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Processo de elitização de periferias na Região Metropolitana de Campinas / SP: os casos de Indaiatuba e Jaguariúna

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Academic year: 2021

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O PROCESSO DE ELITIZAÇÃO DE PERIFERIAS NA REGIÃO METROPOLITANA DE CAMPINAS / SP: OS CASOS DE INDAIATUBA E JAGUARIÚNA.

RESUMO

Os municípios de Indaiatuba e Jaguariúna pertencem à Região Metropolitana de Campinas / SP e vêm vivenciando importante crescimento demográfico a partir do início dos anos 2000, devido, principalmente, à componente migratória. A pesqui-sa, ainda em fase inicial, tem como pressuposto contextualizar o papel dessas cida-des na região a que pertencem e analisar hipótese de se tratarem de espaços perifé-ricos voltados à população de maior poder aquisitivo.

INTRODUÇÃO

O objetivo deste artigo é discutir, de maneira preliminar, as singularidades do processo de redistribuição da população ao qual têm sido submetidos os municípios de Indaiatuba e Jaguariúna, pertencentes à Região Metropolitana de Campinas / SP, a partir do início dos anos 2000. Os dois municípios se diferem dos demais que compõem a Região Metropolitana, tanto em seu histórico de fundação e desmem-bramentos como na recente elevada participação do componente migratório (em detrimento do crescimento vegetativo) no incremento do volume de sua população. A partir deste aspecto específico, é possível notar que ainda que o objeto deste arti-go pareça deslocado da lógica urbana de outros grandes centros, apresentaremos a hipótese de que suas especificidades são parte de um processo que tem sido nota-do em diversas outras regiões nota-do Brasil, a saber, a formação de espaços periféricos voltados à residência de indivíduos de maior poder aquisitivo.

Serão apresentadas tabulações referentes aos dados dos últimos censos, além de uma breve incursão pela literatura específica, a fim de contextualizar tanto os dois municípios na dinâmica intrametropolitana, como a RMC no cenário regional. Além disso, a hipótese de que se trata de um eixo de expansão com características específicas, será corroborada a partir de textos que tenham avançado nas discus-sões sobre a produção social do espaço.

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MÉTODOS

Os resultados principais, que serão apresentados na versão final do artigo, se balizarão pela análise dos dados dos questionários do universo e da amostra dos Censos de 2000 e 2010, de modo que se aproximem da descrição das principais características sócio-demográficas da população de Indaiatuba e Jaguariúna. A aná-lise dos dados coletados a partir da amostra permitirá um maior detalhamento das condições socioeconômicas da população dos dois municípios. Será realizada a ex-pansão da amostra, guardando-se dos cuidados estatísticos necessários.

Também serão apresentadas tabulações sobre a população residente migran-te (considerada a partir do quesito de „Data Fixa‟, disponível no questionário da amostra) de Indaiatuba e Jaguariúna, procurando responder a direção e o volume dos principais fluxos migratórios, quais sejam estes, responsáveis pelas altas taxas de crescimento populacional verificadas nos dois municípios entre os anos de 2000 e 2010. Todo o conjunto de dados será também tabulado para a Região Metropolita-na de CampiMetropolita-nas, de modo que o cenário da expansão urbaMetropolita-na de Indaiatuba e Ja-guariúna possa ser contextualizado à dinâmica metropolitana.

RESULTADOS

Atualmente a Região Metropolitana de Campinas (RMC) é a segunda maior região metropolitana do estado, sendo menor somente que a Região Metropolitana de São Paulo. A fundação da cidade-sede, Campinas, remonta ao auge do período açucareiro, entre as décadas de1830 e 1840, intervalo no qual a região adquiriu im-portantes características, como o destaque enquanto maior produtor açucareiro e por possuir um grande contingente de população cativa (BAENINGER, 1996).

Já no século XX, mais especificamente na década de 1960, a região ganhou ainda mais importância com a desconcentração industrial, caracterizada pela interio-rização do desenvolvimento econômico. Este processo ocorreu principalmente no período de 1970 a 1985, marcado pelo regime militar e pelo amplo papel do Estado como promotor do desenvolvimento regional, que consolidou a indústria pesada no país e deu início ao processo no qual a periferia absorveu as indústrias provenientes do centro (CANO, 2008). Este ciclo foi determinante no crescimento e modernização

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do interior, de modo que a desconcentração atingiu não somente o setor secundário, mas também o terciário (SEADE, 1988).

Nesse período a RMC apresentou taxas de crescimento superiores às médias do estado de São Paulo entre 1950 e 1980 (BAENINGER e DECCA, 2010). O com-ponente migratório foi o maior responsável pelo crescimento populacional registrado nas décadas de 1960 e 1970, caracterizando-se assim a RMC como a uma área de grande atração populacional do estado de São Paulo, sendo que 25% do contingen-te migratório era originário da Região Metropolitana de São Paulo (BAENINGER e MAIA, 1996).

