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Águas da represa: um parque as margens da represa da cidade de Itá

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Academic year: 2021

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Projeto de Ocupação das Margens da

Represa de Itá

Águas da Represa

Trabalho de conclusão de curso TCC I Orientador: Nelson Popini

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As Cidades e a Memória

“Inutilmente, magnânimo Kublai, tentarei descrever a cidade de Zaíra dos altos bastiões. Poderia falar de quantos degraus são feitas as ruas em forma de escada, da circunferência dos arcos dos pórticos, de quais lâminas de zinco são recobertos os tetos; mas sei que seria o mesmo que não dizer nada. A cidade não é feita disso, mas das relações entre as medidas de seu espaço e os acontecimentos do passado…

…A cidade se embebe como uma esponja dessa onda que reflui das recordações e se dilata. Uma descrição de Zaíra como é atualmente deveria conter todo o passado de Zaíra. Mas a cidade não conta o seu passado, ela o contém como as linhas da mão, escrito nos ângulos das ruas, nas grades das janelas, nos corrimãos das escadas, nas antenas dos pára-raios, nos mastros das bandeiras, cada segmento riscado por arranhões, serradelas, entalhes, esfoladuras.

(3)

Int

rodução

alho tem como objetivo final chegar a uma proposta de

intervenção em três áreas definidas na cidade de Itá (SC). Para tanto, fez-se necessário um maior estudo, tanto da região quando da cidade, buscando entender seus costumes, economia, potencialidades.

Inicialmente, apresenta-se a região da AMAUC (Associação dos Municípios do Alto Uruguai Catarinense), da qual faz parte a cidade de Itá, descrevendo todas as cidades pertencentes a região, a história, economia e potencialidades de cada uma, com excceção de cidade de Itá, que terá um estudo mais detalhado a parte.

A importância deste estudo da AMAUC neste trabalho, é mostrar a homogeneidade da região, o tipo de colonização, a economia, basicamente agrícola, e com isso, compreender um pouco do contexto em que se insere a cidade em estudo.

Em seguida, o modo como foi colonizada esta região, os conflitos, as dificuldades enfrentadas pelos primeiros colonizadores.

O rio Uruguai, um breve resumo deste, que de certa forma foi o agente modificador não só da paisagem, mas da vida da pequena população da pacata Itá, cidade que criou raízes as margens deste grande rio, utilizou-o na sua economia, e viu suas casas, suas memórias ficarem literalmente embaixo da água quando formou-se o lago da barragem.

(4)

Índi

ce

AMAUC- Associação dos Municipios do 5

Alto Uruguai Catarinense A Colonização da Região 19

O Rio Uruguai 22

A Usina Hidroelétrica de Ita 24

Histórico de Ita 27

A Nova Cidade de Ita 29

Urbanismo e Arquitetura da Cidade 31

Mapa da Cidade 33

Principais Atrativos da Nova Cidade 34

Proposta 37

Localização das áreas no Mapa 38

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AMAUC

Associação dos municípios do Alto |Uruguai Catarinense

Caracter

ísticas da Região da AMAUC

Localiz

ação da Região da AMAUC

A região da Associação dos Municípios do Alto Uruguai Catarinense compreende quinze (15) municípios, que são: Alto Bela Vista, Arabutã, Arvoredo, Concórdia, Ipira, Ipumirim, Irani, Itá, Lindóia do Sul, Paial, Peritiba, Piratuba, Presidente Castello Branco, Seara e Xavantina.

Embora a região corresponda a apenas 3,5% da área total do Estado de Santa Catarina, é a maior produtora agrícola, destacando-se nas atividades de

suinocultura, avicultura e produção de leite. É sede de grandes agroindústrias e de uma cooperativa de grande atuação em todos os municípios.

Além das atividades já citadas, os municípios produzem safras significativas de milho, erva-mate, feijão, fumo e citrus (laranja).

Fazem parte da região a Usina Hidrelétrica de Ita e o Balneário Hidromineral de Piratuba.

Segundo o Censo do IBGE realizado em 2000, a população total dos municípios da Associação é de 141.876 habitantes, sendo que, em termos de distribuição, na maioria dos municípios a concentração populacional dá-se na zona rural, com exceção de Concórdia e Seara. (vide tabela 1)

Os limites da região são: ao norte, a Associação dos Municípios do Alto Irani (AMAI), ao sul o Estado do Rio Grande do Sul, a oeste a Associação dos Municípios do Oeste de Santa Catarina (AMOSC) e a leste a Associação dos Municípios do Meio-Oeste Catarinense (AMMOC).

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AMAUC

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TABELA 1

- População da AMAUC em 2000

MUNICÍPIO TOTAL URBANO RURAL

ALTO BELA VISTA 2375 520 1575

ARABUTÃ 4155 967 3188 ARVOREDO 2301 411 1890 CONCÓRDIA 62961 45169 17792 IPIRA 4971 2208 2793 IPUMIRIM 6902 2482 4420 IRANI 8601 5052 3549 ITÁ 6755 3418 3337 JABORÁ 4196 1362 2834 LINDÓIA DO SUL 4850 1315 3535 PAIAL 2055 259 1796 PERITIBA 3233 1318 1915 PIRATUBA 5802 2706 3096

PRESIDENTE CASTELLO BRANCO 2160 457 1703

SEARA 16488 10233 6215

XAVANTINA 4391 933 3458

TOTAL 141.876 78.810 63.066

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AMAUC

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Cidades

da AMAUC

Principais dados do município Área territorial: 104 km2

Data de Fundação: 04 de julho de 1995 Município-mãe: Concórdia.

Colonização: Italiana e Alemã População: 2375 ( censo de 2000) História do município de Alto Bela Vista

Em 04/07/95, nasceu o município de Alto Bela Vista, constituindo-se no constituindo-segundo distrito mais antigo do município de Concórdia até sua emancipação. A instalação do município ocorreu em 1º de janeiro de 1997, quando assumiu o primeiro prefeito municipal Senhor Milton Vitor Rosset.

Possui uma área de 105 km2 e localiza-se no meio oeste

catarinense, região do Alto Uruguai. Colonizado por imigrantes italianos e alemães que foram chegando na sua grande maioria do Rio Grande do Sul em busca de melhores terras.

Hoje, com 2375 habitantes, Alto Bela Vista é um lugar diferente, com um jeito simples de viver, entusiasmo e confiança, buscando sempre um futuro melhor e mais risonho.

O município vive da agricultura, mas seu grande filão é uma fábrica enzimática que produz coalho, produto essencial na fabricação de queijo. É a única do gênero em Santa Catarina e a segunda maior do Brasil. A indústria é responsável por quase 40% da arrecadação. Com produção de 40 mil quilos de coalho por mês, estes produtos são exportados para vários países, como Venezuela, Argentina, Chile, Uruguai, Espanha e Itália.

Alto Bela Vista

Na produção de suínos predomina o sistema de integração, que gera a comercialização de 29 mil cabeças por ano. As empresas atuantes na suinocultura são Sadia, Ceval, Coopercentral e o Frigorífico Chapecó. A cidade possui ainda um posto de inseminação artificial de suínos.

A avicultura também funciona em sistema integrado. Existem 28 aviários integrados à Sadia. Na pecuária, cerca de 5100 cabeças de gado estão distribuídas entre os 456 criadores.

Potencialidades:

Uma natureza exuberante faz com que o potencial cultural e paisagístico seja rico em cachoeiras, propriedades rurais, vales e colinas. Sobre o rio Uruguai está a Ponte Metálica Rodo-Ferroviária, obra de 1913, com 457,8m de

percurso.

Na sede do município está localizado o Museu Municipal, com toda a história da colonização, além de uma Mostra Fotográfica permanente sobre o

Estreito do Rio Uruguai, submerso pelas águas da Usina Hidrelétrica de Machadinho. O Museu está instalado em uma edificação recuperada pela Prefeitura Municipal, exemplar da Arquitetura em Madeira típica da Região.

Vista aerea de Alto Bela Vista Foto: site AMAUC

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AMAUC

Associação dos municípios do Alto |Uruguai Catarinense

Principais dados do município Área territorial: 131 km2

Data de Emancipação: 12/12/91 Município Mãe: Concórdia

Colonização predominante: Alemã População: 4155 ( censo de 2000) História do município de Arabutã

“Pipoca”, esse foi o primeiro nome do atual município de Arabutã, cuja colonização teve início em 1912 com a construção da ferrovia RS-SP, e a chegada de posseiros (cablocos) ao vale do rio do Peixe. Em 1927 com a chegada de uma gleba de imigrantes, vindos de Romênia, mudou-se para o nome de Nova Germânia, que durante a Segunda Guerra Mundial foi obrigado a mudar para Mauá e mais tarde recebeu o nome de Arabutã, devido a uma árvore encontrada nas margens do Rio Jacutinga, que na Língua Indígena quer dizer: Pau-Brasil.

