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Uso do Videogame na Reabilitação do Equilíbrio Postural em Pacientes com Vestibulopatia Crônica

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Academic year: 2021

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Flávia Donáa*; Cristina Sandes de Limab; Sarah Cristina Donáb; Wagna Caetano Santanab; Denise Alves dos Reis Maiaa; Cristiane Akemi Kassea

Resumo

O objetivo do estudo foi analisar os efeitos dos jogos do Nintendo Wii™ na reabilitação do equilíbrio postural em adultos de meia idade e idosos com vestibulopatia. Trata-se de estudo prospectivo em pacientes com disfunção vestibular periférica crônica (n=14). Os desfechos analisados foram: sintomas otoneurológicos e avaliação clínica da marcha por meio do Dynamic Gait Index (DGI). O tratamento consistiu de 12 sessões de 60 minutos. Nove jogos do Wii™ Fit Plus + Balance Board foram selecionados. Os testes McNemar e Wilcoxon foram empregados para a análise dos dados. Observaram-se pós-fisioterapia, redução da queixa de tontura e melhora da estabilidade postural (p=0,016) e aumento da pontuação no DGI (Pré-reabilitação: 19,00; pós-reabilitação= 22,07, p=0,001). Em relação aos outros sintomas, sete pacientes apresentaram remissão da cefaleia (p=0,016), seis da cinetose (p=0,031) e sete da náusea (p=0,016). Conclusão: os jogos do Nintendo Wii™ são uma boa ferramenta para promover redução/remissão dos sintomas otoneurológicos, melhora do equilíbrio postural dinâmico e redução do risco de quedas em pacientes de meia idade e idosos com disfunção vestibular crônica.

Palavras-chave: Tontura. Fisioterapia. Marcha. Equilíbrio Postural. Abstract

The aim of this study was to analyze the effects of the Nintendo Wii™ games in the rehabilitation of postural balance in middle-aged adults and elderly patients with chr headache relief (p=0.016), six of motion-sickness (p=0.031) and seven of nausea (p=0.016). Conclusion: The Nintendo Wii™ games are a good tool to promote reduction/relief of otoneurologic symptoms, improvement of dynamic postural balance and reduction of the risk of falls in patients with chronic peripheral vestibular disease.onic peripheral vestibular disease. This is a prospective study in patients with vestibular disorder chronic (n=14). The outcomes assessed were: symptoms and the clinical assessment of gait through the Dynamic Gait Index (DGI). The Treatment consisted of 12 sessions of 60 minutes each. Nine games from Wii™ Fit Plus game + Balance Board were selected. The McNemar and Wilcoxon tests were used for data analysis. It was observed post-rehabilitation, reducing dizziness (p=0.016), postural instability improvement (p=0.016) and increased total score of DGI (Pre-Rehabilitation: 19.00; Post-Rehabilitation=22.07, p=0.001). Regarding the other symptoms, seven patients showed

Keywords: Dizziness. Physiotherapy. Gait. Postural Balance.

Uso do Videogame na Reabilitação do Equilíbrio Postural em Pacientes com Vestibulopatia

Crônica

Videogames in Rehabilitation of Postural Balance in Elderly with Chronic Vestibular

Disease

aUniversidade Anhanguera de São Paulo, Programa de Mestrado em Reabilitação do Equilíbrio Corporal e Inclusão Social, SP, Brasil bUniversidade Anhanguera de São Paulo, Curso de Fisioterapia, SP, Brasil

*E-mail: flavia.dona@anhanguera.com

1 Introdução

O controle do equilíbrio postural tem função de manter boa orientação e estabilidade postural e, com isso, permitir movimentos funcionais e estabilidade na marcha com menor gasto energético e risco de quedas1,2. Os sistemas

sensoriais que atuam no controle do equilíbrio postural são o somatossensorial, o visual e o vestibular, que estão distribuídos de formas distintas anatomicamente e são coordenados pelo sistema nervoso central2,3.

Os distúrbios do sistema vestibular, clinicamente caracterizados por tontura, vertigem, desequilíbrio corporal, instabilidade postural à marcha e/ou quedas recorrentes estão entre as queixas mais comuns na população idosa. A disfunção vestibular pode causar alteração da marcha, principalmente na fase aguda, com a caminhada mais lenta, desvios laterais, base de sustentação mais alargada e restrições durante a rotação voluntária do tronco e cabeça, devido à sensação de tontura e instabilidade postural4,5. Os recursos utilizados

para o tratamento de pacientes com tontura e/ou desequilíbrio corporal de origem vestibular são: tratamento etiológico, farmacoterapia, orientação nutricional, modificação de hábitos, psicoterapia, reabilitação vestibular (RV) ou fisioterapia vestibular e, em alguns casos, procedimentos cirúrgicos6.