É importante lembrar que os primeiros relatos a respeito de Indaiatuba datam do século XVIII. Tratava-se, inicialmente, de um bairro rural chamado “Indayatiba” e estava relacionado à Vila de Itu. Servia como local de passagem de tropas vindas do sul do país, em direção às regiões mineradoras de Mato Grosso e Goiás. Em 1830 o povoado foi elevado à categoria de Freguesia do Distrito da Vila de Itú, recebendo terras desmembradas de Itu, Jundiaí e São Carlos. Em 1906, foi elevada a categoria de cidade e, em 31 de dezembro de 1963, emancipada de Itu, com a Lei n° 8.050 (ALVES, 2002).

Jaguariúna, por sua vez, surgiu mais de um século depois, a partir da decisão do coronel Amâncio Bueno de construir uma vila em sua propriedade. A vila foi ele-vada à categoria de distrito de Mogi-Mirim em 1896 e recebeu o nome de “Jaguary”, que foi alterado para Jaguariúna em 1944 e, finalmente, em 1953 foi emancipada de Mogi-Mirim. Em 1991 o município foi desmembrado, cedendo parte de seu território para a emancipação de Holambra, que também recebeu terras de Artur Nogueira, Cosmópolis e Santo Antônio de Posse (CANO e BRANDÃO, 2002).

Ainda que a maior parte dos 20 municípios que atualmente compõem a RMC tenham se beneficiado de alguma forma com o processo de interiorização do desen-volvimento econômico do estado de São Paulo, foram selecionados para estudo de caso os municípios de Indaiatuba e Jaguariúna. Justifica-se, como já apresentado, pelas particularidades dos dois municípios e pela hipótese de que em ambos os ca-sos houve um processo de elitização do espaço, atraindo assim inúmeros empreen-dimentos voltados às classes socioeconômicas mais elevadas. Ademais, acredita-se também que ambas as cidades não se inserem nas “zonas predominantemente de

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inclusão e de exclusão social, cuja extensão extrapola os limites municipais e amplia a escala da segregação para a região como um todo [...]” (CUNHA at al., 2006 apud NASCIMENTO, 2013), constituindo assim, o que Nascimento (2013) nomeia de “pe-riferias nobres”.

Na Tabela 1 podemos observar que em ambos os municípios as populações urbanas apresentaram crescimento anual superior ao do total da RMC no período entre 2000 e 2010. Além disso, atenta-se para a o grande peso da migração em re-lação ao crescimento populacional total no período estudado, que foi de 72,3% em Jaguariúna e 68,6% em Indaiatuba.

Tabela 1: Taxa de crescimento anual, crescimento populacional e peso relativo da migração – Indaiatuba, Jaguariúna e RMC, 2000/2010

Fonte: FIBGE, Censos demográficos de 2000 e 2010. Elaboração própria. Tabulações especiais NEPO/Unicamp.

DISCUSSÃO

Segundo Ribeiro (2015), Indaiatuba apresenta grande concentração de con-domínio e loteamentos fechados voltados à população de classe média e configura uma área com poucos loteamentos abertos e aparatos de uso públicos. Destaca-se também que tais empreendimentos estão instalados na porção norte do município, próximo ao aeroporto de Viracopos e de Campinas, enquanto a população menos favorecida se concentra ao sul, onde não há contato nem proximidade com outros municípios da RMC, além de localizar-se em uma área fora do eixo de conturbação que vem se formando nas proximidades da Via Anhanguera, como aponta Nasci-mento (2013). A partir deste cenário, pretende-se então investigar se ocorre em Ja-guariúna o mesmo processo identificado em Indaiatuba, posto que a pesquisa ainda encontra-se em andamento. RMC 1,81 460.847 232.660 50,5 Jaguariúna 4,12 14.714 10.640 72,3 Indaiatuba 3,21 54.569 37.410 68,6 Taxa de crescimento (% a.a.) 2000/2010 Município Crescimento Vegetativo Crecimento migratório absoluto Peso relativo da migração (%)

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAENINGER, R. A. Espaço e tempo em Campinas: migrantes e a consolidação do pólo industrial paulista. Campinas: CMU, 1996.

BAENINGER, R. A.; DECCA, E. S. Por dentro do Estado de São Paulo. São Pau-lo, SP: UNICAMP/NEPP: UNICAMP/NEPO, 2010. (v. 2)

BAENINGER, R. A.; MAIA, P. B. Região de Governo de Campinas. Texto NEPO 22, Campinas, NEPO/UNICAMP, 1992. (Migração em São Paulo 1).

CANO, L. B. et al. A interiorização do desenvolvimento econômico no Estado de São Paulo: 1920-1980. São Paulo, SP: Fundação Sistema Estadual de Analise de Dados (SEADE), 1988. 3v. (Economia paulista, v. 1, n. 1).

CANO, L. B.; BRANDÃO, C. A., coord. A Região Metropolitana de Campinas: ur-banização, economia, finanças e meio ambiente. Campinas, SP: Editora da Uni-camp, 2002. (v. 2).

NASCIMENTO, E. As desigualdades socioespaciais urbanas numa metrópole interiorana: uma análise da Região Metropolitana de Campinas (SP) a partir de in-dicadores de exclusão/inclusão social. 2013. 243 p. Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Geociências, Campinas, SP.

RIBEIRO, L. B. Análise da instalação, organização espacial e expansão dos condomínios fechados horizontais de alto padrão no município de Indaiatuba (SP). Orientação de Lindon Fonseca Matias. Campinas, SP: [s.n.], 2015.

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