RELATÓRIO FINAL
MARTA SALOMÉ BARBOSA BATISTA ¦ 2012303
MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA
Orientador: Mestre Catarina Gouveia
Regente da Unidade Curricular:Professor Doutor Rui Maio
NOVA Medical School ¦ Faculdade de Ciências Médicas Junho 2018 ¦ Ano Letivo 2017/2018
ÍNDICE
Introdução ... 1
Descrição das Atividades Curriculares... 2
Estágio de Cirurgia | Hospital Beatriz Ângelo ... 2
Estágio de Medicina | Hospital São José Medicina 1.4 ... 3
Estágio de Ginecologia Obstetricia | Hospital São Francisco Xavier ... 4
Estágio de Saúde Mental | Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa ... 4
Estágio de Medicina Geral e Familiar | USF Feijó... 5
Estágio de Pediatria | Hospital Dona Estefânia ... 5
Descrição de Outras Atividades Formativas e Extracurriculares ... 6
Reflexão Critica ... 7
INTRODUÇÃO
No 6º ano, os estágios parcelares do Mestrado Integrado em Medicina, enquadram-se na Unidade Curricular Estágio Profissionalizante, onde deverá existir uma consolidação e interligação dos conhecimentos teóricos e práticos que existiram ao longo do curso. No documento “O Licenciado Médico em Portugal”1, é referido pelo Professor Doutor José
Fernandes e Fernandes que “a Medicina moderna é uma ciência, porventura a mais jovem de
todas, (...), requer a perceção da globalidade do ser humano doente, na sua dimensão pessoal, física, espiritual e familiar e não pode ser indiferente ao componente social. Por isso a educação dum Médico é complexa; não pode ser apenas a aprendizagem de gestos e atitudes que lhe permitam a prática profissional. Requer cultura, sem o que a sua compreensão do individuo doente será sempre limitada; formação científica sólida, sem o que não dominará as razões da sua atuação e não poderá progredir e inovar; impõe sentido ético e moral e interesse pelo próximo, sem o que não poderá apreender e viver o espírito de serviço que deve ser o paradigma da sua profissão”, e, desta forma, no 6º ano existe esta perceção e contacto que é referido neste
excerto, com os estágios parcelares de Cirurgia, Medicina Interna, Ginecologia e Obstetrícia, Saúde Mental, Medicina Geral e Familiar e Pediatria que, de uma forma programada e orientada, permitem que haja uma aproximação à prática clínica e que, no final, se reúnam as competências técnicas, clínicas, sociais e éticas necessárias ao exercício da Medicina. O Relatório Final de Estágio pretende ser uma reflexão sobre a evolução que existiu durante o estágio profissionalizante, dividindo e resumindo a descrição das atividades curriculares pelos estágios parcelares, por ordem cronológica, com início a 11 de Setembro de 2017 e término a 1 de Junho de 2018, descrevendo os objetivos expectados e alcançados e terminando com uma reflexão crítica final. Irão também constar projetos extracurriculares relevantes para a minha formação pré-graduada e experiência profissional futura.
1Victorino R, Jollie C, McKim J. Licenciado Médico em Portugal. Core Graduates Learning Outcomes Project Lisboa:
DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES CURRICULARES
ESTÁGIO DE CIRURGIA | HOSPITAL BEATRIZ ÂNGELO
O estágio de Cirurgia consistiu em: 1 semana de aulas teórico e teórico-práticas, 4 semanas de Cirurgia Geral, 1 semana no Serviço de Urgência (posteriormente designado pela sigla SU) e 2 semanas na opcional de Anestesiologia. Os objetivos deste estágio eram, a nível das competências clinicas: conhecer e saber aplicar a linguagem e terminologia cirúrgicas, conhecer as principais síndromes cirúrgicas, etiopatogenia e semiologia, diagnóstico e tratamento, distinguir as situações clinicas com indicação cirúrgica eleita e urgente, executar um exame clinico metódico e completo, formular hipóteses diagnósticas, selecionar e requisitar os exames complementares de diagnóstico (posteriormente designado pela sigla ECDs) necessários,
avaliar o estado nutricional e o risco cirúrgico, saber executar as técnicas de pequena cirurgia, de anestesia e assepsia necessárias para o efeito. A nível de formação social: respeitar os doentes, os familiares e conhecer os seus direitos e deveres, conhecer os princípios éticos inerentes à confidencialidade e à transmissão adequada da informação necessária para o consentimento informado, comunicar adequadamente e trabalhar em equipa, adotar uma atitude proativa e reconhecer a importância da formação médica ao longo da vida. As atividades durante o estágio compreenderam, o acompanhamento diário da atividade do tutor, no bloco operatório, enfermaria, nas consultas, no SU, nas reuniões multidisciplinares e do serviço. No fim, foi apresentado no minicongresso um caso clínico intitulado “Um Estranho Caso de Dispneia”.
