens da aquisição do seguro no momento da compra do produto. Com o fechamento dos estabelecimentos, e a perda deste canal de venda in loco, o seguro de Garantia Estendida, mesmo apresentando leve crescimento no segundo semestre, resultou em queda no fechamento do ano de 2020.

Há a expectativa deste seguro se readaptar as atuais relações de consumo apresentando alternativas na venda do produto, como por exemplo a inserção da opção de compra do seguro no próprio site dos estabelecimentos, tendência a qual já é observada em mercados europeus. Abaixo, o Gráfico 12 apresenta a evolução trimestral da arrecadação de prêmios do ramo de Garantia Estendida entre 2019 e 2020.

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Gráfico 12 - Evolução trimestral da arrecadação de prêmios do ramo de Garantia Estendida entre 2019 e 2020, em milhões de reais

Fonte: Elaborado pela Autora com base nos dados da CNSeg (2021).

Em um ano marcado pelas mudanças nas relações de trabalho devido as medidas restritivas causadas pela pandemia da Covid-19, não há como não considerar na avaliação desta pesquisa o crescimento do seguro Cyber Risks, classificado pela CNSeg no ramo de Responsabilidade Civil.

De acordo com os registros no SES, Sistema de Estatísticas da SUSEP, o seguro começou a ser comercializado no mercado em 2019, no qual arrecadou cerca de R$ 20,7 milhões. Este valor dobrou em 2020, chegando a R$ 41,3 milhões.

Ao passo que a arrecadação de prêmios cresceu 99% em 2020, não se compara com o crescimento de indenizações de sinistros ocorridos no ano pandêmico. Em 2019, o valor de indenizações de sinistros foi cerca de R$ 48,7 mil. Em 2020, este valor aumentou, 51.075%, chegando a R$ 24,9 milhões em sinistros indenizados.

A aquisição crescente deste sinistro é reflexo da preocupação frequente das empresas em proteger dados internos, especialmente de seus clientes. Um único efeito pode acionar o seguro em efeito cascata, de acordo com os tipos de danos acarretados. No caso de sinistros, as seguradoras atuam com os prestadores de serviço para minimizar os danos que podem ocorrer por conta do vazamento de dados e/ou tentativas de extorsão. A extensão de danos varia de riscos operacionais e perdas de informações a prejuízos financeiros, além de enfraquecimento da marca da companhia.

A adoção do home-office como alternativa ao trabalho presencial, acarretou um aumento nas tentativas de golpes de “ransomware”, com o sequestro de dados do computador e promessa de liberação apenas com o pagamento de resgate, prática na qual já foi constatada

818,3 795,9 793,0 844,5 809,2 457,1 780,0 999,6 T1 2019 T2 2019 T3 2019 T4 2019 T1 2020 T2 2020 T3 2020 T4 2020 Garantia Estendida

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