Emancipado de Concórdia em 1991, Arabutã possui uma economia essencialmente agropecuária. O milho é a principal cultura, ocupando uma área de 4 mil hectares, com produção média anual de 12 mil toneladas. A avicultura é outra atividade econômica importante. Os 72 aviários do município produzem cerca de 780mil quilos de carne

anualmente. Potencialidades:

Arabutã está no circuito das festas de verão do Oeste

Catarinense, com o tradicional Kerb-Fest, realizado no 1º domingo do mês de fevereiro. A festa é conhecida como uma das mais animadas da

Arabutã

Principais dados do município Área territorial: 91 km2

Data de Fundação: 09 de janeiro de 1992 Município-mãe: Seara.

Colonização: Italiana

População:2301 (censo 2000) História do município de Arvoredo

A vila de Arvoredo pertencia inicialmente a Concórdia. Com a emancipação de Seara em 1953 passou a configurar o território do novo município,

conseguindo a sua própria emancipação em 1992.

O nome Arvoredo surgiu na década de 1940 quando da passagem de

tropeiros pela região. Por ser uma região arborizada, com o Rio Irani cortando suas terras, os tropeiros combinavam seus encontros e suas paradas nos arvoredos.

Arvoredo vive essencialmente da agropecuária. Possui 430 propriedades rurais, a maioria com menos de 30 hectares (minifúndios) O milho é a

principal cultura, com produção média anual de 13 mil toneladas. O rebanho suíno é formado por cerca de 18,2 mil cabeças, o que rende 4300 toneladas de carne/ano. Destaca-se ainda na avicultura, na produção de cítricos (com área de 60 hectares) e de fumo (70 hectares de área produtiva, com

produção de 1100 quilos/ha.)

Arvoredo

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AMAUC

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Concórdia

Principais dados do município Área territorial: 806 km2

Data de Fundação: 12 de junho de 1934 Município-mãe: Cruzeiro ( atual Joaçaba) Colonização: Italianos e alemães

População:62961 (censo 2000) História do município de Concórdia

A estrada de ferro Rio Grande/São Paulo, foi responsável pelo surgimento de vários povoados ao longo do seu percurso.

Com o objetivo de colonizar as terras ao longo da ferrovia, em 1912 aqui chegaram os primeiros imigrantes, que através da Brasil Devolompment Colonization Company, fundaram uma pequena vila, no local onde já residia o caudilho José Fabrício das Neves, considerado o pioneiro da colonização.

Em 1925, a colônia conhecida até então pelo nome de

Queimados, passa a ser chamada de Colônia Concórdia, por iniciativa da Sociedade Territorial Mosele, Eberle & Ahrons Ltda.

A vila foi elevada a distrito no dia 11 de agosto de 1927.

A 12 de julho de 1934, pelo Decreto número 635 assinado pelo Coronel Aristilino Ramos, Interventor Federal do Estado, era criado o Município com território desmembrado do Município de Cruzeiro, atual Joaçaba, e, emancipado no dia 29 de julho de 1934

Informações Gerais sobre Concórdia

Situada na região do Alto Uruguai Catarinense, a 500 km de Florianópolis, o acesso terrestre ao Município pode ser feito pelas rodovias BR-153 e SC-283. O aéreo, através do aeroporto municipal "Professor Olavo Cecco Rigon", ou pelo aeroporto de Chapecó, distante 98 km do centro da Cidade de Concórdia.

Concórdia, 7ª economia do Estado, é reconhecida nacionalmente como a "Capital da Suinocultura", aqui se encontra estabelecida a matriz da empresa Sadia - conhecida internacionalmente, também, o centro de pesquisas de suínos e aves da EMBRAPA.

Pela sua topografia acidentada, característica peculiar da região, possui muitos atrativos naturais como rios, cascatas, colinas, belas propriedades rurais e áreas verdes, além de um potencial sócio-cultural representado por grupos

folclóricos alemães e italianos. Principais Atividades Econômicas

Concórdia tem nas atividades industriais, comerciais e agrícolas a base principal de sua economia.

No setor primário destacamos a pecuária, a produção de suínos, aves, gado de leite, ovinos, caprinos e alevinos.

Também salientamos que o Município é um dos principais produtores de milho do Estado, além de produzir soja, feijão, trigo, entre outros produtos agrícolas.

No setor secundário, a indústria e o comércio de Concórdia crescem a cada ano em qualidade e diversidade dos produtos oferecidos.

Destacamos a área industrial do Município, situada às margens da BR-153, com uma área total de 207.000m2 divididos em 44 terrenos de 3.000 à 5.000m2, destinados a empresas que desejam ampliar as suas atividades oriundas do centro da cidade, ou aquelas empresas que visam investir no município.

Destacamos também a agroindústria Sadia SA, um dos maiores frigoríficos da América Latina, absorvendo a maior fatia da produção de suínos e aves do Município e da região, gerando milhares de empregos, além da Batávia, que veio para suprir uma necessidade na área dos lácteos.

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AMAUC

Associação dos municípios do Alto |Uruguai Catarinense

Ipira

Concórdia

Principais dados do município de Ipira Área territorial: 150 km2

Data de Fundação: 15 de agosto de 1963 Município-mãe: Piratuba

Colonização: Alemães

População: 4971 (censo de 2000) História do município de Ipira

O nome Ipira, tem sua origem no Tupi-guarani, Y siguinifica água, e Pira, peixe. O município é banhado pelo rio do Peixe em toda a região oeste e sul de seu teritório. Além do nome, os índios deixaram outro legado: a medicina caseira. Esses chás, ervas e raízes, estão servindo para um programa de saúde preventiva e cuidados básicos.

O setor agropecuário de Ipira contribui com 90% da arrecadação do ICMS para os cofres públicos do município. A cultura do milho lidera o ranking em termos de área cultivada, com 3643 hectares. A produção é de 10800

toneladas. A avicultura também é destaque, principalmente na criação de frango e chester. A produção anual é de 209,5 milhões de aves. O rebanho suíno é de 60 mil cabeças e a bovinocultura de corte e leite compreende um rebanho de 8354 cabeças. A suinocultura e a avicultura estão vinculadas ao sistema integrado da Perdigão e da Sadia.

Praça Dogelo Goss Foto: site AMAUC Vista do quiosque Foto: site AMAUC

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AMAUC

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Ipumirim

Cidades

da AMAUC

Principais dados do município de Ipumirim

2

Área territorial: 240 km

Data de Fundação: 29 de março de 1963 Município-mãe: Concórdia

Colonização: Italiana

População: 6902 (censo de 2000) História do município de Ipumirim

Ipumirim é palavra tupi-guarani e significa: Ipu-vale; mirim - pequeno. O distrito, com o nome de Rio Branco, foi criado em

01/12/38. Em 31/12/43 passou a chamar-se Engano e em 31/12/48, pela Lei n.º 247 recebeu o topônimo de Ipumirim.

O município se caracteriza pela grande quantidade de minifúndios e pelo crescimento da indústria madereira, que exporta para os Estados Unidos, Coréia do Sul e Japão, além de comercializar madeiras brutas e beneficiadas no mercado interno.

A receita de Ipumirim é a terceira maior da micro-região do Alto Uruguai.

Uma das maiores empresas instaladas no município é a

Agrofrango, frigorífico que produz os produtos Frango Bom. Grande parte dos 1192 domicílios rurais são produtores de frango em sistema de integração.

Potencialidades

Na sede do município de Ipumirim está localizado o Museu Municipal, com artefatos indígenas encotrados na região, que possui um sítio arqueológico. No museu também estão objetos e maquinários que contam a história da colonização pelos imigrantes italianos.

Vista aerea de Ipumirim Foto: site AMAUC

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AMAUC

Associação dos municípios do Alto |Uruguai Catarinense

Irani

Cidades

da AMAUC

Principais dados do município de Irani

2

Área territorial: 318 km

Data de Fundação: 11 de setembro de 1963 Município-mãe: Joaçaba

Colonização: Italiana, Alemã e Cabocla População: 8601 (censo de 2000) História do município de Irani

O território de Irani, começou a ser desbravado e ocupado em meados do século XIX, por fazendeiros e colonos oriundos

principalmente do norte do Rio Grande do Sul. Nessa época, estas terras pertenciam ao município de Palmas (PR). Era uma extensa área à

margem direita do Rio do Peixe, pretendida pelos estados do Paraná e Santa Catarina e também pela Argentina. Em consequência disso,

originou-se entre 1912 e 1916 a Guerra do Contestado, em que morreram milhares de pessoas, entre sertanejos e militares. O primeiro encontro de forças militares e jagunços se deu no local denominado Banhado

Grande, em cujas proximidades encontra-se hoje o Cemitério do

Contestado. Irani, de 1917 a 1963, pertenceu ao município de Joaçaba. Seu desenvolvimento, entretanto, só começou há poucos anos, após o asfaltamento das BRs 282 e 153, que cruzam terras iranienses.