ESTÁGIO DE MEDICINA | HOSPITAL SÃO JOSÉ MEDICINA 1.4
O estágio de Medicina Interna teve como objetivos: adquirir competências teóricas e práticas avançadas, autonomia e responsabilidade, de forma gradual e tutelada. Ter uma participação ativa nas tarefas médicas, com anamnese e exame objetivo, execução de técnicas, pedidos de ECDs e respetiva interpretação, reconhecimento de diagnósticos e propostas terapêuticas e discussão das mesmas, realizar registos clínicos, como os diários, notas de entrada, de alta, transmissão de informação aos restantes membros da equipa, resumir os quadros clínicos, desenvolvendo capacidades de comunicação e de resolução de problemas. Identificar e hierarquizar as situações clínicas de maior emergência e que requeiram a transferência emergente para áreas de diagnóstico e terapêutica altamente diferenciadas. As atividades durante o estágio foram repartidas entre enfermaria, consulta externa, SU, visita médica, seminários, sessões clínicas e aulas teóricas na Faculdade Ciências Médicas e permitiram-me alcançar os objetivos propostos. Ao longo do estágio, apresentei doentes na Visita Médica e as sessões clínicas sobre Síndrome Febril Indeterminado, Diagnóstico Diferencial de Comas,
Distúrbios Hidroelectroliticos e Ácido-Base, Normas de Utilização dos Antibióticos e, no fim, Pancreatites Aguda e Crónica (com revisão teórica e apresentação de um caso clínico). Elaborei
também várias histórias clínicas no contexto da enfermaria, sendo que a última foi discutida e avaliada (juntamente com o relatório e a sessão clínica final).
ESTÁGIO GINECOLOGIA OBSTETRICIA | HOSPITAL SÃO FRANCISCO XAVIER
O estágio de Ginecologia e Obstetrícia teve como objetivos: sedimentar os conhecimentos e enquadrá-los na medicina da Mulher, integrar a prática clínica hospitalar, realizando as atividades que me foram atribuídas, desenvolver sensibilidade e competências para abordar doentes com patologias ginecológicas e obstétricas mais comuns ou em contexto de urgência, patologia crónica, sensibilizar para a prevenção de patologias, reconhecer critérios de gravidez de risco, saber acompanhar uma gravidez evolutiva sem critérios de alto risco. Aprender a comunicar de forma clara com os profissionais, com a doente ou grávida ou puérpera e os familiares. Recolher uma história clínica de forma correta, formulando hipóteses de diagnóstico e identificar os principais problemas, observar as cirurgias uroginecológicas e aprender como avaliar o pré-operatório e o pós-pré-operatório. O estágio compreendeu 2 semanas na área de Ginecologia e 2 semanas na área de Obstetrícia, com uma distribuição pelas várias atividades nomeadamente SU, Ecografia Obstétrica, Enfermaria de Ginecologia e a de Obstetrícia, Puerpério, Diagnóstico Pré-Natal, Consulta Externa, Bloco Operatório, Patologia do Colo, Patologia Fetal e Cirurgia de Ambulatório. Assisti também às reuniões do serviço, sessões clínicas e apresentei, em grupo, o trabalho intitulado “Prevalência e fatores de risco para a Anemia Ferropénica e Ferropénia
Durante a Gravidez – Estudo Prospetivo”.
ESTÁGIO DE SAÚDE MENTAL | CENTRO HOSPITALAR PSIQUIÁTRICO LISBOA
Após dois dias de formação teórico-prática, na Faculdade de Ciências Médicas, as minhas atividades do estágio, foram divididas entre o Internamento e Consulta Externa, Seminários e Sessões Clínicas e SU Psiquiátrica. Elaborei também uma história clínica no contexto do internamento e uma reflexão sobre o estigma em Psiquiatria. Os objetivos propostos foram: integrar-me na prática clínica, colaborando nas atividades propostas, sedimentar e aplicar conhecimentos teórico-práticos, realizando a entrevista clínica e o exame do estado mental, identificar sintomas de perturbação psiquiátrica e diferenciá-los do funcionamento psicológico normal do indivíduo, identificar elementos patológicos na personalidade, comportamentos e relacionamento interpessoal, situando o doente no seu contexto social, laboral e familiar,
avaliando as suas capacidades funcionais. Saber aplicar as regras básicas de referenciação e desenvolver capacidades de diagnóstico, intervenção, orientação terapêutica e acompanhamento no que concerne às patologias psiquiátricas.