Estudo de revisão sistemática sobre RV em adultos de meia idade e idosos identificou cinco pesquisas randomizadas compostas somente por indivíduos acima de 60 anos de idade. Os trabalhos mostraram que exercícios de RV convencional podem reduzir a tontura, o impacto da tontura na qualidade de vida, melhorar o equilíbrio postural, a marcha, a capacidade funcional e reduzir o risco de queda7.

A realidade virtual é uma interface entre a máquina e o homem e possibilita em tempo real uma interação dos movimentos em um ambiente tridimensional por meio de dispositivos multissensoriais para atuação ou feedback. O

videogame Nintendo Wii™ é uma das plataformas de realidade

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físico-funcional de pacientes com doenças neurológicas8-11.

Estudo de reabilitação realizado em uma idosa, por meio do Nintendo Wii™ com os seguintes jogos - Free Run, Soccer

Heading, Pinguin Slide, Bambolê, Island Cycling, Perfect 10, Tilt Table, Tight Rope, Free Steps e Balance Bubble -,

mostrou que, após 12 sessões de 60 minutos, houve remissão da tontura, melhora do controle postural, redução do risco de queda e melhora da capacidade funcional12 . Silva13 evidenciou

redução do deslocamento do centro de pressão do corpo e o aumento da área do limite de estabilidade em nove idosos com vestibulopatia crônica, após tratamento por meio do mesmo protocolo supracitado.

Embora utilizados na prática clínica, não se observaram evidências científicas da aplicação dos jogos do Nintendo Wii™ Fit Plus na reabilitação do equilíbrio postural, em

diferentes tarefas de locomoção, em idosos com disfunção vestibular crônica. A finalidade de empregar jogos eletrônicos na reabilitação de pacientes com vestibulopatia crônica é recriar mudanças ambientais dos estímulos visuais, auditivos, vestibulares e somatossensoriais para ajustar o reflexo vestibular ocular (RVO) e o reflexo vestíbulo espinhal (RVE) envolvidos no controle postural e nas estratégias reativas e proativas do equilíbrio postural. Acredita-se que essa ferramenta possa contribuir para melhorar a estabilidade dinâmica e reduzir o risco de quedas em pacientes de meia idade e idosos com vestibulopatia.

O presente estudo teve como objetivos analisar os efeitos dos jogos interativos do videogame Nintendo Wii™ Fit Plus no equilíbrio postural dinâmico e no risco de quedas de pacientes de meia idade e idosos com vestibulopatia crônica. 2 Material e Métodos

Trata-se de estudo prospectivo em pacientes que apresentavam diagnóstico médico de síndrome vestibular periférica crônica com queixa de tontura e instabilidade postural com idade superior a 50 anos dos sexos feminino ou masculino, atendidos no Laboratório de Estudo e Pesquisa em Reabilitação do Equilíbrio Corporal e Inclusão Social da Universidade Anhanguera de São Paulo (UNIAN), campus Maria Cândida.

Foram excluídos os pacientes incapazes de compreender e atender a comando verbal simples, com deficiência visual não corrigida por lentes, com alterações musculoesqueléticas resultantes em limitações de movimento, pacientes com uso contínuo de bebida alcoólica, deficiência auditiva severa, doença de Ménière, vertigem posicional paroxística benigna, Schwanoma vestibular e neuropatia periférica. A pesquisa foi analisada e aprovada pela Comissão Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos da UNIAN (CAAE: 28283314.2.0000.5493). Todos os pacientes que concordaram em participar do estudo assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, de acordo com as normas regulamentadas pela Resolução n° 466/12 do Conselho Nacional de Saúde Brasileiro.

As variáveis analisadas pré- e pós-reabilitação foram: presença de sintomas otoneurológicos, posições desencadeantes de tontura, caracterização da tontura, histórico de quedas e DGI total.