O município tem na produção primária sua base de sustentação, embora 60% de seus habitantes residam atualmente na área urbana.

Destaca-se na agricultura: o milho, com 15200 toneladas/ano, a soja (737 toneladas), arroz (700 toneladas) e o fumo (450 toneladas). No setor agropecuário são comercializadas anualmente 20410 cabeças de suínos, 3,5 milhões de aves, 2540 quilos de lã, 540 cabeças de gado de corte e cerca de 2 milhões de litros de leite. Irani também investe na piscicultura e na apicultura.

Quanto à industria, se caracteriza pela produção de erva-mate, móveis, tijolos e madeiras beneficiadas.

Potencialidades

Além do Sítio Histórico do Contestado, outras atrações turísticas do

município são o lago artificial com 20 hectares a 500 metros do centro, a “Casa de Pedra”, na linha Pigosso. O esporte também ocupa posição de destaque no

município.

Símbolo do contestado Foto: site AMAUC

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AMAUC

Associação dos municípios do Alto |Uruguai Catarinense

Jaborá

Principais dados do município de Jaborá

2

Área territorial: 188 km

Data de Fundação: 11 de setembro de 1963 Município-mãe: Joaçaba

Colonização: Italiana

População: 4196 (censo de 2000) História do município de Jaborá

A colonização de jaborá teve início em 1917, por imigrantes descendentes de italianos da região da Serra Gaúcha. A maioria de

Caxias do Sul, Flores da Cunha e Antônio Prado. Eles chegaram na região na época da construção da estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande do Sul. Foram motivados pela fertilidade das terras.

Logo que chegaram à localidade, os colonizadores deram-lhe o nome de Rio Bonito.Depois mudou para Romerê e, por último, Jaborá, que significa “ aquele que faz”.

O município tem 70% de seus habitantes morando na área rural. Cerca de 80% de seu movimento econômico depende da agricultura.

A suinocultura e a avicultura, através de sistema integrado, também contribuem na arrecadação, como acontece na maioria dos municípios da região. O setor secundário em Jaborá é responsável por 20% da economia.

A maior produção de grãos é a do milho, com 18 toneladas/ano, porém, inexpressivo se comparada com a produção de outros municípios da região. O mesmo acontece com a soja e o feijão.

A criação de aves e suínos também contribui na arrecadação. Os criadores trabalham em sistema integrado com industrias alimentícias- as principais são Sadia e a Perdigão. Destacam-se, em Jaborá, as

pequenas propriedades rurais, 90% não têm mais que 50 hectares.

Cidades

da AMAUC

Lindóia do Sul

Principais dados do município de Lindóia do Sul

2

Área territorial: 190 km

Data de Fundação: 01 de janeiro de 1990 Município-mãe: Concórdia

Colonização: Italiana

População: 4850 (censo de 2000) História do município de Lindóia do Sul

Os primeiros habitantes do território Lindoiense foram, provavelmente, índios. Embora nenhuma pesquisa minuciosa tenha sido feita a esse respeito, objetos e utensílios como fragmentos de flechas foram encontrados em várias localidades. Em 1912 chega à região a primeira família de agricultores, vinda de Irati-PR. Na década de 30, entretanto, é que realmente tem início a colonização. As terras inférteis e de topografia acidentada, sem nenhuma estrutura, eram vendidas a preços bastantes atraentes, com promessas de grandes inventimentos, pela

Empresa Colonizadora Eberle, Mosele, Ahrons e Cia. Os primeiros moradores eram imigrantes italianos vindos do Rio Grande do Sul e do litoral de Santa Catarina.

Emancipou-se de Concórdia após um plebiscito de 1989, possuindo hoje uma população de quase 5 mil pessoas, sendo 75% residentes da zona rural.

A principal fonte geradora de renda é a agropecuária. A estrutra agrária é baseada no minifúndio. A produção agrícola do município tem como principais produtos o milho, a soja e o feijão, comercializados por cooperativas locais. Quanto à pecuária, a suinocultura e a avicultura estão associadas ao sistema de fomento desenvolvido pelas indústrias frigoríficas, como a Sadia, Cooperativa Central Aurora e Chapecó. A bovinocultura é em grande parte leiteira, cuja produção alcança

3.969.000 litros de leite ao ano (1990), o que permitiu a criação de uma pequena indústria de laticínios.

As principais indústrias são beneficiárias de madeira, com extração ou

produção de mobiliário, seguida da indústria de produtos alimentícios (erva-mate e laticínios), malharia e carvão. O setor terciário (comércio e serviços) tem seu

desenvolvimento baseado no setor primário, do qual depende economicamente, pois visa suprir as necessidades das famílias rurais, principalmente. A pequena variabilidade de gêneros oferecidos pelo comércio local provoca a evasão de compras para outros municípios, principalmente Concórdia.

(14)

AMAUC

Associação dos municípios do Alto |Uruguai Catarinense

Lindóia do Sul

Cidades

da AMAUC

Potencialidades

No acesso principal à cidade de Lindóia do Sul localiza-se o Parque São Cristóvão, que é intensamente utilizado pela população local, tanto durante o calendário de festividades municipais, como nos fins de semana. Ali ocorrem os principais eventos do município, com almoços, missas, shows e festas tradicionais.

Principais dados do município de Paial

2

Área territorial: 91.76 km

Data de Fundação: 04 de julho de 1995 Município-mãe: Itá

Colonização: Italiana e Alemães População: 2055(censo de 2000) História do município de Paial

Situada na região Oeste de Santa Catarina, Paial se emancipou de Itá e ainda anexou uma área de 20 quilômetros que pertencia a Seara.

Na área rural há um programa de diversificação de produção,

apostando em atividades como reflorestamento, plantio de cítricos e erva-mate, criação de pequenos animais e produção de leite.

(15)

AMAUC

Associação dos municípios do Alto |Uruguai Catarinense

Periti

ba

Cidades

da AMAUC

Principais dados do município de Peritiba Área territorial: 97 km2

Data de Fundação: 14 de junho de 1963 Município-mãe: Piratuba

Colonização: Alemã

População: 3233(censo de 2000) História do município de Peritiba

Peritiba em Tupi-guarani significa “Terra das Palmeiras”, mas esta cidade da região do Alto Uruguai não faz jus ao nome que tem. Quase não há palmeiras.

Os primeiros imigrantes alemães chegaram a Peritiba em 1919. Eram de Poço das Antas, hoje Montenegro (RS). Logo depois chegaram os

italianos. O município virou distrito de Piratuba em 1916, a localidade era conhecida por Arroio dos Veados. Depois mudou para Alto Veado, pois havia muitos desses animais nesta região. Porém, em 1953, por

sugestão de dois padres, a cidade passou a se chamar Peritiba. A principal atividade econômica do município é a suinocultura, depois vem a avicultura de corte, a bovinocultura de leite, o feijão e a apicultura, com menor expressão, as culturas de soja, arroz, mandioca, fumo e trigo.

Periti

ba

O sistema integrado também impera na região, caracterizada por pequenas propriedades rurais. Há predominio de integração na criação de gado leiteiro, tendo a Tirol de Treze Tílias, empresa em parceria com os colonos. Cerca de 20% da receita do município é proveniente do leite. Potencialidades

A cidade Peritiba tem um lado peculiar: praticamente não existe miséria; apenas 12% da população recebe menos de um salário mínimo, 21,45% ganham acima de quatro salários mínimos.

O índice de alfabetização também é exemplar. Apenas 1% dos habitantes são analfabetos.

(16)

AMAUC

Associação dos municípios do Alto |Uruguai Catarinense

Cidades

da AMAUC

Piratuba

Piratuba

Principais dados do município de Piratuba Área territorial: 149 km2

Data de Fundação: 30 de dezembro de 1948 Município-mãe: Campos Novos

Colonização: Alemã

População: 5802 (censo 2000) História do município de Piratura

Piratuba, que em tupi-guarani significa abundância de peixes, teve início em 1910, quando a companhia norte-americana Brasil Railway concluiu a construção da estrada de ferro São Paulo-Rio Grande do Sul. Nas margens da estrada de ferro foi instalado um núcleo chamado Vila do Rio do Peixe.