ESTÁGIO DE MEDICINA GERAL E FAMILIAR | USF FEIJÓ
O estágio de Medicina Geral e Familiar teve como objetivos: adotar uma abordagem centrada na pessoa, fazer a história clínica e efetuar exame clínico adequado e dirigido, incorporando dados psicossociais, culturais e familiares no plano de seguimento do paciente. Comunicar efetivamente, usar uma estimativa probabilística no raciocínio diagnóstico e reconhecer as indicações dos ECDs mais utilizados e saber interpretá-los. Aprender a tomar decisões terapêuticas que tenham em consideração as limitações dos dados clínicos e a relação custo-benefício. Saber coordenar cuidados de saúde, identificando os recursos de saúde existentes na comunidade, promovendo a articulação dos cuidados. Efetuar as medidas preventivas, utilizando evidência científica na prevenção primária, secundária, terciária e quaternária e adotar comportamentos profissionais. Neste estágio, pude praticar de forma autónoma vários tipos de consulta, fiz a anamnese e exame objetivo no adulto, na criança e o ginecológico discutindo no final os casos com a Dra Cátia, permitindo-me desenvolver o raciocínio clínico e perceber as especificidades das consultas de MGF. Fiz ainda uma visita domiciliária e apresentei um artigo do JAMA Internal Medicine intitulado “Efficacy of Vaginal Estradiol or Vaginal Moisturizer vs
Placebo for Treating Postmenopausal Vulvovaginal Symptoms – Randomized Clinical Trial”.
ESTÁGIO DE PEDIATRIA | HOSPITAL DONA ESTEFÂNIA
O estágio de Pediatria teve como objetivos: reconhecer as principais patologias e os princípios gerais da atuação nas doenças pediátricas mais comuns, incluindo urgência e emergência, estabelecer uma boa comunicação com a criança ou adolescente e a família, efetuar uma anamnese e exame objetivo, adequando à idade, interpretar ECDs, discutir o diagnóstico e terapêutica, elaborar relatórios clínicos informativos, como diários, notas de entrada, melhorar a capacidade de pesquisa de informação científica e compreender a importância de um comportamento adequado em ambiente hospitalar. As minhas atividades do estágio, foram,
maioritariamente, consulta de Reumatologia e SU, onde acompanhei sempre a minha tutora nas várias atividades: nas consultas de Reumatologia observei, aprendi e apliquei as especificidades da anamnese e exame objetivo, observei a marcha diagnóstica e terapêutica e, no SU, juntamente com a minha colega do estágio, atendi situações agudas, orientando a anamnese, exame objetivo, hipóteses diagnósticas e terapêutica, estruturando o meu raciocínio clínico perante as diversas situações clínicas. Frequentei também a consulta de Pediatria Geral, Hematologia, Endocrinologia, Imunoalergologia, serviço de Infecciologia, Hospital de Dia e assisti às reuniões de serviço diariamente e às reuniões de Formação de Internos e Alunos. Recolhi a história clínica, em contexto de SU, tendo sido posteriormente discutida e avaliada pela Dra Marta Conde. No último dia, apresentei, em grupo, um seminário intitulado “A(c)tinas com
isto?” onde se fez uma apresentação de um caso clínico e revisão teórica sobre mutação no
gene ACTA2.
DESCRIÇÃO DE OUTRAS ATIVIDADES FORMATIVAS E EXTRACURRICULARES
Durante o Estágio Profissionalizante e ao longo da minha formação pré-graduada, tive outras atividades formativas e extracurriculares, tendo sempre a preocupação de não ficar restrita apenas ao conhecimento teórico, às aulas e estágios curriculares. Desta forma, durante o 6º ano fui ao XXXVIII Congresso Nacional de Cirurgia, que teve lugar entre 8 e 10 de Março de 2018, na Culturgest – Lisboa, fui Diretora da Responsabilidade Social da Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências Médicas (AEFCM), tendo terminado o mandato em Janeiro de 2018, fui colaboradora da Biblioteca (sendo que a colaboração iniciou-se em outubro de 2014 e terminou em 2017), fui Chefe de Equipa no Pingo Doce do Campo Santana pelo Banco Alimentar Contra a Fome nas ações de 2016 e de 2017. Sou colaboradora da Revista Frontal desde 2012, tendo tido o cargo de direção da secção Saúde e Bem-Estar em 2014 e 2015, com colaboração nos vários artigos dos números da Revista, elaboração de artigos online, cobertura de 3 edições do
iMed Conference, em Dezembro de 2017 lancei o último artigo para a revista impressa, sendo
que continuei a colaboração até 2018. Além dos projetos que tive no 6º ano, referirei alguns dos projetos em que participei que tiveram impacto na minha formação pré-graduada: fui
Coordenadora da Ação Social da AEFCM durante o ano 2016, e no mesmo ano fui uma das coordenadoras do Departamento dos Direitos Humanos e Paz na Associação Nacional de Estudantes de Medicina (ANEM). Fui coordenadora do projeto à Tarde C’os Avós em 2015 e 2016, cujo objetivo era coordenar um grupo de estudantes de medicina e dinamizar atividades para os idosos no Centro de Dia Nossa Senhora da Pena. Fiz um Curto Estágio Médico em Férias (CEMEF) em Pediatria no Hospital Nossa Senhora da Oliveira, em Guimarães em 2015 e um Estágio PECLICUF de Cirurgia Geral, com o Dr. Correia Neves no Hospital CUF Descobertas no mesmo ano. Participei no projeto Saúde Porta a Porta em 2014 e no projeto Despertar
Sorrisos organizado pela AEFCM, em parceria com a Liga dos Amigos do Hospital Dona
Estefânia, na edição 2012/2013.