O DGI, por sua vez, avalia o equilíbrio postural e a marcha. É composto por oito tarefas de deambulação, a saber: 1 – em superfície plana com velocidade normal; 2 – em diferentes velocidades, acelerando e desacelerando; 3 – com rotações de cabeça; 4 – com movimento de flexo-extensão da cabeça; 5 – com movimento de giro sobre o próprio corpo; 6 – transposição de obstáculo (caixa de sapato); 7 – contorno de cones de trânsito; 8 - subida e descida de escadas. As pontuações obtidas em cada tarefa são somadas, e o valor preditivo para maior risco de quedas é de 19 pontos14,15. 2.1 Protocolo de reabilitação do equilíbrio postural

Foram utilizados nove jogos do Nintendo Wii™ Fit Plus:

Free Run, Soccer Heading, Pinguin Slide, Bambolê, Island Cycling, Perfect 10, Tilt Table, Free Steps e Balance Bubble.13

Totalizando em média de 12 sessões de 60 minutos, duas vezes na semana, o jogo foi projetado na parede a uma distância de 1,5 m do paciente por meio de um projetor multimídia. A pressão arterial (PA) foi aferida antes e após o tratamento, bem como os sintomas otoneurológicos. O programa foi elaborado visando ao treinamento do equilíbrio postural e redução da tontura por meio de estímulos optocinético, sacádico, perseguição ocular lenta e interação visuovestibular-somatossensorial e dupla tarefa. O protocolo utilizado foi:

• Free Run: paciente, com o controle Wii remote

posicionado no bolso, tem que “marchar” em superfície firme com os olhos abertos (120 segundos); olhos abertos sobre superfície firme e rotação cefálica horizontal (60 segundos); olhos abertos sobre piso firme e flexo-extensão de cabeça (60 segundos); olhos abertos sobre superfície instável (espuma de média densidade – 120 segundos); olhos fechados sobre piso firme (60 segundos); olhos fechados sobre espuma de densidade média (60 segundos);

• Soccer Heading: paciente sobre o Wii Balance Board

(3 tentativas de 180 segundos com lançamento de 80 bolas por tentativa);

• Pinguin Slide: paciente sobre o Wii Balance Board (3

tentativas de 90 segundos);

• Bambolê: paciente sobre o Wii Balance Board (3 tentativas de 90 segundos para a direita e 90 segundos para a esquerda);

• Island Cycling: paciente sobre o Wii Balance Board e o

controle Wii remote nas mãos para “guiar” virtualmente a bicicleta (1 percurso de 120 segundos);

• Perfect 10: paciente sobre o Wii Balance Board (1

tentativa de 60 segundos);

• Tilt Table: paciente sobre o Wii Balance Board

(30 segundos cada nível; 08 níveis diferentes com progressão da dificuldade);

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• Free Steps: paciente tem que subir e descer do Wii Balance Board, alternando os pés com os olhos abertos

(120 segundos), depois com os olhos fechados (120 segundos); subida e descida de uma espuma de média densidade posicionada sobre a plataforma, alternando os pés e com olhos abertos (120 minutos), depois com os olhos fechados (120 segundos);

• Balance Bubble: paciente sobre o Wii Balance Board (3

tentativas de 90 segundos).

Os jogos supracitados foram selecionados e adaptados com o objetivo de treinar os ajustes posturais anteroposteriores e látero-laterais, bem como, as estratégias reativas e proativas do equilíbrio postural. A execução do protocolo foi mantida por duas vezes por semana, totalizando entre 12 a 16 sessões. O tratamento fisioterapêutico convencional não foi mantido durante a execução deste estudo. Não orientamos exercícios para realização no domicílio, pois poderiam interferir nos resultados finais da pesquisa. Os pacientes foram informados a respeito de todas as etapas do tratamento e da possibilidade do aumento da tontura com a prática dos exercícios, principalmente na fase inicial. Cada uma das sessões obedeceu ao nível de adaptação do paciente aos exercícios, procurando-se procurando-sempre atingir todas as etapas do protocolo, bem como foi observada a manifestação dos sintomas, buscando o limite do desconforto suportável para o paciente na execução de cada tarefa. A etapa alcançada em cada uma das sessões foi devidamente registrada no prontuário. A importância da frequência nas sessões terapêuticas foi salientada aos participantes com registro da presença. A etapa de avaliação foi realizada na semana anterior ao início dos protocolos terapêuticos e também na semana posterior à última sessão, efetuada por examinadores treinados, que não participaram da intervenção terapêutica e desconheciam a evolução clínica de cada paciente.