A maioria dos desbravadores eram gaúchos descendentes de alemães. Em 1949, a vila, foi emancipada, recebeu um nome indígena e passou a se chamar Piratuba.

Em 1964, a petrobrás, à procura de petróleo em terras catarinense, prefurou alguns poços na região do Rio do Peixe; e ao invés de “ouro negro” foi encontrado um lençol de águas sulforosas. Hoje o local é explorado pela Companhia Hidromineral de Piratuba, uma sociedade entre os governos estadual e municipal.

Foi esse balneário de àguas termais que o turismo começou a se desenvolver em Piratuba. Hoje a cidade conta com 9 hoteis.

Vista aerea de Piatuba Foto: site AMAUC

Com participação de 40% na economia do município, o turismo ainda não é líder na arrecadação, pois perde para a agricultura. Só o milho é responsável por uma produção de 15.600 toneladas/ano, e o feijão, 384 toneladas. Também há avinicultura e suinocultura

desenvolvidas por sistema integrado. A fruticultura também é importante, pois são 240 toneladas de uva e 180 de pêssego. Em algumas pequenas propriedades há até mamão e abacaxi.

Há um predomínio de propriedades com área de até 50 hectares. Potencialidades

O termas de Piratuba que atrai turistas de várias regiões, em especial do Rio Grande do Sul.

(17)

AMAUC

Associação dos municípios do Alto

|Uruguai Catarinense Seara

Presidente Castelo Branco

Cidades

da AMAUC

Principais dados do município de Presidente Castelo Branco Área territorial: 70 km2

Data de Fundação: 29 de dezembro de 1965 Município-mãe: Ouro

Colonização: Italiana

População: 2160 (censo 2000)

História do município de Presidente Castelo Branco

Dois Irmãos foi o nome do povoado fundado em 1935, com a chegada dos imigrantes italianos vindos do Rio Grande do Sul. Com a denominação de dois Irmãos, a região que hoje compõe

Presidente Castello Branco fez parte do município de Cruzeiro (hoje Joaçaba). Com seguidas emancipações na região de Cruzeiro, Dois Irmãos fez parte de vários municípios desmenbrados. Até que em 1964 conseguiu a emancipação. Mudou de nome, para Presidente Castello Branco, em 1965.

Presidente Castelo Branco é uma cidade tranquila. Movimento só de homens conversando em alguns poucos bares da região, ou de crianças entrando nos ônibus escolares- o transporte neste caso é gratuito. Também há ônibus disponível para excepcionais, eles são levados até a APAE de Concórdia.

Para alunos universitários, a prefeitura financia a passagem até Joaçaba, uma maneira de incentivar a educação de 3 grau no

município.

O forte da economia deste município está nos grãos, com destaque para o milho, depois vem o fumo, o feijão e o trigo. No setor pecuário destacam-se a criação de suínos e aves.

Principais dados do município de Seara Área territorial: 316 km2

Data de Fundação: 31 de dezembro de 1953 Município-mãe: Concórdia

Colonização: Italiana

População: 16488 (censo 2000) História do município de Seara

O Município de Seara foi colonizado basicamente por Alemães e Italianos no começo do século. Famílias inteiras vieram para estes lados desbravar uma terra desconhecida e brava. No princípio o nome era Nova Milano, em homenagem aos colonizadores, somente mais tarde, passaria a se chamar Seara, em homenagem ao Engenheiro Carlos Otaviano Seara.

Em 1944, Seara passa a ser vila e distrito do Minicípio de Concórdia, conquistando representatividade a nível municipal e estadual, desde então Seara não parou mais de crescer, firmando-se com uma comunidade pungente e promissora.

Em 1954, dez anos após, torna-se distrito Seara passa `a condição de Município, com sua emancipação política e administrativa, já dando

evidências do grande município que seria.

O maior orgulho de Seara, para seus moradores, é sediar o Museu Entomológico Fritz Plaumann, o maior do gênero na América

latina,inaugurado em outubro de 1988 e mantido pela prefeitura em convênio com a Universidade Federal de Santa Catarina. Sua coleção, exposta à

visitação pública, é formada por 80 mil exemplares de insetos de 17 mil

diferentes espécies. Dentre estes, 1500 descobertos pelo próprio Plaumann e desconhecidos no mundo científico até então. O colecionador mudou-se para o Brasil, mais precisamente para Seara, aos 22 anos, permanecendo ali até sua morte, em 1994, aos 92 anos de idade.

Seara é o segundo maior município da Associação dos Municípios do Alto Uruguai (AMAUC) em termos de arrecadação. Cerca de 80% de seu movimento econômico provém da Ceval Agroindustrial, instalada no município e que gera dois mil empregos diretos. Os outros 20% da

arrecadação vem da agropécuaria. Além da criação de suínos e aves e do cultivo de milho e feijão, Seara também aposta na produção de cítricos, já possuindo 42 hectares plantados com laranja.

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AMAUC

Associação dos municípios do Alto |Uruguai Catarinense

Xavantina

Cidades

da AMAUC

Principais dados do município de Xavantina Área territorial: 212 km2

Data de Fundação: 02 de fevereiro de 1964 Município-mãe: Seara

Colonização: Italiana, Alemã e Polonesa População: 4391 (censo 2000)

História do município de Xavantina

O início da colonização do município de Xavantina, deu-se por volta de 1920 com a vinda de famílias trazidas pelas colonizadoras Rio Branco e Lucce da Rosa. Os pioneiros chegaram entusiasmados com a extração e industrialização de plantas nativas.

Xavantina é o maior produtor de suínos per capita do brasil, 25 animais para cada habitante.

Possui cerca de 750 propriedades rurais, todas elas localizadas em terrenos acidentados, o que dificulta a tecnificação das lavouras. Os suinocultores trabalham em sistema de integração com a Seval, Sadia, Chapecó, Perdigão e Aurora. O leite já é a segunda economia de Xavantina. Possui um rebanho de 15 mil cabeças, sendo 70% de gado leiteiro, que fornece cerca de 18,5 milhões de litros de leite/ano.

Vista aerea de Xavantina Foto: site AMAUC

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A Colo

nização da Região

mindo-se a alguns agrupamentos indígenas, principalmente da nação Kaingang, e um número reduzido de mestiços, chamados de caboclos. Com o fim da Guerra do Contestado, e a resolução definitiva da questão dos limites envolvendo os estados de Santa Catarina e do Paraná, em 1916, se iniciou o processo de colonização desta área por descendentes de imigrantes europeus, vindos das velhas colônias do Rio Grande do Sul.

Um dos fatores que impulsionou este processo, foi a construção da estrada de ferro são Paulo- Rio Grande, pela empresa norte-americana Brazil

Railway, que acabou criando as condições iniciais para que a extensa faixa de terra abrangendo o oeste catarinense e o noroeste gaúcho acolhesse um número significativo de pessoas.

A política do Governo Federal era demarcar presença em áreas ainda poucos habitadas, visto que a área de fronteira ainda estava sujeita a litígios com a Argentina.

Após a resolução dos limites com o Paraná, o Estado de Santa Catarina criou municípios na região oeste, que seriam as bases para a colonização: Cruzeiro (atual joaçaba) e Chapecó, em 1917 e 1919 respectivamente, garantindo a presença catarinense no território.

O trabalho de atrair os colonos, assim como o de preparar o mínimo de infra-estrutura necessária, foi delegado às empresas de colonização. Várias se formaram ou atuaram na região, como a Empresa Povoadora e Pastoril de Teodoro Capelli; a Empresa Brum; a Sociedade Territorial Mosele, Eberle, Ahrons e Cia; a Bertaso & Maia; além da Brazil Development and

Colonization Company.

Contudo, na maior parte da região do Alto Uruguai, tanto do lado catarinense como no gaúcho, a principal responsável pela colonização foi a Empresa Colonizadora Luce, Rosa e Cia. Sediada em Porto Alegre, a

empresa de propriedade de Adolpho Guilherme Luce, Timótheo da Rosa e José Petry, comprou uma grande área de terra nas margens do Uruguai em 1883, apostando na sua valorização com a construção da estrada de ferro.

Atraves de pesquisa em livros, tem-se que no início do século XX, a população da região do Alto Uruguai era pequena, resu

A partir de 1915, a Luce Rosa intensificou a comercialização destas terras,

instalando um escritório junto à estação de Barro, hoje município de Guarana (RS). A princípio, foram feitas algumas obras, como estradas e pontes, para facilitar a venda de lotes nas colônias gaúchas de Barros, Nova Itália (Severiano de Almeida), Rio Novo ( Aratiba) e outros. No lado catarinense foram formadas as colônias de Nova Santa Cruz, Uvá, Poço Rico, Monte Alegre, Barra Grande, Nova Teutônia, Novo Milano e São Raphael, situadas nos atuais municípios de Itá, Concórdia, Seara e Chapecó.