REFLEXÃO CRITICA
Refletindo sobre o 6º Ano, foi um ano de consolidação de conhecimentos, de muito trabalho, tendo crescido imenso e com a consciencialização que, de facto, existe uma complexidade inerente, que refiro na Introdução deste Relatório, e que por sua vez é fascinante porque não engloba apenas a ciência e a arte, engloba cultura, sentido ético e moral e o interesse por cada doente e por querer saber sempre mais sobre cada área que a Medicina envolve, tendo sempre consciência que posso fazer mais e melhor. Fazendo uma análise crítica, em Cirurgia Geral tive poucos momentos práticos e como tal menos competências técnicas foram aperfeiçoadas, mas que compreendo, visto que o rácio era 3:1 e além disso, existem Internos da Formação Específica que precisam de praticar. Como tal, a única sugestão que faço é a de investir, por exemplo, no uso de uma mini câmera pelo cirurgião que permitisse enviar as imagens captadas em vídeo e tempo real para um ecrã para que pudéssemos visualizar o ato cirúrgico (mesmo quando não é por via laparoscópica e desta forma aprendíamos mais). O facto de ter feito anteriormente o estágio PECLICUF nesta área permitiu-me aperfeiçoar competências técnicas previamente e dessa forma alcancei na mesma os objetivos propostos. Quanto aos estágios parcelares de Medicina Interna e MGF, posso dizer que foram os estágios onde aprendi e trabalhei mais, enriqueci muito pessoalmente e atingi os objetivos propostos. Fiz a Unidade
Curricular Opcional em Medicina Interna no mesmo sítio que tinha feito o estágio parcelar, com
os mesmos tutores, para aproveitar cada momento da opcional, para ter mais autonomia e desenvolver mais as minhas competências práticas e de comunicação, melhorando a abordagem holística do doente, nomeadamente a componente social e das suas pessoas significativas. Quanto aos estágios de Saúde Mental e Ginecologia Obstetrícia, permitiram-me consolidar conhecimentos teóricos e práticos, tendo integrado a equipa e alcançado os objetivos propostos já referidos na secção da Descrição das Atividades. O estágio de Pediatria, foi um desafio do início ao fim, com contacto com a Reumatologia na maioria dos dias, onde pude aprender mais sobre esta especialidade e sensibilizar-me para os desafios de uma doença crónica, quer para o doente (nas várias etapas de crescimento), cuidador informal e família, tendo também atingindo os objetivos propostos. Quanto às atividades extracurriculares, foram um marco muito importante nestes 6 anos de formação pré-graduada, investindo o meu tempo não só nas atividades curriculares, mas também gerindo com projetos nos quais acredito e que lutei para que crescessem e fossem mais longe. Acho que ter contactado com o associativismo, voluntariado, trabalho a part-time, jornalismo e gestão de atividades, me permitiram aperfeiçoar a comunicação e a capacidade de resolução de problemas, alargando os meus horizontes e sensibilidade para o mundo que me rodeia. Resta-me agradecer, à minha família e amigos que me apoiaram incondicionalmente e que proporcionaram as melhores memórias, aos meus colegas, professores e tutores hospitalares que tive a oportunidade de acompanhar e aprender e a todos os doentes que me motivaram a dar mais de mim e a ser sempre melhor e que tanto impacto tiveram no meu crescimento pessoal e profissional.
ANEXOS
CERTIFICADO DE PARTICIPAÇÃO XXXVIII CONGRESSO NACIONAL CIRURGIA
CERTIFICADO CEMEF