2.2 Análise estatística

Inicialmente, todas as variáveis foram analisadas descritivamente. As variáveis quantitativas foram apresentadas por meio de frequência absolutas (n) e de frequência relativas (percentuais). As variáveis quantitativas foram apresentadas por média e desvio-padrão. Para comparação dos períodos (pré e pós) foram utilizados o teste não paramétrico de Wilcoxon e teste McNemar. O nível de significância para o teste foi de 5%. Foram utilizados os testes não paramétricos devido à assimetria e variabilidade da pontuação das variáveis analisadas no DGI e à ausência de distribuição normal ao teste de Kolmogorov-Smirnov. As análises estatísticas foram realizadas pelo programa computacional SPSS 17.0.

3 Resultados e Discussão

A amostra foi constituída por 14 pacientes com variação de idade entre 59 a 82 anos (média de 68,14 anos e desvio-padrão de 7,37 anos), com diagnóstico de Síndrome Vestibular Periférica. Na caracterização clínica, os 14 (100,00%)

pacientes apresentaram como principal queixa a tontura e a instabilidade postural por mais de três meses, conforme consta nos critérios de inclusão. Os sintomas otoneurológicos mais prevalentes, além de tontura e instabilidade postural, foram: cefaleia, cinetose, náusea, ansiedade e zumbido (Tabela 1). Tabela 1: Comparação dos sintomas otoneurológicos pré- e

pós-reabilitação de pacientes (n=14) com disfunção vestibular crônica

Sintomas Pré-REn (%) Pós-REn (%) p-valor* Tontura 14 (100,00%) 07 (50,00%) 0,016* Cefaleia 11 (78,60%) 04 (28,60%) 0,016* Cinetose 09 (64,30%) 03 (21,4%) 0,031* Instabilidade Corporal 14 (100,00%) 07 (50,00%) 0,016* Náusea 09 (64,30%) 02 (14,30%) 0,016* Ansiedade 11 (78,60%) 11(78,60%) 0,400 Zumbido 09 (64,30%) 07 (50,00%) 0,500 Vômito 03 (21,40%) 01 (7,10%) 0,625

* Teste não paramétrico de McNemar e Nível de significância: p<0,05 RE: Reabilitação do Equilíbrio.

Fonte: Dados da pesquisa.

Em relação à caracterização da tontura, observou-se que oito (57,10%) pacientes relataram tontura há mais de 5 anos, três (21,40%) entre 3 e 6 meses, dois (14,30%) entre 3 ou 4 anos e um (7,10%) paciente referiu tontura há 1 ou 2 anos. Quanto à periodicidade e à duração da tontura, cinco (35,70%) pacientes referiram tontura esporádica, cinco (35,70%) tontura diária, dois (14,30%) tontura semanal e dois (14,30%) tontura pelo menos uma vez por mês; sendo que, em seis casos (42,90%), a tontura durava segundos e em cinco (35,70%) a duração era diária (Tabela 2).

Tabela 2: Valores descritivos da caracterização da

tontura de pacientes com vestibulopatia crônica (n=14), pré-reabilitação por meio dos jogos do Wii™ Fit Plus

Caracterização da Tontura n. (%) Tempo de início da tontura

3-6 meses 3 (21,4%) 1 a 2 anos 1 (7,1%) 3 a 4 anos 2 (14,3%) Mais de 5 anos 8 (57,1%) Duração da tontura Dias 5 (35,7%) Horas 2 (14,3%) Minutos 1 (7,1%) Segundos 6 (42,9%) Periodicidade Esporádica 5 (35,7%) Mensal 2 (14,3%) Semanal 2 (14,3%) Diária 5 (35,7%)

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As principais posições desencadeantes da tontura foram: levantamento da posição deitada, 12 pacientes (85,70%); virada de cabeça, 11 pacientes (78,60%); andar, 8 pacientes (57,10%); mudança de posição na cama, 9 pacientes (64,30%). Na avaliação da marcha por meio do DGI, verificou-se instabilidade postural nas tarefas: marcha com movimentos horizontais (rotação) de cabeça, marcha com movimentos verticais (rotação) de cabeça, passagem por cima de um obstáculo e subida e descida de escadas, quando oito pacientes apresentaram maior risco de quedas com resultado igual ou menor que 19 pontos no DGI.