Nesta época, nas colônias do Rio Grande do Sul não havia mais terras

disponíveis para os descendentes dos imigrantes europeus que tinham colonizado diversar áreas 40 anos antes. É este contingente que vai migrar para o Alto

Uruguai, formando os embriões das comunidades, vilas e cidades que

permanecem até hoje, e iniciando uma estrutura socio-econômica baseada na pequena propriedade rural e na agricultura familiar. Houve ainda o ingresso de um pequeno número de imigrantes alemães, italianos, poloneses, russos e ucranianos, vindos diretamente da Europa, principalmente durante as duas grandes guerras mundiais.

Toda a região do Alto Uruguai era coberta por imensas florestas. A infra-estrutura, quase inexistente, transformou os primeiros anos de vida destes colonos numa verdadeira luta contra os obstáculos que a natureza oferecia. No começo, as pequenas propriedades agrícolas tinham que ser auto-suficientes, produzindo quase tudo aquilo necessário para a manutenção da família. Muitas vezes, chegar ao estabelecimento comercial mais próximo demandava uma viagem de dias através de picadas abertas a facão no meio da mata. Nos relatos dos colonos pioneiros, são comuns os registros das imensas dificuldades.

Também houve o conflito cultural com os caboclos que residiam no meio do mato, a estrutura social do descendente europeu se baseava na acumulação de riquezas, enquanto o caboclo realizava atividades de subsistência.

Aos poucos foram constituindo-se as primeiras vilas e cidades da região. Em 1920, Chapecó possuia 8.238 habitantes e Cruzeiro, 12.082, entretanto, uma taxa de ocupação muito pequena se comparada com o restante do estado.

Os primeiros colonizadores que chegaram a Itá foram as famílias de Theodoro Schauble, que imigrou da Alemanha anos antes, e os irmãos Ângelo e Pedro Paludo, vindos de Monte Veneto (RS), em 1919. O nome Itá, que em tupi-guarani significa “pedra”, foi dado pelo caboclo Luis de Campos, em alusão a grande quantidade de formação rochosa nas margens do Uruguai. Em janeiro de 1924, o povoado se tormou distrito de Cruzeiro.

Nesta época, a sede da vila era formada por aproximadamente 15 casas de madeira, a velha igreja, um hotel, um estabelecimento comercial e o escritório da Luce Rosa.

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A Colo

nização da Região

das inúmeras dificuldades, os pequenos povoados do Alto Uruguai

cresceram, e encontraram na madeira a primeira possibilidade comercial lucrativa. Toda a região era coberta por densas florestas sub-tropicais nos locais mais baixos e por florestas de araucárias nas partes elevadas, árvores de bom valor comercial, como o cedro e pinheiro. Entretanto, não havia como transportar a madeira, fosse ela em torras inteiras ou cortada em tábuas. A solução veio da natureza: o rio Uruguai.

Apesar do trajeto sinuoso e das inúmeras quedas presentes em seu leito até o ponto em que recebe as águas do Peperi-Guaçu, na fronteira com a Argentina, o Uruguai pode ser proprício a navegação nos períodos de cheia, transformando-se assim, na principal via de escoação da produção

madeireira da região. A madeira era levada até a fronteira com a Argentina e comercializada.

O ciclo da indústria da madeira durou mais de três décadas, teve seu auge entre 1930 e 1950, foi a principal atividade econômica da região.

Um dos períodos mais propícios para o transporte era setembro, quando quase sempre ocorria a enchente de São Miguel.

A indústria madeireira possibilitou à região o capital necessário ao

desenvolvimento de outras atividades econômicas ou mesmo para a melhoria das instalações rurais dos colonos.

Em 1945, houve uma das maiores secas da época, que durou três anos, como o transporte da madeira dependia das cheias, pouco foi vendido, ocasionando a falência de várias madeireiras.

A partir da metade da década de 40, a melhoria da infra-estrutura de estradas, abriu novos mercados para a indústria madeireira, bem como para o escoamento da produção agropecuária dos colonos.

O isolamento e as dificuldades de comunicação, mantiveram nos colonizadores um forte apego às tradições e às culturas de seus

antepassados. Normalmente, como os núleos eram formados por uma mesma etnia, acabava facilitando a preservação dos costumes, sendo que em muitas comunidades, só se falava a língua natal e nas escolas o ensino

Apesar

Durante a segunda Guerra Mundial, após o Brasil entrar no conflito contra os países do eixo, o Governo Federal proibiu que se conversasse em italiano ou alemão. Entretanto, ainda hoje é comum entre os mais antigos, a comunicação familiar nestes idiomas.

As tradições estavam presentes em manifestações das comunidades, como na gastronomia, nas festas, na religiosidade e na organização da estrutra social. Exemplo disso o Kerb nos povoados alemães, festa tradicional muito aguardada, geralmente realizada no mês de janeiro.

Nas comunidades católicas, a principal festa sempre estava ligada aos padroeiros das igrejas e das comunidades.

Calcula-se que entre 1920 e 1940, ingressaram mais de 76 mil pessoas na região, muitos vindos de colônias do Rio Grande do Sul. A maior vila da região, Concórdia, se tornou município, desmenbrando-se de Cruzeiro, incorporou em seu território os distritos de Itá, Alto Bela Vista e Ipira. Em 13 de dezembro de 1953, Itá deixou de ser distrito de Concórdia.

A partir da década de 50, a indústria madeireira entra em declínio na região, devido a exaustão das reservas de madeira após 30 anos de exploração. Uma nova atividade, essencialmente indústrial, ganha forças, a agroindústria do segmento de carnes de suínos e aves, tornando-se responsável por todo o crescimento econômico do Alto Uruguai nas décadas seguintes.

A criação de suínos na região, a princípio para abastecer as próprias famílias, já vinha sustentando uma incipiente indústria nas décadas de 20 e 30. Inicialmente, aproveitava-se a banha e a carne, que servia para produtos

salgados e defumados.

A partir de 1940, com o acelerado crescimento populacional do Brasil, e a disponibilidade de matéria-prima, despertou em alguns empreendedores a

potencialidade de comercialização em grande escala de produtos manufaturados a partir da carne de suínos.

Nasce na Região Oeste catarinense as empresas sadia (1944) em Concórdia, e a Perdigão (1941) em Videira, que impulsionaram a produção, industrialização e comercialização de produtos de origem animal na região.

Estas empresas criam um sistema de integração entre o campo e a indústria, sendo a Sadia, empresa pioneira nesta iniciativa.

Paralelamente a estas iniciativas surgem inúmeras cooperativas de produtores rurais, como a Cooperativa Central, em Chapecó.

Em Itá, a necessidade crescente de energia, tanto para uso doméstico como para alimentar as pequenas indústrias,fez com que fosse criada, em 1947, a Companhia de Força e Luz Itaiense, a primeira usina hidrelétrica do município,

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A Colo

nização da Região

Uvá, afluente do Uruguai. Sendo inaugurada pelo Governador do estado, Irineu Bornhausen, em 1952.

Com a ampliação das Centrais Elétricas de santa Catarina (Celesc), que passou a oferecer energia para todo o estado, a usina acabou sendo

desativada em 1963.

Na décade de 50 e 60, o modelo de minifúndio consolodou-se, e a forte relação entre agricultura e indústria, cresceu , fazendo do Oeste catarinense a maior zona produtora de carnes de aves e suínos do Brasil.

A história recente da região do Alto Uruguai foi marcada por lutas e desafios, enfrentando os limites da natureza, criando condições socio-econômicas favoráveis a todos. Mesmo assim, apesar de todas as

dificuldades, esta gente dominou a natureza, organizou uma sociedade com boa qualidade de vida e fez de sua história, uma história de vencedores.

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O Rio

Uruguai

Em pesquisas bibliograficas, chegou-se que bem no Vértice do Delta,

quase defronte à cidade de Buenos Aires, chega o rio Uruguai, carregando

águas de 365 quilômetros quadrados da parte sul do Brasil, do nordeste da Argentina e do Oeste do Uruguai.

O Uruguai é um rio diferente dos outros grandes formadores do Prata. Chega manso ao delta, corpulento quase mar. Fica assim desde 625

quilômetros rio acima, quando desce o último salto e ganha a planície. Num leito de mais de 1200 metros de largura, desliza parado, uniforme e mudo.

No trecho catarinense da Serra Geral, forma córregos cristalinos e sonoros e, que vão se tornar cada vez mais sonoros e cor de terra até atingir o Pampa. O Canoas e Pelotas, pai e mãe do Uruguai, nascem a mais de 1200 metros de altitude, nos reversos da Serra Geral.

Quando chegam em Campos Novos, os dois se juntam e nasce o Uruguai. Dali até a mansidão do Pampa, o trecho é vencido rapidamente. Por um capricho da natureza, em apenas 400 quilômetros até o rio Peperi-Guaçu, na divisa de Santa Catarina com a Argentina, um mar de água doce cai, em média, meio metro por quilômetro. Encaixado entre montanhas de até 700 metros, esprimido no fundo dos vales, o Uruguai não tem direito a leito: tem calha, cavada no basalto por sucessões de corredeiras.

Esse trecho, que recebe águas tanto do solo gaúcho quanto do

catarinense, não é navegável, exceto quando as cheias encobrem os saltos e, rio abaixo, transformam o Pampa em um imenso mar.

Quando o rio sobe, a correnteza é tão forte que só se navega rio abaixo. Subir o Uruguai a partir da fox do Peperi-Guaçu é quase impossível, o que foi logo descoberto pelos conquistadores portugueses e espanhóis, há quase 500 anos.

Em 1908, os trilhos da Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande, um dos maiores empreendimentos da Repúplica, entraram em território contestado, com traçado projetado para costear o rio do Peixe no sentido norte-sul até sua foz, onde uma ponte cruzaria o rio Uruguai na altura de Marcelino Ramos. A cessionária da ferrovia, a norte americana Brazil Railway, recebeu como pagamento pela

construção 15 quilômetros de terras de cada lado da estrada, uma área rica em madeiras nobres, especialmente pinheros araucária. Porém, os sertanejos que ali viviam não aceitaram a expulsão das terras e, num caldo em que se misturam messianismo, coronelismo e interesses obscurros dos dois Estados litigantes (

Paraná e Santa Catarina), começou uma guerra sangrenta que só terminou de forma trágica em 1915, após 13 expedições do exército nacional.

Nos mapas, o rio Uruguai é um traço curto, correspondendo a sua parte baixa, a parte navegável do Pampa. As referências param na foz do Peperi-Guaçu, por que subir o Uruguai a apartir daí não implicava apenas em vencer o rio. As montanhas também cresciam, os vales se tornavam profundos, a floresta era cada vez mais complexa e densa, repleta de animais, territórios de índios guerreiros. O local não era de fácil conquista e não representava riquezas que justificassem a difícil

empreitada.Se houvesse uma Potosi e sua prata, certamente a história seria outra. Mas, a ausência de atrativos imediatos, as peculiaridades do relevo, da hidrográfia, da floresta e a reação dos índios retardaram em quase 400 anos a ocupação, por brancos, do território que hoje corresponde ao norte gaúcho e ao oeste catarinense.

Por integrar a bacia do rio da Prata, o rio Uruguai serviu como rota natural de migração e testemunhou a passagem de muitos grupos humanos pré-históricos que se deslocavam pela região meridional do continente, conforme suas necessidades econômicas, sociais e religiosas. Isso é atestado pela quantidade de remanescentes culturais e sítios arqueológicos encontrados ao longo de suas margens e de seus afluentes, deixados por povos de diferentes culturas.

A incursão do Paraguai em território brasileiro e as pretensões argentinas reveladas em 1876 sobre a área que hoje corresponde ao oeste catarinense e ao sudoeste do Paraná intensificaram o interesse do Império pela colonização da região do Alto Uruguai. Pouco antes da Guerra do Paraguai, em 1859, o governo central determinou a criação de várias colônias militares onde está o atual Estado do

Paraná. A mais meridional delas, a de Chapecó, foi instalada em 1882 próxima ao rio com o mesmo nome e deveria proteger toda a bacia do Alto Uruguai.

Os primeiros mapas da parte meridional da América do Sul, datados de meados do século XVI, comprovam os grandes feitos dos conquistadores. Entrando pelo Prata, eles mapearam rapidamente uma vasta área do norte da Argentina, do Brasil central e do Paraguai e seus afluentes.

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O Rio

Uruguai

Nas clareiras abertas, os colonos faziam roças de milho, utilizado para alimentar suínos, iniciando os primeiros elos de uma cadeia produtiva de carnes que se tornaria a base da economia local a partir dos anos 60. Com o fim da madeira e a abertura de estradas de rodagem, o rio Uruguai foi

esquecido. Não havia mais o quê e nem por que transportar nas arriscadas viagens da cheia.

Foto: site unijui.tche.br

Foto: site unijui.tche.br

Foto: site unijui.tche.br

Com o fim da Guerra do Contestado, os Estados de Santa Catarina e Paraná fizeram um acordo e dividiram em partes quase iguais o território. Temerosos de novos conflitos, cada um tratou de baixar várias medidas administrativas para ocupar rapidamente sua posessão. Do lado catarinense foram criados em 1917 os municípios de Mafra, Porto União, Cruzeiro (atual Joaçaba) e Chapecó, estando os dois últimos dentro da bacia do rio Uruguai.

Para acelerar a ocupação, o governo catarinense repassou a empresas particulares imensas glebas de terras. A idéia era atrair colonos descendentes de europeus, sobretudo de italianos e de alemães, que haviam ocupado a Serra Gaúcha a partir de 1870, mas que não encontravam mais espaço para expandir suas atividades agrícolas dentro do Estado. Quase toda a parte norte do Rio Grande do Sul já estava ocupada, restando por volta de 1920 apenas as regiões mais próximas ao rio Uruguai, especialmente, as terras do lado

catarinense. Nos 40 anos seguintes, a região Oeste de Santa Catarina recebeu milhões de imigrantes, num dos maiores fluxos internos do país, quando foram fundadas centenas de comunidades, entre elas cidades como Itá e Concórdia.

Até 1950, o rio Uruguai foi de fundamental importância para a primeira atividade econômica, que permitiu grande acumulo de riqueza para novas colônias: o corte e a comercialização de madeira. Rica em espécies nobres de florestas subtropicais como o cedro, e em outras espécies de florestas de araucária, a atividade madeireira predominou em todas as novas

comunidades.

A madeira abatida, era amarrada em gigantescas balsas, ficando a espera de uma enchente capaz de permitir a navegação sobre saltos e corredeiras, do rio Uruguai, rumo a São Borja, Uruguaiana e Buenos Aires. Os lucros da atividade sustentaram os primeiros empreendimentos e as primeiras indústrias.

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A Usin

a Hidréletrica de Itá

“Rio desviado, engenheiro descansado”, para quem nunca viu ou ouviu falar, fica difícil imaginar um rio sendo desviado, mas isto é um evento comum na construção de usinas hidrelétricas.

Desviar um rio, na prática, é o momento mais dramático e arriscado da construção de uma usina, especialmente quando o rio é nervoso e instável como o rio Uruguai.

A volta do Uvá, uma enorme volta em forma de ferradura que faz o rio Uruguai, próximo as cidades de Itá (SC) e Aratiba (RS), foi este o local escolhido para a implantação da Usina Hidrelétrica Itá.

No interior da volta fica a usina propriamente dita; casa de força com os geradores de energia elétrica movidos pela força das águas. A água que move as turbinas é armazenada em um imenso reservatório, formado a partir da barragem. Como a construção desta barragem precisa ser feita em terreno seco, necessita-se então, desviar o rio. Como neste caso o rio faz uma

ferradura; em sua base podem ser escavados túneis, fazendo com que o rio, quando desviado, encontre seu próprio leito a jusante ou rio abaixo.

centenas de propriedades. Felizmente, esta tragédia não aconteceu e a ensecadeira pode ser salva.

Em 1989, a moratória da dívida externa, decretada pelo Governo Federal, afastou a possibilidadde de financiamento junto a bancos de fomentos

internacionais, paralizando muitas obras, entre elas Itá, que esteve na lista das obras inacabadas durante anos.

Em 1993, dois decretos do Governo Federal, os decretos 915/93 e 1009/93, permitiram a participação privada na finalização de usinas hidrelétricas e térmicas paradas por falta de recursos.

A intencão era criar um consórcio privado para associar-se à Eletrosul, ficando ele responsável pela obra.

A Eletrosul seria responsável por toda a área do reservatório, ou seja, pelas questões econômicas e sociais relativas à área inundada.

O parceiro da Eletrosul neste empreendimento foi o Consórcio Itá

Energética S.A (Itasa), formado pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), OPP-Odebrecht Química S.A e Companhia Cimento Itambé.