Após a reabilitação do equilíbrio corporal, houve redução/ remissão dos sintomas: tontura (p=0,016) e melhora da estabilidade postural (p=0,016), sendo que 7 (50,00%) pacientes relataram remissão da tontura e 7 (50,00%) redução da intensidade da tontura. Em relação aos outros sintomas, 7 (50,00%) pacientes apresentaram remissão da cefaleia (p=0,016), 6 (42,90%) da cinetose (p=0,031), 7 (50,00%) da náusea (p=0,016) (Tabela 1).

A Tabela 3 mostra as posições desencadeantes da tontura nos períodos pré- e pós-reabilitação. Verificou-se redução significativa da tontura nas tarefas de levantamento da posição sentada (p=0,008), virada da cabeça (p=0,016) e mudança de posição na cama (p=0,031). Na avaliação clínica da marcha por meio do DGI, observou-se aumento significativo da pontuação total (Pré-reabilitação: 19,00; pós-reabilitação= 22,07, p=0,001), sendo que nenhum paciente apresentou maior risco de queda na avaliação pós-tratamento (DGI>19 pontos).

Tabela 3: Posições relacionadas à tontura pré- e pós-reabilitação

de pacientes (n=14) com disfunção vestibular crônica

Posições Pré-RE Pós -RE p- valor* Levantamento da posição deitada 85,70% 28,60% 0,008* Virada de cabeça 78,60% 28,60% 0,016* Virando a partir da posição

sentada ou em pé 42,90% 14,30% 0,219 Levantamento da posição sentada 42,90% 28,60% 0,687

Andar 57,10% 28,60% 0,219

Ansioso 21,40% 14,30% 1,000

Cabeça em posição específica 42,90% 21,40% 0,250

Sentado parado 28,60% 7,10% 0,375

Mudança de posição na cama 64,30% 21,40% 0,031* Durante um exercício 35,70% 7,10% 0,125 Deitado de um lado específico 21,40% 0,00% 0,250 * Teste não paramétrico de Wilcoxon e nível de significância: p<0,05 RE: Reabilitação do Equilíbrio.

Fonte: Dados da pesquisa.

A tontura é um sintoma que faz parte do processo de envelhecimento, em virtude da degradação de múltiplos sistemas sensoriais e motores, desencadeando assim declínio de funcionalidade e maior risco de quedas16. A estabilidade

postural e o alinhamento corporal em diferentes condições sensoriais estão comprometidos em pacientes com disfunção vestibular2.

Todos os pacientes relataram tontura há mais de três meses, conforme descrito nos critérios de seleção, sendo 78,60% dos casos há mais de 2 anos. Gazzola et al. (2006) avaliaram idosos com vestibulopatia crônica atendidos no Hospital São Paulo (UNIFESP) e observaram que 80,80% dos casos relataram tontura há mais de um ano e destes 43,3% há mais de cinco anos17. Esses achados mostram a cronicidade

da disfunção nessa faixa etária, a qual pode estar associada ao uso de medicamentos, ao processo de envelhecimento, à compensação vestibular inadequada e à associação de várias comorbidades18. Além da queixa de tontura crônica,

os pacientes apresentaram instabilidade postural, cefaleia, cinetose, náusea, ansiedade e zumbido, corroborando aos estudos13,18.

No presente estudo, verificou-se alteração do equilíbrio postural dinâmico por meio do DGI. O DGI é uma ferramenta de avaliação funcional da mobilidade que tem como objetivo avaliar e documentar a capacidade do paciente em modificar a marcha em resposta às mudanças nas demandas de determinadas tarefas19. Notou-se que os pacientes

apresentaram pior desempenho nas seguintes tarefas: marcha com movimento de rotação cefálica, ultrapassagem de obstáculo e subida e descida de escadas. O desequilíbrio corporal é um dos principais fatores de limitação da vida no envelhecimento e o próprio medo de cair é uma das causas de quedas nesses pacientes20. Dentre quatorze pacientes,

oito apresentaram maior risco de quedas no período pré-tratamento e seis relataram histórico de quedas nos seis meses anteriores à reabilitação. Ganança et al. (2006) avaliaram 64 idosos com vestibulopatia e verificaram histórico de quedas em 34 (53,1%) pacientes; as tarefas mais frequentes realizadas no momento da queda foram deambulação (53,1%), descida/ subida de escadas (10,9%), transferência postural (9,4%) e durante o banho (6,3%)21. O prejuízo na marcha e o aumento

do risco de quedas podem ser provenientes de tontura crônica e disfunção de dois reflexos vestibulares, os quais são responsáveis pela estabilização da cabeça e postura ereta em relação à gravidade (RVE) e estabilização da imagem na retina durante o movimento da cabeça (RVO)22.