Em março de 1996, as máquinas pesadas começaram a lançar toneladas de rocha e solo no leito do rio Uruguai, no início da Volta do Uvá, formando a ensecadeira de montante dos túneis.

Era o início do projeto que se configurou na maior obra em construção na América Latina.

Foto: Tractebel

A barragem da usina de Itá tem 125 metros de altura e 880 metros de

comprimento. Foi escavado cinco túneis de mais de 500 metros de comprimento e até 17 metros de altura, escavados em rocha.

O regime do rio Uruguai foi estudado à exaustão. Dados estatísticos sobre a vazão, desde 1906, foram analisados, mês a mês. Ensaios em modelos,

simulações de cheias e o comportamento das barragens, do rio e do seu entorno.

Durante as obras, uma grande cheia evidenciou a característica mais marcante do rio Uruguai; a rapidez com que ele sobe e desce. Era ano de El

Niño, e esta foi uma das maiores cheias da história do rio Uruguai, tudo isso, na mesma época em que se estava construíndo a ensecadeira, na parte central do leito.

Um esforço muito grande foi feito na tentativa de salvar a ensecadeira, pois com as cheias, havia o risco da força da água corroer rapitamente a estrutura da ensecadeira, arrasando-a completamente. Uma enorme onda iria se formar atingindo a barragem principal e a ponte de serviço, alagando uma área imensa e destruíndo

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A Usin

a Hidréletrica de Itá

do dia 15 para o dia 16 de dezembro de 1999, por volta das quatro horas da manhã, as comportas começaram a descer, com auxílio de guindastes. A tensão era muito grande, e a conclusão da operação com sucesso causou grande comoção. Em 8 de março de 2000, o fechamento do dessecador de fundo concluiu o fechamento do desvio do rio Uruguai. O imenso lago ganhou forma, e pôde abastecer de água a primeira turbina, que girou pela primeira vez no fim de maio.

Itá tem capacidade de gerar 1450 megawatts em sua carga máxima, sendo 668 megawatts médios de energia garantida, uma referência mundia em termos de tecnologia, de segurança e de relacionamento social e

ambiental.

A usina é um exemplo de desestatização do setor elétrico brasileiro , aonde a iniciativa privada está à frente dos projetos e o Estado passa a exercer as funções de regulação e fiscalização.

Na virada

A instalação da usina de Itá mexeu profundamente com a região do Alto Uruguai, tanto no aspecto ambiental, quanto econômico e social. A alteração dos ecossistemas terrestres, incluindo flora e fauna, tende a causar transformações no ambiente ribeirinho, propriciando a proliferação de algumas espécies, em detrimento de outras.

No aspecto socioeconômico, o alagamento de áreas agrícolas significou grande perda de produção agropecuária.

A base populacional e o quadro de vida sofreram alterações, em função da saída de pessoas e ao mesmo tempo da chegada de novos moradores.

Provocando alterações nos padrões de renda, educação, alimentação, saúde e habitação.

Entretanto, a usina também trouxe aspectos positivos, sendo que o

empreendimento proporcionou um profundo estudo dos meios físicos bióticos e socioeconômico da região. Foram viabilizada diversas acões de melhoria da qualidade ambiental na região da usina e seu reservatório, um dos exemplos, a qualidade da água, constantemente monitorada, onde foram tomadas algumas ações efetivas para a sua melhoria.

Na área econômica, há a possiblidade da exploração turística pelos 11

municípios que margeam o lago. Podendo utiliza-lo para a navegação, esportes náuticos, pesca e outras atividades.

A própria usina é um centro de convergência de interesses, bem como a arquitetura da nova cidade de Itá, uma das poucas cidades planejada do Brasil, única no estado.

A cidade de Itá, passou por grandes mudanças desde o início do projeto da Usina. A velha Itá tinha na agricultura e na pecuária a base de sua econômia; não havia asfalto para se chegar a ela. A nova cidade tornou-se bonita, atrativa, segura e famosa. Melhorou a qualidade de vida, e há boas expectativas em relação aos inventimentos turísticos. Um deles, o Termas de Itá, em fase de finalização.

Programas Ambientais Permanentes

O estudo do Impacto Ambiental- Relatório do Impacto Ambiental (EIA-Rima) definiu a criação de 23 programas ambientais executados durante a

construção. Mas alguns são permanentes, e seguem após a operação normal da usina.*

mada das obras, atraiu gente dos quatro cantos do país para a barragem. Muita gente sem experiência neste tipo de obra, veio em busca de emprego. Mesmo esta sendo uma grande obra, não havia lugar para tanta gente. Muitos dos que vieram, acabaram recebendo a passagem de volta para suas casas.

Estava em jogo a qualidade de vida da cidade, calcula-se que a população de Itá cresceu cerca de 20 mil pessoas.

A pricípio, a barragem ficaria mais a jusante, aproveitando também a bacia do rio Uvá. Porém, a inundação do vale atingiria muitas propriedades, encarecendo o projeto devido ao alto número de indenizações. Sendo assim, optou-se por barrar o Uruguai antes da foz do Uvá, perdeu-se um pouco do reservatório e o número de unidades geradoras foi reduzido.

Em dezembro de 1997, a Eletrosul foi cindida, surgindo a Gerasul para geração de energia, cabendo para a Eletrosul o setor de transmissão. Em 1998, a Gerasul foi privatizada, sendo adquirida pelo grupo belga Tractebel. Posteriormente a Gerasul adquiriu parte de um dos membros da Itasa, passando a controlar cerca de 70% do empreendimento.

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A Usin

a Hidréletrica de Itá

Educação ambiental

Inclui a criação do centro de Educação Ambiental do Alto Uruguai, o

desenvolvimento comunitário e atividades práticas de educação ambiental, através de convênios com universidades e agências de desenvolvimento.

Manejo e conservação da flora e fauna

Um horto com capacidade de 500 mil mudas/ano já foi implantado, assim como foram reflorestados 170 hectares de faixa ciliar. Novas áreas serão reflorestadas: uma em Marcelino Ramos (Teixeira Soares), com 461 hectares, e outra em

Concórdia (queimados), com 735 hectares. Um centro de pesquisa está sendo criado em Queimados, e convênios com universidades, prefeituras e instituições de pesquisa serão mantidos. A fauna aquática ganhou um programa específico, e há um grande projeto permanente para o salvamento e aproveitamento

científico da flora.

Fomento às atividades agropeárias/conservação do solo e saneamento rural

Um convênio com Epagri e Emater promove ações de conservação do solo, saneamento, educação ambiental e melhorias nas culturas e criações. Estas ações vão compor um novo programa, chamado Programa de Extensão Rural e Difusão Tecnológica na Produção Agropecuária com Ênfase na Conservação Ambiental.

Usos múltiplos do reservatório e seu entorno

Primeiro o programa analisou os usos possíveis e recomendáveis do lago, assim como esboçou roteiros turísticos integrados, entre outras coisas. Por fim, partiu para o detalhamento dos roteiros turísticos e para a definição de uma estratégia para a piscicultura comercial e recreativa.

Observação das condições sismológicas

Cinco sismômetros detectam possíveis variações do nível de sismicidade da região.

*Texto tirado na integra do livro “Itá, Memórias de uma Usina, pág 164- Editora expressão Sul-

Observação das condições climatológicas

Através de quatro estações meterológicas, os eventos climatológicos são registrados e estudados.

Observação das condições hidrossedimentológicas

O registro e a análise das contribuições dos sedimentos no reservatório são feitos através de 27 seções topobatimétricas e 5 estações.

Monitorização e controle da estabilidade dos taludes marginais

Avaliação geológica das áreas suscetíveis a deslizamentos.

Monitorização das condições do aquífero basáltico

A qualidade das águas subterrâneas é monitorada através de 20 poços.

Controle de degradação e recomposição das áreas da obra

Terá continuidade ainda por mais 4 anos.

Monitorização e controle da qualidade das águas

Inclui uma rede de monitorização das condições da água do lago, o controle das macrófitas aquáticas e o melhoramento da água, através de programas junto a agricultores e o controle de poluentes.

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Histó

rico de Itá

“ ização de Itá foi iniciada em 1919. A empresa Luce & Rosa Cia Ltda, com sede no Rio Grande do Sul, vendeu glebas a colonos gaúchos

descendentes de imigrantes italianos e alemães. O ponto de penetração foi uma picada de 60 quilômetros, partindo da Estação Ferroviária de Barro (hoje minicípio de Gaurama), passando pelos povoados de Santo Antônio, Três Arroios, Dourado e Rio Novo, até o rio Uruguai, no estado do Rio Grande do Sul.