Entretanto, após as sessões de fisioterapia, verificou-se redução da tontura (p= 0,016), cefaleia (p=0,016), cinetose (p=0,031), instabilidade postural (p=0,016), náusea (p=0,016) e de zumbido (p=050). A redução/remissão da tontura foi ratificada pela melhora do paciente ao realizar as atividades com movimentos horizontais, verticais, laterais de cabeça, que, anteriormente, desencadeavam tontura. Além da melhora clínica, verificou-se que os pacientes obtiveram maior desempenho em tarefas de locomoção, uma vez que houve aumento da pontuação total no DGI (pré-reabilitação: 19,00; reabilitação= 22,07, p=0,001). No período de pós-reabilitação nenhum paciente apresentou maior risco de quedas.

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Essa melhora clínica e do equilíbrio postural dinâmico pode ser atribuída aos exercícios do Wii™ Fit Plus, que promovem estímulos visuais (sacádico e optocinético), visuovestibular com movimentos encefálicos, treino de marcha, equilíbrio postural (controle fino e dinâmico do deslocamento do COP sobre o do Balance Board), ganho da estratégia de tornozelo e quadril, estímulos proprioceptivos (mudanças de superfície instável ou fixa) e dupla tarefa (motora e cognitiva).

A seleção dos jogos para esse estudo não foi aleatória e sim respaldada no princípio da reabilitação vestibular e do equilíbrio corporal, cujos objetivos são: promover a estabilização visual durante a movimentação da cabeça, melhorar a interação visuovestibular durante a movimentação cefálica, ampliar a estabilidade estática e dinâmica nas condições que produzem informações sensoriais conflitantes e diminuir a sensibilidade individual à movimentação cefálica23.

Além dos estímulos visuais, da interação visuovestibular e dos conflitos somatossensoriais, a melhora do equilíbrio dinâmico pode ser explicada por meio do treinamento dos ajustes finos e do controle do centro de pressão realizado sobre o Balance Board, envolvendo as estratégias reativas e proativas do controle postural de maneira contínua e lúdica por meio do “feedback” visual, quando os pacientes se sentiram desafiados a adquirir melhor desempenho e concluir os jogos13.

Os exercícios foram selecionados de modo que desencadeassem no paciente tontura e instabilidade postural, pois tal “sinal de erro” ativa o processo de neuroplasticidade e, consequentemente, a compensação vestibular. A neuroplasticidade é a capacidade do sistema nervoso central em modificar algumas estruturas morfológicas e funcionais, adaptando-se em resposta às experiências com o meio externo24. Esse estudo corrobora os estudos

de Doná et al.12 e Silva13, que mostraram a efetividade do

videogame Wii na melhora clínico-funcional e no controle

postural estático de idosos com vestibulopatia crônica, respectivamente. Silva13 tratou nove pacientes idosos por

meio do videogame Nintendo Wii e avaliou o equilíbrio postural estático por meio do Balance Rehabilitation Unit (BRU™). Esse estudo evidenciou redução da área do COP

e da dependência visual para a manutenção do controle postural, uma vez que os pacientes apresentaram aumento da reserva funcional do equilíbrio postural em condições de conflitos visuovestibulares e aumento da área do limite de estabilidade.

Em suma, o videogame Nintendo Wii promove vários

estímulos sensoriais (vestibular, visual, somatossensorial e audição) através dos seus equipamentos periféricos tecnológicos, portáteis, com a técnica de feedback, ou seja, um complemento na reabilitação do equilíbrio postural. Percebe-se uma repercussão positiva, lúdica, para os pacientes com disfunção vestibular crônica, sobre os efeitos clínicos e na marcha, além da redução do risco de quedas.

4 Conclusão

Os jogos interativos do console Nintendo Wii™ são uma ferramenta adequada para promover melhora clínica e do equilíbrio postural dinâmico, e redução do risco de quedas em pacientes com instabilidade postural e tontura crônica de origem no sistema vestibular.

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