Seguindo pelo interior de Santa Catarina, até o rio Uvá, da referida picada foi feita a estrada de rodagem terminada em fins de 1922.

Posteriormente, foi ligada de Uvá por outra picada à cidade de Passo Bormamm e dai a Chapecó, passando por Caçador, Ariranhazinha, Nova Teutônia e Irany, anos após também convertida em estrada de rodagem.

O primeiro colono foi um alemão, Theodoro Scheuble, vindo de São Paulo com sua família em 1919. Em 21 de setembro do mesmo ano vieram os senhores Valentim Bernardi e Ângelo Paludo, que se estabeleceram no lugar previsto para o povoado. Em 1920 começou o loteamento do local. O nome “Itá” foi dado, então, pelo caboclo Luiz de Campos, que chegou aqui por aqueles dias. Itá é palavra tupi, significando “pedra, rocha, objeto duro”.

No mesmo ano chegaram Pedro Paludo, Miguel Paludo, Francisco Hall e outros, para comprar terras. Começaram a residir em princípios de 1920, formando o primeiro estabelecimento comercial.

No dia 13 de abril de 1920 chegaram a mudança de Ângelo Paludo com a respectiva família, e em 31 de agosto do mesmo ano, vieram seus irmãos Pedro Paludo e Miguel Paludo ambos com suas famílias. Assim estava composto o início do povoamento da sede Itá.”

Em 1921 é criada a primeira escola municipal regida pelo professor João Hamster.

Por iniciativa de Pedro Paludo e do pastor Jorge Weidemamm, Itá é elevada à categoria de distrito, devido ao seu grande progresso.

A colon

Por ser ponto estratégico, Itá foi lugar de penetração pelas forças revolucionárias. Em Itá, praticamente começou a revolução de 1930. O povoado acabou sofrendo grandes prejuízos.

Nesta revolução, há registros de invasão da vila de Itá, com o comércio quase destruído e alta generalizada dos preços dos produtos alimentícios.

A partir de 1950, voltou a progredir, monstrando capacidade econômica. Em 1953 pleitou a emancipação política e administrativa. Foi conseguido o intento, e pela lei número 268 de 13 de novembro de 1956, foi aprovada a criação deste município, sendo instalado em 13 de dezembro deste mesmo ano. Tendo como primeiro Prefeito Provisório o Sr João Moscheta, até a posse do prefeito eleito Sr Pedro Paludo, em 30 de junho de 1957.

A base econômica do município era a extração de madeira, que através de balsas era levada pelo rio Uruguai até Buenos Aires, na Argentina. Paralelamente, desenvolvia-se a agricultura.

A pacata vida desta cidade começou a mudar em 1978, com a notícia de que ali seria construida uma usina hidrelétrica, aproveitando as águas do rio Uruguai, sendo que o reservatório da barragem inundaria a sede do município.

Desde 1966, vem sendo estudado o potencial hidroenegético da bacia do rio Uruguai. De 1966 a 1968, a Enersul (Comitê de estudos energéticos), realizou

estudos de reconhecimento e caracterização dos recursos hídricos da área. Em fins da décade de 70, a Eletrosul retoma estes estudos de viabilidade e encaminha o projeto de construção de 22 hidroelétricas na bacia do rio Uruguai. Em 1977 uma série de informações vem a conhecimento público, mas sem nenhuma confirmação oficial. Em 1979, a Eletrosul publica o resultado dos estudos e propõe a construção das hidroelétricas de Machadinho e Itá.

A reação da população foi de choque e insegurança, devido a imprecisão das informações divulgadas. Foi se formando o movimento dos Atingidos pela

Barragem, que conseguiu grande mobilização dos agricultores atingidos, em 1979 formou-se a comissão Regional de Atingidos por Barragem (CRAB).

Em 1979, a construção da Barragem tornou-se de conhecimento dos moradores de Itá.

As primeiras notícias divulgadas informavam que a sede de Itá não seria atingida, transmitindo uma sensação de tranquilidade e segurança em relação ao futuro por parte dos moradores, bem como perspectiva de desenvolvimento para a pequena cidade.

Em fins de 1979, a Eletrosul tornou público o alagamento da sede do município. A população em geral começou a viver momentos de angústia e de incertezas.

(28)

Histó

rico de Itá

Ter seu espaço construído socialmente coberto pelas águas, gera um sentimento de perda, que não se restringe somente a bens materiais, mas a aspectos sociais e simbólicos. O valor da casa, da igreja, da relação de vizinhanças.

Com o passar dos anos, com a demora na construção da nova cidade, e mais as mudanças que estavam ocorrendo na velha Itá, a mudança

comecou a fazer parte do cotidiano, sendo até mesmo esperada com certa ansiedade.

A própria decisão de relocar a cidade contribuiu para amenizar o clima de insegurança, e criar novas expectativas quanto ao futuro, ao progresso da nova cidade.

(29)

A Nov

a Cidade de Itá

Em 1979, surge a notícia de que a cidade de Itá seria inundada pela construção da Usina Hidrelétrica, deixando, num primeiro momento, os moradores assustados e apreensivos.

A partir dai, iníciou o processo que culminaria com a construção de uma nova cidade, distânte quatro quilômetros da sede oficial, inaugurada

oficilamente em 1997.

Além da relocação da cidade de Itá, foram desenvolvidos 23 programas socioambientais, envolvendo diversar áreas, desde a proteção à flora e a fauna, resgate cultural e histórico até a preparação do município a explorar a vocação turística do lago. Tudo isso, devido ao grande porte da obra, a usina, que acarretaria num grande impacto ambiental e social.

Inicialmente, os esforços se concentraram na questão da transferência da cidade, com inúmeras discussões entre a comunidade, governos e

Eletrosul. Resultado disso foi a elaboração do Plano de Mudança.

Em seguida, veio a escolha do local que iria abrigar a nova cidade. Foram apresentadas três alternativas, e a comunidade acabou optando por uma área em um espigão vizinho a cidade velha, conhecido como Altos de Itá.

Após a escolha do sítio, foram elaborados o Plano Urbano, o Plano de Mudanças e os projetos arquitetônicos dos equipamentos comunitários. Ao mesmo tempo, aconteciam as negociações com os proprietários.

Duas questões orientaram a elaboração do Plano Urbano e dos projetos arquitetônicos: o respeito à cultura e a tradição, e o envolvimento da

população no desenvolvimento do próprio projeto.

A princípio, havia a mudança em relação ao próprio espaço físico da área escolhida, de topo de um morro com forma alongada e linear,

característica bem diferente da cidade velha, um vale protegido de ventos e geadas, com suas casas próximas umas das outras.

A população de Itá nesta época era de 940 moradores, distribuídos em 200 famílias.

Em 1984, com a aprovação dos planos de mudança e diretor, acelerou-se o processo de implantação da nova cidade. Era de suma importância preservar os usos e costumes, manter as atividades econômicas, garantir os direitos de

inquilinos e arrendatários, viabilizar o uso racional do solo nos espaços centrais da cidade nova, preservar a memória da velha cidade.

Como foi constatado pelos técnicos que os moradores teriam dificuldade em gerir a construção das residências, acabou-se por oferecer três opções à

população: indenização, pagamento aos proprietários de modo a providenciar o projeto e a construção por conta prórpia, e a permuta da casa da cidade velha pela casa na nova cidade. Sendo que 95% da população optou pela permuta.

O plano de mudança estabeleceu o Ponto Mais Central (PMC) na velha cidade, e a partir dele foram feitas as distribuições dos lotes na nova cidade.

As primeiras famílias se mudaram em 1987, foram as famílias de Vitorino Gelinski e Eugênia Picolli, depois deles, houve um período relativamente grande até a chegada de outras famílias.

Quando as duas famílias chegaram, quase todas as obras de infra-estrutura e dos prédios públicos estavam prontos, faltando apenas a finalização da

construção das residências.

A redução do aporte de recursos federais no final da década de 80, acarretou na diminuição do ritmo das obras. Isto ocasionou a coexistência das duas cidades, entre 1988 e 1991, já que na nova cidade estavam funcionando alguns

equipamentos públicos, prefeitura e colégio, alguns moradores, e outra parte da população e algum comercio ainda se situavam na velha Itá. Pra tanto, manteve-se o transporte coletivo gratuito entre as duas sedes.

Em abril de 2000, ocorreu a última homenagem à velha cidade, pouco antes da área ser inundada pelo reservatório. Ao pé das torres da Igreja São Pedro, única construção mantida por desejo da comunidade, foi rezada uma missa especial, entre outras atividades, no evento demoninado “Adeus à cidade velha”.

Torres da antiga greja Foto: Tractebel Monumento a cidade

Referências

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